Uma moeda da sobra do pão
Não é difícil entender.
Muitos ajuntam tudo o que cabe numa mochila e vão para a rua viver.
Perderam os seus sonhos e o chão se torna um divã.
Loucos na luz do dia não veem a hora da noite chegar.
Nessas horas se multiplicam as suas insanidades e todos parecem sentir o mesmo prazer nas suas ensandecidas vaidades.
O sol nasce tardio e os seus raios se espelham nas seringas com partes ainda gotejantes.
A esquina das grandes cidade se tornaram vitrines de um mundo cruel.
Não tanto pelas roupas sujas, alguns ainda de fino trato e muita educação.
É pela barbárie do sistema econômico e político que colocou o homem acima de Deus.
Poderosos governam tudo, até quem vai morrer a aonde vai apodrecer.
Um mundo que parece organizado apenas para quem sabe ler.
O sem teto vem ao mundo sorrindo e se vai rindo desse mundo imundo.
Talvez entenda dele mais do que nós, meros expectadores das dores d'outrem, que julgamos curar com uma moeda da sobra do pão.