PICOS: 130 ANOS

Hoje é dia 12 de dezembro, data em que Picos comemora o seu 130º aniversário, isto é, a minha cidade está completando exatamente 130 anos de emancipação política e, por este motivo, e como filho desta terra querida, venho prestar-lhe a minha simples homenagem através deste jornal, enfatizando, inclusive, um pouco de sua história, bem como alguns indicadores que expressam ou demonstram consideravelmente o seu desenvolvimento.

Como já observamos, a preocupação com o passado da cidade de Picos vem se avolumando de alguns anos para cá, suscitando trabalhos de memórias e a publicação de algumas obras que constituem repositórios de dados. Assim, o objetivo principal é concorrer para aumentar o acervo de noções válidas a respeito da sociedade picoense desde os primórdios de sua existência. Tivemos a oportunidade de verificar e apreciar a publicação de importantes trabalhos sobre o passado de Picos, por ocasião das comemorações do centenário da cidade, há 30 anos.

Antes de tudo, cabe também recordar aqui a valiosa contribuição de Ozildo Albano, juiz, historiador e professor, cujas ideias de invulgar lucidez muito contribuíram para aumentar o acervo cultural do município, pois foi ele, inclusive, o fundador do museu Capitão-Mor João Gomes Caminha, o Museu de Picos, que hoje tem o seu nome, e sendo, ainda, considerado merecidamente o guardião da memória de Picos. Ele foi também nosso professor do ginásio (ensino fundamental II) e 2º grau (ensino médio).

No tocante à colonização do município, é importante ressaltar que quando aqui chegaram, os colonizadores, se impressionaram com a exuberante paisagem que reflete a fertilidade de uma terra doce e próspera, banhada por um rio de águas cristalinas, o Guaribas, cujas margens, verdejantes e excelentes para a prática ou atividade agropastoril, muito influenciaram no povoamento deste lugar. Portanto, no desígnio de seu espírito desbravador, os tropeiros ou cavalarianos, como eram chamados, vindos de Pernambuco e da Bahia, estabeleceram uma pousada no vale do Guaribas, e , posteriormente, alguns fixaram residência, como as famílias Borges Leal e Borges Marinho, que principiaram o povoamento do município de Picos. Mais ou menos naquela mesma época chegava à região, procedente de Portugal e vindo pela Bahia, a importante e tradicional Família Luz, família de origem europeia luso-espanhola, estabelecendo-se no local onde hoje se encontra o nosso bairro Ipueiras. Os bairros Ipueiras e Baixio da Ipueiras foram fundados pela minha Família Luz, que naquela época ao chegar a Picos, vinculou-se, entre outras, com estas outras famílias acima mencionadas, participando ativamente da fundação e povoamento da cidade de Picos, esta cidade que é reconhecidamente o maior núcleo da Família Luz no Brasil.

É bom lembrar, pois, que após os negociantes e criadores de cavalos e muares, teve início, através de compra ou de troca, o ciclo das fazendas de gado, com o construção consequente de milhares de currais. Cumpre destacar que as primeiras vilas e cidades brasileiras surgiram na orla litorânea, mas, na realidade, os criadores de gado, ao mesmo tempo em que penetravam pelo interior adentro, com os seus rebanhos e suas tropas de muares, consolidavam a ocupação do interior. A atividade pastoril foi a fonte que deu origem a inúmeras cidades, como foi o caso de Picos, graças às pastagens excelentes do vale do Guaribas na época da colonização do município e à água de boa qualidade que o rio oferecia.

Mas diante das vicissitudes que o tempo proporcionou, Picos, que foi paulatinamente se desenvolvendo e galgando os obstáculos que lhe apareciam à frente, é hoje indubitavelmente uma cidade voltada para o progresso, destacando-se nitidamente entre as principais cidades do interior do Nordeste. Na verdade, a nossa cidade, hoje, é um centro sub-regional, e, sobretudo, um polo comercial, possuindo ainda um relativamente grande parque industrial, e grande polo Universitário e também de Saúde.

O município de Picos, primeiro em arrecadação de ICMS do Estado, fora a capital, cresce cada vez mais, e sua feira livre, considerada a maior do Nordeste Ocidental, já chega a sufocar o centro da cidade, sobretudo aos sábados.

Picos é considerado o Celeiro do Piauí, graças à sua grandiosa produção agrícola, exceto nos anos em que as secas assolam o município. A agricultura se destaca como um dos principais sustentáculos da economia local. A pecuária também é de extrema importância.

Cumpre também destacar que o nosso município, entrecortado por várias rodovias, devido à sua extraordinária localização geográfica, transformou-se no maior entroncamento rodoviário do Estado do Piauí e no segundo maior da Região Nordeste.

Picos, município modelo, terra hospitaleira que abriga contingentes populacionais de todas as dezenas de cidades circunvizinhas e de vários outros estados brasileiros, situa-se, como sabemos, na zona do sertão nordestino, zona esta de clima semiárido e sol causticante, com chuvas escassas e irregulares.

Mas, desde o início do povoamento, Picos mantém-se em sintonia com a fé, escudo do nosso povo, sob a proteção de nossa padroeira, Nossa Senhora dos Remédios, cuja imagem repousa no interior de nossa majestosa e imponente catedral de Picos, que ostenta uma beleza fascinante e imensurável.

Parabéns, Picos!

Picos, minha cidade querida! Capital do Centro-Sul Piauiense!

Município Modelo!

Edimar Luz

P.S. Elaborei e publiquei este artigo pela primeira vez,

no dia 12 de dezembro de 1993, nos jornais regionais,

por ocasião do 93º aniversário da cidade de Picos.

Naquele mesmo ano, eu estava entrando definitivamente

para as letras, para a Literatura.

Edimar Luz
Enviado por Edimar Luz em 12/12/2020
Reeditado em 12/12/2020
Código do texto: T7133907
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