ITÁLIA: A RAIVA DE UM POVO

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Faz mais de 40 dias que em toda a Itália vigora o lockdown, ou seja a proibição quase absoluta de sair de casa. Trata-se de uma medida justificada nas primeiras semanas da pandemia, mas que está sendo aplicada de forma extremamente rigorosa sem que, por isso, sejam conseguidos resultados significativos no controle da Covid-19. Em outras nações industrializadas da Europa, como por exemplo na Alemanha, o lockdown está sendo aplicado de forma mais branda juntamente com outras medidas fundamentais, como a execução de testes em massa e a obrigação de sair de casa com máscara e luvas; lá os resultados são excelentes, enquanto na Itália o número de infectados e de mortes permanece ainda terrivelmente alto.

Poucos dias atrás o network britânico Bbc apresentou uma matéria onde eram mostrados uns excessos cometidos pelas várias polícias italianas, casos que chegam a ser surreias, até kafkianos, e que se multiplicam a cada dia que passa. É verdade que muitos irresponsáveis desrespeitam as normas emanadas pelo governo, mas também é necessário que os homens fardados não apliquem a lei ao pé da letra, mas ponderem as circunstâncias interpretando o espírito da mesma pois, como dizia S. Agostinho “A letra mata, mas o espírito vivifica”. Vejamos uns casos bastante recentes...

Numa cidadezinha da província de Foggia (no Sul da Itália) três irmãos foram ao necrotério para ver, pela última vez, o corpo do irmão antes que fosse sepultado. Os Carabineiros (a PM italiana) os parou e os agentes foram inflexível: 840 euros de multa no momento em que a dor da família era mais forte. Por acaso esses policiais tinham medo que eles infectassem o cadáver do irmão já falecido?

Algo de pior aconteceu com uma família (pai, mãe e dois filhos) que na região Toscana (no Centro) estava levando de carro a menina para um hospital situado em outro município visando efetuar controles sucessivos a um transplante. Surpreendentemente foram parados e multados porque, como consta na ata da polícia, estavam longe demais de sua residência, como se tivessem culpa se o hospital fica distante. Recorreram e, felizmente, encontraram um funcionário compreensivo que anulou a sanção.

Outro caso foi relatado por uma médica de Giugliano, na Campânia (no Sul), que frequenta um curso de treinamento específico em medicina geral. A mulher disse que foi detida em 24 de março após terminar o seu turno de plantão. Ela foi parada em frente a casa, numa localidade afastada onde mora só ela. Como não tinha no carro os documentos atestando a sua profissão, pediu para poder subir e apanhá-los, mas os policiais não permitiram e foi pesadamente multada, além de ser submetida a uma quarentena obrigatória de 15 dias que acarretou um corte no seus salário.

Vale também a pena relatar a aventura de um funcionário de um supermercado de Cesena (no Norte) que, na tardinha do dia 04 de abril, foi parado ao retornar do trabalho de bicicleta, ainda vestindo a farda do estabelecimento comercial. O homem de 59 anos foi autuado porque a ciclovia atravessa um grande jardim, e a lei estabelece que ninguém pode acessar a esses locais públicos. As explicações do funcionário não adiantaram para evitar a multa que foi de 400 euros, cerca de um terço do salário mensal desse trabalhador.

Na semana passada um aposentado de Palermo (no Sul), foi tomar um banho de sol, sozinho, numa praia deserta. Poucos minutos depois foi preseguido nada menos que por um helicóptero da Polícia que o multou por ter infringido a lei. Sabe o leitor quanto custa manter em voo um helicóptero? É muito dinheiro público e seria bem melhor que o utilizo dessa aeronave fosse reservado para perigos bem maiores, como reuniões de chefes da Máfia e não para correr atrás de um aposentado que não estava fazendo mal a ninguém!

Enfim, o caso de uma idosa que mora numa pequena cidade do Lácio (no Centro) que, necessitando de medicamentos, dirigiu-se, justamente, à farmácia mais próxima, a cinco km da casa dela. O problema é que aquela farmácia se encontra no território de outro município. A polícia disse que ela deveria ter ido naquela localizada no mesmo município, embora fique a mais de 15 km da casa da senhora. Resultado: 280 euros de multa.

Dura Lex, sed Lex, diziam os antigos Romanos, mas o fato é que a lei está sendo aplicada exclusivamente contra os Italianos. Enquanto as polícias (nacional, municipal, militar, etc.) continuam multando impiedosamente os cidadãos italianos que acabaram se tornando escravos de seus governantes, os imigrantes clandestinos continuam gozando da impunidade total. Eles saem de casa sem máscaras ou luvas e se reúnem em grupos, sem manter a distância obrigatória de um metro entre eles. Pior ainda, os traficantes, na grande maioria africanos, vendem sua mercadoria à luz do sol, na maior tranquilidade.

O nosso atual governo –o mais esquerdista de todos os tempos- continua governando por decreto, sem dialogar com as forças da oposição presentes no parlamento. Chegamos ao ponto que estão sendo tiradas as liberdades civis sem que se possa protestar, pois a TV pública está nas mãos deles e só acompanhando a imprensa livre podemos estar a par da situação. Tudo isso enquanto a Covid-19 continua ceifando vidas e sem que o cidadão tenha a liberdade, além de não poder sair de casa, de se dirigir a um laboratório de análise particular para saber se está ou não com o coronavírus. Por incrível que pareça, o estado arrogou para si o monopólio desse tipo de teste e um laboratório duma cidade do Norte, que havia começado a fazer os testes, teve todo o material apreendido pela polícia.

Que democracia é essa?

O povo italiano está cansado de ser tratado com um bando escravos!

Richard Foxe
Enviado por Richard Foxe em 21/04/2020
Código do texto: T6924191
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