A LOGOSOFIA E O SISTEMA MENTAL
Num artigo publicado em 11 de Agosto de 1938 em O Diário de Buenos Aires, o pensador e educador González Pecotche declarara que a Logosofia sustentava como base doutrinal a existência no homem de um sistema mental, que rege a psique humana, passível de ser conhecido e aperfeiçoado, constituindo-se no principal fator da vida.
Diferenciado do cérebro – órgão físico através do qual a mente se manifesta –, a mente, que compõe o sistema mental, é a que pode pensar, recordar, julgar, imaginar, criar pensamentos, o que os animais não fazem, apesar de terem cérebro, pois não têm consciência de sua existência. O animal é rotineiro, instintivo; aprende pela repetição, mas não cria e nem pode aperfeiçoar-se.
O escritor afirmava que a mente humana é um fragmento da Mente Cósmica ou Mente de Deus, que tudo interpenetra; que no princípio era a Mente e não o Verbo, pois a Mente gera o Verbo; as idéias são produzidas pela mente, e não pelo cérebro; a Mente Ultradivina está presente em tudo quanto existe, regendo todos os processos inteligentes, e presente no homem também, diferentemente dos outros seres viventes, pode emancipar-se desta tutela mental, assumindo a direção inteligente de sua vida através de uma evolução consciente. E o admirável mundo novo seria formado por homens superados, unidos pelo conhecimento e aperfeiçoamento de suas mentes e corações, depois de desvelado o mistério oculto por séculos, pela ignorância que lhes impediu de pensar por própria conta, serem donos de seus destinos e conviverem harmonicamente com os seus semelhantes.
A mente humana é análoga a um computador com recursos ilimitados deixado às mãos de um selvagem. O ser humano imagina que pensa, quando na verdade é guiado ou dominado por pensamentos já pensados por outras pessoas, em geral em função de mesquinhos interesses. Pensar é um ato de liberdade criativo enormemente prejudicado pelos preconceitos de toda a ordem, que encarceram a inteligência e endurecem o coração.
A liberação da escravidão mental é o desafio do futuro, que se inicia com o reconhecimento axiomático atribuído a Sócrates por Platão: Tudo o que sei é que nada sei. O reconhecimento da própria ignorância é um princípio de sabedoria; da mesma forma que a necessidade de mudanças na maneira de ser, pensar e agir. Tudo no Universo está em permanente movimento e mudança. O homem deve espelhar-se neste exemplo divino e movimentar-se, procurando mudar para melhor, de forma que sua vida não se restrinja à rotina absurda dos dias e anos, que acabam por envolver a vida num marasmo tedioso, inútil e sem esperanças. Fugir da ruidosa e enganosa luminosidade de um mundo de aparências, e procurar viver um pouco mais no interior do próprio mundo psicológico, estabelecendo um equilíbrio entre a vida profissional, a social, a familiar e a interior possibilita o contato gradual com este outro mundo, paradoxalmente distante e próximo do homem, é uma tarefa de resultados altamente compensadores.
Como escreveu certa vez González Pecotche, a vida do homem na Terra é de incalculável valor para a existência que o anima.
Nagib Anderáos Neto
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