O álcool e as drogas podem lesar o cérebro
O consumo de álcool entre crianças e adolescentes cresceu muito, começa cada vez mais cedo, e, muitas vezes, começa em casa.
Várias pesquisas sobre a relação do álcool com o cérebro, em grandes universidades americanas e brasileiras, revelam que o álcool pode causar danos ao hipocampo, região responsável pela memória.
As pesquisas mais recentes também apontam que o completo desenvolvimento do cérebro e, mais especificamente, do lóbulo frontal, só ocorre ao final da adolescência (ao redor dos 24 anos) e concluíram que os danos causados às células neuronais que estão sendo mortas ou lesadas a cada bebedeira vão trazer consequências graves no futuro.
O álcool e as drogas podem lesar o cérebro.
30% menos hipocampo
Segundo as pesquisas da Universidade da Califórnia (UCLA), adolescentes que haviam se embebedado pelo menos cem vezes (contando o número de finais de semana de festas, vemos que isso não é difícil de acontecer), dos 13 aos 16 anos, apresentaram pior desempenho em testes de memória e, ainda, um hipocampo menor do que os que não bebiam. Isso quer dizer que o consumo de álcool pode, também, diminuir o tamanho do cérebro.
Três milhões de adolescentes contraem doenças sexualmente transmissíveis a cada ano no mundo. Duas pessoas jovens contraem Aids a cada hora.
Nossos consultórios ficam repletos de meninas e meninos violentados ou arrependidos de terem praticado sexo com estranhos, infectados com o vírus HPV ou outras DSTs, após festas tais como o Planeta e o Carnaval.
E por quê?
Corpo de bêbado não tem dono!
Além disso, o álcool é a porta de entrada para as outras drogas: maconha, ecstasy, cocaína e o crack.
É fácil, estando alcoolizado, ser convencido a experimentar qualquer uma dessas drogas.
Aí, é lesão cerebral na certa.
A maconha, droga considerada inofensiva por muitos, conduz ao desenvolvimento da esquizofrenia e pode diminuir bastante o QI.
Aliás, é fácil ser convencido(a) a fazer qualquer coisa quando bêbado(a).
Inclusive a dirigir ou pegar carona com quem também bebeu.
Fico impressionada quando vejo alguns meninos e meninas completamente alcoolizados, voltando para casa sozinhos de manhã, quando eu estou acordando.
Onde estão os pais? E os avós?
Parece-me existir socialmente uma proibição de envelhecimento, o que tem transformado alguns pais em “adultescentes”, agindo como se fossem mais alguns dos amigos dos filhos.
Pai é pai, amigo, é amigo!
Os pais têm o dever e o direito de impedir que seus filhos comecem a beber precocemente e demais. E os avós podem ajudar nessa tarefa.
Os jovens precisam, principalmente, de amor, limites e orientação.
Dar limites é cuidar. Dar limites é dar amor.
Deixar os adolescentes fazerem o que lhes vêm à cabeça é omitir-se do seu trabalho de pais, profissão mais importante do mundo.
Se o cérebro do adolescente está incompleto até os 24, 25 anos, como vai ter total capacidade de se cuidar sozinho?
Proíba seu filho de beber antes da idade certa.
Não ofereça bebida alcoólica para seu filho, não beba com ele, não patrocine as festas de aquecimento, nem nenhuma festa jovem regada a álcool em sua casa, se seu filho ou filha são menores de 18 anos, ou você poderá ser um pai ou mãe filicida e criminoso. Se for avô/avó, faça o mesmo.
É proibido pela lei brasileira oferecer bebidas alcoólicas a menores de 18 anos.
Os pais têm que impedir que essa geração de jovens maravilhosos e inteligentes se torne uma geração de adultos dependentes, sequelados, desmemoriados, lesionados ou drogados pelo álcool e pela maconha.
Um bando de sequelados e burrinhos não vai saber cuidar do nosso planeta.
(Texto de Carla Rojas Braga - psicóloga)