Direito À Resposta
Eric do Vale
Um artigo por mim redigido, dias atrás, e intitulado de Abaixo A Ignorância, como era de se esperar, rendeu inúmeros questionamentos, pois, em forma de desabafo, expressei o meu descontentamento com aqueles que comungam de ideias ultraconservadoras e sequer admitem uma manifestação contrária aos seus pensamentos.
Houve quem concordou com a expressão do meu ponto de vista e, obviamente, teve aqueles que divergiram. Dentre os quais, merece destaque uma pessoa que, segundo as suas próprias palavras, resolveu responder a minha altura escrevendo um texto dizendo que eu estava assumindo uma posição contraditória, quando classifiquei de intransigente aqueles que aderem um posicionamento de extrema-direita. Chamando-me de truculento, prepotente e, intelectualmente, limitado. Adjetivos esses utilizados por mim no desenvolvimento do meu artigo. E acrescentou dizendo que os oposicionistas também cometem essas mesmas faltas.
Desde já, quero deixar bem claro que não sou filiado a nenhum partido e sequer me considero simpatizante de nenhuma corrente ideológica. No momento em que escrevi aquele artigo, procurei manifestar o meu pensamento sem me importar se isso agradaria ou não aos demais.
Em parte, estou de acordo com essa pessoa que apresentou o seu ponto de vista referente ao extremismo e inflexibilidade apresentado por todos aqueles que defendem um certo posicionamento ideológico. Entretanto, descordo daqueles que, diante das mazelas politicas e sociais do país, manifestam a sua indignação delegando a responsabilidade a um único gestor ou partido político.
Isso me faz lembrar de um comentário feito pelo Ricardo Boechat, no auge do escândalo da Petrobrás, dizendo que tal acontecimento não era nenhuma novidade, pois, em 1989, recebeu o Prêmio Esso de Jornalismo pela reportagem que denunciou um esquema de corrupção dentro da estatal. Situação essa bastante similar, ocorrida nos idos de 2015. O saudoso jornalista aproveitou a ocasião, no seu programa de rádio, para dizer que isso sempre existiu em várias gestões e que não fazia sentido, naquele momento, responsabilizar apenas um governante.
Falar de um governo antecessor, nos dias de hoje, equivale a relembrar um relacionamento anterior. Se for assim, é preciso, então responsabilizar os demais que governaram esse país.
A predominância da corrupção que vigora no Brasil tem como ponto de partida a chegada dos habitantes do antigo continente. Prolongando-se, assim, no período colonial, monarquista e perdurando no regime republicano. Dessa forma, esse problema está muito além da política merecendo uma análise mais aprofundada no âmbito sociológico e antropológico.