Para Cecília Meirelles

Houve um tempo no qual, de minha janela, se viam um quintal florido, uma ameixeira e uma figueira; um céu emoldurado por nuvens, esperança e muita paz.

Houve um tempo no qual, de minha janela, se viam um Pinheiro, outro jardim, e um pássaro lindo, cantando para mim.

Houve um tempo no qual, de minha janela, se viam um rio e uma estrada, e se ouviam um choro de criança que chegava.

Houve um tempo no qual, de minha janela, se viam duas crianças brincando no meu jardim, com o animalzinho da infância num latir sem-fim

Houve um tempo no qual, de minha janela, se viam outras janelas, e se ouviam a algazarra de três crianças, e o latido de outro animalzinho da infância.

Houve um tempo no qual, de minha janela, se viam muitas árvores, mas não se ouviam mais as crianças.

Há um tempo no qual, de minha janela vejo o mar, e vivo a sonhar, e lembrar de outros tempos.

Eu escolhi o meu sonhar.

Nagib Anderáos Neto

26/02/2021