LIVRES ESCRAVOS
Lendo um artigo de H.H, Couto, “libertação pela expressão”. In: A redação como libertação: Editora UNB 1998, deparei-me com a seguinte frase: “A liberdade só é verdadeira se for concreta, real e não apenas um conceito abstrato”. O termo “liberdade” durante século fora explorado por filósofos e teólogos em suas mais diversas teorias a fim de definir o homem como um ser real e totalmente livre – uma vez que lhe fora dado o livre arbítrio – ou se de certa forma ele é escravo. Não querendo entrar no mérito da questão principalmente teológica, porque teria que falar de predestinação, fatalismos, e outros; e não tendo a pretensão de esgotar o assunto, nem mesmo de passar horas em intermináveis lucubrações, pois não me sinto “Livre” para fazê-lo; tomo a decisão de escrever esse texto; porém, antes de tomá-la fui compelido, incitado a fazê-lo por uma causa, ou disposição gerada, quem sabe imposta, já que escrevo para atender a uma exigência básica da matéria de “Metodologia da pesquisa”, do curso de bacharelado em teologia. (Materia que leciono) Todo homem é livre! Pelo menos é o que muitos dizem e defendem. A regra é para aqueles que não se curvam ante ao domínio de outro, que não tem sobre sí qualquer tipo de jugo; é livre, porque não existe nenhum poder imposto, ou limite, a controlar suas atitudes. Tomar decisões não faz do homem um ser livre. É necessário lembrar que mesmo quando ainda gerado, é possível escolher para esse “livre” a barriga que o hospedará durante os nove meses de gestação e até mesmo o dia que nascerá. Quando nasce, escolhe o nome, a roupa, o que vai comer, por quanto tempo comerá; se nascido hoje, pode-se escolher sua altura; a cor dos olhos, o cabelo e até mesmo a cor de sua pele. Ainda no berçário recebe as “tábuas da lei”. Conhecendo-a torna-se seu escravo. Passa estar sob o jugo dos pais, da sociedade e das instituições. Casado, sob ditames do cônjuge; na velhice sob as observâncias amorosas dos filhos e dos netos. Morto, escolhem o local onde será enterrado, a roupa, a cor do caixão e até mesmo o que será escrito em sua lápide. Jean Paul Sartre disse: “O homem é a sua liberdade e está condenado a ser livre. É responsável por tudo que faz”. Jaspers considerava-se livre quando praticava sua liberdade, sentindo-se ele mesmo. Autêntico, autônomo e auto-determinado. É verdade que o homem tem arraigado em si, o desejo de liberdade. Mas ter desejo de liberdade, tomar decisões não faz do homem um ser livre. Pode até ser que se sinta, mas, não é livre. Pode muito bem tomar decisões, executa-las, contrariando sua vontade, ou movido por uma compulsão. Faz, mas dentro de si, não se sente livre para fazê-lo, pois sua consciência é escrava dos conceitos; dos valores morais e éticos que de alguma forma ao longo da vida lhe fora imposta. Na maioria das vezes tomar decisões é tornar-se escravo delas. O Homem poderia até ser livre! Se esse fosse desprovido de suas faculdades mentais, ou não tivesse uma consciência dentro de si. Como os animais, por exemplo. Ou aqueles – por nós - considerados loucos. O homem sempre foi escravo. Do medo; das angustias e sentimentos de culpas pelos os erros praticados; da solidão, e principalmente, da impossibilidade de agir. Faz-se refém dos padrões ditados e pré-determinados da beleza, do status e da estratilização social. Das doutrinas; dos dogmas e das regras. Então quando o homem é livre? Quando pode fazer escolha? Onde há escolha há liberdade? A escolha na verdade, em muitos casos, torna-se um obstáculo para liberdade. Enquanto que a escravidão perdura sobre várias formas. Então como acreditar em liberdade por opção? A escravidão está aí! Mental, física e estética. As academias. Os centros de reabilitação. SPAS, espelhos, cosméticos, faculdades. Intervenções cirúrgicas, medicamento e até mesmo, igrejas. Tudo isso não passa de grandes senzalas para abrigarem seu “livres-escravos” seguidores usuários colocando-os a ferro, onde o próprio desejo de liberdade torna-se seu senhor. Como canta o grupo de rock Elegia: “vejo escravos nas gravuras, subitamente vejo-me refletido almas-gêmeas. No meu pulso o relógio dita as ordens somos escravos...”. Estamos amarrados ao tronco de um sistema capitalista que sobre nós impõe a obsessão pelo ter e pelo ser. O materialismo nos domina, e traz-nos a reboque pela brida do consumismo desenfreado tornando-nos um povo escravizado pelas dividas. Somos reféns de uma criminalidade aviltante que em nada fica devendo aos horrores impostos aos Palestinos e Iraquianos. Somos escravos do preconceito, da desigualdade social e de todo um modelo que nos faz arrastar pesadas correntes vida afora, como condenados do filme “Piratas do Caribe”. Enquanto fazemos isso, quem sabe possamos nos consolar, de forma poetizada, dizendo como Cecília Meireles: “Liberdade, essa palavra. Que o ser humano alimenta. Que não há ninguém que explique. E ninguém que não entenda”.
Ps. Não aberto para debates...
Lendo um artigo de H.H, Couto, “libertação pela expressão”. In: A redação como libertação: Editora UNB 1998, deparei-me com a seguinte frase: “A liberdade só é verdadeira se for concreta, real e não apenas um conceito abstrato”. O termo “liberdade” durante século fora explorado por filósofos e teólogos em suas mais diversas teorias a fim de definir o homem como um ser real e totalmente livre – uma vez que lhe fora dado o livre arbítrio – ou se de certa forma ele é escravo. Não querendo entrar no mérito da questão principalmente teológica, porque teria que falar de predestinação, fatalismos, e outros; e não tendo a pretensão de esgotar o assunto, nem mesmo de passar horas em intermináveis lucubrações, pois não me sinto “Livre” para fazê-lo; tomo a decisão de escrever esse texto; porém, antes de tomá-la fui compelido, incitado a fazê-lo por uma causa, ou disposição gerada, quem sabe imposta, já que escrevo para atender a uma exigência básica da matéria de “Metodologia da pesquisa”, do curso de bacharelado em teologia. (Materia que leciono) Todo homem é livre! Pelo menos é o que muitos dizem e defendem. A regra é para aqueles que não se curvam ante ao domínio de outro, que não tem sobre sí qualquer tipo de jugo; é livre, porque não existe nenhum poder imposto, ou limite, a controlar suas atitudes. Tomar decisões não faz do homem um ser livre. É necessário lembrar que mesmo quando ainda gerado, é possível escolher para esse “livre” a barriga que o hospedará durante os nove meses de gestação e até mesmo o dia que nascerá. Quando nasce, escolhe o nome, a roupa, o que vai comer, por quanto tempo comerá; se nascido hoje, pode-se escolher sua altura; a cor dos olhos, o cabelo e até mesmo a cor de sua pele. Ainda no berçário recebe as “tábuas da lei”. Conhecendo-a torna-se seu escravo. Passa estar sob o jugo dos pais, da sociedade e das instituições. Casado, sob ditames do cônjuge; na velhice sob as observâncias amorosas dos filhos e dos netos. Morto, escolhem o local onde será enterrado, a roupa, a cor do caixão e até mesmo o que será escrito em sua lápide. Jean Paul Sartre disse: “O homem é a sua liberdade e está condenado a ser livre. É responsável por tudo que faz”. Jaspers considerava-se livre quando praticava sua liberdade, sentindo-se ele mesmo. Autêntico, autônomo e auto-determinado. É verdade que o homem tem arraigado em si, o desejo de liberdade. Mas ter desejo de liberdade, tomar decisões não faz do homem um ser livre. Pode até ser que se sinta, mas, não é livre. Pode muito bem tomar decisões, executa-las, contrariando sua vontade, ou movido por uma compulsão. Faz, mas dentro de si, não se sente livre para fazê-lo, pois sua consciência é escrava dos conceitos; dos valores morais e éticos que de alguma forma ao longo da vida lhe fora imposta. Na maioria das vezes tomar decisões é tornar-se escravo delas. O Homem poderia até ser livre! Se esse fosse desprovido de suas faculdades mentais, ou não tivesse uma consciência dentro de si. Como os animais, por exemplo. Ou aqueles – por nós - considerados loucos. O homem sempre foi escravo. Do medo; das angustias e sentimentos de culpas pelos os erros praticados; da solidão, e principalmente, da impossibilidade de agir. Faz-se refém dos padrões ditados e pré-determinados da beleza, do status e da estratilização social. Das doutrinas; dos dogmas e das regras. Então quando o homem é livre? Quando pode fazer escolha? Onde há escolha há liberdade? A escolha na verdade, em muitos casos, torna-se um obstáculo para liberdade. Enquanto que a escravidão perdura sobre várias formas. Então como acreditar em liberdade por opção? A escravidão está aí! Mental, física e estética. As academias. Os centros de reabilitação. SPAS, espelhos, cosméticos, faculdades. Intervenções cirúrgicas, medicamento e até mesmo, igrejas. Tudo isso não passa de grandes senzalas para abrigarem seu “livres-escravos” seguidores usuários colocando-os a ferro, onde o próprio desejo de liberdade torna-se seu senhor. Como canta o grupo de rock Elegia: “vejo escravos nas gravuras, subitamente vejo-me refletido almas-gêmeas. No meu pulso o relógio dita as ordens somos escravos...”. Estamos amarrados ao tronco de um sistema capitalista que sobre nós impõe a obsessão pelo ter e pelo ser. O materialismo nos domina, e traz-nos a reboque pela brida do consumismo desenfreado tornando-nos um povo escravizado pelas dividas. Somos reféns de uma criminalidade aviltante que em nada fica devendo aos horrores impostos aos Palestinos e Iraquianos. Somos escravos do preconceito, da desigualdade social e de todo um modelo que nos faz arrastar pesadas correntes vida afora, como condenados do filme “Piratas do Caribe”. Enquanto fazemos isso, quem sabe possamos nos consolar, de forma poetizada, dizendo como Cecília Meireles: “Liberdade, essa palavra. Que o ser humano alimenta. Que não há ninguém que explique. E ninguém que não entenda”.
Ps. Não aberto para debates...