Ensinamentos que a vida traz

Luiz Alberto Silveira

Palavras não expressam a sensação de vazio que a ausência traz, que a saudade deixa, que a partida leva, quando um olhar se despede, quando o abraço se desfaz, quando o adeus acontece e as lágrimas correm, quando a festa acaba.

O vazio que ficou de quem, de tudo que se foi e que não é mais.

Palavras não revelam tudo que a alegria diz, não mostram tudo que o coração sente, que o espírito sonha, que da vida transborda.

Que não se pergunte sobre os vazios que ocupam enorme espaço e a imensa alegria que emerge dos momentos repletos de amor e bondades – palavras não sabem disto.

Palavras não respondem mais do que o sorriso pode, a expressão demonstra, o gesto indica, o grito clama, a gargalhada rompe, o choro soluça, o olhar indaga e o silêncio que grita de dor.

Palavras não demonstram a loucura e a intensidade de quem não busca ser feliz, o anseio de quem quer mais, de quem luta pela liberdade, de quem deseja a ética, a justiça e o respeito.

Que palavras se diz quando ninguém mais bate à porta, quando o amigo esqueceu, quando o amado não é mais amante, quando ninguém mais senta na cadeira, ao lado, e levemente, segura a mão?

Que palavra explica a distância de quem está perto e não vem?

O mundo fica melhor quando alguém sorri, a vida fica mais fácil quando alguém está junto, quando o filho chega, o neto vem, o irmão aparece, quando um pai enternece e a mãe acalenta no colo, embala nos braços e afaga os cabelos – tudo sem falar.

Sem falar podemos ser nossos poemas ou nossos desastres.

Sentimentos e sensações dizem tudo, nunca nos deixam fugir de nós.

Palavras não expressam tudo que sentimos. Não expressam o que vai na alma quando choramos por dentro ou choramos por fora, quando estamos no lugar que só existe dentro de nós.

Sentimentos levam e trazem de volta fazendo-nos voar e não importa o tempo, não são as palavras, só eles podem ficar.

E fazem sentir tanto e quanto um peito sente e converte em choro que não dói a doce poesia do amor presente.