Janelas...
Incrédulos, debruçados nas janelas do tempo, assistimos a vida correndo lá fora, esperando chegar a hora disso tudo acabar, conjugando o verbo esperar em todos os tempos que existem, enquanto os sonhos de futuro persistem, para nos manter motivados...Perplexo, o dono olha pela janela da loja fechada, que depois de anos de sacrifícios e planos, ele conseguiu inaugurar, escolheu os móveis e o melhor lugar, mas o momento era o pior, o vírus levou a melhor e mais um sonho ruiu...Desolado, o trabalhador olha pela janela do carro novinho, estacionado, na garagem esquecido, mais um sonho parado, com sacrifícios adquirido, mas a viagem não veio, não foi possível realizar o passeio, que a tempos a família sonhou...Angustiados, olhamos pelas janelas virtuais, os amigos e familiares que não vimos mais, em chamadas de vídeo salpicadas de saudade, molhadas pelas lágrimas da distância, fazendo nos sufocar a ânsia de estarmos de novo juntos, colocar em dia os assuntos, que só entre nós conhecemos...Desconsertados, com a máscara de proteção escondendo nosso rosto, parecemos sentir o gosto amargo da impotência, diante do avanço lento da ciência, buscando controlar a pandemia e quem em sã consciência diria, que tempos assim chegariam, em que tudo o que nos resta é cultivar a fé, a solidariedade e a calma e nos expressar com o olhos, logo eles que pelos poetas da vida, são insistentemente chamados de *as janelas da alma*...
Adilson R. Peppes.