EXISTE RACISMO INSTITUCIONAL?

Diante do tema do Racismo Institucional nos deparamos com dois grupos distintos: Um que faz de conta que vivemos em uma democracia racial, pois o problema não os tem atingido diretamente, e, portanto, é mais fácil ignorar sua existência; e o outro grupo que prefere negar a realidade por comodismo e comodidade, diante do fato do racismo estar tão enraizado na sociedade que é incapaz de entender que até eles mesmos, pertencentes a esse grupo discriminado, estão contribuindo para a manutenção e perpetuação dessa conduta.

Diante desses dois grupos, existe ainda o terceiro grupo, e talvez o principal deles, que é aquele que disseminou o racismo e que tem se beneficiado dele, pois além de não os atingir, ainda utiliza desse formato para permanecer reinando soberanos e absolutos, enquanto o resto do mundo é oprimido e ignorado.

Não é difícil identificar cada um desses grupos em nosso cotidiano. O primeiro refere-se aos pardos, que por possuir suas origens miscigenadas, pele mais clara e traços mais refinados, não são objetos do ódio centenariamente destinado aos negros, por se tratar de um país onde prevalece o racismo de marca, não sabem o que é sofrer na pele o desprezo, o menosprezo ou o olhar desconfiado apenas por existir.

O segundo grupo corresponde aos negros, isso mesmo, aqueles que também carregam em sua pele o peso da segregação, e a dor da humilhação. Entretanto, tenta encontrar na negativa da realidade um acalento para silenciar suas dores. Difícil encontrar um negro na fase adulta em nosso país, que nunca sofreu discriminação, que nunca foi preterido em alguma atividade, entrevista de emprego ou até mesmo desprezado por aquela pessoa por quem tinha apreço. Contudo, preferem negar, fingir que isso não existe, ou converter em humor a triste realidade de ser um negro no Brasil.

Por fim, o terceiro grupo se refere aos brancos, que mesmo sendo minoria no país, sentem-se os donos do pedaço, pois, são de fato os donos da situação, detentores do poder. Aqueles que possuem todo o privilégio, que lideram todos os cargos e carreiras de sucesso, enquanto aos negros restam as funções servis e a subserviência. Para esses o racismo realmente não existe, o Brasil é um país justo e apresenta oportunidades iguais para todos.

Dessa forma, realmente fica difícil para esse terceiro grupo, que detém o poder em suas mãos, se preocupar em sanar um problema do qual não estão inseridos e que lhes tem garantido a manutenção da soberania em um país onde ser negro é o maior dos defeitos.

Chirles Oliveira
Enviado por Chirles Oliveira em 13/04/2021
Reeditado em 26/05/2024
Código do texto: T7231111
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