LULA: DE NOVO?

Lúcio Alves de Barros

“Ao vencedor, as batatas” (Machado de Assis, In Quincas Borba).

Por favor, não pensem o contrário. Por mais ou por menos palavras que o senhor Lula diz a respeito do desinteresse em um terceiro mandato, é óbvio que está mentindo. É hilário ouvir palavras e mais palavras sobre a importância da renovação dos atores que, durante um certo tempo, permanecem no poder. Todavia, é visível que, ao chegar nele, ou ao conquistá-lo, ninguém quer largar o bolo ou espantar a “galinha de ovos de ouro”. De qualquer forma, a despeito dos sucessivos escândalos, o senhor Lula tem conseguido levar a efeito o seu governo. É importante saber da consolidação democrática em um país acostumado a crises, golpes e ditaduras. Mas é preocupante o desejo incontrolável do PT de ficar no poder.

Na realidade, podemos encontrar poucos problemas na continuidade de Lula. Os equívocos talvez estejam é como vai garantir a sua permanência. Não é possível concordar com as mudanças na Constituição. Está aí o problema. A busca do poder e a continuidade nele não têm limites: o poder é fera, ele devora e é (sempre) o início, meio e fim para os homens e mulheres que tem por “vocação” a política. Logo, todo receio é pouco. Infelizmente, não seria muito trabalho para o PT almejar tal projeto. Há formas interessantes para trilhar tal caminho que não sejam os “golpes” manifestos de poder. A coisa hoje é diferente. Na contemporaneidade basta utilizar a lei, esse tal de campo normativo. No caso em tela cumpre aos admiradores do senhor Lula somente providenciar - ou encontrar alguém com fôlego político para isso - uma famigerada Proposta de Emenda Constitucional (PEC) e introduzir em nossa carta magna (mais emendada que os canos dos esgotos de nossas cidades) o “direito” do presidente da República de convocar plebiscitos.

É sabido que somente o Congresso pode fazer tal empreendimento e seria difícil para Lula caminhar com força por lá. Contudo, se Lula conseguir perguntar à população, principalmente os homens e mulheres que vivem das esmolas do governo e dos cargos de confiança, será fácil no jogo de poder sair vitorioso. A questão no campo da política é mais complexa do que se pensa e poucos conseguem ver “além do alcance”. Em tais circunstâncias é preciso, no mínimo, duvidar de tudo e de todos, notadamente, dos governantes que parecem gozar no poder, ainda mais em momentos nos quais não se sabe se teremos alguém à altura de ocupar o lugar do político e espetacular Luis Inácio Lula da Silva.