Pensar e Sentir

A ciência da vida nos ensina pensar e sentir; criar e experimentar a alegria e a gratidão por estar vivo, e poder aprender, conhecer, ser útil a si mesmo e aos que nos são mais próximos.

Pensar é criar. Sentir é expandir a vida no contato com outras existências.

Pensar por própria conta custa certo esforço, como todo ato criativo, e exige preparo, treino, exercício diário. É diferente de sonhar, lembrar, imaginar. Ao criar, a imaginação, o sonho e a recordação poderão ajudar. Seja uma pintura, um filho, um pensamento, o criador se confunde com sua obra, vive nela.

A liberdade do homem é construída sobre o pensar. Quanto mais pensar, mais livre será. Mas o que é pensar? Esta movimentação discricionária de pensamentos na mente seria pensar? Não, isso não é pensar, criar soluções luminosas, optar por caminhos, selecionar o que convém para o bem e felicidade próprios e alheios.

Ao pensar, opomo-nos à fatalidade e liberamo-nos do destino comum, da mediocridade. Trata-se de construir o próprio destino, que será viável através do conhecimento, o domínio dos pensamentos. Todos têm o privilégio de mudar o futuro, apesar de não poder modificar o desígnio que lhes dá um tempo de vida neste planeta. A cada decisão que se toma, o futuro está sendo alterado. A fatalidade e o predeterminismo não existem para quem use sua inteligência para construí-lo. Não é a fatalidade que leva o desatento a acidentar-se, o esquecido a envolver-se em inúmeros problemas, o irascível a atrair sobre si a violência dos que não o suportam. O destino pode ser modificado por quem compreende que deve se transformar para construir uma vida melhor, pois existe para o ser humano o livre arbítrio, a liberdade interior por optar sobre o que quer pensar, fazer, realizar. Assim se poderá escapar da fatalidade.

Pensar e sentir devem se complementam. Criar e experimentar sentimentos superiores como o amor, a generosidade e a gratidão ampliam a vida.

Contra o rancor há que opor o bom sentir, a gratidão por tudo que nos proporcionou no passado alguma alegria, a inteligência na convivência, e, sobretudo, a esperança, o mágico sentimento que nos lançará para um futuro melhorado e mais feliz.

A gratidão consciente é uma vivência interior na qual, ao recordar quem nos fez um bem, rendemos-lhe uma homenagem silenciosa e experimentamos uma proximidade muito grande em relação ao nosso benfeitor, mesmo que ele não esteja mais vivendo entre nós. É um sentimento de imponderável valor, pois credencia o indivíduo para novas experiências felizes no futuro.

A gratidão, este sentir agradecido pelo que se viveu, esta revivescência sensível de um passado que não deve morrer nunca, é um sentimento mágico que cada ser humano tem o poder e o dever de cultivar em seu coração.

“Sentir é experimentar dentro de si uma outra realidade; seja ela um ser, um objeto ou um conhecimento”, disse certa vez um sábio homem. Assim, um belo lugar fixa-se em nossa recordação; uma pessoa querida, uma lição instrutiva, o animalzinho da infância, um livro, o parente desaparecido.

Ao manter no presente aquilo que vivemos, experimentamos uma sensação de existir consciente, que as palavras não têm possibilidade de traduzir.

Pensar e sentir devem se complementar na trajetória de quem, através da luta por aperfeiçoar-se, busca ser feliz.

 

Nagib Anderáos Neto

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