CONTROLE DISCIPLINAR: A FORÇA DO PODER

Infelizmente é também na escola onde encontramos vários mecanismos do controle disciplinar, já citado por Foucault (1984), no seu livro Vigiar e Punir: O tempo ( hora de ir ao banheiro, merendar, recreio), o espaço, a fila, a vigilância permanente, as sanções aplicadas, considerando que, disciplina é tudo aquilo que foge das normas impostas, proibições na fala do aluno, diante das inúmeras solicitações de “silêncio” pelo professor procurando obter a obediência como o meio de dar continuidade do trabalho pedagógico num ambiente “sossegado” e “dócil”.

Portanto, sala de aula é caracterizada pelo "silêncio", constituido por alunos "adestrados", que assistam a aula (sem participação), ouvindo e depositando em si as informações vinda do professor, como verdade absoluta, sem ao menos permitir questionamentos do aluno

Durante a época clássica, uma descoberta do corpo como um objeto e alvo de poder,muita atenção dedicada então ao corpo – ao corpo que se munipula, se modela, se treina, que obedece, responde, se torna hábil ou cujas forças se multiplicam, tornando-se fácil de disciplinar

Disciplina, segundo Foucault, procede em primeiro lugar à distribuição dos indivíduos no espaço: determinar lugares para sentar para impedir as comunicações entre si, a “bagunça” e as “brincadeiras”. Porém deveriam existir espaços utéis de diálogos, de trocas de experiências e de transformação de forma democrática e afetiva Freire fala da questão do silêncio, “ ser silencioso não é ter uma palavra autêntica, mas seguir as prescrições daqueles que falam e impõem sua voz”.(1980)

Diante disso, nota-se que a disciplina escolar exerce seu poder não só em tentar transformar o aluno em um iindíviduo “sossegado” , “silencioso” , “dócil”, “bem educado” através das sanções como também através do olhar como enfatiza Foucault muito bem.

O aparelho disciplinar perfeito capacitaria um único olhar a tudo ver permanentemente. Um ponto central seria ao mesmo tempo fonte de luz que iluminasse todas as coisas, e o lugar de convergência para tudo o que deve ser sabido: olho perfeito e que nada escapa e centro ao qual todos os olhares convergem.(1984, p. 156)

Com esse olhar, na escola estabelece a luta pelo silêncio e atenção dos alunos de forma autoritária pelo professor, caso isso não acontecesse, o aluno seria submetido as sanções, deixado bem claro nas idéias marxistas, onde afirma que, à escola reserva a função de reproduzir e reforçar as desigualdades sociais e ainda, contribui também, para a reproduçaõ da ideologia da dominação refletida na figura do professor.

Muitos teóricos consideram, portanto, que disciplina é o instrumento de autoritarismo, refreadora do desenvolvimento dos outros: instrumento de ordem imposta, de subordinação e submissão.

O grande Sociólogo Florestan Fernandes (1920-1995), acreditava que a educação deveria ser, na vida do aluno, uma experiência transformadora, que desenvolvesse a criatividade, dando a cada um condições de se libertar da opressão social, porém, a escola ainda é repressora. Era necessário, segundo ele, que a escola deixasse de reproduzir os mecanismos de poder de dominação de classe da sociedade, pois muitos professores confundem sua legitima autoridade de professor com autoritarismo.Celso dos Santos Vasconcelos (2000) define sabiamente a disciplina:

A disciplina não deve ter fim em si mesma; deve estar relacionada aos objetivos maiores da escola, que deve formar o aluno como pessoa capaz de pensar, de estudar, de dirigir ou de controlar quem dirige, ajudando a construir uma nova hegenomia, a hegenomia das classes populares. A realidade está sendo assim, mas pode ser mudada; a partir de experências de mudança social mais amplas. A experiência de não-poder, de impotência repetida constantemente, vai levando a um estado de apatia, de descrença no mundo e na humanidade.

O professor em sala de aula deve levar em conta os diferentes cenários presentes, trazidos por cada crianças, (seus medos, seus valores), enfim suas emoções e saber lidar com situações e problemas que surgirão, estabelecendo então, um ambiente de diálogo, de compreensão, de confiança, de afetividade e de empatia , portanto, um trabalho pedagógico permeado na justiça e democracia; no conhecimento e na transformação; na construção da autonomia e nos cumprimentos das regras do grupo.

Enfim construir um ambiente de igualdade, onde os alunos possam agir conscientemente aos princípios, e não através da coação e nem por obediência.
Naná
Enviado por Naná em 01/11/2007
Reeditado em 22/11/2008
Código do texto: T719360