Manuel Bandeira. Um poeta estigmatizado pela doença.
Nascido no estado de Pernambuco, em 1886, Manuel Carneiro de Souza Bandeira Filho, um dos mais renomados poetas brasileiros, foi membro da Academia Brasileira de Letras, professor de literatura no Colégio Pedro II e de literatura hispano-americana na Faculdade Nacional de Filosofia.
O que o marcou, também, foi o seu espírito de sobrevivência, de apego à vida, pois, desde a sua adolescência, exatamente aos 18 anos, adoeceu quando fazia o curso de engenheiro-arquiteto da Escola Politécnica de São Paulo. A moléstia pulmonar não chegou como de hábito, ou seja, apresentando emagrecimento, pequena febre e sinais de tosse, e sim alojando - se de maneira agressiva, o que obrigou ao seu médico considerá-lo em estado gravíssimo e com risco de morte.
Em decorrência dessa triste situação, Manuel Bandeira não teve alternativa senão a de abandonar para sempre os estudos. Segundo confessou a um de seus amigos mais próximos, entendia como verdadeiro milagre a sua melhora, após o longo período de sofrimentos horríveis. Quando, aos 31 anos, editou o seu primeiro livro de versos, intitulado”A cinza das horas,”estava, praticamente, inválido. Publicando-o, não tinha como vontade maior, a intenção de iniciar uma carreira literária. Aquilo era antes o testamento de sua adolescência. Mas os estímulos recebidos fizeram-no persistir na atividade poética que ele exercia mais como um simples desabafo dos seus desgostos íntimos e da forçada ociosidade.
Passado o estágio pior, Bandeira admirou-se de ver a sua obra de poeta menor, ( assim que se sentia), suscitar tantas simpatias.
Numa ocasião, junto a alguns familiares e amigos, comentou:
- Conto estas coisas porque a minha dura experiência implica uma lição de otimismo e confiança. Ninguém desanime por grande que seja a pedra no caminho. A do meu parecia intransponível. No entanto, saltei-a. Milagre? Pois então isso prova que ainda há milagre.
Como cidadão brasileiro e, principalmente escritor, dispenso a esse nobre literato, falecido em 1968, no Rio de Janeiro, grande admiração e profundo respeito, não somente pelo que representa para a literatura brasileira, mas pela tenaz demonstração de perseverança e amor à vida.
Fonte; Estudos de Língua e Literatura. Douglas Tufano.(Volume 3)