O engano.
O engano.
Numa manhã nublada, recebi um telefonema de uma amiga participando-me do falecimento de um ex-professor meu. Não sou muito afeta a velórios, porém me senti impelida a ir dar meus pêsames à família e pretendia não demorar. Ao chegar ao hospital onde ocorrera o desenlace, me dirigi as capelas mortuárias. Haviam duas, uma quase que em frente a outra, cortadas por um largo corredor. Percebi, de imediato a presença de pessoas conhecidas. Entrei na capela do lado esquerdo e sentei-me numa cadeira que estava distante do caixão, entre outras que já estavam repletas e que ladeavam a sala mortuária. O falecido estava com tantas pessoas a sua volta que mal eu poderia me aproximar naquela hora. Fiquei aguardando e rezando em silêncio. Parei um pouco após uns dez minutos e falei com uma pessoa a meu lado:
_ Não vejo a viúva e nem seus filhos aqui! O trauma deve ter sido muito grande, diante de tanta dor, não suportaram vir ao velório. A pessoa me disse: _ Não tem viúva aqui não, pois a pobre da criancinha não suportou os tratamentos e sua mãe está em estado de choque. Mas o pai está ali, junto ao caixãozinho a senhora pode ir ter com ele.
Naquele instante, percebi que estava no velório errado. E comecei a reparar que não havia ninguém que eu conhecesse ali no recinto. Disfarçadamente e com muita vergonha, me retirei e me dirigi a outra capela. Lá sim, estavam a viúva e os filhos do meu ex-professor e foi de lá que eu quando cheguei vi as outras que eu conhecia , mas que estavam do lado de fora da capela.
Tal episódio é verdadeiro, se passou comigo a uns cinco anos. Serviu-me de lição. Muitas vezes fazemos algo sem prestarmos muito à devida atenção. As conseqüências ali não foram sérias, mas, se fosse em outra circunstância , talvez eu ficasse muito mal, em relação as duas famílias.
Hoje presto atenção ao que faço detalhadamente e procuro agir com calma, para que outros enganos não se tornem uma rotina em minha vida.
Autora: Denise Vieira