Tautologia, armadilha da língua

A tautologia é, na retórica, um termo ou texto redundante, que repete a mesma idéia mais de uma vez. Como um vício de linguagem pode ser considerada um sinônimo de pleonasmo ou redundância, conforme define a enciclopédia Wikipédia. A origem do termo vem de do grego tautó, que significa "o mesmo", mais logos, que significa "assunto". Portanto, tautologia é dizer sempre a mesma coisa em termos diferentes.

O exemplo mais clássico é o famoso "subir para cima" ou o "descer para baixo”. Todavia, há outros como se pode constatar na lista abaixo, por sinal muito interessante:

elo de ligação; acabamento final; certeza absoluta; quantia exata; nos dia 8, 9 e 10, inclusive; juntamente com; expressamente proibido; em duas metades iguais; sintomas indicativos; há anos atrás; vereador da cidade; outra alternativa; detalhes minuciosos; a razão é porque; anexo junto à carta; de sua livre escolha; superávit positivo; todos foram unânimes; conviver junto; fato real; encarar de frente; multidão de pessoas; amanhecer o dia; criação nova; retornar de novo; empréstimo temporário; surpresa inesperada; escolha opcional; planejar antecipadamente; abertura inaugural; continua a permanecer; a última versão definitiva; possivelmente poderá ocorrer; comparecer em pessoa; gritar bem alto; propriedade característica; demasiadamente excessivo; a seu critério pessoal; exceder em muito.

Claro que a lista não está concluída. Existem muitos outros casos. São vícios de linguagem. Adquirimos e praticamos sem perceber.

Mas também, convenhamos, a língua portuguesa não é fácil.

E agora, em 2008, novas mudanças se acrescentam...

O fato é que criamos vícios de linguagem e de expressões, sem perceber. Se já não bastassem as dificuldades da própria língua, ainda existem os regionalismos, os sotaques e palavras ou expressões próprias de cada região. Isso tudo cria dificuldades ainda maiores, solicitando-nos paciência, tolerância e constantes exercícios de vigilância na própria expressão verbal.

A extensão do território brasileiro, por exemplo, nos reserva exemplos cômicos: a mesinha de cabeceira é chamada de bidê no Rio Grande do Sul; “merrmão” é meu irmão no Rio de Janeiro; em Minas Gerais, eles chamam a capital de Belzonte. No Nordeste tudo é meu rei, bichinco, ó xente...

Por outro lado, no Espírito Santo é arroiz, paíz, nóis, vocêis... Tudo com um “i” a mais...

Em Santa Catarina, lagartixa é crocodilo de parede, orelhão é poste de prosa, helicóptero é avião de rosca. E por aí vai.

E há como evitar isso? Os costumes locais e regionais exercem grande influência nas expressões verbais. Aqui em Matão, por exemplo, é divertido ouvir: vou passar de lá, você passa de cá?, entre outros costumes bem impróprios para a correta expressão da língua.

Coisas humanas. Bem próprias da condição de aprendizes que todos somos. E estas ou outras expressões, embora em desacordo com a língua culta, em nada desvalorizam nossa dignidade e valor da pessoa humana, pois os fatores externos são secundários. Valem e ficam mesmo, para valer, os sentimentos que movem os relacionamentos.

Não se preocupe, pois, leitor. Falar corretamente não é o essencial. Essencial mesmo é ser bom, fraterno, compreensivo, tolerante, alegre, otimista, amigo. Afinal de que vale uma forma muito bem apresentável, fala correta e aparência invejável ou até mesmo uma cultura invejável, se no coração fervem o orgulho, a prepotência, o egoísmo, a vaidade, a dureza dos sentimentos?

Preferível mil vezes a simplicidade e a humildade... Cultura não é nada se manchada pelo orgulho ou pela tola pretensão de se considerar melhor...

Orson
Enviado por Orson em 24/10/2007
Código do texto: T707835