Nem tão longe para estar perto, nem tão perto para estar longe
Nem tão longe para estar perto, nem tão perto para estar longe
Luiz Alberto Silveira
Nem sempre estar junto significa estar perto. O estar junto que marca, que fica, que nos faz bem, que não sai, que produz imagens mentais é aquele que reside e não se muda de nossas memórias, de nossas lembranças de amor, de nossas saudades. Portanto, para estar junto necessariamente não é preciso estar perto. Quantos amigos, amores, familiares, colegas estão sempre presentes em nossos corações, mesmo nas suas ausências, em decorrência dos diferentes caminhos que a vida tomou. Quantos, as vezes, vivem conosco mas estão tão longe e outros que estão tão longe parecem tão perto a cada minuto, cada hora, cada dia, em cada suspiro, em cada alegria, em cada lágrima. Poder ver, abraçar, tocar, beijar, ouvir, sentir o perfume de quem amamos são necessidades objetivas. Preenchem nossas vidas afetivas e têm uma duração determinada que nos estimulam a estar mais perto quando distantes e mais junto quando pertos. Neste viver conjunto, de encontros (continuados ou não), afetivo, objetivo, vigoram as leis do tempo, do espaço (da distancia), do vigor físico, dos movimentos e dos empecilhos que nos impedem à presença constante com nossos amados. E no vai vem dos dissabores, com frequência, os encontros contínuos trazem um certo cansaço se a magia do amor não se diferenciar, não for separada dos percalços da vida, se não houver oxigenação dos relacionamentos, novidades a serem vividas, projetos a serem realizados, sonhos a serem concretizados. É a objetividade da vida que inclui todos os nossos sentimentos sem separá-los da realidade ao nosso redor. Agora, estar perto sem estar junto é um atributo da alma, um vivenciar de emoção, uma urgência em amor permanente, um sentir a falta com desejo ardente, um que de tristeza e alegria. É um conjunto de subjetividades que independem do tempo, independem do espaço e de tudo que pode ser percebido através da visão, da audição, do olfato, do tato . Só depende da intensidade do amor e da alma de quem ama e sempre encontra espaço para ser sentido sem misturar-se com as mazelas da vida. Sem o medo de perder pois o amor que a alma sente não receia concorrência. É genuíno. É amor e pronto! Tem saudade e pronto! Quer sentir e pronto! É um amor que perto ou longe está sempre dentro. E amar de verdade é isto : deseja estar junto para sentir e viver com atração tudo que o outro pode oferecer de complemento e prazer à alma e ao corpo. Amar de verdade admite também a ausência e a distancia. Que possamos amar a quem e a tudo, lutar por este amor, longe ou perto, mas sempre dentro de nossa alma.