Às vezes precisamos sobreviver a nós mesmos
Às vezes precisamos sobreviver a nós mesmos
Luiz Alberto Silveira
Temos direito, e dificuldades, ao mesmo tempo, em dizer “Dane-se “ ao mundo que nos rodeia, seja ele próximo ou distante de nós.
Suportamos por não saber dizer não, por absorver tantas coisas que não concordamos.
Recorremos a medicamentos e frequentemente à solidão, perdendo o rumo das ações.
Precisamos, às vezes, dar guinadas, “rodar a baiana”, fazer o inesperado, surpreender pela coragem, dar o “soco na mesa”, deixar (ainda que por um tempo) de ser colo e ombro de recolhimento de lamentações, tentar algumas maluquices frente ao que nos exigem.
É difícil, eu sei, mas também necessitamos construir um mundo que seja essencialmente nosso.
Para isto não faz mal que nos tornemos tolos, fazendo de conta que não entendemos e olhar com jeito de tansos como alternativa para seguir em frente.
Nem tudo o que fazemos será com perfeccionismo o tempo todo e nem todo o tempo necessitamos ser responsáveis por tudo e por todos.
O que fazemos ou dizemos precisa ser também o que quisermos, não o que querem ou esperam de nós.
“Dane-se”.
O tempo corre, a vida esvai-se por entre os dedos, aos poucos e ficamos nos preocupando, brigando, cismando, choramingando, murmurando, reclamando, procurando agulha em palheiro.
Ficamos excessivamente preocupados com o que pensam de nós, ficamos pisando em ovos, andando em terreno movediço sem necessidade.
Temos, todos nós temos, um grande potencial para a felicidade, podendo exercitar o direito de “deixar prá lá” quando necessitarmos.
Somos todos mais bonitos do que pensamos e podemos sobreviver a nós mesmos, às obrigações totais que achamos ter.
Devemos ser úteis, mas nem tanto, resolver problemas, mas nem sempre.
Devemos, sim, contagiar, conciliar e harmonizar com o que há de sentimento e afetos genuínos em nós. Com o amor que podemos oferecer.
Mas, para isto, devemos evitar sermos infelizes por sermos bons.