Aí Verinha!
Lá pelos idos de 1920 andava pelas ruas de Penedo um garoto loiro, 8 anos, olhos verdes, vendendo tapiocas feitas pela mãe, viúva de Sabino Romariz, poeta da terra.
Ele e o irmão fizeram o curso primário na Escola do Seu Bembem, de favor, a pedido do pai, através do poema ¨Natal dos meus filhinhos¨.
Jovem, virou alfaiate e começou a estudar para fazer concurso, apesar do pouco tempo que passou no colégio.
Chegou a ser Auditor Fiscal do antigo IAPI, cargo hoje no INSS, só ocupado por portadores de diploma de curso superior.
Casou o moço João Romariz com Da. Salvelina, doméstica por natureza, forte na criação dos oito filhos. Com ela aprendemos a lei da boa vizinhança, o respeito por nós próprios para que fôssemos respeitados pelos outros.
João e seu irmão José deixaram 16 filhos(oito de cada) e todos tocam suas vidas com as dificuldades impostas às pessoas de classe média neste nosso Brasil tão grande e complicado.
Eis que agora, a Verinha, a sexta da prole de João e Salvelina, foi escolhida para membro da Academia Alagoana de Letras.
Inteligente, viva, extrovertida, sempre foi excelente aluna, destacando-se no Colégio de São José, onde cursou o ginásio e o científico.
No momento atual, Vera, casada com Augusto, engenheiro civil de grande visão do mundo, já tem 3 filhos e 2 netos.
Desde criança gostava de escrever e apesar de ter sido a 1ª classificada no Vestibular de Medicina em Alagoas, largou o curso para fazer novo vestibular, desta vez para Letras, onde foi a 2ª entre todas as candidatas.
Aliou as tarefas de mãe e dona de casa aos afazeres no Curso de Letras e depois ao Mestrado e ao Doutorado.
Professora por vocação, adora ensinar, estar na sala de aula, conviver com os alunos. Aposentada da UFAL, onde ingressou bem nova, ainda trabalha voluntariamente como Orientadora do Curso de Doutorado.
Passar pela professora Vera Romariz no Curso de Letras não era coisa fácil, mas os bons alunos a tinham com amiga, colaboradora, conselheira.
Convive com um grupo de amigos selecionados há vários anos, gosta de festas em sua casa, onde promove maravilhosas reuniões.
Sinto-me meio mãe da Vera, pois sou dez anos mais velha e acompanho sua trajetória com orgulho, lembrando-me dos velhos pais, que se vivos estivessem, vibrariam junto conosco. Da. Salvelina iria aumentar em muito a conta telefônica, pois ligaria para os parentes e amigos contando do sucesso da sua quase caçula.
Sua simplicidade encanta a todos, porque não é vaidosa de seus conhecimentos, discute com qualquer pessoa, em qualquer ambiente, sem alterar a voz, sem querer mostrar para que veio.
Nas manhãs de sábado estamos juntas, conversando, gozando as alegrias de nossos filhos e netos, mantendo vivo o vínculo familiar. É mãe amorosa e avó abobalhada.
Já escreveu vários livros: Cacos, Campo Minado, diversos trabalhos. Lançará em breve uma nova obra de poesias: Amor aos cinquenta. Freqüentemente é convidada para proferir palestras ou para participar de bancas examinadoras em Universidades de outros Estados.
Foi indicada pela diretoria do CESMAC para, junto com outros colegas, elaborar um projeto de capacitação de professores e está colaborando com aquela Fundação.
A Academia Alagoana de Letras sairá ganhando com a aquisição. A família agradece aos acadêmicos que votaram na Vera ( 26X9 ) e também aos que não votaram, pois a convivência acadêmica vai mostrar-lhes o quanto vale a jovem escritora.
Faremos o possível para trazer os parentes que moram distante no dia 1º de março deste ano, quando ela será empossada na AAI.
Lá do céu, com certeza, João e Salvelina olham por nós. No dia da posse quando um copo se quebrar, o velho Romariz estará dizendo: ¨Aí Verinha, estou com você e não abro!¨
Beijos, querida irmã e amiga!
*Vera Romariz lançará seu novo livro SÓ OU BEM ACOMPANHADO? quinta-feira dia 25 na III Bienal do livro de Alagoas.