EDUCAÇÃO E PANDEMIA COVID 19

“Educação em tempos de pandemia” é o tema proposto pelo Professor Matheus Batalha, para ser apresentado na sessão virtual da Academia Sergipana de Letras, na segunda, dia 4 de maio do ano corrente. Matheus Batalha é psicólogo, leciona na UNINASSAU, professor visitante da Universidade de Harvard, EUA; poliglota e com experiência no ensino internacional.

Acredito ser uma temática de muita importância e, por isto mesmo, quero também acrescentar minha reflexão a partir do entrelaçamento de dois itens: Pandemias e Educação.

Para tentar entender o assunto, vejamos as distinções entre surto: é o que acontece quando há o aumento repentino do número de casos de uma doença em uma região específica. A epidemia se caracteriza quando um surto acontece em diversas regiões. Isto ém em nível municipal e, ainda, quando diversos bairros apresentam uma doença. Já a epidemia em nível estadual acontece quando diversas cidades de diversos estados têm casos e a epidemia nacional acontece quando há casos em diversas regiões do país. A pandemia é o pior dos cenários e acontece quando uma epidemia se espalha por diversas regiões do planeta. Em 2009, a gripe A (ou gripe suína) passou de epidemia para pandemia quando a OMS começou a registrar casos nos seis continentes do mundo. A endemia não está relacionada a uma questão quantitativa. Uma doença é classificada como endêmica (típica) de uma região quando acontece frequentemente no local. As doenças endêmicas podem ser sazonais. A febre amarela, por exemplo, é considerada uma doença endêmica da região Norte do Brasil, conforme se lê no site do Hospital São Lucas, em Copacabana, RJ (Fonte: UOL).

Para despertar a atenção, pergunto sobre o que, nós, leigos, sabemos acerca desse universo de doenças? Vivemos tão azafamados com a sobrevivência diária e não nos ocupamos e nem poderíamos mesmo nos ocupar em descobrir profunda e detalhadamente o que exatamente são um surto, uma epidemia, uma pandemia e uma endemia e quantas vezes esses fenômenos nos atingem. Através de estudos superficiais oferecidos nas escolas, nos informaram e continuam informando às gerações que se sucedem exemplos de pandemias ocorridas ao longo do século XX, como as de : 1918 “Gripe Espanhola” (H1N1); 1957 “Gripe Asiática”; 1968, a “Gripe de Hong Kong” (H3N2); e a “Gripe aviária”, de 2007. Trata-se de um campo de estudo específico e toda essa codificação geraria problemas de compreensão por cidadãos comuns e por parte de alunos muito jovens.

Neste ano de 2020 vivenciamos duramente a pandemia Covid-19. E se tem 19, será que 18 outras já aconteceram e outras como 21, 22, 23 ad infinitum advirão? Ou estamos apavorados porque nunca nos foi dito o que significa o número 19? As explicitações ficam para os especialistas nesse campo de estudos. Para tanto eles escolheram a difícil missão.

Nossa geração dita de risco, formada por pessoas assim como eu na casa dos 70 foi a primeira a receber o impacto das notícias que nos avisavam sobre a proximidade da morte que vem passeando à vontade por todo o globo terrestre. Lá vem a pandemia Covid 19 em seu macabro desfile e gerando discussões e teimas sobre se teve origem na China ou se foi algo preparado pelos EUA. A queda de braço continua e nós ficamos sem saber ao certo se o vírus é natural ou se é artificial, uma arma biológica pensada e executada pelas potências mundiais. Seja o que for, tantos morreram, tantos estão infectados, e milhares esperam uma coisa ou outra. Há os inocentes e os estúpidos que não acreditam no vírus e até se exibem como invulneráveis, como é o caso do “presidente” do Brasil, repudiado pelas nações por seu comportamento cruel e desafiador.

Nas redes sociais, a Covid 19 é o tema de zilhões de postagens. As largas portas das redes abrigam críticas e lágrimas dos atingidos com a perda de familiares. A divulgação dos fatos pela mídia mostra que os idosos não são tanto assim a preferência do vírus, que tem experimentado recém-nascidos, crianças, pré-adolescentes, adolescentes e adultos de todas as idades. Enquanto isto, velhinhos e velhinhas de 80, 90 e até de mais de 100 têm sido bem-sucedidos em vencer a pandemia, causando uma admiração, pois entre os de mais de cem de idade, tem aqueles poucos que passaram pela Segunda Guerra Mundial, que ganharam o embate contra a “gripe espanhola” e agora derrotam a pandemia Covid 19.

A questão do isolamento social e dos cuidados como o uso da máscara, do álcool gel e mais e mais têm sido um problema à parte para o setor da Saúde, não só no Brasil, mas pela respeitada Europa (a Itália quase desaparece do mapa) e pelos soberbos Estados Unidos, estes inconformados de desvelarem sua mazelas sociais, seus pobres, seus miseráveis e moradores de rua. A China está contando vantagens, mesmo tendo sido atingida. E o Vietnã tem zero casos de Covid 19. O que vivíamos com a língua batendo nos dentes dizendo ser o Primeiro Mundo, o vírus tratou de desmentir, um zombador sádico.

As pessoas pelo mundo inteiro desenvolvem medos, traumas, fobias, depressão, acostumadas na liberdade do ir e vir, nos passeios, nas viagens, nas boates, nas orlas, feiras, praças, ruas. Aí vem tanta gente dizer que brasileiros não têm educação para este momento pandêmico. Ora ora, observe bem e verá quantos chiliques pelos quatro cantos do planeta. E não sem razão. O ser humano gosta da liberdade e do lazer, por causa disto nos arriscamos até a perder a vida... As estatísticas são tenebrosas e ainda se sabe da subnotificação, tanto por impossibilidade de gerenciar todo esse contexto, quanto por motivos políticos.

Nenhum órgão particular, nenhuma instituição pública, governo algum na maior extensão territorial do mundo terá o direito de dizer que estava preparado, que enfrentou numa nice a pandemia atual. Pensemos em tudo e em todos, nos ricos, nos remediados, nos pobres, nos miseráveis, nos indígenas, o Coronavírus é mortalmente democrático. Só não aprecia jantar animais, ao que se diz por enquanto. Pensemos nos doentes, mas também nos profissionais que se postam entre eles e a pandemia, sobre os que limpam os hospitais e as ruas. Alguma vez fomos educados para respeitar os garis e os funcionários de serviços gerais e auxiliares?

Qual seria a atitude mais séria e honesta no sentido de educar populações imensas para o previsto e o imprevisto se a escola prioriza conteúdos vazios de significados porque as famílias e a sociedade competitiva assim o exigem? Até quando leigos em educação dirão aos educadores o que fazer em suas salas de aula? Até quando professores serão desprezados em sua mais que sagrada missão de conduzir crianças, jovens e adultos? A Covid 19 tem dado algumas orientações muito didáticas no sentido de que tem forçado famílias a ficarem com seus filhos confinados e mantê-los ocupados e saudáveis física e psicologicamente.

Ainda bem que a intelectualidade e a arte contribuem com as lives, trazendo música, programações artísticas as mais diversas para pessoas em todas as idades e de todas as preferências. No âmbito da Educação, uma corrida desesperada se inicia por um viés que já foi rejeitado, criticado, o da EAD. Redescobre-se que é possível, prático e viável estudar fora das salas de aula. Tomara que os intrometidos não continuem ensinando o padre a rezar a missa e o professor a ministrar aulas.