TRAVESSIA (reflexão infância até...)
Meu nome é Luiz Carlos e moro em Sorocaba, cidade maravilhosa , que amo muito.
Assim que mudamos de Itapeva, ignorei completamente aquela minha infância da pequena cidade, deixando de lado, as meninices e partindo para uma vida de maior responsabilidade, numa cidade grande, com aqueles olhos pequenos de moleque cheio de vida e de curiosidade. Ainda me lembro da minha pré adolescência , muita vontade de viver com muita alegria naquela cidade imensa e nova. Na minha lembrança, ficava já se distanciando, aquela imagem de Itapeva, onde para mim, tudo era tão grande. Digo assim, pôr que depois de muito tempo voltei para lá, levando minha família, para mostrar as “grandiosidades”, do tempo da minha infância para eles, pro meus filhos. E achei tudo tão pequeno, daquilo que para mim na época era tão grande. Nos dias que se seguiram, daquela mudança maravilhosa, sentei-me, ainda me lembro, não sai da memória, no banco da praça, do jardim do ginásio municipal, em frente ao casarão velho onde recentemente nós acabávamos de mudar, a tardinha, não sei quem estava ao meu lado, se meu pai, meu irmão ou minha irmã. Ali, observava sorridente, tudo ao meu lado, cheio de entusiasmo, os carros passarem as pessoas, os luminosos e tudo mais. Hoje, muito já se passou, e já nos meus tantos e passados dias, passo de carro, pôr esta mesma rua, e olho para aquele lugar com saudade daquele menino entusiasmado, com olhinhos alegres e saudáveis, achando que o mundo era maravilhoso. A partir destas lembranças, que começo a narrar, os fatos, então. Quase como uma magia, volto neste momento, para esta cena, ocorrida há tanto tempo. Olhando de frente para minha casa nova, minha recente moradia agora, com três janelas de madeira, onde passaria tardes e tardes, observando o movimento da rua. Estava feliz, posso me lembrar, como se fosse hoje, este momento. Olhando ao chão, da calçada, daquela imensa praça, me encantava, com o colorido, das diversas bolas, de tamanhos e cores diferentes, tudo tão perfeito e maravilhoso. Já começava a escurecer, calor imenso daquele mês de março de 1963, céu meio azulado e amarelado pelo sol que se escondia, dando lugar a lua enorme, característica de verão. Parece que o tempo parava, para eu poder meditar naquele meu mundo de sonho. Tudo era tão novo. Naquele singelo banco branco de cimento, debaixo da estrondosa árvore, meu paraíso. Do meu lado direito, a imensa praça de esportes, onde viria mais tarde, praticar esporte e ver grandes partidas de futebol de salão, basquete e outros esportes, grandes circos e seus animais. Também viriam, os problemas, claro, as brigas com os coleguinhas e vizinhos , brigas de moleques. Depois, a menina vizinha, lá da esquina, que me dava “bola”, mas na minha inocência, não sabia lidar com isso. Era uma menina bonita e acanhada, e percebia eu, que ela gostava de mim. Em casa, não tinha televisão, lá em Itapeva, a gente não tinha isso, nem sabia que existia uma “caixa”, que divertia a gente. Meu pai, tinha um rádio enorme, que parecia uma caixão de abelha, que também tocava disco, daquele antigo. Nossa vizinha, da esquerda, dona Norma, nunca vou me esquecer, era uma senhora bondosa, mãe de um colega, que nos deixava, ver TV à tarde, todos os dias. Passávamos (a molecada toda) a tarde toda, vendo a “Sessão Zig e Zag”, da “Record”. Aquilo era maravilhoso. Depois, quando fiz amizade, com os garotos, vizinhos mais para esquerda, do bar da Nadir, assistia televisão na casa da dona Ditinha, mãe do Charles e do Quinzinho, amigos inseparáveis. Lá e cá, tinha muita coisa para fazer e se divertir, que coisa boa! Na praça do ginásio, hoje deserta, sem meninos, nós naquela época vivíamos jogando bola, no chamado “gol livre”, tínhamos os parceiros certos. Eu e Charles, fazíamos dupla e dificilmente, perdíamos. Tinha tanta coisa para se fazer, que quase não tinha tempo para ficar em casa. Minha mãe tinha que ir à rua, toda vez que precisa de mim, para fazer alguma coisa para ela, ou para fazer a refeição. Mundo bom era aquele, bem diferente dos meninos de hoje, que ficam grudados no computador e nos videos games. Meus filhos mesmo, não tiveram, oportunidades com esta. E quando chegava o circo, então. Era uma época muito agitada. Só alegria! Fanfarra, uniformes coloridos, palhaços, animais e muita fantasia. Minha casa, era a pensão do “seo Miguel”, meu pai, lá os artistas e trabalhadores do circo, comiam, e pôr certo, tinha garantido meu ingresso para o “show”. Os elefantes soltos pelo jardim do ginásio, já eram espetáculo a parte. A criançada, como eu, se divertia muito. Levávamos para o pasto do campo do América, as margens do rio Sorocaba, as ovelhas do circo, para pastarem. Naquela época, ali era tudo mato, podia-se entrar e sair a vontade. Hoje o local é cercado pôr alambrado. Para a molecada, isto era pura diversão. Segurávamos pela coleira o animal, e levávamos do ginásio, até este local, num grupo de uns vinte moleques, as vezes, até brigando, para disputar, quem segurava na coleira . Era muito divertido. Já viu, espetáculo mais bonito, que a “fonte luminosa”? No final de cada espetáculo, o dono, um senhor meio idoso, vestido à carater, sentava diante de seu órgão, tocava uma música estrondosa, e em meio a cada nota musical, a fonte jorrava, jatos de água, para cima, com mistura de cores variadas. Aquilo era lindo. Olha! Vi coisas maravilhosas, quase indescritíveis. Estes são pequenos detalhes, desta minha infância colorida, nesta cidade. É uma pena, ter que crescer. De uma das janelas do quartão de frente, em dias de chuva, onde não podia sair prá brincar com a garotada, ficava eu debruçado, vendo a chuva passar. Jogar futebol, era uma diversão quase rotineira, se é que poderia dizer assim. Brincávamos no campinho do Cometa, às margens do Rio Sorocaba. Chamava-se Cometa, pôr que ficava perto da garagem, desta empresa de ônibus. Era um campo todo irregular, cheio de mato e capim crescido, com duas traves pequenas, mas ali passávamos a tarde toda jogando bola. Este campo ficava, bem abaixo do trilho de trem, de maneira que tínhamos, que descer uma rampa enorme e bem acentuada, com muito cuidado prá não, rolar descida abaixo, e prá subir na volta o esforço era tremendo, mas isto era superado, com muita alegria, pela rapaziada. Misturavam-se, entre adolescentes, adultos e crianças, os times. A tardinha, com o sol, quase a se pôr, nós voltávamos prá casa. Minha casa, na rua Newton Prado, a pensão do “seo” Miguel, meu pai, ficava, duas ruas acima. Foi assim, um bom tempo. Terminei o primário, na escola do Sesi, que ficava, ali, logo na esquina de casa, na rua Ruy Barbosa. Fiz o ginasial, na Escola Municipal “Dr. Aquilles de Almeida”., que ficava, também pertinho de casa, na outra rua oposta, ao lado do ginásio municipal. Já era adolescente, mas a diversão era a mesma. Continuava, a bater uma bolinha no campo do Cometa . Nesta época, havia vários campeonatos no Ginásio de Esportes. Campeonato universitário, colegial, o Cruzeirão, na época do falecido e querido “Panhó”, um homem respeitado e já meio idoso, grande administrador, que ficou marcado na história das praticas esportivas, que lá aconteciam. A disciplina de Educação Física, do Ginásio “Achilles”, era praticada no ginásio de esportes. Foi um dos momentos, mas fantásticos, na minha vida. Não se importava, de levantar cedo, arrumar a mochila, e ir de manhã a quadra do ginásio de esportes, e na batuta de “seo Nilton”, praticar as aulas de Educação Física. Após, a aula, atravessávamos, a rua, e continuávamos as aulas normais, das outras disciplinas, na escola. Assim foi, durante os quatro anos do ginásio. A molecagem na rua, continuava. De vez enquanto, para nossa alegria, aparecia um circo e seus animais, que se instalavam, nas dependências do ginásio de esportes. Era pura e muita diversão. Não é possível detalhar tudo. Em 1969, terminava, o ginasial. Muita euforia, muitos amigos, bem chegados, mas ainda não passávamos de crianças crescidas, cheias de ilusões e sonhos. Achávamos que mundo tudo nos daria. Lembro-me, bem do último dia de aula, da 4ª série do ginásio. Era de manhã, já saíamos, pelo pequeno portão lateral, da escola, eufóricos. Hoje, pôr certa ironia, passo pôr lá todos os dias, quando vou buscar a pé, minha filha Sarah, na mesma escola. Só que a escola fica agora, em sede própria, mais para frente. Continuando, naquela manhã, ensolarada, era a minha última rotina. Quantas vezes, entrei e saí, pôr aquele portãozinho, mas agora seria, a última. As despedidas são sempre dolorosas. Reclamamos, as vezes, da rotina, mas ela faz parte de nossa vida. Não sabia eu, que estava deixando, um rastro de saudade, daquele fantástico lugar. Iria esquecer com o tempo, das grandes alegrias. Da maravilhosa, dona Amélia, que nunca mais vi. Aquela senhora, durona, mais que nos amava, com profundo amor, não tínhamos a idéia, de sua importância. Era nossa inspetora. Vivíamos às voltas, com sua rigidez. Também seo Nicanor, talvez já falecido, o Abel, que cuidava da portaria, e ensaiava a fanfarra, para o desfile de sete de setembro. Lembro-me, em particular do colega de classe, o Mário, que namorava a Tânia, colega de classe. O cara, um gozador de primeira. Neste último dia de aula, na nossa saída, pôr aquele portão pequeno, ele propôs ao pessoal, jogar o caderno que tínhamos à mão, daquele último ano de aula, para o telhado, naquela atmosfera de farra da molecada, e assim fizemos, nunca me esqueço. Esta época se foi, não tinha a menor ideia, da importância e do valor destes momentos. Fico aqui, emocionado de escrever, não consigo, dizer com clareza, destas emoções. Entristeço-me, ora me alegro, meu coração, quer pular, nestes cinquenta e um anos de vida. Ai!, se pudesse, revigorar em minhas lembranças, todas estas ideias e emoções! Feliz, aquela figura pequena e magra, que sempre fui, talvez sem saber, que o Soberano e Divino Senhor, sempre ao meu lado, me protegendo e guiando, pelas sendas que se seguiram e seguiriam ainda. Seguindo meus passos, sabia as vezes, que Jesus ao meu lado, me conduzia. Algumas vezes, pelo vale da sombra e da morte, como dizia o salmista, mas estava certo, que não temeria mal algum, porque Ele estava ao meu lado. Descia eu nesta hora, pôr aquela calçada larga do ginásio de esporte, quase a hora do almoço, como fazia todos os dias, mas aquela em particular, a última. Já 1970. Quanto tempo se passou, 16 anos de idade, colegial, primeiro ano. Primeira vez, estudando à noite, numa escola do estado, de renome naquela época, o famoso “Estadão” - Escola do Estado “Dr. Júlio Prestes de Albuquerque” - camiseta branca, bordada a sigla da escola, calça azul marinho e sapato preto. Sou jovem, moço do futuro, cabeludo e prá frente , pensava eu. Passado era passado, refletia, eis que tudo é novo. Colegas novos, novas amizades, professores de alto nível. Escola mais longe de casa, atravessava o centro de Sorocaba, acompanhando o movimento intenso, da rapaziada, fazendo o mesmo caminho e uniformizados. Foi, sem dúvida, três anos de muita emoção, neste período. Tive as melhores notas, em toda minha carreira de estudante, nesta fase colegial. Lá prá baixo, da Av. Salerno, onde está instalado hoje, o “Shopping Center Sorocaba”, era um terrenão baldio, onde costumava-se, ocorrer todo ano a famosa “Fapis” - Feira Agropecuária e Industrial de Sorocaba, famosíssima, na época, a melhor que já teve pôr aqui. Quando não, instalava-se ali, circos famosos. Lembro-me bem de um amigo, bom em matemática, às vezes, dávamos uma fugidinha para lá, para ver o movimento do circo, principalmente para olhar nas frestas, do pano, da armação do circo, a apresentação das artistas, em seus uniformes sumários, maios coloridos e sapatilhas, exóticas e eróticas, enfim coisas de moleques da idade. Em junho de 1970, a grande e melhor copa mundial de futebol, para nós brasileiros. Como já disse, não havia televisão em casa. Dias de glória e de regozijo, uma aventura. Muito movimento e expectativa em torno deve evento, que seria transmitido pelo TV em cores, a primeira vez na história. A campanha para o tri-campeonato mundial, do Brasil. O Bar do Mello, o palco das atrações, onde acompanhei todos os jogos, menos a final. A estreia esperada, contra a equipe Scheca, numa tarde gloriosa, o bar repleto de pessoas, as mesas de sinuca, encostadas, ia começar o jogo. Silêncio. A partida começa, isto não sai da memória. Eu lá fora, a TV a cima, a todo volume. O pessoal parado e silencioso, apesar de muita gente. Trânsito parado. Eu estava posicionado, na rua Santa Maria, em frente a farmácia, praticamente na rua. Coração a mil, só ouvia agora a vóz do locutor Geraldo José de Almeida. A partida se inicia. Nervosismo geral. Não se sabia, como aquela seleção iria reagir, uma vez que, houve muita discussão, em torno daquela convocação. Na última hora, antes de embarcar, trocaram o técnico, e Zagalo era o novo treinador. Tinham dito, que o Tostão, nosso centro avante, não tinha condição de jogar (mas jogou um “bolão”, no final das contas), e que Pelé estava no fim de carreira (jogou o melhor futebol em toda sua vida, foi um verdadeiro cacique em campo). Era um seleção desacreditada pela mídia da época, menos pelo torcedor, engraçado isto. Enfim, trila o árbitro, começa a partida, abrem-se as cortinas, coração na mão, mas muito entusiasmo e alegria. A seleção começa bem. Jogadores com muita vontade. O castigo vem logo no começo do primeiro tempo. A equipe da Checoslováquia, abre a placar, 1 x 0. Cai o semblante do povo. Fico aborrecido. O Brasil, reage, joga bem, começa apertar o adversário. A torcida se inflama. Não demora, num ataque fulminante, falta perto da meia lua, na entrada da grande área Checa. Posicionada a bola, barreira formada. Rivelino, até então meio desconhecido com a camisa amarelinha. Vai pra bola com raiva, tomada a distância, chuta. Passa a bola, pela barreira assustada, o goleiro não vê a bola e que goooooooool. Maravilha, meu coração de dezesseis anos, quase explode, juntamente com a turba, é o Brasil, minha gente, grita o locutor estridente. O povo não se contém. Nesta altura, os abraços, eram inevitáveis, o povo ali juntado, parecia uma família grande num banquete. Dali pôr diante, só deu a seleção brasileira, que depois marcou o segundo, o terceiro e o quarto gol. Vitória retumbante. Isto faz parte de minha história. Os outros jogos se sucederam, e a seleção passava pôr eles, com se fossem as outras seleções, ninguém. Final, juntei aos amigos da igreja, num domingo e fomos a casa do “irmão” Cesar, tesoureiro, grande amigo, e também de seus filhos. Era uma bela tarde, todos reunidos, diferente daquela atmosfera do bar, agora era a grande decisão. TV no melhor da sala, expectativa e muita emoção. A conquista do tri campeonato, era mais que certa. O time já tinha provado isto, ninguém acreditava, numa possível derrota. O narrador, já berrava, em alto tom, palavras de otimismo. O pessoal já se posicionava, nas cadeiras, outros mais anciosos, ficavam em pé mesmo. Trila o apito, começa a partida final, entre o Brasil e Itália, que tinha feito uma bela campanha, até então. Nesta hora silêncio, que só seria interrompido, pelo grito do inevitável gol brasileiro, o primeiro, o bolão já tínhamos feito, eu em particular, coloquei 3 a 2 para o Brasil, e pôr muito pouco não ganhei sozinho, pois quando estava neste placar, Pelé, ele o mágico, deu aquele passe para Carlos Alberto, da lateral direita, que num chute certeiro, marcava o quarto gol, encerrando a partida. Assim a seleção brasileira, ganhava o título inédito, no mundo, o mais glorioso. Particularmente, não podia imaginar, que também na minha vida, começava a terminar ali, uma grande etapa, da minha história. Nunca mais nos reuniríamos, naquela velha casa, daqueles grandes amigos. Esses dezesseis anos de idade, ficariam apenas na memória. A uns dias atrás, deste ano, de 2005, quando próximo daquela rua, Paulo Eiró, uma subida íngreme, subi devagar, tentando achar a velha casa, do falecido irmão Cesar. Não podia andar rápido, pois a subida é acentuada, mas na mesma calçada, que estava, deparei-me e reconheci a casa, com as cores desbotadas, aquele mesmo corredor, agora deserta, abondonada. Trinta e cinco anos, se foram, e eu ali, mas dava para imaginar, os gritos de alegria e movimento daquela tarde de domingo. César, Olavo, Amauri, Natanael, Daniel, e outros, o pessoal que me lembro, daqueles saudáveis dias. Ano de 1972, último ano de laser e alegria. Final do colegial, a frente, a perspectiva de cursar, a faculdade de não sei o quê. Muita farra, não houve tempo para decidir-se sobre o que fazer da vida. Novos amigos, que se vão. Colegas, que nunca mais veriam. Saudades. É interessante, que a vida é cheia de saudades, devido, a incessantes despedidas, sempre dolorosas, pois elas nos marcam, quase que para sempre. Saudade, das noites, na quadra do colégio, dos torneios, da molecagem, das aulas encabuladas. Dos professores, na sua maioria, amigos fraternos. Escola grande, muitos alunos. Hora de ir embora, era bonito de se ver, toda a avenida Eugenio Salerno, cheia de alunos, nos pontos de ônibus, ou a pé, irem embora. Descíamos a rua da Penha, numa turma enorme, fazendo algazarra, coisa da juventude, mais ou menos as 23 e 23:30 horas, sem perigo algum. Quando, chegava na descida, da rua XV de Novembro, eu descia sozinho e atravessava a ponte do Rio Sorocaba, para pegar a Rua Newton Prado, para, minha velha pensão. Mas antes, se despedia de um amigo inseparável, o Luiz Agasi, em frente a praça do canhão, onde ele entrava a direita, na rua do Hospital Samaritano, para ir a sua casa. Nós, o chamávamos, na brincadeira de classe, de Luiz “agas hilariante”, pôr que ria muito de qualquer piada ou situação, que achava engraçado. Como disse anteriormente, acabou-se a diversão, e os anos incríveis. De 1973 em diante, a coisa ficou meio preta, para o meu lado. Nesta ano, precisava ir a São Paulo, para fazer um cursinho qualquer para prestar o vestibular. Em Sorocaba, na época não existia cursinho algum. Achava eu, na minha cabecinha, ainda infantil, que poderia fazer engenharia, que eu tanto sonhava. Lá em São Paulo, descobri a realidade. Meu cunhado, já falecido, me alertou, da seguinte maneira: - não dá pra fazer engenharia, seu pai não pode pagar uma faculdade, de um curso pleno e caro. Tiraram, o chão dos meus pés. Fiquei atordoado. Foi o pior ano da história de minha vida. Assim mesmo, para acalentar um sonho, consegui, um cursinho barato em São Paulo, o MED, na Rua Augusta, onde dava prá pagar, com meu salário de auxiliar de escritório, da empresa Linhas Corrente S/A. Pôr sinal, este foi meu primeiro emprego. Numa grande cidade, na capital, através de meu cunhado Márcio, comecei então a trabalhar. Acabou-se a moleza (rs). Estes momentos, foram marcantes. São Paulo, cidade grande, estava lá agora, não para passar as férias, como antigamente, quando criança, mas sim, para decidir meu futuro. Ano de 1973, o pior na minha história. Muitas decepções, poucas amizades, ou nenhuma. Solidão e ostracismo. Finais de semana, vinha a Sorocaba, prá se distrair, do pesadelo, de ter durante a semana, ficado na capital. Não pretendo me alongar neste ponto da história. Finalmente, presto vestibular no MAPOFEI, engenharia. Prestei, de “paraquedas”, como se diz na gíria popular, só para fazer parte do evento. Lógico não passei. Nesta mesma época, resolvi então, fazer um cursinho, específico, para entrar na Fatec, em São Paulo mesmo, o Uni técnico”, ficava, perto da Faculdade de Tecnologia, numas travessa da Av. Tiradentes. Neste cursinho me esforcei bastante, prestei vestibular na Fatec de São Paulo, não fui aprovado, mas com os conhecimentos adquiridos lá, passei no vestibular da Fatec de Sorocaba. Em 1974, voltei finalmente para Sorocaba, e em julho deste ano comecei a cursar faculdade daqui. As coisas, agora eram bem diferentes. Sentia-me grande em mim mesmo. Muita responsabilidade, sem o sinal de alerta para adentrar na sala de aula (risos) ou sair. Podendo assistir as aulas, ou não. Sem vigia ou inspetores, para colocar o aluno para dentro...liberdade, muita liberdade. Cada um dono de si. A responsabilidade, agora, era de cada um, ser profissional ou não, ser aplicado ou não iria determinar, o profissional do futuro. Bem diferente, daquele menino, sentado ao banco do jardim, nos seus nove anos. Jovem, parece que seguro de si, cheio de ilusão, agora, estava dentro de uma faculdade, era universitário. Dirigia veículo, habilitado, às vezes, ia para escola de carro, na maioria das vezes, de carona, pois tinha, já várias amizades. O ensino, era duro, mas compensava, pois era aquilo que queria fazer, ser empregado numa indústria de grande porte, metalúrgica, talvez ser até diretor de empresa, quem sabe. No corredores, daquela faculdade, grandiosas coisas aconteceram. Situações cômicas, difíceis, de aperto, de alegria, até de tristezas, mas foi o período muito importante e salutar na minha vida. Lembro-me de algo engraçado, num final de semana, levei um menina prá sua casa, num final de semana, a noite do Sorocaba Club. Foi a última dança. Estava a pé, não tinha carro., mas ela morava perto dali, não tanto, mas dava para caminhar. Ela era simples, boa de conversa, fomos conversando, até chegar à sua casa. Combinamos de sair, na terça feira a noite. Planejava, fazer bonito, e ir buscá-la de carro (do meu pai, lógico, um fusca 69, bom carro pôr sinal). Só que no caminho de volta, é que me lembrei, que meu Pai usaria o carro, na noite deste dia. Que fazer? Segunda-feira, na escola, coloquei a cabeça para pensar, teria que emprestar o carro de algum colega. Tinha vários amigos que possuíam carro, mas com quem poderia contar? Havia um em particular, rapaz simples, também dono de fusquinha, igual do meu pai, xodó do cara. Sempre tomava carona com ele, tínhamos bastante papo, era da mesma turma, passei uma lábia, nele. Contei do meu problema, da minha dificuldade, e que precisava do carro, na noite daquela terça feira, e que em troca, colocaria gasolina no seu veículo. O cara tinha verdadeira paixão pelo carro, mas papo vem papo vai, ele cedeu. Fui para escola aquela noite, todo motivado, só para pegar o fusquinha, que ficava estacionado, perto das árvores, no pátio maior. Não me lembro se assisti a primeira aula. Só sei, que meio assustado, pôr pegar um carro que não era meu, dei ré no fusca e parti para a casa da “mina”. Foi uma noite legal, valeu a pena. Antes de terminar as aulas, voltei, para escola, para devolver o carro, para o colega. Nesta minha turma de classe, tinha uma amigo em particular, chamado Claudinho, de Itapetininga. Graças a este amigo, fiz os primeiros períodos na faculdade com sucesso. Ele era, inteligente pôr demais, na mesma medida, que era humilde e simples. Todos afeiçoaram-se a ele. Não fui bobo, nem nada, aproximei-me dele, onde aprendi e compreendi, muitas passagens de Cálculo I e II, que não entendia, principalmente derivadas e integrais. Se não fosse ele, teria ficado em dependência, nesta disciplinas. Assim, tornamo-nos grandes amigos, porque também ele era muito acessível. Ele não tinha muitos amigos. Viajava todo dia, pois vinha de Itapetininga. De vez em quando, passava os finais de semana em Sorocaba, e andávamos juntos, quase como dois irmãos. Fazíamos trabalho de escola, na casa de uma menina, que fazia parte da turma, e que se tornou inseparável , e às vezes, almoçávamos lá, na casa dela. Claudio, era um colega e amigo muito amado. Parece que posso visualizar, nós andando juntos pela cidade, quando nos finais de semana, ele vinha a Sorocaba. Parece que gostava mais daqui, do que lá. Falava de seus sonhos, de suas vontades, de seu futuro. Queria ser engenheiro calculista em projetos. Ele era bom mesmo, principalmente em cálculo, era rotina para ele, tirar A, na avaliações. Não havia dificuldade. A faculdade para ele, parecia brincadeira, era um gênio. Discutia com os professores, e explicava sempre o “x” da questão. Algum professor, principalmente, de Cálculo, queria pegá-lo em alguma questão, mas não adiantava. Estatura média, magro como eu, cabelo crespo, Cláudio, chamado também de o Itapetininga, ou “Itape”, sumiu de nossas vidas, a partir, do quarto semestre. Foi triste. Todo principio de semestre, que chamávamos de período, era uma festa. Depois das férias, nos encontrávamos, para a nova matrícula, do semestre seguinte. Ver as matérias, que iríamos fazer, ou aquelas em que ficamos em dependência, os pré requisitos, depois os abraços dos amigos e colegas. Naquele semestre foi diferente e penoso. Quando cheguei a faculdade, subi a famosa rampa, naquela época de terra batida, alcancei o rol de entrada, virei a direita do corredor, para entrar na biblioteca, para preencher os papéis, então vi um aglomerado de pessoas, observando o mural de recados. No principio, achei normal, talvez fosse, algum recado importante da diretoria...,mas não. Estampado num jornal, estava a noticia do falecimento de Claudio, jovem universitário, que ao se banhar, num rio ou represa (não me lembro), veio a se afogar. O teto caiu sobre nossas cabeças, foi dia de luto. Naquela época, fazia estágio de dia, na antiga “Faço” - Fabrica de Aço Paulista S/A. Alguns colegas, que lá trabalhavam, futuros Tecnólogos, uns estagiários como eu, outros já efetivados, ficamos pesarosos. O corpo de nosso amigo já havia sido enterrado, mas queríamos de algum modo, prestar uma homenagem, indo a Itapetininga, visitar sua família. Deu tudo errado. Emprestei o carro de um colega da Faço, um fusquinha 1969, para variar, vermelho, lembro-me muito bem, em meio ao expediente do serviço, mas ao tentar ajeitar os detalhes antes de pegar a estrada, estava chuvoso, acabei batendo, o carro do rapaz, e tive que cancelar a viagem e ainda pagar o conserto. Tudo isto faz parte, como diria o “big brother”. O estágio na Faço, foi bom no inicio, mas depois, fui encostado pela direção da empresa, que só queria faturar, em cima dos estagiários, devido a mão de obra barata. Foi uma época boa, apesar dos pesares. Cursar a faculdade, foi meio penoso, mas ao mesmo tempo divertido. Era um meio social. Tomava o tempo da gente. Fazia-se muita amizade, muito coleguismo, posso até a arriscar-se dizer, bastante diversão. Sonhávamos, com um futuro promissor, e isto era bom. Chega 1977, sonho realizado, canudo na mão, coração também, como diria Fiori , famoso narrador de futebol do rádio - “haja coração, torcida brasileira, fecham-se as cortinas, e termina o espetáculo!!!”. Era assim, que narraria, aquela fase. Tudo terminado, agora era um profissional. O resto era resto, só precisava ganhar dinheiro, muito dinheiro. Era só sair pôr aí, e exibir, o diploma de Tecnólogo, entrar em uma empresa, ganhar bem, e pronto. Escolher uma “mina” da “hora”, talvez casar, morar numa casa bela e cara, ter carros, amigos, e bela vida. Tudo isto passava-se na minha cabeça, naquele instante. Que maravilha se assim fosse, mas....ah! tem o mas, tem as lutas, os percalços, as latadas na cara, e as decepções....mas isto fica prá depois...
A IGREJA
Daria para escrever o tempo inteiro, e ainda não poderia me ater, a quase todos os detalhes. Minha vida social, prendeu-se, quase todo tempo dentro de uma comunidade evangélica, desde que nasci. Começo a contar, a partir, daquele menino, sentado no banco do jardim, contemplando a vida, naquele entardecer. A Igreja do Evangelho Quadrangular, até aquele momento, era a única expressão de verdade, no mundo cristão na minha concepção. Não conhecia, outra denominação, ou outra doutrina. Para mim, era o tudo, no conceito salvação, cura e até santificação. Viemos de um pequeno salãozinho, da pequena cidade de Itapeva, onde nasci, lá aprendi tudo que sabia até então. Quando aqui chegamos, entre outras preocupações, em se instalar pôr aqui, foi procurar, o templo da igreja Quadrangular. E achamos, na rua Cesário de Aguiar, 130. Este endereço foi marcante na minha vida, das inúmeras vezes, que lá me dirigia. A história, começa mais ou menos assim. Numa terça-feira, a noite, meu pai, minha mãe e eu, o garoto, fomos ao culto pela primeira vez. Terminado os trabalhos da pensão, nos aprontamos, subimos a Rua Ruy Barbosa, pela calçado do ginásio, atravessamos a Rua Nogueira Padilha, fomos em frente, até chegar no cruzamento da Av. São Paulo. Entramos à direita, no posto de gasolina, que existe até hoje. Em frente, o templo da Igreja Presbiteriana Filadélfia. Descemos a pequena ladeira desta avenida, até chegar a farmácia da Ponte, hoje, a Farma Ponte. Seguimos em frente, até subirmos pela calçada da Santa Casa. Lá na frente, depois desta subida, atravessamos a rua Pedro José Senger, e entramos na praça do Tropeiro. Ao findar a praça, à direita, a rua Cesário de Aguiar, mais alguns metros, no número 130, a pequena igreja. Este foi, o percurso detalhado, feito pela primeira vez na minha vida, daquele ano de 1963. Dali em diante, muitas e muitas vezes, iriam se seguir. Cresci, tive várias fases, em minha vida, fazendo este percurso, até namorar, paquerar e casar. Sozinho, acompanhado pôr amigos, namorada ou com os pais, enfim, durante muito tempo. É emocionante, se lembrar, deste detalhe. Muitos, fatos iriam se repetir, sempre fazendo este trajeto. Mas aquele, em particular, foi e primeiro, e bastante marcante. Enfim quando lá chegamos, só havia, nós três, no pequeno salão, que se tornou grande até, o pastor, chamado Manuel, nortista, que meu pai, já conhecia, de outros tempo, e sua esposa. O culto de oração, daquela terça feira a noite, tinha cinco pessoas. Os bancos, eram de madeira barata, daqueles, feito para abrir e fechar (desmontável), com encosto desconfortável, e que de vez enquanto, quando alguém sentava, ele simplesmente desmontava e levava o pobre ao chão. O chão de tijolo, e bastante gasto, isto me lembro bem, tinha buracos, de tanto que foi usado e gasto, talvez de tanto lavar. As janelas laterais, eram pequenas. O púlpito de madeira, pequeno, escondia, atrás a figura de um pastor desanimado, bastante magro, o irmão Manuel, que agora mais aliviado, encontrara apoio em meu pai e minha mãe, e eu, uma criança de calça curta, olhando tudo aquilo, prá mais tarde escrever. Terminado, o culto, fomos até os fundos, onde ficava a “casa pastoral”. Três cômodos miúdos. Lá, conversaram bastante, meu pai, minha mãe e o casal. Voltamos para casa, naquela noite, com muitos assuntos na conversa, os três. Imagino agora, que escrevo isto, quantas coisas se passavam, na cabeça de meu pai e de de minha mãe. Deixaram uma estrutura toda lá em Itapeva, amigos, irmãos da igreja local, conhecidos pôr todos, de grande influência, até no meio religioso local. Conhecia padres, pastores, médicos, professores, enfim..., para estar agora numa cidade maior, sem conhecer praticamente ninguém, numa igrejinha de cinco pessoas .. Além do que, uma pensão, com pouquíssimos pensionistas, com os móveis desorganizados, preocupações, quanto a matricula para o meu curso primário, transferência, achar trabalho para meu irmão Miguel, que faria o científico, na época, calor insuportável de um verão de março. Minha mãe passava mal, não acostumada com aquele calor. Andávamos ali, e acho que meu pai e minha mãe de cabeça cheia e mil parafusos. Para mim, no meus nove anos, tudo aquilo era festa e novidade. Mas o dia seguinte viria, e como diz o velho ditado, nada como um dia atrás do outro. As coisas foram se resolvendo, com a graça de Deus. Minha mãe, foi a que mais sentiu, chorava quase o dia todo, naquela cozinha, quente. Lá em Itapeva, minha mãe tinha uma ótima cozinheira, a Maria, que trabalhou anos a fio e ela praticamente não se preocupava com nada. Também acostumada com fogão a lenha, e logo que chegamos, meu pai teve que comprar o primeiro fogão à gas, lembro-me muito bem, da marca “Cosmopolita”, bonito, todo branco, tinha cachimbo preto, e era muito bom, mas para minha mãe era novidade e tinha que rapidamente se acostumar a nova realidade. A pensão do “seo” Miguel, foi se ajeitando, e o Senhor foi honrando a fé de meu pai, e rapidamente as coisas foram se ajustando. Ficou famosa a pensão, encheu-se de freguês. Acertei na escola, e me adaptei-me logo. Meu irmão, entrou na OSE, escola de vulto, até nos dias de hoje, e ao mesmo tempo, arrumou trabalho, num escritório de contabilidade no centro da cidade, do “José Bonifácio”, minha irmã Ivete, tentava a vida em São Paulo, como professora, morando com minha outra irmã Belinha, já casada. Chegou a ser professora aqui em Sorocaba, como substituta. O pastor Manuel, deixou o ministério, e mudou-se, se não me engano, para São Paulo. Meu pai, como de costume, tornou-se lider da igreja, cuidando das finanças, como tesoureiro, que sempre foi, até a chegada de um novo pastor. Meu pai gostava, de liderar na igreja, e sua participação sempre foi honrosa e principalmente honesta. Vários, pastores, ali tomaram posse, poucos se firmaram. Alguns, que valem a pena comentar. Um deles, o Pastor Milton Rodrigues de Souza (se não me engano, este era seu nome completo). Homem humilde, carismático, de grande aparência, estatura também. Se trajava bem, possuía boa dicção, teria um grande futuro eclesiástico pela frente, se não se desviasse da fé, mais a frente, infelizmente. Adaptou-se rapidamente no lugar, tinha uma família grande, fiquei muito amigo de seu filho, tínhamos mais ou menos a mesma idade, o Dorival. Dorival, foi um grande companheiro, nas viagens pastoral, onde meu pai dirigia, juntamente com o pastor, pelas cidades vizinhas, nós íamos juntos. A “farra” era grande, nos divertíamos juntos. O pastor Milton, tornou-se superintendente da região, e fazia visitas em seu fusquinha, meu pai dirigia, e nós dois, o Dorival e eu íamos sempre. Não foi difícil, para que todos, o admirassem (o pastor) e torna-se seu fã. Minha mãe e meu pai, foram uma destas pessoas. Não foi apenas um dia, mas vários, que este pastor, vinha a nossa casa, para conversar, com a irmã Sabina, ou o irmão Miguel. Particularmente, eu gostava, muito de sua presença. Compartilhávamos muito. Eles moravam, numa casa grande no bairro de Santa Rosália, perto do Estádio Municipal de Futebol, hoje. Sua esposa, chamava-se Yolanda. A igreja crescia, aqueles bancos de campanha, conforme descrevi anteriormente, já eram poucos, na verdade, Deus estava dando crescimento. Eu também crescia, estava me tornando adolescente, que se misturava a mocidade, porque não tinha um grupo especial, ou alguém, que cuidasse de adolescente. Então, minha vida, fora a molecagem da rua, era ir várias vezes aquele templo, ensaiar, ou participar dos cultos, ou reuniões da mocidade. Fazia aquele itinerário primeiro, descrito a cima, muitas vezes, em várias etapas na minha vida, imagine só. Nesta época que cheguei a Sorocaba, meu pai tinha um acordeão, marca “Veronesi”, vermelho. Meu pai achava que tinha jeito para a música (graças a Deus que ele pensou assim), então me colocou numa escola particular, da “Dona Chiquinha”, uma velhinha simpática, que morava perto do Estádio de Futebol do São Bento, na rua dos morros, ou rua Nogueira Padilha. Nesta época, não tinha despertado o interesse pela música, mas como filho obediente, fui de livre e espontânea vontade. Lá aprendi, as primeiras notas e gostei. Mais tarde, meu pai, que achava muito teórico meu aprendizado, e queria que eu tocasse logo na igreja, contratou, um irmão da Assembléia de Deus, que morava na Vila Haro, chamado Gildo, para me dar aulas práticas, do Cantor Cristão. A primeira canção que ele me ensinou, isto me lembro bem, com se fosse hoje, foi “Chuva de Graça”, em fá maior. Ensaiei, exaustivamente, este hino, até apresentá-lo na igreja, sob o olhar orgulhoso do meu grande pai. O tempo passa, e logo deixo o curso de música, e começo a me interessar pôr violão. Mas pouco antes disto, vamos a troca de pastor, na igreja. O pastor Milton se envolve, infelizmente com a secretária da igreja, acontece, um “rebu”, ele é obrigado a deixar o ministério. Esvazia-se a igreja, que na época era relativamente cheia. Neste período, assume o pastor Benedito Bernardes, um senhor já idoso, de família residente em Tatui. Este pastor, moralizou a pequena igreja, constituiu novamente o conselho, do qual meu pai, já tomava parte anteriormente. Nesta época meu pai foi um pilar, na igreja. Ajudou muito neste período de transição. Sustentou, e foi até como um pastor interino, segurou a barra, como se diz. Foi o anfitrião do novo pastor, e a coisa continuou. Nesta época, apareceu da Assembléia de Deus, uma família, a do “irmão” Cesar. Família grande, de músicos. Montou-se uma banda ou orquestra na igreja, da qual fiz parte, como acordionista. O Natanael, filho mais velho desta família de músicos, era o regente, às vezes, seu irmão Amauri, assumia também. Neste período da história, ganhei um irmão praticamente. De Itapetininga, estabeleceu-se aqui, o amigo Olavo, quase a mesma idade que eu, apareceu de repente na igreja. Tornamo-nos grandes amigos, inseparáveis. Morava, na Vila Hortência, na rua Granada, não muito longe de casa. Todos as tardes, estávamos juntos, tocando violão, mostrando um ao outro, as músicas que a gente aprendia. Quando não estava em sua casa, era ele que estava na minha. Crescíamos juntos, também fazia ele parte do famosa orquestra. Foi uma época muito marcante. Tocávamos juntos, saíamos depois do culto a noite, enfim fazíamos quase tudo juntos. Nasceu realmente, uma grande amizade e parceria, pôr longo tempo. Esta amizade teve seus altos e baixos, fora e dentro da igreja, mas nossa amizade, permaneceu e permanece. É muito engraçado e curioso, pois hoje temos nossa própria família, ele já é avô, e eu tenho a minha prole crescendo, graças a Deus, mas temos uma história juntos, o que é difícil, hoje em dia , pois amizades se fazem, mas vão-se e nunca mais se estabelecem. Ele e sua esposa, a Cristina, foram padrinhos de meu casamento em 1985. Lembro-me, até quando eles se conheceram, e começaram a namorar. Esta época, estava no ápice as velhas tardes de Domingo, da Jovem Guarda de Roberto Carlos. Vivíamos de violão na mão, cantando as novidades, idos anos 70, maravilhosos. Cabelo grande, até ao ombro, não estávamos, nem aí com ninguém. Os ensaios, na igreja da nossa banda, era muito marcante, muita ‘farra”, muita amizade, e alegria. Que eu me lembre, nossos integrantes, eram: eu na minha acordeão, e a Virginia da família do Cesar, no acordeão também, o Saladino, um irmão já falecido, que na época era zelador, também no acordeão, meu amigo o Olavo, no violão, o Paulinho, um adolescente, que aprendeu o pistão, o Amaury, no trombone, o Mané o sapateiro, um irmão muito humilde, já meio de idade e tinha filhos pequenos, no violão, e o regente Natanael, que chamávamos de Nata. Se não me engano, era este o pessoal. O pastor Bernardes, teve internação grave, no Hospital do Trujillo, vindo a falecer. Foi um bom pastor, moralizou a pequena igreja, que tinha poucos membros. Foi aí, que veio, assumir, o pastor Ernesto Taconi e irmã Alice, sua esposa. Nova era, e novo arranque, na igreja Quadrangular em Sorocaba, e na minha vida também. Nesta época, já não existia, a orquestra. Dispersou-se a família Cesar, não sei precisar qual o momento, mas isto não é tão importante. Já não tocava mais a “sanfona’, como diziam os irmãos, que me chamavam de Luizinho. Achava um instrumento cafona, e prá época das guitarras, contra baixos e baterias, era mesmo. Na igreja, não tinha este tipo de som. Considero que eu e o Olavo, fomos os precursores deste tipo de som na igreja. Foi mais ou menos assim que tudo começou. Havia um irmão da igreja, chamado Benedito Jarbas, que numa situação boa financeira, deu um orgão moderno daquela época, de presente para a igreja, mas não havia alguém que tocasse. Até que pareceu um “carinha”, que se dizia entendido, e começou a tocar meio precariamente pôr música ou partitura, alguma coisa que ele sabia. Eu timidamente, embora fosse meio travesso, nunca cheguei perto deste instrumento, pois ele parecia uma divindade. Dizia o pastor -: ninguém mexe neste instrumento! Eu fiquei curioso, querendo ver, e tocar naquilo, já que tinha alguma noção de teclado, já que tocava acordeão, que dá quase no mesmo. Naquela época, só o Olavo tocava violão, e eu ainda o Acordeão. O rapaz que tocava o órgão, as vezes não ia no culto, mas quando ia não sabia acompanhar os “corinhos” do louvor. Mas Deus que prepara tudo na hora certa, me deu uma oportunidade. Uma noite, quando eu e o Olavo, sempre juntos, prá variar, chegamos mais cedo a igreja, o órgão dava dando sopa, lá na frente, do lado esquerdo do púlpito, lembro como se fosse hoje. O Olavo, pegou na guitarra, que era sua, eu sentei no banco, perto do órgão, liguei e comecei, a fazer alguns acordes. Saiu um som legal, havia algumas pessoas no templo, antes de começar o culto, e nós dois ali, começamos a tocar. Devagarinho fui me soltando, pois não era tão dificil, só fui acompanhando a melodia, por acordes do tom, e fui improvisando e indo embora. Dali em diante, não desgrudei mais daquele instrumento. Para variar, reuniram o Conselho da igreja, e me liberaram para fazer uso do tal instrumento. Gradativamente, fui me aperfeiçoando e também tocando de quando em quando guitarra, pois já tinha conhecimento de violão, e na época até já compunha alguma coisa. Fomos implantando na igreja, o louvor eletrônico. Neste época nasceu um grupo de louvor. Lembro bem, quando reunimos numa casa perto da igreja, no bairro da Árvore Grande, perto da Av. São Paulo, um grupo grande de pessoas, para convesar, sobre a possibilidade de montar um grupo instrumental e vocal. Sempre eu e Olavo, pôr isto nossa história é interessante, pois sempre permanecemos juntos, enquanto outros não. Desde que nos conhecemos, lá trás, empenhamos em vários projetos junto e fomos até o fim. Este grupo passou pôr várias mudanças, de cara e principalmente de pessoas, até se tornar um conjunto menor, mas bem qualificado e definido. Daquele pessoal do primeiro encontro naquela casa, só sobraram eu, o Olavo e talvez um ou outro, que não me lembro. Havia muita gente, e muita confusão de horário e ensaio. Um a um foi desistindo, até ficar um grupo pequeno. Sobraram, eu o Olavo, a Jô, a Selma, a Dora e foram acrescentado o Paulinho, o Élvis, e depois o Ailson. Depois de muitas transformações, o grupo ficou resumido nisto. Não dá prá detalhar tudo o aconteceu, mesmo porque, foram profundas e várias as mudanças e acontecimentos. Não tínhamos bateria, o equipamento era precário, mas o vocal era bom. Cantávamos as canções dos Vencedores pôr Cristo, que na minha opinião, era o melhor, e que na atualidade, não existe algum grupo que supere ou mesmo seja igual a eles. Canções lindas e bastante ricas e espirituais, também o grupo Elo, maravilhoso. Com nossos próprios recursos, juntados com campanhas na mocidade e contribuição, compramos a prestação, um amplificador e contra baixo, na loja Musical, no centro de Sorocaba. Foi uma festa, comecei a tocar o contrabaixo, com o Olavo na guitarra base, na sua guitarra Rei (olha o naipe!), mas era o que tínhamos. Nesta fase, o Elvis, era o cacula, e não tocava nada, somente cantava. Aquele garoto, apareceu, um dia, pôr lá, no ensaio, após a escola bíblica de domingo. Sentado na mureta a direita do púlpito, me lembro bem, cabelo “black power”, meio cabisbaixo, não sei porque, queria entrar no grupo. Perguntamos o que tocava, não tocava nada, mas enfim aceitamos seu ingresso. Deus tem seus propósitos, e Dele nada passa. Hoje quando converso com o Elvis, na nossa atual comunidade, a igreja Filadélfia, onde ele faz parte do grupo de louvor, juntamente com meu filho, fico admirado dos fatos interessantes desta vida e como nosso Senhor conduz as coisas. Reportando-me, àquele dia de domingo de manhã, a alguns anos atrás, aquele garoto começou a fazer parte do grupo. O que não sei, é que como chegou até nós, assim de repente, nunca o vi, nos cultos, ou tardes de bençãos, que era forte naquela época nas sextas feiras, as 15:00 horas, movimento que encheu a igreja local. A verdade, era que o ingresso do Elvis, no grupo, veio a acrescentar muito. Como disse, não tocava nada mesmo, somente cantava, nosso vocal era relativamente grande, entre feminino e masculino. O danado, tinha jeito prá coisa, começou a aprender pôr si, a tocar o violão base. Nesta época, compramos um contra baixo preto, o mais barato de uma loja em Sorocaba, chamada Center Musical, onde alguns jovens da igreja lá trabalhava. Em São Paulo, fui, e isto me lembro bem, somente para comprar uma guitarra mais moderna. A guitarra, que usávamos no momento, era do Olavo, marca Rei (muito engraçado, pôr sinal, parecia mais um caixão), era na verdade um violão guitarra. Como ele era dono, a gente não punha a mão, e chegou a dar desavença no grupo, principalmente, entre eu e ele. E como eu era líder, do grupo, o Olavo ficou ofendido, e saiu do grupo, quando apresentei a nova guitarra, marca Gianinni, usada, que fui buscar na rua Santa Efigênia na capital. Lembro bem, e foi marcante. Tomei o ônibus, do Cometa, numa manhã, fui direto lá no centro da cidade, não andei muito e numa loja de instrumentos usados, que tem bastante pôr lá, experimentei a guitarra, achei que estava boa, era macia e "gostosa” de tocar, paguei à vista, se não me engano CR$ 4.000,00 - quatro mil cruzeiros na época, uma coisa assim. Quando, chegou no ensaio de sábado a tarde, dissemos ao Olavo, que não precisaríamos mais de sua guitarra, quando tirei do estojo, a maravilhosa Gianinni preta. Ele ficou surpreso, pegou sua Rei e foi embora. Isto não foi bom pro grupo e nem prá niguém. Afinal, tínhamos que nos amar uns aos outros, pois cantávamos isto. O ambiente não ficou bem e nem agradável. Havia um racha. Ele tocava a maioria da canções, às vezes eu também, tocava. Quando compramos o contra baixo, quem tocava era eu. Fui aprendendo, meio na marra, dada a necessidade. O contra baixo, veio a nós barato, porque ele estava meio empenado, de difícil afinação, mas era o que tínhamos. Graças a Deus, que tudo se acertou, entre eu e o Olavo, num culto de domingo. Naquela noite no final ou antes do culto nos acertamos, para a glória do Senhor, nos perdoamos, e o Olavo voltou ao grupo, e com isto aprendemos muita coisa. O nosso grupo crescia. Era aplaudido, era afinado, era maravilhoso. Precisava de um nome, até o momento ninguém tinha se preocupado com isto. Chamamos de Nova Vida, e ficou. O Elvis, queria porque queria tocar bateria, mas a tal, não possuíamos. Aí, não sei dizer como, ele foi atrás de alguém, que venderia uma usada, pôr uma bacatela. Reunimos, e fizemos uma “vaquinha” entre nos e o grupo de mocidade, que era animado e conseguimos o dinheiro. Sempre foi assim naquela época. A igreja pouco ajudava, o recurso vinha de nós mesmo. A guitarra foi comprada, com a mensalidade do grupo de jovens e da divisão entre nós da banda. Num domingo de manhã, quando vimos a “bateria”, que o Elvis comprou, não sei se chorava ou se ria. Era um amontoado de ferragens, que qualquer catador de sucata, levaria para vender no ferro velho, essa era a verdade. Não sei quanto pagaram pôr aquilo, mas alguma coisa funcionava, o chimbao, pôr exemplo, segundo o “especialista” Elvis, estava bom. Assim passamos quase a tarde daquele dia, após a escola dominical, dando uma manutenção no equipamento. Palha de aço, para desenferrujar, a parte metálica, minhas ferramentas, para desmontar o repique e o bumbo e outras caixas, papel contato marron, para revestir as caixas. Assim, até que ficou com uma aparência melhor, a tal bateria. Foi um momento histórico e feliz. No meio deste trabalho, muito riso, e muita alegria contagiante. Lá estava, eu, a Nanci, hoje minha esposa, a Selma, Silvia, Dora, Jô, Helenice, Elvis, Ailson, e talves mais alguém que não consigo lembrar. Muito entusiasmo, e disposição, era a nossa marca. E isto valeu, porque vencemos muitas barreiras, também porque éramos jovens. Aquele grupo era forte, de alguma maneira, liderávamos o grupo da mocidade local. Os adolescentes e jovens da igreja, nos respeitavam, e nos viam como exemplo, era muito responsabilidade. O tempo seguia seu curso, e entre tapas e beijos, seguíamos nos amando, e esta amizade perdura até hoje, apesar das distâncias e de nossas responsabilidades. Aqueles garotos, que nos viam cantando, seguiram nossos passos, alguns deles, tornaram músicos e até casados hoje são. Outros grupos surgiram, espelhados em nós, e não temo em dizer, que fomos os precursores, da musica eletrônica na igreja, se é que posso dizer assim. Nos espelhamos, no grupo Elo e Vencedores pôr Cristo e outros grupos, que me falha a memória. Não demorou muito, o pastor, resolveu comprar uma “bateca” novinha. Aí, a coisa pegou. Nesta época o Elvis já tocava, outros insrumentos. O Ailson assumiu a bateria, o Elvis, o contra baixo, e eu na guitarra base, as vezes o teclado, o Olavo na base também. O grupo fazia apresentação dentro da comunidade, nos cultos de domingo e principalmente na Santa Ceia, e fora da cidade, quando recebia convites. O Elvis, tornou-se peça fundamental, principalmente no louvor, tirava todas as músicas em sua casa, e trazia cifradas para o ensaio. Despertou nele, um talento incrível, tanto no contra baixo, quanto na base . Assim o grupo crescia, cada vez mais. Em 1978, já formado Tecnólogo, fui, trabalhar em Santos, num empresa de construção civil, chamada Cetenco Engenharia S/A. Mesmo morando lá, todo o final de semana, vinha para cá, para os ensaios. O grupo “Nova Vida”, era minha vida, mais aí, é outra história. Nesta época compunha várias canções, guardadas até hoje, onde cantava várias vezes em culto, no meio do louvor, e no momento do levantamento das ofertas. São muitos detalhes para se lembrar, e coordenar. O conjunto, como se chamava na época, teve seu fim, como tudo na vida. Tudo passa, como diz na Bíblia, somos como erva do campo. Também é válido, para nossos empreendimentos, tudo um dia nasce, para depois fenecer. Parece que nossa mocidade, nunca vai acabar. Aqueles folguedos, da mocidade, final de culto, no sábado e domingo, aquela mocidade reunida até tarde da noite, conversando, passou-se rapidamente. De repente, não existe mais, aqueles momentos, tudo se foi. Hoje, aqui, nesta manhã, ao escrever isto, fico a pensar. Os namoricos, os encontros, as amizades, o papo furado, as alegrias, os passeios pela centro da cidade, e finalmente, a volta para casa, no final da semana. Depois a semana seguinte, os ensaios de sábado, às 17:00 horas, os encontros felizes, os abraços, a festa de aniversário de um, de outro. Em julho de 1985, me caso, com a jovem Nanci, que também, pertencia ao grupo “Nova Vida”. Nesta época, já não havia mais o grupo, as “meninas”, resolveram criar um grupo feminino, estavam cansadas, também tudo tem sua hora. Elas montaram um grupo, que durou um certo tempo, não sei precisar de quanto. Ficamos no louvor instrumental de apoio a igreja, eu, o Elvis e o Ailson somente. Foi até um longo tempo, até o Elvis sair, dada a alguma incompatibilidade com o pastorado. Fiquei só com o Ailson, que estava já meio sem motivação, alguns outros jovens, já se mostravam interessados em tocar com a gente. Foi uma época de transição, o templo de Vila Carvalho, estava para ser inaugurado, e muitas pessoas, estavam para freqüentar e membrar-se pôr lá. O pastor Taconi, estava meio dividido, entre a igreja da Cesário, e a igreja de Vila Carvalho. Meus últimos dias naquela pequena igreja, estavam contados. Parece que minha jornada lá, chegava ao fim. Agora também era casado, já tinha que voltar mais cedo para casa com a esposa. Acabou-se, as longas horas no portão do templo, após os cultos. Tudo mudou. O clima não era o mesmo. Estava cansado de tocar, pôr incrível que pareça. A Nanci engravidou, mais ao terceiro mês perdemos o neném, foi uma prova difícil de encarar. O desânimo era latente. Já não tinha muita vontade de ir a igreja. Continuava tocando, no louvor. Deus é misericordioso, esta perda foi dificil, pois já chamávamos, o menino que ia nascer, de Tiago. Nós o amávamos, com ardor de primeiro filho, sonhávamos com ele. Fiquei noites e noites, acordado, chorando, pensando nele, após o aborto. Em setembro de 1986, nasce o Gustavo, e foi muita alegria, Deus nos consola, e se faz presente em nossas vidas. Antes, a cerimônia de nosso casamento, foi realizada, no pequeno templo, onde um dia, com meus nove anos, o garoto do banco do jardim, foi a um culto de terça feira, vazio, juntos com os pais. Nesta cerimônia, cheia de amigos, isto nem se passou nas minhas lembranças, mas a emoção foi grande. No final do ano seguinte, o pastor Taconi, fazia a apresentação do pequeno Gustavo. Este foi, o último evento, na história da minha vida, nesta igreja. Já cansado e desmotivado de tudo, algumas contrariedades, daquele ministério, saímos da igreja. Discordava do trabalho do pastor, e então decidimos sair. Ficamos pouco tempo, sem, ir a alguma comunidade. Nasce, a Natália, logo em seguida, em novembro de 1987. Nunca ficamos (família), sem atividade na igreja, portanto estávamos deslocados, principalmente a noite, sem participar de um culto. Nesta época, nosso amigo, Marcos Tomasi, era pastor da igreja Quadrangular, do Bairro Rio Acima, na cidade vizinha de Votorantim. De casa até lá, não era muito longe, nem pegava estrada, as cidades são emendadas praticamente. O Marcos, era um amigo da época da mocidade e dos acampamentos, não foi difícil se adaptar, já nos conhecíamos bastante. O Olavo já estava trabalhando lá também, de maneira, que esta mudança foi boa. A Nanci estava grávida da Sarah. Foi um momento assim, grandioso, pertencer a esta nova comunidade. Nossa freqüência lá, era constante, era um prazer freqüentar aquele lugar. Já entrosando no grupo de louvor, que nos deu abertura, o pessoal da equipe. Cultos maravilhosos, sábados e domingos e cultos de oração nas terças feiras. As crianças, tinham seu cultinho, no andar de baixo. A Sarah nasceu, quando o Gustavo e Natália, eram ainda muito pequenos . Os professores ou colaboradores, que cuidavam deles, eram pessoas maravilhosas, de modo que participávamos do cultos, tranqüilamente. Quando a Sarah nasceu, em pouco tempo, fizemos a apresentação dela, juntamente com a Natália, já maior, numa mesma noite, pelo Marcos (a Natália, não tinha sido apresentada ainda, porque estávamos sem igreja, na época de seu nascimento). Foi uma fase muito marcante, para nós e emocionante. Tínhamos, graças a Deus, um Fiat 147, carro bom, da qual com muita alegria íamos para os cultos e escola dominical, que não perdíamos. As crianças eram pequenas, e nos divertíamos muito, na hora de trocá-las, para sair a noite para o culto. As cinco horas da tarde de domingo, pôr exemplo, começávamos a trabalhar, nisto. Começava dando banho em um deles, no pequeno banheiro daquela casinha, de três cômodos, onde morávamos. Enquanto a Nanci enxugava um, eu dava banho no outro e assim sucessivamente. Quando começava a colocar roupa no Gustavo, a Natália já estava dormindo, ou mesmo a Sarah, que era a menor. Quando finalmente, eles estavam pronto, e nós íamos (eu e Nanci) para o banho, todos os três, às vezes, estavam estendidos no sofá, dormindo, ou apenas um deles e os outros aprontando, sem sapatos, que estavam perdidos pela casa, era um ..."barato"! Colocávamos os três no carro, as vezes dormindo mesmo, porque o banho relaxa, e como aprontaram a tarde toda, estavam cansados. Chegávamos a igreja, aí, acordavam, e iam a suas classes. A Sarah, custou um pouco para se acostumar nos cultinhos. O Gustavo e a Natália, já eram pouco maiores, logo se adaptaram. Tivemos que participar dos cultos, várias vezes, com a Sarah, no colo, até que ela foi-se acostumando. Foram tempos maravilhosos, repito. As mensagens, que o pastor Marcos trazia, eram alimento espiritual, que nos supria. Era gostoso mesmo freqüentar, os cultos no Rio Acima, naqueles dias. Tínhamos encontro de casais, semanalmente. Aquelas amizades, perduram até hoje, embora quase não vemos aquele pessoal, mas eles residem em nossos corações. Não dá prá descrever tudo em detalhes. Criamos um amizade muito, forte, com o Marcos Tomazi. Ele, na minha opinião, era um pastor cuidadoso, carismático, o que fazia sua igreja ser arejada, gostosa de participar. Foi o grande momento, que me senti realmente paz com Deus, em uma comunidade. Como dizem, não sei se é certo, tudo que é bom, dura pouco. Lembro-me, daquela passagem, quando Jesus se transfigurou, no monte, quando estava Ele, Pedro, Tiago e João. Foi um momento maravilhoso, na vida daqueles discípulos. Pedro ficou tão estarrecido, que agora compreendo, sua atitude, quando disse: ‘Senhor, façamos três cabanas, aqui, uma para Ti, outra para Elias e outra para Moisés”. Ele esqueceu-se mesmo dele, para ficar naquele momento maravilhoso, extasiado, junto a Jesus, porque deveria ter sido um momento, muito gratificante. Mas aquele momento foi curto, eles precisavam descer do monte da transfiguração. Lá em Votorantim, numa certa noite, o Marcos, veio com a noticia, a queima roupa, que iria cumprir seu ministério em São Paulo . Coincidência ou não meu emprego naquela época, frágil e instável, estava declinando, de maneira que fui demitido e logo fiquei sem o carro. Quando íamos a igreja, acontecia algo maravilhoso em nossas vidas, era bom o louvor, depois a mensagem, e a grande amizade, que ali existia. O povo era simples, como nós, partilhávamos, quase com as mesmas dificuldades, muito diferente, da comunidade que hoje freqüento. Pôr isto o ambiente, era gostoso. Marcão ia embora, mas não pôr isto, iríamos deixar a comunidade, era lógico. Adoramos a Deus, e não o homem, mas também estávamos acostumados, com sua liderança, que estava dentro da nossa linha de idéias, sem sombra de dúvida. Marcão, era jovem casado, como nós, tinha os mesmos interesses e alvos, de maneira, que trabalhávamos bem juntos. Nesta época, além do Olavo e Cristina, também eram membros o Holland e Helenice, amigos de raízes profundas. O Marcos, era um pastor interessado nas pessoas, nos membros, era preocupado com todos. Não tinha tanta preocupação em encher a igreja, mas sim em manter os irmãos unidos. Lembro uma vez, quando houve um encontro de casais, se não me engano, em Águas de Lindóia, aqui perto de Piracicaba. Não tínhamos dinheiro, para ir, mas estávamos desejosos em participar. Ele, queria reunir o maior número de pessoas possíveis. Então, desafiou, àquelas pessoas, que tinham mais posse, em “abençoar”, outros casais, que não tinham condições, e pagar para elas. E, toda noite, ele insistia nisto, e me perguntava, se nós iríamos. Até, que um dia, ele me disse: - vocês vão, surgiu alguém, que vai pagar suas estadias. A assim foram para outras pessoas. Viviámos, lá na igreja, nesta atmosfera, de alegria e muita comunhão. De nossa parte, ajudamos alguns irmão também, mas necessitados do que nós, e assim Deus agia, nesta liberdade. Descobri, depois, que foi o Holland, meu velho amigo, que já tínhamos ajudado anteriormente, quando veio ao Brasil. Depois fomos padrinhos de casamento, dele com a Helenice, nossa velha amiga, dos tempos do conjunto “Nova Vida”. E assim, foi, e quando chegamos lá, a noitinha de um feriado, em Águas de Lindóia, no hotel, o Marcos, nos recebeu com aquela alegria contagiante, que nos emocionou muito. Era esta a diferença de um ministério de um pastor jovem, com o outro ministério, que tínhamos acabado de sair, lá trás. Foi um momento, muito bom. Fizemos a viajem, no carro, do Romeu e Rose, casal de amigos da igreja, que participava, do nosso grupo de casal na igreja. Mas como já disse anteriormente, tudo que é bom dura pouco. Nesta época, minha situação, financeira, estava declinando, como disse anteriormente, de maneira que estava difícil de pagar o aluguel dos três cômodos onde morávamos, e então tivemos que mudar prá junto de minha mãe, num pequeno apartamento, no Jardim. Guadalajara, no outro lado da cidade (zona norte). Isto contribuiu, para deixarmos de participar da igreja do Rio Acima, estávamos sem emprego e sem o carro. Ficamos pouco tempo, lá depois que o Marcos foi a Capital na sua nova igreja, no bairro do Ipiranga. Assumiu o pastor Celso, também nosso amigo, da época da mocidade. Ainda continuamos lá, quando o Celso assumiu, mas como estávamos em transição, explicamos Celso, que estavámos saindo da comunidade local, pôr causa da situação de mudança de endereço. E foi realmente. Não tínhamos, a intenção de abandonar aquela igreja, havia muitos amigos e irmãos, as crianças se davam bem pôr lá, o pastor Celso, era jovem também e seguia os mesmos passos do Marcão, mas onde íamos morar, era totalmente oposto e contra mão, além do que, já tinha vendido o carro, e estava desempregado. Foi um momento terrível, assim minha história naquela igreja também chegara ao fim, infelizmente. Tinha, que ficar com a minha mãe, provisoriamente, até arrumar um trabalho, e alugar uma casa, pois vivíamos no total aperto. Mas, não foi assim. Isto já é uma outra história. Com minha mãe, dividimos o pequeno apartamento, foi complicado, mas esta era a solução, pelo menos não tinha o encargo de pagar o aluguel. Quanto a igreja, não havia perspectiva, naquele novo inicio. Ficamos no vazio. Depois de tudo arrumado, parque infantil para as crianças, no Jardim de São Paulo, que ficava de outro lado da avenida Armando Panunzzio e outras coisas, achamos a igreja Batista, do pastor Filemon, no Jardim São Paulo mesmo, bem pertinho. O Guadalajara, é um bairro pequeno e simpático, que fica do lado esquerdo da Av. Armando Panunzzio. O Jardim São Paulo, onde morei, quando solteiro, fica do lado direito, da tal avenida. Começamos a freqüentar, então esta igreja. Lembro-me bem, quando fui lá a primeira vez sozinho, num sábado a noite. O salão estava aberto, e fui recebido pôr um jovem bastante simpático e falante, que me recebeu muito bem. Senti-me bem lá já de chegada. O culto tinha poucas pessoas, e era de jovens. É interessante, quando a gente é bem recebido num lugar, a primeira impressão é a que fica. Achei, que ali seria seguro ficar com a minha família. Já domingo, fomos a igreja. As crianças, levei a escola biblica de domingo e assim, passamos a participar do cultos, ali, foi uma benção sem dúvida. Naquele lugar, recebemos muito ânimo e vontade de lutar. Prá resumir, recebia muitas bençãos, através das orações, das mensagens do pastor Filemon, dos louvores e tudo mais. Prestei concurso para trabalhar no Judiciário, no Fórum de Sorocaba, e nesta época, estava ansioso para saber o resultado, pois tinha apostado todas minhas fichas neste trabalho, já tinha desistido de procurar emprego, como Tecnólogo, nas empresa daqui e de São Paulo. Eu tinha uma promessa de Deus, que esta porta iria se abrir. Dito e feito, Deus não mente, é grande a sua misericórdia, fui chamado em 1996, pelo Fórum local, meu deserto estava se findando graças a Deus. Pastor Filemon, foi um dos profetas, que anunciou meu livramento, mais um menos um mês antes das portas começarem, a se abrir num culto a noite, quando fui a frente para receber oração com os demais, no encerramento. Então, antes de ser chamado, estava já trabalhando na Coca-Cola Refrescos, perto de casa, uma porta provisória, que o Senhor me abriu, no final de 1995, mais ou menos em outubro. Foi, mesmo, no prazo que o pastor Filemon, disse naquela noite; pois um amigo que trabalhava na Coca-Cola, me indicou, para uma vaga que se abriu, no setor de propaganda, e nesta brecha eu entrei, foi uma glória, para mim, mesmo sendo o salário baixo, mais porque sentia que Deus, estava cumprindo com suas promessas. Aí, acreditava mais e mais, que o Fórum logo me chamaria, como se de fato aconteceu, em janeiro de 1996. Como estávamos falando de igreja, mais uma vez, minha jornada na simpática igreja Batista, chegava ao fim, pois rapidamente, quis mudar-me para perto das escolas das crianças, que ficava lá no bairro Além Ponte, perto de onde morava anteriormente. Tinha pena da Natália e da Sarah, que tinha que muito cedo, levá-las do Guadalajara, até o outro lado da cidade praticamente, todo o dia para o Achilles de Almeida, escola onde elas estudavam, e depois trazê-las novamente. O mais prático era morar pôr lá novamente. Assim alugamos, uma casa grande por sinal, de três dormitórios, na Vila Hortência, Rua Manoel Lopes, pertinho da escola. Foi a terra prometida, pois vejamos: casa grande, onde cada um tinha seu quarto, cozinha grande, nosso quarto, o maior que já tive, garagem e quintal avantajado, bairro bom, no centro de tudo; os pequenos seguiam pela mesma calçada, para chegar até a escola. Neste intervalo de tempo, estávamos sem freqüentar igreja alguma. Minha mãe, sempre me aconselhava, para não deixar as crianças sem freqüentar alguma escola dominical, eles precisavam pegar gosto pelo ensino bíblico, e eu sabia disto. Sábio conselho. A vida dá suas voltas. Voltando, aos meus nove anos, quando descia aquela rua, até a avenida São Paulo, para a ir a igreja da Cesário de Aguiar, em frente, ao virar para a direita e pegar a tal avenida, via, o templo da igreja Presbiteriana Filadéfia, suas escadarias, sua torre alta, e isto, por vários dias na semana, aquele moleque e até mais jovem e depois de casado. Nunca poderia imaginar, que hoje, em 2005, seria membro ali, com os meus filhos já jovens, e participantes ativos, dos trabalhos desta comunidade. (O nosso mundo, é muito pequeno mesmo, rodeamos, rodeamos e rodeamos, e ficamos sempre no mesmo lugar). Isto, aconteceu, porque, numa manhã de domingo, peguei a molecada, a Nanci ficou. Precisava tomar uma decisão, alguns amigos da Quadrangular, já estavam membros lá, como meu amigo Vanderson, pôr exemplo. A igreja era avivada, mas passava pôr um período de lutas, estava com um pastor interino, e sob intervenção do presbitério. Aquela, manhã, foi marcante, fomos a pé de casa até lá, passamos pôr entre as barracas da feira livre, da vila Hortência, nós quatro, eu, Gustavo, Natália e Sarah. Nove horas, naquela manhã, um pequeno culto de abertura, louvor e palavra do pastor até as 10:00 horas. Poucas pessoas, alguns bancos vazios, eu e eles sentados do meio para o final das carreiras dos bancos. Na distribuição para as classes, fiquei sózinho e com as crianças, ninguém nos veio dar boas vindas, cada um daqueles membros foram para suas classes, sem se importar conosco. Fiquei perplexo, com este acolhimento. Como, já acostumado com estas coisas e sabia das instalações desta igreja, pois anteriormente, quando mais jovem, já tinha ido pôr lá algumas vezes, levei as crianças, lá ao fundo no andar de baixo, subi as escadas onde levam as salas, e os coloquei, cada uma nas suas salas (informando-me, com este e aquele professor), fui a nave principal do templo, onde tinha aulas para os adultos. Daí pôr diante, Deus nos deu a graça de nos enturmar; mais tarde a Nanci, resolve se firmar também, e assim, estamos, participando até hoje. Os filhos foram crescendo, bastante estudos e ensinos, práticas esportivas, acampadentros, acampamentos e seminários. Acho que nenhuma denominação, tem estrutura, para crianças e adolescentes, igual ou superior, as igrejas presbiterianas, no ensino da Palavra. E assim foi, até que pela vontade deles mesmo, fizeram profissão de fé, se batizaram, e estão firmes na igreja. No início, participei do grupo do louvor, tocando, depois pôr estar muito tempo sem tocar, não pude acompanhar o ritmo dos ensaios, e sem tempo para me atualizar também, deixei de lado. Já morando, na Vila Assis, o Gustavo começou a se interessar, pôr violão, dei umas aulas básicas, e pôr si só, pesquisando pôr conta, própria, deslanchou. O Simeão, hoje presbítero, cuidava, de montar um conjunto de adolescente, na igreja. Colocou-o neste circuito, começou a tocar no grupo de adolescente, se inteirou das canções, e prá resumir, hoje toca no grupo de louvor da igreja. E assim, a molecada, foi se inteirando nas atividades da igreja. A Natália, participando do grupo de teatro, música, no início, depois coreografia e dança. A Sarah, participando meio de longe. A Nanci, sempre servindo, aqui ou lá, no ministério de misericódia, a assistência social, levando cestas básicas, distribuindo roupas, ao pessoal carente, moradores de rua e pessoal da Aparecidinha, um bairro muito carente de Sorocaba. Posso dizer, que apesar dos pesares, Deus pela sua misericórdia, tem nos sustentado, e podemos afirmar: “até aqui o Senhor nos ajudou”.
O TRABALHO
Aí, a coisa pega. Muitas foram as aflições, pôr falta de maturidade, de vida com Deus, de acatar os conselhos dos pais, principalmente de meu velho pai, também de encorajamento, de discernimento e vai pôr aí. Saí do colegial, para faculdade, sem nenhum conhecimento, do que é a vida, da luta. Achando que tudo cai do céu, assim num passo de mágica. Terminei a Faculdade de Tecnologia, em 1977, não foi difícil, arrumar trabalho nesta época. Deus me abriu, mais ou menos em janeiro de 1998, um emprego, como Tecnólogo, na segunda maior construtora civil do país, a Cetenco Engenharia S/A (na época), para trabalhar num canteiro de obra, na cidade de Santos. Tive medo de ir para lá, covardão, sempre na barra da saia dos pais, me vi apavorado. Poderia ir à Bahia, se quisesse, tinha uma vaga para trabalhar, lá, optei, pôr Santos. Se fosse, hoje, iria para Bahia, alçar vôos maiores, mas enfim tinha uma cabecinha pequena, pensava pequeno, não tinha alvos maiores, conheceria outro estado, teria um aprendizado maior, além de acrescentar algo a mais ao currículo profissional. Não tinha a percepção que tenho agora. Vivia na igreja, era ativista, mas não conhecia, o Deus da provisão, o Deus dos desafios. A empresa dava boa vida. Pagava minha estadia, meu alimento. Almoçava, na sala da diretoria, tinha mordomia, com o pessoal da direção do Canteiro de |Obra, do Aterro Ferroviário Conceiçãozinha - AFC 212, às margens da rodovia Piaçaguera Santos-Guarujá. Sem entrar em detalhes, antes do final desta ano, pedi demissão, assim a toa, para voltar a Sorocaba. Meu pai não aceitou bem este fato, mas enfim tinha que dar cabeçada, mesmo. Então, voltei para Sorocaba, fiquei um longo tempo desempregado, morando com meus pais, no Jardim São Paulo, mandando currículo, pôr toda parte, sem alcançar sucesso, até que O Olavo, meu amigo, indo a São Paulo, meio desesperado, para achar emprego, pois estava noivo, prestes a casar, arranjou trabalho, no nossa área. Ele, também cursava, Tecnologia, já quase terminando. Eu já formado. Ele me indicou, na empresa, pois a ela precisava de mais Tecnólogos, para vir a trabalhar em suas novas intalações, aqui em Sorocaba. De maneira, que, graças a Deus, e ao Olavo, voltei a trabalhar, especificamente, na área. Vale a pena detalhar, como tudo se iniciou. Lembro-me, muito bem, numa certa manhã, o Olavo chegou em casa, no Jardim São Paulo, onde morava com meus pais. Para variar, estava dormindo ainda. Ele, bateu, pôr lá, entrou em casa, e gritou alto: -“levanto, óh preguiçoso, vai ter com as formigas...” (rsrs). (texto bíblico de provérbios). Levantei-me, achei, aquilo engraçado, tinha razão. Então ele me disse: -“vamos para São Paulo, que te indiquei, uma empresa em que vou trabalhar.” Foi mais ou menos, isto que ele falou, se não estas exatas palavras, mas neste sentido. Eu tinha um carro esportivo na época, um SP-2, da Volkswagen, motor 1800, branco. Era, “da hora” o baita. Rachamos o combustível, e fomos para a Capital. Isto, era mais ou menos, entre 9:30 e 10:00 horas. Pegamos, a Castelo Branco, e “pau” na máquina. A empresa, fica (se não me engano, até hoje), na entrada de São Paulo, pegando a Ponte dos Remédios. Lá ficamos, o dia todo, até sermos entrevistado pelo chefe de produção da empresa o Vagner ou Valgner. Foi muita canseira. Demorou o dia todo para ser atendido. Tive que fazer um lanche lá pela rua, cheio de metalúrgico. Na mesma hora, na entrevista, já fui aprovado, fiz exames médicos, e admitido. M
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Pensamento da Bola: “A vida é como jogar uma bola na parede: se for jogada uma bola azul, ela voltará azul; se for jogada uma bola verde, ela voltará verde, se a bola for jogada fraca, voltará fraca; se for jogada com força, voltará com força. Pôr isto, nunca jogue uma bola na vida de forma que você não esteja pronto a recebê-la. A vida não dá nem empresta; não se comove nem tem piedade. Tudo quanto ela faz, é retribuir e transferir aquilo que nós lhe oferecemos”. Atribui-se, este pensamento ao grande Albert Einstein, de fato é puro e verdadeiro este dizer. Aplica-se de maneira indiscutível em nossas vidas. Como diz a Bíblia, “tudo que o homem plantar, isto também ceifará”. Graças a esta visão, aprendemos muito neste caminhar, onde tudo é muito justo. De fato Deus premia, aqueles, que procuram plantar algo salutar e bom, pôr que pôr certo colherá vitórias, mas sabendo que se plantar algo ruim, colherá derrotas. De um jeito ou outro, sempre colheremos alguma coisa, assim plantemos as melhores sementes. Como repetia, o meu velho pai: “não cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo colheremos, se não desfalecermos” - nunca me esqueço, até parece que ainda ouço a sua voz (este dizer é bíblico). Creio, que parte de meu sofrimento, no âmbito profissional, se deve ao fato, de não semear coisa boas nas empresas, onde estive, e assim meu currículo, foi se tornando indesejável, e as portas foram-se se fechando. Quando, descobri isto, e comecei a semear melhor, a boa semente, comecei então a colher bons frutos, e assim tento passar isto a meus filhos. Quando, era pequeno, e estava na idade escolar, começando a aprender a ler, um novo horizonte surgiu a minha frente. Ganhei de minha irmã, que estava se formando professora, a Belinha, um livro de fábulas infantis, todo ilustrado. E havia, numa das ricas estorinhas, um conto, pôr assim dizer, “As formiguinhas e a Cigarra”. Super interessante, este conto, nos ensina (pena que não apliquei na minha vida). A cigarra, boa vida, com seu violino (parece que estou vendo, na ilustração, o desenho engraçado e bem feito da caricatura desta criatura, simpática afinal), só cantava e não trabalhava, pôr que no verão, a vida lhe dava tudo. Enquanto, as formigas, suadas, trabalhavam, sol a sol. Elas levavam mantimento, para seu recanto, abaixo do solo. Lendo a estória, não entendia direito, o porque disto, se elas podiam também comer de tudo, como fazia a cigarra. A cigarra, continuava cantando: “o mundo tudo me dá, tra li la lá, tra li la lá”, e assim o dia inteiro, o verão inteiro. As formigas a convidavam, para ajudar, no trabalho, mas ela a todo sorriso, continua a cantar. Aí, veio, o rigoroso inverno, as folhas secaram, as fontes de água congelaram, o vento era forte, o encanto acabou, então entendi o que se passava. As formigas, se recolheram no seu grande aposento, trancaram a porta de entrada, foi a vez delas fazerem a festa, pois já não podiam trabalhar, mas o alimento estava garantido, pois trabalharam o verão todo. Ao contrário, a cigarra, no meio da espessa neve, não conseguia andar e também o vento forte que levou até seu cachecol. Já passava fome, não tinha frutos e mel para comer, segurando seu violino, já não cantava mais. Lembrou-se, então das formigas, mas elas já não estavam pôr ali. Resolveu, ir a casa delas, e foi, a porta estava cerrada. Bateu, com sua forças, que ainda existia. Uma das formigas, foi atender, mas não abriu a porta. A cigarra insistiu, até, que a formiga rainha, com pena da pobre cigarra, permitiu, que ela entrasse. Lá no interior, havia muita comida, as formigas trabalhadoras, todas alegres comendo e bebendo, numa mesa cumprida. Deram água quente, para ela banhar seus pés, comida, para se repor e se recompor, até que já restabelecida, pegou seu violino e começou a cantar: "O mundo nada me dá trá li lá lá trá li lá lá" e assim repetidas vezes, tinha aprendido a lição. Descobriu, agora, que o mundo nada dava de graça. Aquele menino, depois com nove anos, sentado no banco da praça, no seu primeiro dia, em Sorocaba, cidade nova para ele, mundo novo, achava que o mundo tudo lhe dava. Olhava encantado pelos carros que passavam e pessoas. Mas no decorrer do tempo, viria a entender, o verdadeiro sentido da fábula acima descrita. Interessante, que esta estória, repetia diversas vezes, para meus pequenos filhos, no momento que eles iam para a cama. Eu encenava um pouco, e quando a cigarra, ia cantar, criei uma melodia, na letra narrada. Ao terminar o conto, cantando “o mundo nada me dá tra li la lá, tra li la lá”, eles pediam -“conta de novo!” (risos).