Paradoxo Ambulante
Eric do Vale
É compreensível que um fazendeiro se manifeste contrário ao MST e venha injuriar tal movimento; assim como um empresário se manifeste em prol da alta da bolsa de valores e seja favorável às reformas trabalhistas e previdenciários. Agora, o que vem a ser incompreensível é alguém, oriundo da classe média, tomar esse tipo de posicionamento.
Tudo bem, a nossa Carta Magna determina que todos nós possuímos o livre arbítrio para expressarmos o nosso ponto de vista. No entanto, existe uma profunda incoerência nesse tipo de pensamento defendido por um seleto grupo de pessoas que não são latifundiários e sequer possuem um certo poder aquisitivo.
Posso até está sendo taxativo , mas, pelo que se verifica, essas pessoas que adotam esse tipo de comportamento são aquelas que, na maioria das vezes, apresentam o costume de comprarem carros de luxo à várias prestações, fazerem viagens de primeira classe e frequentarem points badalados com a finalidade de manterem o status, visto que não possuem condições financeiras para pagarem as contas ou o colégio dos seus filhos.
Essas mesmas pessoas são aqueles que vestem a couraça de baluartes da boa moral e bons costumes, na medida em que ocultam as suas sujeiras por debaixo do tapete. Não sei se Freud explicaria, mas, certamente, Nelson Rodrigues definiria isso perfeitamente.
O mais surpreendente é que são essas mesmas pessoas que jamais tiveram interesse de conhecer a história do nosso país afirmam que a Ditadura Militar, no Brasil, foi algo inexistente. Sendo assim, não houve prisão,tortura e morte, nesse período?
E para terminar, são essas mesmas pessoas que denominam de comunistas aqueles que se manifestam contrário as suas convicções. Detalhe: o muro de Berlim caiu , assim como a União Soviética se dissolveu.