Em torno das taças
“É Lar, quando o espaço acomoda: bem-estar, qualidade de vida e a identidade dos habitantes”.
“Seja bem-vinda! Esteja à vontade, a casa é nossa”. A linguagem utilizada agrega à experiência da recepção. Às vezes, o anfitrião dispara: “Olá, entre e não repare a bagunça. Não precisa tirar o calçado! Acomode-se”. Por mais que declare com carinho e verdade, as palavras selecionadas causam impactos distintos. Pequenos detalhes, na maneira de expressar, acrescentam ganhos exponenciais nas relações.
Em torno das taças, na cozinha, a troca de ideias flui incensada pelo aroma das especiarias e queijos. Ali, compartilhamos tudo aquilo que nos motiva, aflige e move. A vibração energética experimentada na cozinha supera àquela percebida nas interações estruturadas na sala, inclusive, considerando as mesmas figuras.
Petiscos de frutos do mar, intercalados aos diálogos efervescentes, lubrificados pelas doses generosas do vinho branco. A necessidade de estarmos conectados a grupos independe da época, tempo ou espaço. O instinto animalesco provoca e convoca aglomerações. A essência humana alimenta e se hidrata na espontaneidade tribal.
Em minha casa, os eventos não estão, necessariamente, atrelados às datas comemorativas. Na oportunidade, os colegas cobaias testam as minhas habilidades ou a falta delas, no preparo das bebidas alcoólicas e não-alcoólicas. Sem dúvidas, o cafezinho é a especialidade e ponto alto da baderna esquematizada.
Dosamos nos “bate-papos” muitas narrativas e argumentos. Sempre inovando a forma de promover e apimentar os debates; as polêmicas existências, sociais e políticas. A princípio, as parceiras e parceiros manifestam devoção ao deus Dionísio. Enfim, respeitamos as opiniões divergentes, e deixamos transbordar a figura ilustre, fanfarrona, rica, valente, letrada e amável. Ao Lar: aconchegância, dignidade e sanidade!