Per una dona

A diatribe entre machistas e feministas rende bons motes para o folclore nacional, a partir da disputa de quem é melhor, na discussão inócua que não conduz a nada, e torna os integrantes da disputa cada vez mais idiotas, solitários e arraigados a falsos conceitos, distantes da verdade.

Por causa desse confronto, homens têm medo das mulheres, e se aproximam de outros homens. E algumas mulheres também preferem a “amiga íntima” eventual que o “porco chauvinista” permanente.

Muitas mulheres, depois de dominarem seus homens, que desconheciam a diferença entre ser amável e ser submisso, preferem a intimidade com suas pares do que com o sexo oposto. É corolário de psicologia humana a afirmação de que toda a mulher tenta moldar e dominar seu homem, e que depois o larga, enojada por sua fraqueza.

A mulher, no fundo, embora não goste de truculência, não aceita o homem fraco, meio aveadado. Homens e mulheres são diferentes, e por essa diferença é que se atraem e projetam construir junto suas vidas. De acordo com as feministas, homem e mulher são iguais (isso quando não afirmam a superioridade feminina em tudo).

E não são. “Homem é homem, mulher é mulher, menino é menino, veado é veado”, diz o filósofo Falcão. O Criador viu essa diferença e disse que “estava muito bom”. Hoje dizem que quem gosta de homem é veado: mulher gosta de dinheiro... A verdade é que muitos homens e mulheres, arraigados a uma tola política de separação esquecem-se de que a diferença entre os sexos é a geradora da atração.

Tem gente que passa a vida inteira sem descobrir isto. No fim da década passada, com a ascensão do power-woman no mercado de trabalho, elas preferiram ir para o batente, deixando seus frágeis parceiros em casa, na limpeza, na lavagem das fraldas, emocionados diante das novelas da tevê.

Como sentiram que tais iniciativas estavam criando homens destemperados em todos os aspectos, a maioria deu um stop nesse processo. Felizmente, a sociedade está convicta que machistas e feministas são extremos de uma mesma laranja podre.

Nessa igualdade dos sexos, como algumas propuseram nas décadas passadas, o “primeiro as damas”, homem pagando a conta do restaurante ou do motel, levantar-se quando uma senhora chega à mesa, dar a frente a uma dama, tudo foi para o brejo, e elas terminaram vazias, sozinhas, execrando os homens, em suas sessões de abelhas sem zangão. Os bares, nos finais se menada, estão cheios desse tipo de mulher, sentadas duas-a-duas, caçando, ávidas por uma companhia masculina. Como os homens maduros são arisco a esse tipo, eles atacam os garotos.

Na semana passada, me aconteceu um fato curioso. Parei meu carro ali no centro de Canoas para a tortura diária dos bancos, quando, vi uma moça, bem arrumada, de seus trinta anos, com um ar desconsolado, encostada num carro. Sua atitude súplice (em geral característica das mulheres em apuros) me sensibilizou. Olhando para baixo, vi, além de suas belas pernas ornadas por meias fumê, o pneu do carro arriado.

Como sou um fiel integrante da sociedade pós-moderna, continuei, pois tinha que ir ao banco. Foi nessa sociedade pós-moderna que me disseram que homens e mulheres são iguais. Ora, se o são para disputar espaços e mercado de trabalho, também devem sê-lo na habilidade para trocar um pneu de carro.

No entanto, meu débil espírito de samaritano me traiu. Olhei para a jovem e ela pediu: “moço, me ajuda a trocar o pneu?”. Pensei em fazer ouvidos moucos, mas vi o atrapalho da mulher, salto alto, de vestido, acocorada ali a desatarraxar um imundo pneu. E disse-lhe: “Vou ajudá-la, sim, mas não devia, pois as mulheres se dizem iguais aos homens, e esta é a hora de mostrar que efetivamente o são”.

Ela me disse: “Mas eu não penso assim, tem coisa que é de homem e coisa que é de mulher...”. Mesmo sem saber se estava diante de um tipo evoluído ou interesseiro, troquei o pneu para ela.

Antônio Mesquita Galvão
Enviado por Antônio Mesquita Galvão em 11/11/2005
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