ANTOLOGIA DE ARTIGOS SOBRE REDAÇÃO

ESCOLA ESTADUAL DE ENSINO MÉDIO “JULIÃO BERTOLDO DE CASTRO”

Disciplina: LÍNGUA PORTUGUESA II

Assunto Geral: PRODUÇÃO TEXTUAL

Professor: MOREIRA Turma: 3º ANO ___

Aluno(a): _________________________________________________

OBS: Este material foi organizado como uma Antologia de Artigos sobre Redação, postados, no Curso Enem Gratuito, pelos Professores Daniela Cristina Garcia, Renato Luís de Castro e João Paulo Prilla.

Organização: Professor Ezequias Moreira

APRESENTAÇÃO:

Diante da situação de crescente pandemia de improdução textual pela qual a maioria dos estudantes da rede pública da educação brasileira vêm passando, o que tem preocupado bastante a equipe "médica" que cuida dessa área, os professores e, em especial, os de língua portuguesa; gestores, orientadores e todo o corpo técnico da educação têm se desdobrado para encontrar um antídoto que combata esse vírus mortal.

Nestes dias de reclusão e isolamento social, rebuscando materiais diversos para encontrar uma possível solução, fui presenteado com essa material do Curso Enem Gratuito, postado pelos proessores Daniela Cristina Garcia, Renato Luís de Castro e João Paulo Prilla, que creio poderá ajudar bastante os que enfrentam essa enfermidade e até aqueles que, já curados, procuram se precaver dela.

Baixei 34 Artigos que achei muito interessantes e os organizei neste material que aí vai pra vocês como a Antologia de Artigos sobre Redação. Apreveitem e estudem o quanto puderem.

Bagre – Pará, inverno 2020

Prof. Ezequias Moreira

Artigo 01: A ESTRUTURA DA REDAÇÃO DO ENEM: COMO FAZER O TEXTO DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO

O Enem sempre exige que os candidatos escrevam um texto dissertativo-argumentativo. Por isso, é importante conhecer esse estilo e compreender como fazer a estrutura da redação do Enem. Veja abaixo como escrever um ótimo texto dissertativo-argumentativo!

A redação talvez seja uma das etapas mais temidas da prova do Enem e dos vestibulares. É o seu caso? Se for, você está no lugar certo, pois vamos mostrar como fazer a estrutura da redação do Enem. No caso do Enem, sempre é exigido que os candidatos elaborem um texto dissertativo-argumentativo. E, acredite, não é nenhum bicho de sete cabeças!

A prova de redação é cercada de mitos, previsões de tema e “fórmulas mágicas” sobre sua elaboração, aplicação e avaliação. (Veja 10 modelos de Redação Enem nota mil).

Mas ela é, na verdade, só mais uma disciplina que possui critérios de correção bastante específicos sobre o tipo de texto solicitado para que o candidato ou candidata obtenha sucesso.

Você vai aprender a montar a estrutura da redação de acordo com esse tipo de texto. Confira como fazer a Introdução com a professora Dani, do canal Curso Enem Gratuito, e depois siga na aula completa.

Muito boas estas dicas a professora Daniela Garcia. Bora prosseguir.

(Veja como escrever a Introdução da Redação do Enem)

Gostou das dicas da professora Dani? Muito boas. Agora, vamos em frente.

O caminho para você obter uma boa nota na redação do Enem, é, então, uma clara compreensão do texto dissertativo-argumentativo, a qual nós criaremos nesta aula.

A ESTRUTURA DO TEXTO DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO

O texto dissertativo-argumentativo, como o nome propõe, tem como finalidade a argumentação com base em comentários e explicações sobre determinada temática. Ou seja, o foco principal do seu texto será defender um ponto de vista e é essa defesa que norteará a sua escrita.

O posicionamento, na dissertação, é chamado de Tese. A tese deverá ser a protagonista do seu texto, pois além de esclarecer para o seu leitor o que será defendido, ela também organizará a estruturação da sua escrita.

Por isso, quando receber a temática de redação, a primeira ação a ser feita é delimitar o que você irá, de maneira geral, defender. Para isso, pergunte-se “O que eu acho/o que eu penso sobre esta temática?”. A pergunta anterior delimitará o que chamaremos de “tese central” ou “tese principal” e será responsável por delimitar o objetivo geral do seu texto.

Mas, essa tese que você estabelece na Introdução da Redação, por ainda ser muito ampla, precisa ser dividida em ideias menores que determinem os objetivos de cada um dos parágrafos de Desenvolvimento. Para isso, pergunte-se “Por quê?” você optou por esta tese central.

Considerando a quantidade de linhas disponibilizadas pela prova do Enem, sugiro que você divida sua tese em apenas duas ideias, pois, dessa forma, terá espaço suficiente para uma discussão efetiva de cada uma delas. Veja Como elaborar a Introdução da Redação.

Veja no quadro abaixo o movimento proposto e um exemplo com base na prova do Enem de 2017 (Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil):

Como delimitar a tese do texto dissertativo-argumentativo.

A estrutura acima, como dito anteriormente, além de delimitar o posicionamento a ser defendido, encaminha a escrita da candidata. Vamos então ver como fazer a redação do Enem a partir de um exemplo. O texto a seguir foi escrito por Thaís Fonseca Lopes de Oliveira e foi avaliado com nota máxima no Enem 2017.

Repare no texto como os elementos delimitados na figura anterior aparecem durante todo o desenvolvimento e sustentam o objetivo geral do texto e os objetivos específicos dos parágrafos.

Na mitologia grega, Sísifo foi condenado por Zeus a rolar uma enorme pedra morro acima eternamente. Todos os dias, Sísifo atingia o topo do rochedo, contudo era vencido pela exaustão, assim a pedra retornava à base. Hodiernamente, esse mito assemelha-se à luta cotidiana dos deficientes auditivos brasileiros, os quais buscam ultrapassar as barreiras as quais os separam do direito à educação.

Nesse contexto, não há dúvidas de que a formação educacional de surdos é um desafio no Brasil o qual ocorre, infelizmente, devido não só à negligência governamental, mas também ao preconceito da sociedade.

A Constituição cidadã de 1988 garante educação inclusiva de qualidade aos deficientes, todavia o Poder Executivo não efetiva esse direito. Consoante Aristóteles no livro “Ética a Nicômaco”, a política serve para garantir a felicidade dos cidadãos, logo se verifica que esse conceito encontra-se deturpado no Brasil à medida que a oferta não apenas da educação inclusiva, como também da preparação do número suficiente de professores especializados no cuidado com surdos não está presente em todo o território nacional, fazendo os direitos permanecerem no papel.

Outrossim, o preconceito da sociedade ainda é um grande impasse à permanência dos deficientes auditivos nas escolas. Tristemente, a existência da discriminação contra surdos é reflexo da valorização dos padrões criados pela consciência coletiva.

No entanto, segundo o pensador e ativista francês Michel Foucault, é preciso mostrar às pessoas que elas são mais livres do que pensam para quebrar pensamentos errôneos construídos em outros momentos históricos. Assim, uma mudança nos valores da sociedade é fundamental para transpor as barreiras à formação educacional de surdos.

Portanto, indubitavelmente, medidas são necessárias para resolver esse problema. Cabe ao Ministério da Educação criar um projeto para ser desenvolvido nas escolas o qual promova palestras, apresentações artísticas e atividades lúdicas a respeito do cotidiano e dos direitos dos surdos. – uma vez que ações culturais coletivas têm imenso poder transformador – a fim de que a comunidade escolar e a sociedade no geral – por conseguinte – conscientizem-se. Desse modo, a realidade distanciar-se-á do mito grego e os Sísifos brasileiros vencerão o desafio de Zeus.

Como você deve ter percebido, para convencer o leitor e conseguir sustentar a tese elaborada, a autora utiliza uma Argumentação baseada no agenciamento do seu conhecimento de mundo (a forma como ela interpreta a realidade ao seu redor) e elementos de repertório sociocultural.

Essa relação entre o que é do cotidiano do candidato ou candidata e o que é conhecimento relevante socio-historicamente é a outra grande característica do texto dissertativo-argumentativo para a redação do Enem. (Veja Como fazer o Desenvolvimento da Redação do Enem).

Por fim, com base na tese elaborada e nos argumentos utilizados para defendê-la, você deverá criar a sua Proposta de Intervenção. Nela, de maneira geral, você deverá mostrar de maneira detalhada como algum órgão pode intervir na problemática apresentada pela temática, mostrando como isso deverá ser feito e com qual finalidade.

Resumindo o que vimos nesta aula, então, no texto dissertativo-argumentativo para o Enem, você deverá elaborar um ponto de vista (uma tese) com base na temática oferecida pela prova, trazer argumentos convincentes que mostrem para o seu leitor que o seu posicionamento é correto para, com base nisso, propor como intervir no problema.

Veja como se organizar no tempo da prova para não se apurar na hora da Redação:

Viu como fazer a redação do Enem não é tão difícil? Seguindo essa estrutura com atenção e trazendo bons argumentos para comprovar a sua tese, escrever uma Redação Enem Nota 1000 pode ser mais simples do que você imagina. Veja Como criar a Proposta de Intervenção.

Artigo 02: COMO EVITAR A FUGA DO TEMA DA REDAÇÃO DO ENEM: APRENDA A DELIMITAR O ASSUNTO, O TEMA E A PROPOSTA

Nesse post falaremos sobre um problema comum: a fuga do tema da redação. Baseado numa proposta recente, comentaremos a importância de delimitar a proposta, o assunto e o tema da redação do Enem.

Um dos problemas mais comuns apresentado pelos estudantes é a Fuga do Tema da Redação do Enem. Para auxiliá-lo a ficar dentro dos limites da Proposta e não incorrer na fuga total ou parcial do tema, vejamos aqui algumas boas sugestões e exemplos.

Antes de qualquer coisa, é importante ter em vista três pontos principais e norteadores: imagine uma pirâmide que inicia da base para o topo na seguinte sequência: assunto, tema e proposta. Para entender melhor, vamos analisar o exemplo a seguir.

(Veja 10 Modelos de Redação Nota Mil)

VEJA A PROPOSTA DA REDAÇÃO DO ENEM 2015

A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

Para melhor interpretar essa proposição, vamos passar por esses três níveis fundamentais de nossa pirâmide: partindo do mais geral – o assunto – para então, após a leitura dos textos de apoio, você poder identificar o tema da redação.

Nesse exemplo, o assunto é “o contexto da mulher brasileira” e o tema é “a violência contra a mulher brasileira”. Perceba o título: “A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira”. Contudo, se você parar por aí, pode acabar chegando a uma fuga parcial do tema, o que é tão ruim quanto à fuga do tema, pois também zera a questão.

É o caso de querer explorar essa proposta com uma tese que julgue positiva ou negativamente esse tema – a violência contra a mulher, simplificando a sua abordagem e tratando parcialmente da proposta. Precisamos de uma análise mais atenta da proposta, ok?

Para poder ir além do tema, o candidato deve procurar em todos os textos, e também no enunciado da proposta, qual é a situação problema que deve ser questionada. Nesse caso, o tema é não só a violência contra a mulher, mas a sua “persistência”. Vejamos novamente o título: “A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira”.

Note, portanto, que a violência em si já é um fato, bem nítido em nossa sociedade – conforme os dados apresentados, inclusive – e que é a sua manutenção o foco principal.

ESCOLHA UMA TESE BEM DELIMITADA

Outro meio de evitar essa situação é você ter uma Tese bem delimitada.

Isso significa que assim que você identifica a situação problema da proposta, você deve assumir um posicionamento crítico em relação a ela para que possa selecionar os argumentos de forma mais eficiente em vez de começar pela seleção de argumentos para só então chegar a uma tese.

Se você só seleciona esses argumentos sem ter um posicionamento claro, você pode acabar correndo o risco de abordar somente o Tema da Proposta e não a Situação Problema, já que você simplesmente selecionou fatos e não os organizou em torno de uma tese que lhes dê objetivo.

Dessa forma, definir a Tese é primordial para que você perceba se está abordando realmente a situação problema, no caso, “a manutenção da violência contra mulher”, e não apenas “violência contra mulher” ou “a mulher brasileira”. Tenha em mente exatamente a ideia que você vai defender!

Vamos ver agora o exemplo de uma redação onde a autora captou bem o tema dessa proposta, e isso fica claro logo na introdução, como deve ser:

De acordo com o sociólogo Émile Durkheim, a sociedade pode ser comparada a um “corpo biológico” por ser, assim como esse, composta por partes que interagem entre si. Desse modo, para que esse organismo seja igualitário e coeso, é necessário que todos os direitos dos cidadãos sejam garantidos.

Contudo, no Brasil, isso não ocorre, pois em pleno século XXI as mulheres ainda são alvos de violência. Esse quadro de persistência de maus tratos com esse setor é fruto, principalmente, de uma cultura de valorização do sexo masculino e de punições lentas e pouco eficientes por parte do Governo.

Essa redação, intitulada “Parte Desfavorecida”, foi escrita pela estudante do Ensino Médio Anna Beatriz Wreden.

Perceba que na última frase desse parágrafo, a autora define a situação problema ”Esse quadro de persistência” e em seguida expõe a sua tese, que deve ser defendida e comprovada no decorrer no texto: “Esse quadro de persistência de maus tratos com esse setor é fruto, principalmente, de uma cultura de valorização do sexo masculino e de punições lentas e pouco eficientes por parte do Governo”.

Espera-se, então, que a autora do texto desenvolva essa sua tese, busque ilustrar e comprovar, com fatos, os motivos pelos quais a persistência da violência contra a mulher no Brasil esteja ligada ao machismo e à política judicial.

Exemplo de redações com boa pontuação, como a de Anna Beatriz, podem servir de bom parâmetro para quem quer se dar bem no Enem.

Artigo 03: COMO FAZER A INTRODUÇÃO DA REDAÇÃO DO ENEM: VEJA AULA GRATUITA

Aprenda a escrever uma introdução da redação que deixe claro o tema e que apresente os pontos de vista a serem abordados no desenvolvimento!

A Introdução da redação é uma parte muito importante do texto dissertativo-argumentativo. Nela, você tem uma possibilidade de deixar uma boa impressão e trazer um primeiro elemento que mostre o seu repertório sociocultural.

Além disso, na Introdução você irá apresentar o seu ponto de vista e mostrar ao seu leitor como esse posicionamento será desenvolvimento no decorrer do texto. Ou seja, este único parágrafo te ajuda na argumentação e organização do seu texto.

(Veja 10 Modelos de Redação Nota Mil)

Comece por este resumo simples e rápido com a professora Dani de Floripa, do Canal Curso Enem Gratuito, com as dicas básicas para a Introdução Perfeita da Redação do Enem.

É bastante coisa, certo? Por isso, nesta aula, vamos aprender como fazer uma boa introdução para a Redação do Enem.

COMPONENTES ESSENCIAIS NA INTRODUÇÃO DA REDAÇÃO:

De maneira geral, a Introdução do texto dissertativo precisa apresentar três elementos que são: Assunto/Contexto, Tema e Tese.

O Tema é o que a própria Proposta nos apresenta, a parte principal do enunciado.

O Assunto ou Contexto, por sua vez, é algo que faz parte desse tema, mas que não aborda a especificidade apresentada pela prova. Ou seja, é algo que perpassa a temática, mas não é ela propriamente dita.

Por exemplo, no tema “Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil”, posso lidar com assuntos tal como a intolerância, religião, diversidade religiosa, entre outras questões.

Por fim, a Tese é o que mostrará o posicionamento que você irá defender no decorrer do texto. Pensar em uma tese com muito cuidado é muito importante. Afinal, a função do texto dissertativo é defender uma tese, não é mesmo? Além disso, essa definição irá organizar o seu texto, pois dela dependerão os objetivos dos teus parágrafos de desenvolvimento.

Antes de vermos como elaborar esses elementos e criar uma introdução, é importante lembrar que você não precisa buscar apresentar nada além dos elementos citados, pois se eles estiverem bem feitos, sua introdução estará bem feita. Fazendo isso, você não correrá o risco de começar a argumentar na sua introdução, o que descaracteriza o parágrafo e pode te atrapalhar.

ELABORANDO A INTRODUÇÃO:

Agora sim, vamos ver como elaborar a sua Introdução:

Basicamente, mesmo que não seja a única, a forma mais clara de apresentar os Elementos necessários é ir do mais amplo (assunto), passar pela temática e terminar no recorte específico que você propõe (tese), como mostra a próxima imagem:

Estrutura da introdução do texto dissertativo

Todavia, mesmo que a sequência que aparecerá no texto seja essa, você deve começar a pensar no seu texto não pelo contexto, mas pela relação entre o tema e a tese. Por isso, o primeiro passo é ler com muita atenção a temática para compreendê-la. Com base nisso, você deve delimitar o que será defendido.

Para terminar a sua tese, você deverá se perguntar o que acha sobre a temática e dividir esta tese em duas ideias para serem desenvolvidas nos seus parágrafos de desenvolvimento.

SAIBA COMO ESCREVER UM TEXTO DISSERTATIVO ARGUMENTATIVO.

O movimento proposto é exemplificado abaixo com base em uma redação que recebeu nota 1000 na prova do Enem de 2017 (Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil):

Como delimitar a tese do texto dissertativo-argumentativo

A resposta dessas perguntas (a sua tese) e a sua relação com a temática devem aparecer no final da introdução, como é visto na imagem 02. Feito isso, então, você deve pensar em um contexto/assunto que te leve até a temática e será o início da sua redação.

Para determinar o assunto/contexto, que irá iniciar o seu texto, você deve pensar em algo que se relacione com o recorte da temática, mas que pode ser mais amplo. Este espaço é ótimo para você aproveitar e mostrar seu repertório sociocultural, pois, como a questão abordada ainda não precisa ser tão específica, você pode trazer um contexto histórico, citação ou menção com uma liberdade um pouco maior. Então, vale a pena usar este início do texto para já chamar a atenção do leitor, certo?

Para exemplificar o que vimos nesta aula, leia atentamente a introdução do texto nota 1000 escrito por Thaís Fonseca Lopes de Oliveira no ano de 2017 e verifique como ela utiliza a estrutura que você acabou de aprender:

Veja como, no exemplo acima, a autora utilizou como assunto um mito grego para abordar a questão das barreiras para, então, relacionar essas barreiras com as que são enfrentadas pelos surdos no Brasil.

Essa relação fez com que ela adentrasse na proposta de redação, ou seja, no tema. Feito isso, ela demonstrou as suas ideias – suas teses – criadas com base nas perguntas propostas anteriormente.

Para que não fiquem dúvidas, veja esta mesma estrutura em outras introduções de textos que tiraram nota 1000 no Enem:

Artigo 04: APRENDA A ESCREVER OS PARÁGRAFOS DE DESENVOLVIMENTO DA REDAÇÃO DO ENEM

Veja formas de redigir bons parágrafos de desenvolvimento para a sua redação. Entenda como elaborar uma argumentação consistente, apresentando diferentes pontos de vista e sem fugir do tema!

Muitos candidatos ficam perdidos na hora de escrever os Parágrafos de Desenvolvimento da redação. Alguns, por pensarem que não sabem nada sobre o tema, acham que não conseguirão desenvolvê-lo. Outros, por terem mil ideias do que escrever e poucas linhas restantes, acabam fugindo do tema.

INFORMAÇÃO E ARGUMENTAÇÃO

Durante o desenvolvimento da redação, é importante perceber que apenas informações sobre o tema não são o suficiente para argumentar. Da mesma forma que somente críticas sem comprovação não cumprem o papel de um texto dissertativo. Logo, é essencial que haja tanto o posicionamento do autor, quanto a corroboração por meio de fatos, dados ou exemplos.

Observe o parágrafo dissertativo sobre o tema “Detox da Internet”.

“Diante do uso excessivo da internet e da dificuldade de manter-se desconectado, o detox digital é uma maneira relevante de reduzir os malefícios. Uma prova da necessidade dessa ‘limpeza’ é o número de horas que os brasileiros fiam conectados; são em média 650 horas por mês, de acordo com os dados da Comsoare.

Além disso, as circunstâncias atuais impõem a dependência da internet a inúmeras profissões como bancários, advogados, operadores de telemarketing, entre outros e o resultado disso são doenças como depressão, ansiedade e transtornos de personalidade, segundo a Associação Americana de Psiquiatria.”

Na primeira frase, a autora determina de maneira geral o raciocínio crítico que será desenvolvido e especificado durante o parágrafo, isto é, o tópico frasal: “Diante do uso excessivo da internet e da dificuldade de manter-se desconectado, o detox digital é uma maneira relevante de reduzir os malefícios.”. Observe que ela ainda precisa comprovar essa afirmação.

Em seguida, há a comprovação da análise, mostrando que o detox da internet é importante: “Uma prova da necessidade dessa ‘limpeza’ é o número de horas que os brasileiros fiam conectados; são em média 650 horas por mês, de acordo com os dados da Comsoare.”

Finalmente, há a articulação do dado apresentado com a crítica, reafirmando a relevância do detox da internet por meio da listagem de malefícios: “Além disso, as circunstâncias atuais impõem a dependência da internet a inúmeras profissões como bancários, advogados, operadores de telemarketing, entre outros e o resultado disso são doenças como depressão, ansiedade e transtornos de personalidade, segundo a Associação Americana de Psiquiatria.”

Dessa forma, o Parágrafo do Desenvolvimento da redação relaciona-se com o gênero dissertativo por meio de suas três partes:

• Tópico Frasal: introdução da ideia central a ser defendida.

• Comprovação: apresentação de fatos, dados ou exemplos que justifiquem de forma objetiva a crítica inicial.

• Fechamento do parágrafo: finalização do parágrafo que relaciona a informação apresentada ao Tópico Frasal.

Vamos ver mais um exemplo referente ao tema “Liberdade de expressão – Limites do humor em tempos de intolerância”.

“Como consequência da liberdade de expressão diante dos limites do humor, a cidadania atribuída à palavra é efetivamente cumprida. Primeiramente, é importante salientar que a liberdade de expressão deve ser vista numa perspectiva humanitária e solidária, diferentemente do individualismo que tanto se prega em ‘a liberdade de uma pessoa termina quando a da outra começa’.

Diante disso, reforçar ideias opressoras através do humor, na verdade, já é a perda total da liberdade de expressão, já que a risada é conquistada por meio de desumanidades. Felizmente, há possibilidade de fazer o público gargalhar de modo mais sensível, como muitos comediantes já estão se motivando.

Por exemplo, a cartunista Laerte considera que fazer humor é uma questão de compaixão, alguns a reforçam como é o seu caso, já outros ignoram. Esse zelo que comediantes cidadãos estão aderindo é, portanto, a mais plena liberdade de expressão, porque prefere batalhar pela expansão de vozes do que calá-las.”

Observe o Tópico Frasal: “Como consequência da liberdade de expressão diante dos limites do humor, a cidadania atribuída à palavra é efetivamente cumprida. Primeiramente, é importante salientar que a liberdade de expressão deve ser vista numa perspectiva humanitária e solidária, diferentemente do individualismo que tanto se prega em ‘a liberdade de uma pessoa termina quando a da outra começa’.”. Assim, a autora apresenta a relação entre humor e liberdade de expressão como o exercício da cidadania.

Para comprovar a sua afirmação, ela estabelece uma reflexão e o exemplo: “Diante disso, reforçar ideias opressoras através do humor, na verdade, já é a perda total da liberdade de expressão, já que a risada é conquistada por meio de desumanidades. Felizmente, há possibilidade de fazer o público gargalhar de modo mais sensível, como muitos comediantes já estão se motivando. Por exemplo, a cartunista Laerte considera que fazer humor é uma questão de compaixão, alguns a reforçam como é o seu caso, já outros ignoram.”

Então, há o fechamento do parágrafo, que concatena a crítica à comprovação: “Esse zelo que comediantes cidadãos estão aderindo é, portanto, a mais plena liberdade de expressão, porque prefere batalhar pela expansão de vozes do que calá-las.”.

Assim, o parágrafo fica completo, o que possibilita a construção de uma estratégia argumentativa.

Artigo 05: TRÊS TÉCNICAS DE ARGUMENTAÇÃO PARA A REDAÇÃO

Estude as técnicas de argumentação que podem melhorar a sua relação com as informações no texto e tecer comparações que fortaleçam a sua tese.

Existem Técnicas de Argumentação que valorizam a estrutura de uma dissertação e que podem tornar seu texto mais coeso e competitivo. Vamos analisar delas, para você experimentar nos seus parágrafos de Desenvolvimento da Redação.

COMPARAÇÃO HISTÓRICA

Ao escrever os argumentos com a técnica da comparação histórica o candidato demonstra a capacidade de utilizar o conhecimento depreendido nas aulas, além de bagagem cultural.

(Veja 10 Modelos de Redação Nota Mil)

Observe no exemplo como é possível utilizá-la:

“Essa estrutura se mantém pouco alterada desde os primórdios do país. Por ser uma colônia de exploração, o objetivo dos governantes, no Brasil, sempre foi buscar o lucro em detrimento do bem estar das classes populares. Assim, é possível traçar um paralelo através dos séculos entre os antigos nobres portugueses e os atuais políticos cujo poder é passado quase como uma herança e há pouca importância com as questões sociais básicas.

O mesmo ocorre com o povo que, com a sua centenária falta de informação, não sabe como melhorar as questões sanitárias no Brasil da mesma forma que não soube lidar com a questão da vacinação obrigatória no século XX, gerando a conhecida Revolta da Vacina.”

No segundo parágrafo do desenvolvimento, a autora do texto acima comenta a estrutura do saneamento básico brasileiro por meio de uma comparação histórica entre o Brasil Colônia (1) e a atualidade (2):

(1) Essa estrutura se mantém pouco alterada desde os primórdios do país. Por ser uma colônia de exploração, o objetivo dos governantes, no Brasil, sempre foi buscar o lucro em detrimento do bem estar das classes populares.

(2) Assim, é possível traçar um paralelo através dos séculos entre os antigos nobres portugueses e os atuais políticos cujo poder é passado quase como uma herança e há pouca importância com as questões sociais básicas.

Posteriormente, em vez de finalizar o parágrafo, a vestibulanda realiza outra comparação de teor histórico, sendo que ainda seria necessário o fechamento do parágrafo por meio de uma crítica final:

“O mesmo ocorre com o povo que, com a sua centenária falta de informação, não sabe como melhorar as questões sanitárias no Brasil da mesma forma que não soube lidar com a questão da vacinação obrigatória no século XX, gerando a conhecida Revolta da Vacina.”

Uma possível conclusão para esse parágrafo seria: “Desse modo, é necessária estrutura política e social para que haja mais investimento e consciência, culminando em saneamento básico e outros serviços de qualidade.”.

COMPARAÇÃO FILOSÓFICA

Além da comparação histórica, também é possível utilizar a filosofia como referente, fora outras áreas acadêmicas, como a literatura, biologia etc.

Vejamos um exemplo:

“Em uma de suas mais famosas falas, Aristóteles credita o termo cidadão àquele que participa da política da pólis. Contudo, na sociedade capitalista em que vivemos hoje, ser cidadão é convir com o atual sistema vigente, ou seja, consumir. Tal mudança criou um perigoso traço de personalidade: a compulsão pelo consumo, em que cada vez mais pessoas estão consumindo sem necessidade, gerando, assim, graves problemas sociais.”

Nesse parágrafo da introdução, o autor compara o conceito de cidadão de Aristóteles (1) com a noção de cidadania moderna (2), contextualizando-a por meio do capitalismo:

(1) Em uma de suas mais famosas falas, Aristóteles credita o termo cidadão àquele que participa da política da pólis.

(2) Contudo, a sociedade capitalista em que vivemos hoje, ser cidadão é convir com o atual sistema vigente, ou seja, consumir.

Assim, após a contextualização já argumentativa, o candidato apresenta a sua tese:

“Tal mudança criou um perigoso traço de personalidade: a compulsão pelo consumo, em que cada vez mais pessoas estão consumindo sem necessidade, gerando, assim, graves problemas sociais.”.

COMPARAÇÃO ENTRE NAÇÕES

A terceira técnica de argumentação que você pode usar na redação do Enem é a comparação entre nações, ou seja, entre países. Você pode utilizar dados demográficos, históricos e noções culturais para traçar paralelos e provar um ponto de vista.

Vamos ver como essa técnica funciona:

“Além da disciplina, outro fator contribuinte para o sucesso do desportista olímpico é o auxílio do Estado, novamente não encontrado no Brasil. Esse apoio financeiro e educacional é fundamental para a formação do atleta, uma vez que tal incentivo valoriza os guerreiros e contribui para um melhor treinamento.

Um fato que corrobora esse pensamento é o excelente preparo que a seleção dinamarquesa de remo possui: embora, geograficamente, levem desvantagem perante os brasileiros pelo congelamento de lagos no inverno, os nórdicos conseguem, em muitos campeonatos mundiais, atingir posições mais altas que as brasileiras. A grande conquista acontece graças ao incentivo governamental que lhes garantem máquinas simuladoras de remo extremamente modernas e uma academia completa, a fim de que não faltem recursos para distanciar os remadores do prestígio internacional.”

Nesse parágrafo do desenvolvimento, a autora utiliza uma comparação (1) entre Brasil e Dinamarca para comprovar a crítica do tópico frasal:

Além da disciplina, outro fator contribuinte para o sucesso do desportista olímpico é o auxílio do Estado, novamente não encontrado no Brasil. Esse apoio financeiro e educacional é fundamental para a formação do atleta, uma vez que tal incentivo valoriza os guerreiros e contribui para um melhor treinamento.

(1) Um fato que corrobora esse pensamento é o excelente preparo que a seleção dinamarquesa de remo possui: embora, geograficamente, levem desvantagem perante os brasileiros pelo congelamento de lagos no inverno, os nórdicos conseguem, em muitos campeonatos mundiais, atingir posições mais altas que as brasileiras.

A grande conquista acontece graças ao incentivo governamental que lhes garantem máquinas simuladoras de remo extremamente modernas e uma academia completa, a fim de que não faltem recursos para distanciar os remadores do prestígio internacional.

Assim, ao final da comprovação, ela finaliza o parágrafo relacionando os fatos apresentados à crítica do tópico frasal.

Desta forma as comparações são úteis para tornar a dissertação mais atraente ao leitor e competitiva para o vestibular e o Enem.

PARA TREINAR SUAS TÉCNICAS DE ARGUMENTAÇÃO, PENSE NAS SEGUINTES QUESTÕES:

• Em relação ao tema proposto, como é a nossa realidade?

• Por que ela é assim? Quais as causas disso?

• Quais as possíveis consequências disso?

• Sempre foi assim ou em outras épocas era diferente?

• Como é em outras culturas?

• Trata-se de algo benéfico/maléfico para qual aspecto?

• É possível mudar? É necessário mudar?

• Como esse tema é abordado pelas artes (literatura, artes plásticas, cinema etc.)?

• Existem exemplos concretos (atuais, históricos, fictícios)?

Respondendo a estes questionamentos, você terá mais clareza sobre quais argumentos podem ser usados e quais técnicas podem ser empregadas para fortalecer sua tese.

Bons estudos!

Artigo 06: O USO DE RELAÇÕES DE CAUSA E CONSEQUÊNCIA NA REDAÇÃO

Na redação do Enem, uma boa forma de melhorar sua argumentação e o equilíbrio entre as ideias é estabelecendo relações de causa e consequência!

Uma das maiores dificuldades dos candidatos do Enem é a elaboração dos Parágrafos de Desenvolvimento da Redação. Como encaixar tantas ideias em apenas dois ou três parágrafos? Como demonstrar domínio do tema? Como apresentar seus argumentos de maneira objetiva? Como convencer o leitor do seu ponto de vista?

No desenvolvimento da sua redação no Enem, uma das formas de melhorar a sua argumentação é utilizando relações de causa e consequência. Com elas, é possível relacionar críticas com maior facilidade, garantindo a Coerência e Coesão textuais.

Neste post, você verá exemplos de como as relações de causa e consequência podem ser usadas na redação para enriquecer suas técnicas argumentativas. Além disso, vamos apresentar também a Técnica da Bilateralidade, utilizada para abordar análises mais complexas!

COMO FUNCIONA?

Vamos analisar o emprego da relação de causa e consequência em uma redação cujo tema é “O que forma um atleta olímpico”.

“Embora seja essencial à formação do representante olímpico, no Brasil, amparo financeiro não faz parte do cotidiano dos nossos atletas. A exemplo disso, muitos dos nossos atletas, ao longo de suas carreiras, precisam apelar para ‘vaquinhas online’ e ajuda de amigos e familiares para se manterem no esporte. Essa falta de estabilidade reflete no desempenho do atletas nas suas competições, o nadador César Cielo, por exemplo, não conquistou sua vaga olímpica justamente por estar enfrentando uma má fase fruto da inconstância na sua carreira devido às dificuldades financeiras. Dessa maneira, vê-se que, muito mais que apenas conquistar medalhas, um atleta olímpico merece ser reconhecido como um profissional cujas necessidades financeiras devem ser supridas por um salário mensal muito superior ao ‘bolsa – atleta’ atual, que desmerece o esforço do representante”.

Observe que, inicialmente, a autora estabelece o contexto dos esportistas brasileiros por meio do tópico frasal: “Embora seja essencial à formação do representante olímpico, no Brasil, amparo financeiro não faz parte do cotidiano dos nossos atletas.”

Já na argumentação, ela utiliza a técnica de causa (1) e consequência (2) para comprovar a sua crítica e tornar o exemplo (3) mais claro:

(1) A exemplo disso, muitos dos nossos atletas, ao longo de suas carreiras, precisam apelar para ‘vaquinhas online’ e ajuda de amigos e familiares para se manterem no esporte. (2) Essa falta de estabilidade reflete no desempenho do atletas nas suas competições. (3) O nadador César Cielo, por exemplo, não conquistou sua vaga olímpica justamente por estar enfrentando uma má fase fruto da inconstância na sua carreira devido às dificuldades financeiras.”

No último período, a autora reitera sua crítica por meio da interpretação do fato apresentado, finalizando o parágrafo:

“Dessa maneira, vê-se que, muito mais que apenas conquistar medalhas, um atleta olímpico merece ser reconhecido como um profissional cujas necessidades financeiras devem ser supridas por um salário mensal muito superior ao ‘bolsa – atleta’ atual, que desmerece o esforço do representante”.

As relações de causa e consequência podem ser utilizadas em apenas um parágrafo (como no exemplo acima) ou nos dois parágrafos do desenvolvimento. Neste caso, um dos parágrafos apresentaria a causa e o outro, a consequência.

A TÉCNICA DA BILATERALIDADE

A técnica de bilateralidade é utilizada, geralmente, em temas complexos que exigem não apenas um posicionamento contra ou a favor de alguma prática, mas uma análise de prós e contras que levará a uma valorização de atitudes positivas e crítica das negativas.

Observe um exemplo em que o autor enaltece a importância dos limites da liberdade de expressão quando se trata de estigmatizar minorias, em relação ao tema: “Liberdade de expressão – limites do humor e a intolerância”.

“Por um lado, a satirização e ironia de certos indivíduos, grupos ou situações não deve ser feita quando o propósito é apenas a estigmatização de certos “alvos” para a obtenção de “vantagens” pelo emissor desse humor. Esse tipo de circunstância acontece provavelmente entre alguns humoristas, que com o propósito único de divertir várias plateias e, com isso, ganhar notoriedade e melhorar financeiramente, ofendem, xingam e criam estereótipos de, principalmente, certos grupos minoritários.”

Posteriormente, ele faz a relação de causa e consequência, comprovando de que maneira a ausência de limites no humor gera danos, comprovando a reflexão anterior:

“Essa atitude é extremamente negativa para essas minorias, pois com esse tipo de humor inferiorizador cria-se, na sociedade, visões pejorativas e fixas sobre os alvos dessas piadas, fazendo com que se sintam ofendidos e segregados da coletividade geral. Um exemplo de como isso é presente atualmente é o caso do humorista Rafinha Bastos, que mesmo sendo processado inúmeras vezes por suas piadas ofensivas, nega os danos causados e alega “animus jocandi”, ou seja, segundo ele – e muitos outros humoristas, suas intenções eram apenas de divertir seu público.”

No parágrafo seguinte, em contrapartida, o autor demonstra de que maneira a liberdade de expressão pode ser usufruída para a reflexão por meio do humor:

“Já por outro lado, o humor mostra-se como uma ferramenta viável para o entretenimento quando seus propósitos vão além das fáceis piadas discriminatórias. Nesse sentido, muitos artistas tentam promover, através da comicidade, uma visão crítica de aspectos negativos de nosso cotidiano, utilizando-se do humor como um meio de, sobretudo, fazer os indivíduos pensarem.”

Logo, partindo do humor como meio de reflexão, o vestibulando justifica o seu posicionamento por meio de um exemplo:

“Dessa forma, esse tipo de “humor reflexivo”, além de proporcionar o divertimento, também motiva os cidadãos a buscarem por mudanças em fatos adversos à vida em coletividade. Por conta desses tantos pontos positivos, essa maneira de se fazer o humor tem se tornado preferência de muitos públicos, como o exemplo do canal humorístico ‘Porta dos Fundos’, que é o que possui mais inscritos no Youtube no país dos brasileiros.”

Assim, o autor abordou tanto a necessidade de limites para a liberdade de expressão quanto o uso benéfico do livre discurso para o humor, mostrando que ambas as práticas coexistem em sociedade.

Artigo 07: COMO FAZER A PROPOSTA DE INTERVENÇÃO NA CONCLUSÃO DA REDAÇÃO DO ENEM

Você não precisa salvar o mundo e nem pensar em uma supersolução! Para garantir uma boa pontuação, basta fazer uma intervenção completa e bem estruturada. Vem ver como arrebentar na sua Redação Enem!

A grande diferença entre a Dissertação do Enem para os Textos Dissertativos que são cobrados pelos outros vestibulares é a Proposta de Intervenção na conclusão da Redação. No Enem, ela é tão importante que possui uma competência só para ela, garantindo 20% da tua nota final. Quer saber como garantir estes 200 pontos? Vamos aprender isso nesta aula!

Para começar, é importante entender que, diferente do que muita gente fala, você não precisa solucionar nenhum problema. A Competência 5 avalia uma Proposta de Intervenção. Ou seja, você precisa intervir para buscar diminuir o problema, mas dificilmente conseguiríamos resolver questões tão complexas em tão poucas linhas, certo? Então, em primeiro lugar, pode se desfazer da “neura” de querer resolver tudo… Você só precisa tentar amenizar o problema, ok?

Como escrever uma Proposta de Intervenção? Fonte: https://bit.ly/2DCkyKx

Dito isso, para uma boa avaliação na Competência 5, é preciso que você apresente uma proposta completa, com os elementos que iremos apresentar no decorrer da aula, e não várias intervenções superficiais. Lembre-se que a sua nota da competência não tem relação com a quantidade de propostas apresentadas nem com a ordem em que os elementos aparecem no texto, mas com a qualidade e completude do que você propõe.

O QUE DEVE CONTER A PROPOSTA DE INTERVENÇÃO?

Para que uma Proposta de Intervenção seja considerada completa e, portanto, receber nota máxima, ela precisa conter quatro elementos constitutivos e mais um detalhamento. Veja no diagrama os elementos necessários:

Elementos essenciais da proposta de intervenção

Agora, vamos ver qual a função de cada um desses Elementos e como elaborá-los, além de reconhecê-los em uma Proposta de Intervenção completa:

1. AÇÃO

É o Elemento que diz respeito à ação prática/executável necessária para intervir no problema apresentado no decorrer do texto.

DICA: Deixe claro que o que você está apresentando é uma Proposta, uma Intervenção. Para isso, utilize expressões com caráter propositivo, como “é preciso”, “é necessário”, “tal agente deve/precisa”.

2. AGENTE

É o Elemento que diz respeito a quem deve executar a ação interventiva que se propõe. Normalmente trata-se de órgãos do governo, como ministérios ou secretarias, ou agentes que atuam diretamente nas comunidades (igrejas, escolas, associações de bairro, conselhos comunitários…).

3. MODO/MEIO

É o Elemento que diz respeito à maneira e/ou aos recursos pelos quais a ação interventiva é realizada. Este elemento é um dos mais importantes da proposta, pois mostra como ela é pode ser efetivada, ou seja, mostra que ela é possível.

Dica: Para marcar bem que o elemento apresentado é um meio, utilize expressões que demonstrem modo, como “por meio de” ou “mediante a”.

4. EFEITO

É o elemento que corresponde aos resultados pretendidos com ação interventiva proposta.

Dica: Para marcar linguisticamente o seu efeito, utilize expressões que indiquem finalidade, como “para” e “a fim de”.

5. DETALHAMENTO

É o Item que não pertence ao grupo dos Elementos, mas acrescenta informações à ação interventiva, ao agente, ao modo/meio ou ao efeito. Para que a sua proposta esteja completa, é necessário apenas um detalhamento. Todavia, como este aspecto é que mais gera dúvidas nos candidatos, sugerimos que você opte por detalhar pelo menos dois itens da sua Proposta de Intervenção.

Dica: De maneira geral, o Detalhamento se trata de uma explicação ou exemplificação. Por isso, coloque-o entre vírgulas e crie apostos ou orações explicativas.

Para finalizar, vamos conferir três exemplos de Propostas completas para que você revise todos os Elementos vistos nesta aula.

Viu como não tem mistério? Você não precisa de várias Propostas, vários Agentes ou várias Ações. Para conseguir os 200 pontos e dar mais um passo rumo à nota 1000, basta estruturar uma Proposta que contenha todos os Elementos citados acima de forma bem apresentada e o mais detalhada possível.

Artigo 08: LEITURA DA COLETÂNEA E ELABORAÇÃO DO TÍTULO DA REDAÇÃO DO ENEM

Neste post você verá dicas de como melhorar o uso da Coletânea de Apoio e como pode relacioná-la à elaboração do título de sua Redação do Enem. Dessa forma você poderá resumir o seu texto, guiar o leitor e fortalecer a sua argumentação.

Ao elaborar a redação, seu ponto de partida serão as informações que a própria prova te dá: o nome dessas informações é Coletânea de Apoio. Ela pode te ajudar nos parágrafos de desenvolvimento e também pode servir como base para a elaboração do Título da redação. Mas não basta repetir os dados e citações ao longo do seu texto: você deve saber utilizar essas informações adequadamente. Nesse post, te ensinamos como usar a coletânea de apoio!

Quando se trabalha com vários textos, geralmente, há um tema em comum, apesar de cada um ter a sua própria tese. O tema sairá dos pontos em comum entre essas teses.

Se há várias teses na coletânea, é interessante que você as discuta para que não haja redução do tema. O ideal é resumir cada texto com suas próprias palavras. Criará, com isso, a intertextualidade com a coletânea. Esses resumos mesclados às questões de cultura pessoal é o que se convencionou chamar de uso da coletânea.

LEITURA DA COLETÂNEA DE APOIO

Mapear o campo de debate:

Os temas selecionados pelas provas envolvem problemas que geram polêmica na sociedade. Por trás das teses e argumentos conflitantes, há interesses e visões de mundo distintas, de diversos grupos sociais e ideológicos. A leitura da coletânea, articulada ao repertório do candidato, deve ser suficiente para que ele possa ter uma noção razoável dos interesses em jogo, dos setores da sociedade implicados no debate e dos valores defendidos por cada um deles.

Identificar argumentos e possibilidades de contra argumentar:

Esse mapeamento dos setores sociais permitirá tomar ciência de alguns dos principais argumentos utilizados por cada uma das correntes ideológicas na defesa de suas teses. Isso também deve servir como estímulo para o candidato formular possíveis refutações, os contra argumentos.

Reconhecer pontos a ressalvar:

Ao entrar em contato com os argumentos apresentados na defesa do posicionamento contrário ao seu, o candidato deve avaliar a conveniência de fazer ressalvas, ou seja, admitir a validade de algum argumento contrário para depois considerá-lo menos relevante que seus argumentos pessoais.

Questionar-se:

As três etapas anteriores devem servir de estímulo à reflexão crítica, propiciando maior densidade e personalidade à dissertação.

Intertextualidade:

Mesmo aplicando as dicas anteriores, há temas em que persiste a impressão de que não temos muito a dizer. Isso costuma ocorrer, principalmente, com as propostas que abordam questões mais abstratas, as chamadas questões filosóficas.

Nesses casos, um caminho proveitoso é iniciar o texto apresentando as idéias presentes nos fragmentos de texto que compõem a proposta, buscando estabelecer relações entre elas. Como propostas desse tipo são normalmente mais complexas, a demonstração de que se foi capaz de captar o problema em questão, decifrando os textos da proposta e estabelecendo relações entre eles, já é um grande passo.

ELABORANDO O TÍTULO DA REDAÇÃO

Via de regra, o Título é uma Síntese precisa do Texto. Sua função é, portanto, estratégica na articulação desse mesmo texto. Você pode usar a informação da sua coletânea de apoio para criá-lo e resumir a sua ideia.

O Título da Redação:

• Nomeia o texto após sua produção, sugere o sentido do mesmo.

• Desperta o interesse do leitor para o tema proposto

• Estabelece vínculos com informações textuais e extratextuais como as experiências linguísticas e as vivências sociais e pessoais do leitor

• Contribui para a orientação da conclusão à que o leitor deverá chegar

Ou seja, o título da redação pode servir a várias funções, desde resumir o texto a provocar sensações no leitor: provocá-lo, criar suspense, ironizar, etc.

COMO IDENTIFICAR UM TÍTULO MAL ESCOLHIDO:

• Contém erros gramaticais ou há mau uso de palavras ou expressões.

• Não capta a intensidade das emoções e sensações expressas no texto.

• Contradiz a tese dada pelo texto.

• É apelativo, pois: faz mau uso de ditados populares ou frases famosas, salientando clichês.

FIQUE ATENTO ÀS REGRAS SOBRE O TÍTULO DA REDAÇÃO!

Cada prova tem as suas regras e orientações para os candidatos. Mesmo que todas pareçam iguais e padronizadas, você deve ler atentamente as instruções!

Se a instrução da prova exigir a colocação do título, faça-o ou perderá pontos preciosos na prova. Se a instrução exigir que não se coloque título, então não o coloque. Enfim, se as orientações nada disserem sobre isso, proceda da forma como melhor lhe convier.

Artigo 09: COESÃO E COERÊNCIA – REDAÇÃO ENEM

Veja exemplos positivos de coesão e coerência que vão fortalecer a sua visão sobre o assunto e, consequentemente, a sua redação do Enem.

Acreditamos que você já esteja familiarizado com os termos Coesão e Coerência, um dos principais critérios de análise de uma dissertação. Contudo, você sabe realmente o que isso significa?

Coesão é a propriedade de se organizar um texto de modo a garantir a progressão do raciocínio e sua objetividade. Assim, um texto coeso evita repetições, frases muito longas e acrescenta uma informação nova referente ao tema a cada parágrafo, fazendo com que a produção seja também coerente, isto é, com que tenha progressão argumentativa.

Vamos observar um texto que possua elementos de coesão e coerência. Note que seus efeitos são perceptíveis tanto na microestrutura (parágrafo ou período) quanto na macro (texto).

INTRODUÇÃO:

Inicialmente, o autor contextualiza o tema: “Alunas(1) do Ensino Médio e Fundamental do Colégio(2) Anchieta, em Porto Alegre, organizaram um protesto(3) contra a proibição do uso de “shortinhos”(4)no ambiente escolar.”

Depois, inicia uma reflexão que apresentará a tese: “Mais do que um movimento(3) a favor da liberação do uso de roupa(4), o ato revela a consciência crítica das estudantes(1) frente a entrada de preconceitos sociais nas instituições de ensino”(2). Perceba que o autor evita a repetição de vários termos por meio de sinônimos, o que torna o texto mais objetivo. Grifamos com cores diferentes os termos retomados de um período para o outro.

Então, ele finalmente apresenta a tese: “Desse modo, em uma sociedade ainda tão machista, a permissão do uso de “shortinho”, nas escolas, é uma medida socioeducacional positiva contra o assédio às mulheres e contra a objetificação e sexualização do corpo feminino.” Note que o conectivo “desse modo” deixa claro para o leitor que a tese é uma conclusão proveniente da delimitação do tema e de uma reflexão anterior, tornando o raciocínio evidente.

Outro ponto importante é a escolha de léxico, isto é, de vocabulário. Ao evitar a repetição de palavras e escolher sinônimos, o autor também fez uma escolha em relação à argumentação. Quando utiliza as palavras: sociedade machista, medida socioeducacional, assédio, objetificação, sexualização; ele não apenas apresenta um ponto de vista, como também o enfatiza. Isso ocorre, pois a relação entre “proibição do uso de shortinhos” e “objetificação e sexualização do corpo feminino” fica óbvia, tornando claro o posicionamento do autor.

PARÁGRAFO DO DESENVOLVIMENTO:

Nesse parágrafo, gostaríamos de enfatizar o uso de conectivos, o que torna a lógica interna muito mais clara, tanto para o leitor quanto para a banca que corrigirá o texto.

O autor inicia o raciocínio com uma explicação, deixando claro que a partir dela haverá uma conclusão, a qual aparece como tópico frasal: “Visto que o pensamento machista sobrevive em diversos espaços da sociedade, como em publicidades e em famílias com tradições patriarcais, não demora muito para que reflexos (5) apareçam nas escolas.”. Assim, o conectivo “visto que” evidencia o sentido explicativo, da mesma forma que “como”, a comparação.

Posteriormente, o vestibulando utiliza o conectivo “segundo”, o qual indica que uma autoridade provavelmente será citada, o que confere credibilidade à argumentação. É a partir da citação que ele constrói o raciocínio base para a crítica desse parágrafo: “Segundo o sociólogo Émile Durkeim, aliás, a educação é, na sua base, a imagem da concepção social dominante. Nesse (7) contexto, adolescentes meninas, quando privadas (5) do direito de usarem as roupas que desejam (5) por causa de uma possível ‘vulgaridade’, são tratadas (5) como objetos que precisam se reprimir em sinal de respeito aos outros.”.

Após a argumentação, há a crítica que encerra o raciocínio. Para inseri-la, observe que o conectivo “por causa de” é utilizado, deixando clara a relação entre fato apresentado e conclusão do parágrafo: “Por causa dessa (7) repressão, estimula-se a sexualização do corpo das mulheres e, como consequência, o assédio àquelas (7) que expressam o seu direito natural de vestirem tudo aquilo que desejam. O resultado, conforme o blog “Think Olga”, é que meninas de até mesmo nove anos de idade já sofrem alguma intimidação, seja oral, psicológica ou física.”. Além disso, há também a indicação de um especialista no assunto por meio do conectivo “conforme”.

Gostaríamos de ressaltar também o uso de pronomes demonstrativos e omissões para evitar a repetição de palavras, grifamos em cores diferentes para que você possa identificar esse mecanismo com facilidade. Apenas lembre-se: nenhum recurso coesivo deve ser usado de forma exagerada. O Uso excessivo de pronomes demonstrativos também é um problema de coesão.

OUTRO DO DESENVOLVIMENTO:

Agora, observe que para retomar o parágrafo anterior e apresentar um objetivo, o autor utiliza tanto o conectivo “para” quanto a expressão “esse cenário”: “Para a reversão desse cenário, a liberação do uso dos “shortinhos” pode ser uma incrível ferramenta pedagógica, que estimula a tolerância à exposição do físico feminino.

Muito mais eficiente do que a imposição proibitiva, dogmática e irracional, a concessão de liberdade ao vestuário das alunas retoma a função de vanguarda das escolas. Meninos e meninas, por exemplo, que durante o ensino fundamental e médio, períodos indispensáveis na formação de um bom caráter, encarem com naturalidade a autonomia da mulher sobre o que tem vontade de vestir, serão indivíduos mais críticos com atitudes machistas.

Além disso, eles entenderão que um shortinho nunca representa meninas ‘provocantes’, mas mulheres confiantes e autônomas.”. Perceba também o uso de “por exemplo” para ilustrar o raciocínio e de “além disso” para somar informações. Todos esses mecanismos contribuem para a construção de um texto coeso e coerente.

CONCLUSÃO:

Já na conclusão, o autor reafirma a tese e a justifica retomando os pontos chave da argumentação. Observe que ele poderia utilizar um conectivo conclusivo no início do parágrafo de modo a enfatizar a ideia de fechamento. Contudo, houve apenas o uso de conectivo aditivo, o qual para evitar a repetição, poderia ser substituído por “fora combater o machismo”. “(Logo) A concessão de liberdade às alunas, no caso do uso de shortinho, é a melhor solução a ser adotada pelas escolas. Além de combater o machismo, que leva ao assédio sexual, a tolerância forma jovens críticas quanto a objetificação da figura feminina”.

Finalmente, vamos observar como os mecanismos de coesão e coerência contribuem para a análise do texto como um todo: Além de observar o uso de conectivos, sinônimos e pronomes, é interessante notar a progressão de críticas evidenciada por esses mecanismos.

A primeira parte do raciocínio diz respeito ao posicionamento crítico dos jovens frente a atitude da escola, considerando-a machista. Para embasar esse posicionamento, o vestibulando apresenta no primeiro parágrafo do desenvolvimento a teoria de Durkheim, o que embasa a crítica de que instituições, como a escola, assimilam comportamentos sociais, no caso, o machismo. Já no segundo parágrafo do desenvolvimento, ele defende que a liberdade é uma medida educacional mais válida que o dogma. Para, então, na conclusão, reafirma a liberação como medida educativa que combate a objetificação feminina.

Depois, a medida escolar é apresentada como uma forma de opressão misógina. O que é comprovado no primeiro parágrafo por meio dos dados do blog “Think Olga”, o que corrobora a ideia de hipersexualização da mulher. No segundo parágrafo do desenvolvimento, esse aspecto também é enfatizado ao demostrar a necessidade um geração futura que encare com naturalidade a autonomia feminina em relação ao seu corpo e roupas. Logo, na conclusão, o raciocínio é reafirmado, mostrando que a liberação do uso de shortinhos combateria o machismo e consequente abuso sexual.

Assim, fica claro que cada parte do texto trouxe argumentação nova, a qual fortalece o posicionamento inicial, fazendo com que o texto seja coerente e progressivo.

Artigo 10: COESÃO E COERÊNCIA NA REDAÇÃO ENEM: EVITE REDUNDÂNCIAS E REPETIÇÕES

Atenção para a redundância e a repetição de palavras em sua redação do Enem. Veja dicas de como tornar o seu texto mais coeso e coerente, evitar as redundâncias e repetições e fortalecer a sua argumentação!

Um dos pontos avaliados na sua Redação Enem é a Coesão e a Coerência do seu texto. Um texto coeso é aquele que apresenta uma conexão evidente e harmoniosa entre os seus parágrafos. Confira aula gratuita e depois veja um texto aprovado pelo MEC como Redação Nota 1000.

Para que um texto seja avaliado como coeso é preciso que o autor utilize palavras e expressões que deem uma sequência lógica às frases. Já a coerência de um texto reside na relação lógica entre as ideias apresentadas. Um texto coerente é aquele que mantém a mesma “linha de pensamento” do seu início até o fim. Assim, Coesão e Coerência somam pontos na a correção da Redação do Enem.

Para você treinar em casa redações com Coesão e Coerência, vamos observar neste post os problemas de coesão mais comuns e as possíveis medidas para solucioná-los. Para isso, utilizaremos um texto que iremos analisar ao longo da nossa aula. Vem com a gente e arrase na sua Redação Enem.

No parágrafo de introdução do texto que vamos analisar a seguir, é possível observar vários pontos problemáticos em relação à Coesão e Coerência, e que vamos pontuar utilizando números para identificá-los:

• A repetição de palavras (1),

• A ausência de conectivos (2),

• O uso excessivo de pessoalidade (3) (primeira pessoa do plural – nós),

• Marcas de oralidade devido a erros no uso da norma culta (4),

• Redundância do raciocínio (5), e,

• O senso comum (6).

• Veja o texto a seguir para identificar estes pontos problemáticos:

“A palavra uniforme (1) faz menção à igualdade, já que o uniforme (1) escolar serve para identificação, nivelamento social, ou (1) em outros ofícios, ressaltar traços de quem o utiliza, como (1) a sabedoria dos jalecos (6) ou (1) a autoridade de uma farda.

Assim (2), roupas dão a primeira impressão de uma pessoa (6), ou (1) talvez a única, se nunca (5) chegarmos (3) a conhecer (5) ela (4). Logo (2), é o jeito mais fácil de dizer ao mundo quem (6) somos (3), como (1) estamos (3) nos sentindo e o que (5) vamos (3) fazer (5).”

EQUÍVOCOS NA COESÃO E COERÊNCIA

Como você pode ver, além dos problemas listados acima, existe a contradição entre os termos igualdade e nivelamento social, o qual não é explicado de acordo com o tema.

Para tornar esse parágrafo mais competitivo, poderíamos utilizar sinônimos, inserir conectivos, utilizar a terceira pessoa do singular, observar o uso correto da norma culta e evitar ideias vagas ou muito próximas ao senso comum. Observe como ele pode melhorar:

“A palavra uniforme faz menção à igualdade, já que o vestuário serve para a identidade coletiva, reconhecimento ou em profissões, para enfatizar características, como a autoridade de uma farda. Assim, roupas são uma forma de comunicação social.”

Veja que para manter a ideia de “igualdade”, a palavra “coletiva” é utilizada a fim de reiterar esse sentido. Ademais, a tese é colocada de maneira mais formal e distante do senso comum “roupas são uma forma de comunicação social”.

Agora, no próximo parágrafo do desenvolvimento, existe uma descrição(6) com traços literários que generaliza a situação do saneamento básico no Brasil, sendo pouco objetiva e criando um cenário mais passional que argumentativo. Além disso, há períodos muito longos(7), como o segundo e uma metáfora(8) não desenvolvida ao final do parágrafo. Observe:

“O fétido cheiro da podridão espalha-se pela cidade, praias e rios, enquanto isso bueiros entupidos e esgotos clandestinos entopem e poluem o ambiente e finalmente, ratos e baratas surgem para completar a festa. (6) Em um cenário que remete ao medievo, as cidades brasileiras sofrem cada vez mais com a falta de saneamento básico, obra fundamental para o bom funcionamento do ambiente urbano, cuja falta é sentida e sofrida pela população, que dá seu jeito para contornar o completo abandono e descaso político (7). Afinal, olhos são a barganha dos partidos para movimentar o curral eleitoral e a questão, como tudo na vida, é puramente política.”(8)

Novamente os problemas de Coesão e Coerência aparecem. Para tornar esse parágrafo mais coeso e coerente, poderíamos relacionar a descrição em seu início com uma área brasileira específica, tornando-a mais objetiva.

Além disso, teríamos de utilizar períodos mais curtos articulados por conectivos, evitar marcas de oralidade e tornar a metáfora mais didática.

“Não há água encanada nas casas que estimule a hábitos de higiene, prática básica para a profilaxia de muitas doenças. Além disso, o esgoto corre a céu aberto, desafiando a civilidade e tornando-se estopim de pragas urbanas. Essa é a realidade de 33 cidades brasileiras que não possuem distribuição de água, como Santarém, e de mais outros 2.000 mil municípios sem tratamento de esgoto.

Logo, em um cenário que remete ao medievo, brasileiros sofrem cada vez mais com a falta de saneamento básico, obra fundamental para o bom funcionamento urbano. Sendo que sua ausência afeta diretamente a população, a qual tem de lidar com o descaso político.

Afinal, investimentos visíveis aos olhos, como pavimentação, iluminação pública ou construções, acabam agindo em detrimento daqueles em infraestrutura. Portanto, a atenção política movimenta-se por interesses publicitários dos partidos e não pelo bem estar social.”

Ficou bem melhor, não é mesmo?

Para reforçar, assista nossa videoaula de Como tirar 1000 na Redação do Enem e outra aula sobre Como ter Coesão e Coerência!

Dica do Curso Enem Gratuito

Complete agora a sua revisão lendo uma Redação Enem Nota 1000 aprovada pelo Ministério da Educação com a nota máxima:

REDAÇÃO ENEM 2017 NOTA 1000: BEATRIZ ALBINO SERVILHA (RIO DE JANEIRO)

EDUCAÇÃO INCLUSIVA

Durante o século XIX, a vinda da Família Real ao Brasil trouxe consigo a modernização do país, com a construção das escolas e universidades. Também, na época, foi inaugurada a primeira escola voltada para a inclusão social de surdos.

Não se vê, entretanto, na sociedade atual, tal valorização educacional relacionada à comunidade surda, posto que os embates que impedem sua evolução tornam-se cada vez mais evidentes. Desse modo, os entraves para a educação de deficientes auditivos denotam um país desestruturado e uma sociedade desinformada sobre sua composição bilíngue.

A princípio, a falta de profissionais qualificados dificulta o contato do portador de surdez com a base educacional necessária para a inserção social. O Estado e a sociedade moderna têm negligenciado os direitos da comunidade surda, pois a falta de intérpretes capacitados para a tradução educativa e a inexistência de vagas em escolas inclusivas perpetuam a disparidade entre surdos e ouvintes, condenando os detentores da surdez aos menores cargos da hierarquia social.

Lê-se, pois, é paradoxal que, em um Estado Democrático, ainda haja o ferimento de um direito previsto constitucionalmente: o direito à educação de qualidade.

Além disso, a ignorância social frente à conjuntura bilíngue do país é uma barreira para capacitação pedagógica do surdo. Helen Keller – primeira mulher surdo-cega a se formar e tornar-se escritora – definia a tolerância como maior presente de uma boa educação.

O pensamento de Helen não tem se aplicado à sociedade brasileira, haja vista que não se tem utilizado a educação para que se torne comum aos cidadãos a proximidade com portadores de deficiência auditiva, como aulas de Libras, segunda língua oficial do Brasil.

Dessa forma, torna-se evidente o distanciamento causado pela inexperiência dos indivíduos em lidar com a mescla que forma o corpo social a que possuem. Infere-se, portanto, que é imprescindível a mitigação dos desafios para a capacitação educacional dos surdos.

Para que isso ocorra, o Ministério da Educação e Cultura deve realizar a inserção de deficientes auditivos nas escolas, por meio da contratação de intérpretes e disponibilização de vagas em instituições inclusivas, com o objetivo de efetivar a inclusão social dos indivíduos surdos, haja vista que a escola é a máquina socializadora do Estado.

Ademais, a escola deve preparar surdos e ouvintes para a convivência harmoniosa, com a introdução de aulas de Libras na grade curricular, a fim de uniformizar o laço social e, também, cumprir com a máxima de Nelson Mandela que constitui a educação como segredo para transformar o mundo. Poder-se-á, assim, visar a uma educação, de fato, inclusiva no Brasil.

Fonte: https://g1.globo.com/educacao/noticia/leia-redacoes-nota-mil-do-enem-2017.ghtml

Dica do Curso Enem – Desenvolver os Argumentos com Coesão e Coerência estão no centro da elaboração da Redação. De acordo como Manual do Ministério da Educação para a Redação do Enem, a Estrutura do texto dissertativo-argumentativo deve ser organizada em três movimentos clássicos.

Veja a divisão e as aulas correspondentes no Curso Enem Gratuito. Acesse os links para melhorar sua preparação para a Redação do Enem:

1. – Introdução (criar uma Tese ou um Ponto de Vista);

2. – Desenvolvimento (os Argumentos); e,

3. – Conclusão (a Proposta de Intervenção).

Artigo 11: COMO ABORDAR TEMAS DE POLÍTICA E CIDADANIA NA REDAÇÃO DO ENEM

Aprenda técnicas argumentativas para escrever sobre temas envolvendo política e cidadania. Com estas dicas você vai fazer uma redação incrível no Enem!

O tema da Redação do Enem é sempre uma “caixinha de surpresas”. Mas, saber lidar com um tema que envolva questões políticas e sociais é essencial.

Se eu pudesse apostar em um tema para o Enem deste ano, com certeza envolveria estes temas geradores! Então, nesta aula, vou te dar dicas de como compreender e investigar a coletânea de informações fornecidas pela proposição de tema, assim como elaborar bem o caminho que você vai trilhar ao longo de sua escrita. Vamos lá?

(Veja 10 Modelos de Redação Nota Mil)

Quando você se depara com um tema que aborde política e cidadania, é sempre importante que “de cara” você reflita sobre algumas questões pertinentes ao tema. Você precisa fazer mentalmente algumas perguntas sobre o tema que irão te orientar na montagem da sua redação. Veja alguns exemplos:

– Em relação ao tema proposto, como é a nossa realidade?

– Por que ela é assim? Quais as causas disso?

– Quais as possíveis consequências disso?

– Sempre foi assim ou em outras épocas era diferente?

– Como é em outras culturas?

– Trata-se de algo benéfico/maléfico para qual aspecto?

– É possível mudar? É necessário mudar?

– Como esse tema é abordado pelas artes (literatura, artes plásticas, cinema etc.)?

– Existem exemplos concretos (atuais, históricos, fictícios)?

Esse brainstorming (debate) nos ajuda a selecionar informações mais críticas e adequadas ao gênero dissertativo. Por exemplo, vamos imaginar que para o próximo Enem caísse o tema: Os valores do século XXI. Como poderíamos partir de algo tão amplo a um texto dissertativo organizado e objetivo? Como trabalhar nesse tema as questões de política e cidadania? Vamos refletir um pouquinho com base nas perguntas listadas acima.

– Quais são os valores do século XXI de acordo com a nossa realidade? Podemos selecionar grandes áreas que sejam passíveis de comprovação. Por exemplo, na Economia, os valores são regidos por critérios capitalistas, tais como meritocracia, liberdade em relação ao Estado, exploração das forças de trabalho, livre concorrência e acúmulo de capital. Para um texto dissertativo, poderíamos escolher algum desses valores e desenvolvê-lo. Vamos trabalhar com a meritocracia e o acesso à educação?

– Quais são as causas de valores capitalistas na sociedade atual? Podemos apontar fatos históricos, como a ascensão do Neoliberalismo após a Segunda Guerra Mundial – os Estados Unidos se afirma como principal país neocolonialista, coordenando diversos acordos político – econômicos; como a abertura do mercado brasileiro no governo de Kubitschek, o que aumenta o poder de consumo do país com preços mais baratos, mas não o resguarda socialmente, o que a longo prazo acirra a desigualdade social e influencia novamente o potencial de consumo.

– Quais as possíveis consequências disso? A suposta desvinculação da Economia com o Estado traz diversas consequências sociais ao país, como o desmonte das escolas públicas devido aos poucos investimentos sociais de base. Isso acentua a desigualdade social e aumenta a tensão em relação a medidas de curto prazo, como o sistema de cotas em universidades.

– Sempre foi assim ou em outras épocas era diferente? O sistema capitalista não é um privilégio do século XXI, mas dentro de seu contexto, apresenta batalhas complexas, como o cumprimento dos Direitos Humanos num sistema que privilegia a posse de capital para ascensão social. Ou seja, para qualificar-se profissionalmente e ter acesso à casa própria, lazer, alimentação adequada; é necessário acesso à educação, o que acontece para a maior parte da população via instituições particulares, seja no Ensino Básico ou Superior (devido à concorrência desproporcional em vestibulares de universidades públicas).

– Como é em outras culturas? Nem toda cultura é afetada pelo capitalismo da mesma forma. Pelo Brasil ser um país em desenvolvimento, com histórico de Colônia de Exploração, os avanços sociais não encontram tanta vazão em iniciativas econômicas, havendo grande dependência do Estado para acentuar desigualdades sociais. Por exemplo, o país necessita cada vez mais de mão de obra qualificada, mas a maioria dos adolescentes tem acesso à educação pública com investimento escasso e pouca infraestrutura.

– Trata-se de algo benéfico/maléfico para qual aspecto? No contexto atual, o sistema meritocrático de educação é falho, pois não oferece as mesmas oportunidades e viabilidades sociais para que haja livre concorrência e estimulação de mercado. Os jovens de baixa renda não possuem o mesmo acesso à ensino e oportunidades e profissionalização.

– É possível mudar? É necessário mudar? Uma sociedade socialmente equilibrada gera maior consumo e estimula projetos que possam torná-la sustentável numa parceria de comunidades regionais, educação e economia.

– Como esse tema é abordado pelas artes (literatura, artes plásticas, cinema etc.)? Muitos autores modernistas trabalham esse tema, como Jorge Amado com Capitães da Areia ou Clarice Lispector em A hora da estrela.

– Existem exemplos concretos (atuais, históricos, fictícios)? Podemos mencionar as cotas para a população negra e indígena, além do congelamento de 20 anos nos investimentos na educação.

Dessa forma, esse esquema nos ajuda a selecionar informações que podem ser utilizadas de maneira mais sucinta na defesa de uma tese:

– Introdução com o ponto de vista a ser defendido: Valores econômicos capitalistas, como a supervalorização da posse de capital e meritocracia tem eficiência questionável no contexto brasileiro.

– Argumentos que o comprovam no desenvolvimento: Pelo nosso esquema, podemos apontar questões históricas, consequências sociais e até mesmo relação literárias.

– Conclusão com medida de intervenção: Podemos mencionar que é preciso mudar e quais fatos concretos poderiam ser trabalhados.

Vamos analisar uma redação de verdade com o mesmo tema? De que maneira esse texto poderia ser melhor elaborado se houvesse um brainstorming mais amplo?

EXEMPLO DE REDAÇÃO

COLORIDA PRIMAVERA

Iracemas, Capitus. Os operários da Tarsila, o grito do Munch. Cada um desses personagens e imagens representa uma época, um valor. Como José de Alencar pintaria Iracema hoje? Como seriam os olhos de Capitu? Talvez os operários continuariam apáticos, e o grito continuaria profundo. No entanto, seriam, certamente, cinzas. Borrada, disforme, opaca: essa é a imagem do nosso tempo.

Em vez do verde reluzente, uma grande pista de concreto. Nesse ritmo frenético de vida faz cada vez mais perdemos as cores do nosso cotidiano. A revolução Industrial e os avanços no desenvolvimento tecnológico não mudaram apenas a produção e as relações comerciais; mudara, sobremaneira, a aquarela do mundo. Cada vez mais fumaça, mais asfalto. O mundo caminha para a homogeneidade cromática, e nossos olhos não enxergam mais o verde da mata, o azul do céu e o amarelo do sol. Nesse quadro, os cabelos de Iracema seriam tão negros quanto as águas do Tietê, e a morena virgem seria tão veloz quanto o último modelo da Ferrari. Seus pés não acariciariam mais a pelúcia da mata nascente, mas sofreriam com a imundice das calçadas e ruas.

Além da ausência do verde da mata, há a ausência da empatia no olhar das pessoas. A cada dia, acostumamo-nos a dar as costas ao sofrimento alheio. Temos contas a pagar, tarefas a cumprir, coisas a comprar. Nessa sociedade de concreto e de consumo, Não há espaço para imagens de solidariedade e amor genuíno. Não visualizamos o correr dos rios porque estamos vidrados na possibilidade de comprar um piano e pagar em 12 vezes, sem juros, no cartão. Esse consumismo substituiu o amor ao próximo pelo amor ao produto e agora a nossa face expressa a indiferença ao outro. Nesse contexto, as relações pessoais se tornariam opacas, vazias. A imagem de um homem bicho catando lixo não mais indigna os Bandeiras, e os olhos de Capitu, dissimulados, seriam de um cinza paulistano um tanto tóxico.

Apesar do semblante apático da maioria dos operários modernos, ainda há Pedro Balas gritando por socorro, suplicando por mudanças. O grito profundo e desesperado clama por mais respeito ao próximo e ao meio ambiente. As manifestações de jovens conectados ao mundo mostram que nossa geração pode transformar a realidade: basta que ela grite e se proponha a agir. Afinal, não transformamos o quadro cinza de hoje em uma linda imagem de primavera sem que haja vontade e mobilização.

Iracemas, Capitus, os operários de Tarsila e o grito de Munch. Muitas imagens foram criadas na literatura e nas artes, a fim de representarem uma época, uma realidade. O desenvolvimento da indústria e tecnologia moldurado pelo capitalismo faz do nosso tempo um grande borrão cinza: sem paisagem, sem semblante, sem nada. No entanto, mudanças estão por vir, evidenciando o poder do grito jovem, para fazer do quadro do amanhã não uma imagem expressionista, mas um colorido quadro de primavera.

ANÁLISE DA REDAÇÃO

A partir desse exemplo de redação, veja como um corretor do Enem analisaria a produção textual:

Introdução: X autor inicia a redação com exemplos da literatura e das artes plásticas. Em seguida, traz perguntas que os relacionam com atualidade. É importante ressaltar que essas perguntas precisam ser respondidas durante o texto e que devem direcionar à tese.

Desenvolvimento: X autor inicia o primeiro argumento com uma imagem que sugere a destruição da natureza, tópico frasal do parágrafo. Em seguida, inicia a discussão da ideia com argumentos que remontam à causa da destruição da natureza e finaliza o parágrafo com um exemplo da literatura.

X autor introduz o segundo argumento por meio de uma expressão aditiva, evidenciando a relação semântica com o parágrafo anterior, e mostra a ideia central que será desenvolvida no parágrafo (relações pessoais). Para desenvolver a ideia, faz uma reflexão crítica, repleta de intertextualidades. O autor finaliza o parágrafo com exemplos da literatura. Nesse momento, já seria interessante trabalhar também com dados, fatos ou eventos histórias, de modo a sair da analogia e evidenciar como isso ocorre em sociedade.

O terceiro argumento é introduzido por uma conjunção concessiva (apesar de), o que demonstra a relação semântica com o parágrafo anterior, além de evidenciar, por meio de uma intertextualidade, o tópico frasal que será desenvolvido. A ideia central é desenvolvida por meio de uma reflexão crítica, com linguagem metaforizada. Para finalizar a ideia, o autor, faz referência, de forma implícita, a um acontecimento recente: a Primavera Árabe, o qual poderia ser aproveitado de forma mais direta.

Conclusão: A conclusão do texto traz, no início, a retomada dos exemplos mencionados na introdução. É importante notar que as analogias feitas com a literatura são úteis, mas deixam a desejar na aplicação de conceitos, como a própria noção de capitalismo. É necessário aliá-la à abordagem de fatos sociais. Assim, apesar da síntese de argumentos, a tese (ideia defendida) ficou pouco objetiva.

Artigo 12: TEMAS DE REDAÇÃO ENEM: MEIO AMBIENTE E IMPACTO AMBIENTAL

Tem gente que se desespera quando se depara com temas sobre o Meio Ambiente. Como ser original e eficiente? Como não cair no senso comum?

As propostas de redação com temas relacionados ao meio ambiente têm sido recorrentes vestibulares de universidades nos últimos anos. Veja como você pode construir a Introdução; o Desenvolvimento; e a Conclusão para os temas de Impacto Ambiental e Meio Ambiente na Redação do Enem.

Na maioria das vezes em que pensamos sobre um tema de redação de meio ambiente para o Enem, imediatamente vêm alguns clichês à mente, tais como “poluição”, “desmatamento” ou “economia de água”. No desenvolvimento de uma redação com este tema esta é a primeira armadilha que você precisa evitar: cair no senso comum. (Veja 10 Modelos de Redação Nota Mil)

É fundamental que você entenda o que é Impacto Ambiental. Confira agora nesta aula do professor Carrieri:

Muito bom este resumo do professor Carrieri para você dominar o tema de Meio Ambiente na Redação do Enem.

Veja a seguir que é bem frequente cair Meio Ambiente como tema da Redação Enem ou de vestibulares. Confira a lista para você perceber que a relação Meio Ambiente versus Homem realmente não se resume apenas a estes clichês:

• 2000 – Água, Cultura e Civilização – Unicamp

• 2001 – Desenvolvimento e Preservação Ambiental: Como Conciliar Interesses em Conflito? – Enem

• 2007 – Agricultura – Unicamp

• 2008 – Preservação da Floresta Amazônica – Enem

• 2008 – Violência Indígena – UFSC

• 2013 – Fontes Geradoras de Energia Elétrica no Brasil – UFSC

Como você pode ver, os temas relacionados ao meio ambiente na redação do Enem não se restringem apenas à capacidade destrutiva dos seres humanos sobre a natureza. A relação homem e meio ambiente diz muito a respeito de questões históricas, econômicas e principalmente sociais.

Dessa maneira, quando você se deparar com um tema que aborde meio ambiente, é sempre importante que logo no início você elenque alguns pontos pertinentes ao Tema da Redação Enem.

Para isso, elabore em uma parte do rascunho algumas perguntas sobre o tema que irão te orientar na montagem da sua redação.

10 PERGUNTAS ESSENCIAIS SOBRE O TEMA DA REDAÇÃO ENEM:

1. Em relação ao tema proposto, como é a realidade brasileira (ou da região abordada)?

2. Por que ela é assim? Quais as causas disso?

3. Quais as possíveis consequências do fato abordado?

4. A relação homem-natureza sempre foi assim ou em outras épocas era diferente?

5. Como essa relação se estabelece em outras culturas ou povos em outras partes do mundo?

6. Trata-se de algo benéfico/maléfico para qual aspecto?

7. É possível mudar? É necessário mudar?

8. Existem exemplos concretos de intervenções (atuais, históricos, fictícios)?

9. Quais as consequências dessa relação para a saúde humana e de outros seres vivos?

10. O que esperar do resultado das relações homem-natureza estabelecidas?

Responder a estas perguntas, formando tópicos ou pequenos parágrafos, vai te ajudar a selecionar informações mais críticas e adequadas ao gênero dissertativo, organizando suas ideias. Veja agora com a professora Dani de Floripa, do Curso Enem Gratuito, como fazer a Introdução da Redação:

Muito boas estas dicas da professora Dani.

VAMOS VER COMO FUNCIONA, NA PRÁTICA?

Para começarmos a pensar em como podemos trabalhar se for este o tema da Redação Enem, veja o texto abaixo, um exemplo claro, que fez parte da coletânea do Enem 2008:

A proposta de redação dizia o seguinte:

Como você pode ver, nesta redação, a prova deu opções para escolha da linha de argumentos que o candidato deveria desenvolver. Neste ponto você deve pensar qual das propostas você poderia abordar mais facilmente.

Ou, para qual delas você tem maior conhecimento e bases para a sua argumentação. Para isso, você pode começar com a organização do seu “brainstorm” (chuva de ideias). Veja um exemplo:

– Em relação ao tema proposto, como é a realidade brasileira (ou da região abordada)?

A Amazônia brasileira, citada na coletânea é a floresta tropical mais biodiversa do planeta. Possui uma alta taxa de endemismo e guarda algumas das maiores populações de seres vivos ameaçados de extinção, como a onça-pintada.

Sua localização na região norte do país (onde a colonização foi mais tardia), retardou a sua degradação, porém atualmente é considerada uma área altamente ameaçada.

Por conta da sua posição geográfica, biodiversidade, concentração de carbono e taxas de evapotranspiração, a conservação da Amazônia é um ponto importantíssimo no combate ao avanço das mudanças climáticas.

– Por que ela é assim? Quais as causas disso?

Esse bioma vem sendo constantemente explorado pela indústria madeireira. Porém, os principais agentes de desmatamento da Amazônia são a monocultura (em especial de soja) e a pecuária.

Outro ponto que favorece a exploração ilegal deste ecossistema é a dificuldade de fiscalização desta região: o deslocamento se dá em grande parte por via fluvial e as extensas fronteiras com os países vizinhos facilitam práticas ilegais na floresta.

– Quais as possíveis consequências do fato abordado?

Além da perda de biodiversidade (cuidado com o clichê!), a própria coletânea cita uma consequência muito importante: a alteração no regime de chuvas, não só da região da floresta, mas de todo o país e até mesmo de países vizinhos.

– A relação homem-natureza sempre foi assim ou em outras épocas era diferente?

A Amazônia tem sua exploração mais desenvolvida nos últimos dois séculos, ao contrário da Mata Atlântica, que foi altamente desmatada por conta da colonização que se iniciou pelo litoral brasileiro. Porém, a exploração desta floresta ao longo da história tem se mostrado extremamente predatório, devastando vastas áreas.

Nos últimos 20 anos, com o avanço dos movimentos ambientais e o advento de novas tecnologias de monitoramento, a fiscalização tornou-se mais rígida e o avanço do desmatamento se tornou mais lento.

– Trata-se de algo benéfico/maléfico para qual aspecto?

A devastação de uma grande floresta como a Amazônia é altamente nociva. Vários são os problemas que podem ser gerados: perda de biodiversidade, alterações climáticas, perdas históricas e culturais, problemas relacionados às populações nativas etc.

– É possível mudar? É necessário mudar?

Aqui você já pode começar a pensar na sua intervenção. Neste caso, o tema te dá três opções para você desenvolver. Mas, todos devem levar em consideração que mudanças na relação homem-natureza não só são necessárias como também urgentes.

Neste caso, você pode citar não somente as questões das mudanças climáticas, mas também as ameaças de esgotamento de recursos naturais e como isto pode impactar nas populações humanas e até mesmo na economia.

– Existem exemplos concretos de intervenções (atuais, históricos, fictícios)?

Muitos projetos propõem diferentes meios de produção de bens e de alimentos em harmonia com o meio ambiente. A produção em lavouras orgânicas, o uso do sistema de agroflorestas (onde o cultivo de vegetais se dá em meio a vegetais remanescentes da floresta, integrando o cultivo às matas) e também o modo de produção da agricultura familiar são apontados como maneiras de produção menos impactantes.

– Quais as consequências dessa relação para a saúde humana e de outros seres vivos?

A perda de biodiversidade causada pela destruição de um ecossistema e as mudanças climáticas resultantes desse processo não são os únicos resultados desse processo. As mudanças climáticas podem gerar problemas à saúde humana, assim como deslocamento de populações de áreas que podem ser alagadas pelo aumento do nível dos oceanos.

A produção de alimentos pode se tornar cada vez mais difícil. O desaparecimento de espécies faz com que inúmeras substâncias químicas que poderiam ser utilizadas em medicamentos somem antes mesmo de serem estudadas.

– O que esperar do resultado das relações homem-natureza estabelecidas?

Mesmo as melhores previsões dos cientistas dizem que caso continuemos nesse ritmo exploratório da natureza a tendência é que em poucos anos tenhamos uma enorme escassez de diversos recursos naturais como a própria água.

Ufa! Viu como você pode apontar vários itens a partir da coletânea apresentada? Você pode fazer isso como o que fizemos acima, desenvolvendo as respostas (isso pode te ajudar, já que você pode aproveitar trechos de seus apontamentos na redação) ou ainda, listar tópicos. Só não esqueça de controlar seu tempo!

Agora, para você entender como desenvolver uma redação com tema relacionado ao meio ambiente, veja um exemplo de texto a partir do tema proposto no Enem de 2008:

“A floresta Amazônica vem sofrendo há muito tempo com o desmatamento, problema que compromete a realização natural do ciclo da água, prejudicando, assim, o funcionamento pleno deste bioma. Desse modo, é necessário preservar tal ambiente; e uma das maneiras de fazê-lo é a efetivação de pagamentos a proprietários de terra a fim de que parem de desmatar a floresta. Contudo, não se deve executar apenas esta ação.

O cumprimento de tal atitude pode, sim, diminuir o índice de desmatamento da Amazônia, já que os proprietários de terra podem utilizar este pagamento para suas necessidades ao invés do lucro que eles ganhariam se estivessem explorando os recursos naturais de forma exorbitante, o que significa que, pelo menos teoricamente, o padrão de vida desses indivíduos não seria alterado.

Por outro lado, há uma enorme probabilidade de que, mesmo recebendo dinheiro, alguns proprietários de terra continuem devastando a floresta para enriquecerem mais rapidamente, o que, com certeza, é uma evidência concreta da sociedade capitalista e ambiciosa contemporânea. Afinal, isto mostra que certas pessoas se preocupam apenas consigo mesmas, sem se importarem com o meio ambiente.

Além disso, devido à extensão territorial do Brasil, a verba enviada aos latifundiários da Amazônia pode não chegar a essa região, fazendo com que eles permaneçam desmatando-a. Outro motivo relevante para a ocorrência de tal evento é o fato de, infelizmente, existirem muitos corruptos neste país, os quais roubam parte do dinheiro.

Diante da problemática em questão, é indispensável que os ambientalistas promovam manifestações pacíficas que tenham como objetivo a conscientização dos adultos e do governo para que ambos compreendam que é necessária a preservação ambiental, pois só assim as gerações futuras terão meios de extrair da natureza o que é essencial para a sobrevivência.”

CONSTRUÇÃO E ANÁLISE DA REDAÇÃO:

E aí, você gostou da redação acima? Você faria parecido? O que melhoraria? Vamos fazer uma análise dessa redação para você compreender quais são os pontos bons e os que precisariam melhorar na construção desse texto:

Introdução: Na introdução o autor recontextualiza os dados apresentados na coletânea, introduzindo o tema e apresenta de forma direta a tese escolhida. Ainda assim, já deixa claro que ela seria insuficiente, cumprindo com a proposta de apresentar limitações. Isso é interessante, pois dá uma certa direção de como a redação irá se desenvolver para o leitor.

Argumentação: O segundo parágrafo apenas apresenta como funcionaria a proposta de pagar grandes latifundiários para que não desmatassem, mas não aborda quais seriam os impactos econômicos e sociais dessa medida, inclusive a sua real viabilidade. Sendo assim, este poderia ser um ponto fraco nesta redação. O ideal seria que você neste parágrafo apresentasse as consequências desse desmatamento, dando base para a argumentação nos próximos parágrafos.

Já no terceiro parágrafo, existe a abordagem do capitalismo de forma rasa, sem nem ao menos relacionar esse aspecto a um fato, dado ou aspecto social – como as questões indígenas, reforma agrária ou MST. Neste ponto, o autor da redação poderia contrapor a argumentação com alguns desses fatos, mostrando ao avaliador que tem uma certa bagagem sobre o tema.

No quarto parágrafo, há abordagem do desmatamento como se fosse uma questão que envolvesse apenas grande proprietários e não toda uma estrutura política histórica que caminha nessa direção. Mais uma vez, trabalhar com fatos evita generalizações e clichês, como “políticos corruptos”.

Conclusão: Finalmente, a medida de intervenção aborda a conscientização – aspecto que não foi nem ao menos mencionado durante o desenvolvimento. Contudo, não fica claro como ela influenciaria propostas tão distantes como “pagar latifundiários para não desmatar” e “viver apenas com o essencial para a sobrevivência”.

Como você pode ver, essa redação acabou sendo bastante rasa em muitos pontos, o que poderia levar a uma perda de pontos. Para que você não caia neste tipo de armadilha, é importante que você tenha uma boa leitura sobre este tema.

Use as redes sociais a seu favor: siga páginas que tratem sobre temas relacionados ao meio ambiente. Esse tema da Redação Enem funciona como um gerador, possibilitando (como vimos no início dessa aula) uma enorme variedade de abordagens. Então, fique ligado(a), pois ele pode aparecer no seu Enem!

Artigo 13: REDAÇÃO ENEM NOTA 1000: VEJA 10 MODELOS APROVADOS PELO MEC

Mandar bem na redação do Enem é essencial para conseguir uma boa nota. Sozinha, ela vale até mil pontos e pode abrir os caminhos para você passar em cursos disputados. Veja 10 modelos selecionados pelo MEC que separamos para você estudar e se garantir na tão sonhada Redação Enem Nota 1000.

A correção oficial das provas do Exame Nacional do Ensino Médio é muito exigente. Não tem moleza para conseguir que o seu Texto Dissertativo-Argumentativo seja aprovado como uma Redação Enem nota 1000. O Curso Enem Gratuito selecionou para você 10 textos que foram premiados com a tão sonhada nota máxima.

Para alcançar uma nota excelente é preciso marcar pontos nas cinco competências que são avaliadas. Cada competência vale 200 pontos. A notícia boa é que se tem quem já conseguiu, por que é que você também não pode chegar lá? Veja aqui o passo a passo e as redações de referência positiva.

(Veja 10 Modelos de Redação Nota Mil)

AS COMPETÊNCIAS DA REDAÇÃO ENEM NOTA 1000

1. Demonstrar domínio da Norma Culta da língua escrita;

2. Compreender a Proposta da Redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo;

3. Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista;

4. Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a Construção da Argumentação;

5. Elaborar uma Proposta de Intervenção para o problema abordado, mostrando respeito aos valores humanos e considerando a diversidade sociocultural.

A equipe do Curso Enem Gratuito selecionou para você 10 textos aprovados pelos professores que corrigem as provas. Cada Redação Enem nota 1000 está reproduzida a seguir para você ler com calma e comparar com seus rascunhos.

Confira os Textos Dissertativos-Argumentativos aprovados com a nota máxima no Enem das edições de 2015, 2016, 2017 e 2018.

VEJA O TIME DE CAMPEÕES DA REDAÇÃO ENEM

1. Lucas Felpi – 2018

2. Maria Juliana Bezerra da Costa – 2017

3. Ana Beatriz Vasconcelos Coelho – 2017

4. Ester Godinho Sousa – 2017

5. Marcus Vinícius M. de Oliveira – 2017

6. João Vitor Vasconcelos Ponte – 2016

7. Giovanna Tami Soares Takahashi – 2016

8. Gabriela Almeida Costa – 2014

9. Júlia Curi Augusto Pereira – 2015

10. Alícia Cristine Salomé Rozza – 2015

11. Lucas Domingos Ribeiro – 2015

MODELOS DE REDAÇÃO ENEM NOTA 1000

Leia os textos e perceba como cada um dos autores e autoras abordou o tema, criou a tese (ou ponto de vista), desenvolveu os argumentos e apresentou a proposta de intervenção na conclusão. Quando você for treinar a sua redação, tente se espelhar nos exemplos abaixo!

1 – CANDIDATO LUCAS FELPI – ENEM 2018

Tema: “Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet”

No livro 1984 de George Orwell, é retratado um futuro distópico em que um Estado totalitário controla e manipula toda forma de registro histórico e contemporâneo, a fim de moldar a opinião pública a favor dos governantes. Nesse sentido, a narrativa foca na trajetória de Winston, um funcionário do contraditório Ministério da Verdade que diariamente analisa e altera notícias e conteúdos midiáticos para favorecer a imagem do Partido e formar a população através de tal ótica.

Fora da ficção, é fato que a realidade apresentada por Orwell pode ser relacionada ao mundo cibernético do século XXI: gradativamente, os algoritmos e sistemas de inteligência artificial corroboram para a restrição de informações disponíveis e para a influência comportamental do público, preso em uma grande bolha sociocultural.

Em primeiro lugar, é importante destacar que, em função das novas tecnologias, internautas são cada vez mais expostos à uma gama limitada de dados e conteúdos na internet, consequência do desenvolvimento de mecanismos filtradores de informações a partir do uso diário individual.

De acordo com o filósofo Zygmund Bauman, vive-se atualmente um período de liberdade ilusória, já que o mundo globalizado não só possibilitou novas formas de interação com o conhecimento, mas também abriu portas para a manipulação e alienação semelhantes vistas em “1984”. Assim, os usuários são inconscientemente analisados pelos sistemas e lhes é apresentado apenas o mais atrativo para o consumo pessoal.

Por conseguinte, presencia-se um forte poder de influência desses algoritmos no comportamento da coletividade cibernética: ao observar somente o que lhe interessa e o que foi escolhido para ele, o indivíduo tende a continuar consumindo as mesmas coisas e fechar os olhos para a diversidade de opções disponíveis.

Em um episódio da série televisiva Black Mirror, por exemplo, um aplicativo pareava pessoas para relacionamentos com base em estatísticas e restringia as possibilidades para apenas as que a máquina indicava – tornando o usuário passivo na escolha. Paralelamente, esse é o objetivo da indústria cultural para os pensadores da Escola de Frankfurt: produzir conteúdos a partir do padrão de gosto do público, para direcioná-lo, torná-lo homogêneo e, logo, facilmente atingível.

Portanto, é mister que o Estado tome providências para amenizar o quadro atual. Para a conscientização da população brasileira a respeito do problema, urge que o Ministério de Educação e Cultura (MEC) crie, por meio de verbas governamentais, campanhas publicitárias nas redes sociais que detalhem o funcionamento dos algoritmos inteligentes nessas ferramentas e advirtam os internautas do perigo da alienação, sugerindo ao interlocutor criar o hábito de buscar informações de fontes variadas e manter em mente o filtro a que ele é submetido.

Somente assim, será possível combater a passividade de muitos dos que utilizam a internet no país e, ademais, estourar a bolha que, da mesma forma que o Ministério da Verdade construiu em Winston de “1984”, as novas tecnologias estão construindo nos cidadãos do século XXI.

Fonte: Blog do Enem

2 – CANDIDATA MARIA JULIANA BEZERRA DA COSTA – ENEM 2017

Tema: “Desafios para Formação Educacional de Surdos”

Em razão de seu caráter excessivamente militarizado, a sociedade que constituía a cidade de Esparta, na Grécia Antiga, mostrou-se extremamente intolerante com deficiências corpóreas ao longo da história, tornando constante inclusive o assassinato de bebês que as apresentassem, por exemplo.

Passados mais de dois mil anos desta prática tenebrosa, ainda é deploravelmente perceptível, sobretudo em países subdesenvolvidos como o Brasil, a existência de atos preconceituosos perpetrados contra essa parcela da sociedade, que são o motivo primordial para que se perpetue como difícil a escolarização plena de deficientes auditivos.

Esse panorama nefasto suscita ações mais efetivas tanto do Poder Público quanto de instituições formadoras de opinião, com o escopo de mitigar os diversos empecilhos postos frente à educação desta parcela social.

É indubitável, de fato, que muitos avanços já foram conquistados no que tange à efetivação dos direitos constitucionais garantidos aos surdos brasileiros.

Pode- se mencionar, por exemplo, a classificação da Libras – Língua Brasileira de Sinais como segundo idioma oficial da nação em 2002, a existência de escolas especiais para surdos no território no Brasil e as iniciativas privadas que incluem esses cidadãos como partícipes de eventos – como no caso da plataforma do Youtube Educação, cujas aulas sempre apresentam um profissional que traduz a fala de um professor para a língua de sinais.

Apenas medidas flagrantemente pontuais como essas, contudo, são incapazes de tornar a educação de surdos efetiva e acessível a todos que necessitam dela, visto que não só a maioria dos centros educacionais está mal distribuída no país, mas também a disponibilidades de professores específicos ainda é escassa, além de a linguagem de sinais ainda ser desconhecida por grande parte dos brasileiros.

No que tange à sociedade civil, nota-se a existência de comportamentos e de ideologias altamente preconceituosos contra os surdos brasileiros.

A título de ilustração, é comum que pais de estudantes ditos “normais” dificultem o ingresso de alunos portadores de deficiência auditiva em classes não específicas a eles, alegando que tal parcela tornará o “ritmo” da aula mais lento; que colegas de sala difundam piadas e atitudes maldosas e que empresas os considerem inaptos à comunicação com outros funcionários.

Essas atitudes deploravelmente constantes no Brasil ratificam a máxima atribuída ao filósofo Voltaire: “Os preconceitos são a razão dos imbecis”.

Urge, pois, a fim de tornar atitudes intolerantes restritas à história de Esparta, que o Estado construa mais escolas para deficientes auditivos em municípios mais afastados de grandes centros e promova cursos de Libras a professores da rede pública – por meio da ampliação de verbas destinadas ao Ministério da Educação e da realização de palestras com especialistas na educação de surdos –, em prol de tornar a formação educacional deles mais fácil e mais inclusiva.

Outrossim, é mister que instituições formadoras de opinião – como escolas, universidades e famílias socialmente engajadas – promovam debates amplos e constantes acerca da importância de garantir o respeito e a igualdade de oportunidades a essa parcela social, a partir de diálogo nos lares, de seminários e de feiras culturais em ambientes educacionais.

Assim, reduzir-se-ão os empecilhos existentes hoje em relação à educação de surdos na Nação, e formar-se-ão cidadãos mais aptos a compreender a necessidade de respeito a eles, afinal, segundo o filósofo Immanuel Kant: “O homem não é nada além daquilo que a educação faz dele”.

Fonte: Colégio Ari de Sá e Blog do Enem

3 – CANDIDATA ANA BEATRIZ VASCONCELOS COELHO – ENEM 2017

Tema: “Desafios para Formação Educacional de Surdos”

No atual contexto social brasileiro, a inclusão de surdos nas instituições de ensino é um verdadeiro desafio que, muitas vezes, não é realizado de forma efetiva, gerando implicações negativas para toda a população. Essa situação fomenta uma atuação mais empenhada por parte do Poder Público e da sociedade em geral no sentido de evidenciar causas e de buscar soluções conjuntas para mudar a referida realidade.

Acerca dessa discussão, é válido ressaltar que, apesar da criação do Estatuto da Pessoa com deficiência, no ano de 2016, o qual garante um sistema inclusivo em todos os níveis de ensino para os indivíduos portadores de deficiência, o país ainda carece de escolas preparadas para acolher esses estudantes.

A referida precariedade tem como uma de suas causas a falta de preocupação das autoridades públicas em formar professores capacitados a oferecer aulas em libras, pois, apesar dessa forma de comunicação já ser reconhecida como a segunda língua oficial do país, ela ainda é pouco difundida.

Com isso, é possível inferir que, ao negligenciar o aprimoramento da formação educacional de surdos, o Estado não está agindo de acordo com o pensamento do economista Arthur Leuris, o qual afirma que, gastos com educação são investimentos com retorno garantido.

Ademais, outra grande dificuldade ao oferecer uma educação de qualidade para os surdos é o preconceito que eles podem sofrer. Segundo dados publicados no jornal Estadão, cerca de 77% dos deficientes já foram vítimas de alguma forma de agressão, como o preconceito.

Tal circunstância pode ser extremamente prejudicial para esses alunos, já que, o sentimento de inferioridade causado pode ser determinante para que haja a evasão escolar.

Portanto, cabe ao Estado voltar mais recursos para a criação de cursos que ofereçam aulas de libras para professores que desejam atuar no ensino de alunos surdos, isso pode ser alcançado por meio de uma administração de gastos mais responsável, visando a capacitação de mais profissionais aptos para exercer essa profissão.

Além disso, é dever da comunidade escolar realizar campanhas educativas sobre o respeito que todos devem ter pelos portadores de necessidades especiais, tais ações devem ser feitas por meio de “banners” e palestras com profissionais especializados no assunto, com o fito de diminuir a evasão escolar desses indivíduos e os casos de preconceito que eles sofrem.

Fonte: Plataforma SAS e Blog do Enem

4 – CANDIDATA ESTER GODINHO SOUSA – ENEM 2017

Tema: “Desafios para Formação Educacional de Surdos”

A plenitude do processo educacional das populações é uma questão essencial para o desenvolvimento psicossocial nas nações, visto que práticas basilares, como a manutenção de vínculos empregatícios e o exercício da cidadania, são bastante facilitados.

No Brasil, entretanto, esse setor vem sendo prejudicado por problemas estruturais e sociais históricos, a exemplo da insuficiência de projetos voltados à educação inclusiva, que são evidenciados nos prejuízos durante a formação intelectual da expressiva parcela populacional de surdos, como a dificuldade de ingresso no mercado de trabalho, fatos que contrariam os preceitos dos Direitos Humanos e reduzem o desempenho socioeconômico da nação.

Diante disso, os desafios para a formação educacional dos surdos no Brasil representam uma questão de urgente resolução.

Decerto, um dos principais desafios referentes à problemática é a inserção efetiva dos deficientes auditivos no sistema de educação fundamental devido, principalmente, à insuficiência de práticas inclusivas, como cursos sistemáticos de capacitação dos docentes para a utilização da Língua Brasileira de Sinais, aliada à ocorrência expressiva de casos de violência e de discriminação, como o “bullying”, que difundem a sensação de vulnerabilidade social e prejudicam a permanência desses alunos no ambiente escolar.

Tendo em vista esses aspectos, mudanças jurídicas, como a implementação da lei que obriga as instituições de ensino a matricularem alunos portadores de deficiência sem a cobrança de pagamentos adicionais, vêm auxiliando no combate à discriminação dos surdos e no acesso regular a todas as etapas de ensino.

Entretanto, a fiscalização insuficiente da aplicabilidade dessa medida ainda limita o registro de melhorias mais efetivas.

Além do desafio supracitado, a difusão histórica de estereótipos inferiorizantes relacionados aos surdos prejudica o ingresso efetivo de muitos jovens com formações educacionais exemplares no mercado de trabalho, mesmo diante do progresso representado pela efetivação da Lei de Cotas, que determina a ocupação de um número significativo de cargos nas empresas por portadores de deficiência; fato que reduz a população economicamente ativa do país e dificulta a garantia de outros direitos fundamentais dos surdos, como o acesso a atividades de lazer, que dependem diretamente da conquista de independência financeira, por exemplo, desestimulando, assim, a continuidade das atividades educacionais por esses indivíduos.

Logo, é necessário que ONGs em defesa da causa enviem petições para o governo cobrando maiores investimentos em práticas inclusivas no setor educacional, como o oferecimento de cursos gratuitos de capacitação dos docentes para a democratização do ensino e a integração efetiva dos surdos, aliados à intensificação da fiscalização da aplicação das leis relacionadas já existentes, por meio de campanhas que estimulem as denúncias populacionais sobre escolas que rejeitam o ingresso de alunos surdos, por exemplo, para que a identificação e o combate de situações discriminantes e violentas sejam facilitadas, estimulando, assim, a valorização desses indivíduos e o desempenho adequado de suas capacidades psíquicas nesse nível educacional.

Ademais, profissionais conscientes, como médicos, podem ministrar palestras, para serem divulgadas no meio virtual, que esclareçam sobre o fato das capacidades psicológicas não serem afetadas por problemas auditivos, para que estereótipos preconceituosos sejam “descontruídos”, facilitando, assim, o desempenho psicossocial desses indivíduos surdos e o progresso da nação.

5 – CANDIDATO MARCUS VINÍCIUS M. DE OLIVEIRA – ENEM 2017

Tema: “Desafios para Formação Educacional de Surdos”

No Brasil, o início do processo de educação de surdos remonta ao Segundo Reinado. No entanto, esse ato não se configurou como inclusivo, já que se caracterizou pelo estabelecimento de um “apartheid” educacional, ou seja, uma escola exclusiva para tal público, segregando-o dos que seriam considerados “normais” pela população.

Assim, notam-se desafios ligados à formação educacional das pessoas com dificuldade auditiva, seja por estereotipação da sociedade civil, seja por passividade governamental.

Portanto, haja vista que a educação é fundamental para o desenvolvimento socioeconômico do referido público e, logo, da nação, ela deve ser efetivada aos surdos pelos agentes adequados, a partir da resolução dos entraves vinculados a ela.

Sob esse viés, pode-se apontar como um empecilho à implementação desse direito, reconhecido por mecanismos legais, a discriminação enraizada em parte da sociedade, inclusive dos próprios responsáveis por essas pessoas com limitação.

Isso pode ser explicado segundo o sociólogo Talcot Parsons, o qual diz que a família é uma máquina que produz personalidades humanas, o que legitima a ideia de que o preconceito por parte de muitos pais dificulta o acesso à educação pelos surdos.

Tal estereótipo está associado a uma possível invalidez da pessoa com deficiência e é procrastinado, infelizmente, desde o Período Clássico grego, em que deficientes eram deixados para morrer por serem tratados como insignificantes, o que dificulta, ainda hoje, seu pleno desenvolvimento e sua autonomia.

Além do mais, ressalte-se que o Poder Público incrementou o acesso do público abordado ao sistema educacional brasileiro ao tornar a Libras uma língua secundária oficial e ao incluí-la, no mínimo, à grade curricular pública. Contudo, devido à falta de fiscalização e de políticas públicas ostensivas por parte de algumas gestões, isso não é bem efetivado.

Afinal, dados estatísticos mostram que o número de brasileiros com deficiência auditiva vem diminuindo tanto em escolas inclusivas – ou bilíngues – como em exclusivas, a exemplo daquela criada no Segundo Reinado. Essa situação abjeta está relacionada à inexistência ou à incipiência de professores que dominem a Libras e à carência de aulas proficientes, inclusivas e proativas, o que deveria ser atenuado por meio de uma maior gerência do Estado nesse âmbito escolar.

Diante do exposto, cabe às instituições de ensino com proatividade o papel de deliberar acerca dessa limitação em palestras elucidativas por meio de exemplos em obras literárias, dados estatísticos e depoimentos de pessoas envolvidas com o tema, para que a sociedade civil, em especial os pais de surdos, não seja complacente com a cultura de estereótipos e preconceitos difundida socialmente.

Outrossim, o próprio público deficiente deve alertar a outra parte da população sobre seus direitos e suas possibilidades no Estado civil a partir da realização de dias de conscientização na urbe e da divulgação de textos proativos em páginas virtuais, como “Quebrando Tabu”.

Por fim, ativistas políticos devem realizar mutirões no Ministério ou na Secretaria de Educação, pressionando os demiurgos indiferentes à problemática abordada, com o fito de incentivá-los a profissionalizarem adequadamente os professores – para que todos saibam, no mínimo, o básico em Libras – e a efetivarem o estudo da Língua Brasileira de Sinais, por meio da disponibilização de verbas e da criação de políticas públicas convenientes, contrariando a teórica inclusão da primeira escola de surdos brasileira.

6 – CANDIDATO JOÃO VITOR VASCONCELOS PONTE – ENEM 2016

Tema: “Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil”

O Brasil foi formado pela união de diversas bases étnicas e culturais e, consequentemente, estão presentes em seu território várias religiões. Entretanto, nem essa diversidade nem a liberdade religiosa garantida pela Constituição Cidadã faz com que o país seja respeitoso com as diferentes crenças.

Fazendo uma analogia com a filosofia kantiana, a intolerância existente pode ser vista como o resultado de fatores inatos ao indivíduo com o que foi incorporado a partir das experiências vividas. Em primeiro lugar, é notória a dificuldade que há no homem em aceitar o diferente, principalmente ao se tratar de algo tão pessoal como a religião.

Prova disso é a presença da não aceitação das crenças alheias em diferentes regiões e momentos históricos, como no Império Romano antigo, com as perseguições aos cristãos, na Europa Medieval, com as Cruzadas e no atual Oriente Médio, com os conflitos envolvendo o Estado Islâmico.

Também pode-se comprovar a existência da intolerância religiosa pela frase popular “religião não se discute”, que propõe ignorar a temática para evitar os conflitos evidentes ao se tratar do assunto.

Desse modo, nota-se que a intolerância não se restringe a um grupo específico e é, de certa forma, natural ao ser humano, o que, porém, não significa que não pode o deve ser combatida. Além da intolerância inata ao homem, há fatores externos que intensificam o problema.

No cenário brasileiro, o processo colonizador e seus legados, que perduram até hoje, são os principais agravantes desse preconceito. Desde a chegada dos europeus no país, as religiões diferentes da oficial são discriminadas.

Logo no início da colonização, o processo de catequização dos nativos foi incentivado, o que demonstra o desrespeito com as religiões indígenas, e, décadas depois, com o início do tráfico negreiro, houve também perseguição às religiões afrobrasileiras e a construção de uma imagem negativa acerca delas.

Toda essa mentalidade perpetuou-se no ideário coletivo brasileiro e, apesar dos avanços legais, faz com que essas religiões sejam as mais afetadas pela intolerância atualmente.

É necessário, pois, que se reverta a mentalidade retrógrada e preconceituosa predominante no Brasil. Para tal, o Estado deve veicular campanhas de conscientização, na TV e na internet, que informem a população sobre a diversidade religiosa do país e a necessidade de respeitá-las. Essas campanhas também podem, para facilitar a detecção e o combate ao problema, divulgar contatos para denúncia de casos de intolerância religiosa.

Concomitantemente, é fundamental o papel da escola de pregar a tolerância já que, segundo Immanuel Kant, “o homem é aquilo que a educação faz dele”. Portanto, a escola deve promover palestras sobre as diferenças crenças do país, ministradas por especialistas na área ou por membros dessas religiões, a fim de quebrar estereótipos preconceituosos e tornar os jovens mais tolerantes.

Fonte: Manual do Participante da Redação INEP/MEC

Comentário oficial do Inep/MEC sobre a redação do candidato João Vitor:

Nota-se pleno domínio do texto dissertativo-argumentativo, uma vez que o participante estrutura adequadamente sua redação, apresentando tese, argumentos que a corroboram e conclusão.

Além disso, o participante demonstra uma leitura atenta da proposta ao abordar o tema de forma completa em seu texto: logo no início, é apresentado o problema que será discutido, intolerância religiosa; no decorrer do texto, são explicitadas suas causas; e, ao final, são expostas as formas de combate a esse problema.

7 – CANDIDATA GIOVANNA TAMI SOARES TAKAHASHI – ENEM 2016

Tema: “Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil”

Segundo a atual Constituição Federal, o Brasil é um país de Estado laico, ou seja, a sociedade possui o direito de exercer qualquer religião, crença ou culto. Entretanto, essa liberdade religiosa encontra-se afetada, uma vez que é notório o crescimento da taxa de violência com relação à falta de tolerância às diferentes crenças.

Assim, diversas medidas precisam ser tomadas para tentar combater esse problema, incitando uma maior atenção do Poder Público, juntamente com os setores socialmente engajados, e das instituições formadoras de opinião.

Nesse contexto, vale ressaltar que a intolerância religiosa é um problema existente no Brasil desde séculos passados. Com a chegada das caravelas portuguesas, as quais trouxeram os padres jesuítas, os índios perderam a sua liberdade de crença e foram obrigados, de maneira violenta, a se converter ao catolicismo, religião a qual era predominante na Europa.

Além disso, os africanos escravizados que aqui se encontravam também foram impedidos de praticar seus cultos religiosos, sendo punidos de forma desumana caso desrespeitassem essa imposição.

Atualmente, constata-se que grande parcela da população brasileira herdou essa forma de pensar e de agir, tratando pessoas que acreditam em outras religiões de maneira desrespeitosa e, muitas vezes, violenta, levando instituições públicas e privadas à busca de soluções para reverter isso.

Sob esse viés, ressalta-se que algumas ações já foram realizadas, como a criação da lei de proteção ao sentimento religioso e à prática de diferentes cultos.

Entretanto, as medidas tomadas até então não são suficientes para inibir essa problemática, uma vez que a fraca punição aos criminosos e a falta de conscientização da sociedade são alguns dos principais motivos que ocasionam a persistência de atos violentos em decorrência da intolerância religiosa.

Outrossim, a falta de comunicação dos pais e das escolas com os jovens sobre esse assunto é um agravante do problema, aumentando as possibilidades destes agirem de maneira desrespeitosa.

Diante disso, para combater a intolerância religiosa, cabe ao Governo intensificar esforços, criando leis específicas e aumentando o tempo de punição para quem comete qualquer tipo de violência devido à religião.

Ademais, é necessária a criação de campanhas midiáticas governamentais de conscientização, com o apoio da imprensa socialmente engajada, e a divulgação destas através dos diversos meios de comunicação e das redes sociais, que mostrem a importância do respeito à liberdade de escolha e às diferentes crenças, uma vez que o Brasil é um país com inúmeros grupos e povos, cada um com seus costumes.

Além disso, a participação das instituições formadoras de opinião é de grande importância para a educação dos jovens com relação ao respeito às diferentes religiões, com as escolas realizando palestras e seminários sobre o assunto e as famílias intensificando os diálogos em casa.

Fonte: Manual do Participante da Redação do Enem – INEP/MEC

Comentário oficial do Inep/MEC sobre a redação da candidata Giovanna

Em relação aos princípios da estruturação do texto dissertativo-argumentativo, percebe-se que a participante apresenta tese, desenvolvimento de justificativas que comprovem essa tese e conclusão. Ou seja, a participante apresenta excelente domínio do texto dissertativo-argumentativo.

Além disso, o tema é abordado de forma completa: já no primeiro parágrafo, trata-se tanto da intolerância religiosa quanto dos caminhos para combatê-la, os quais serão desenvolvidos ao longo do texto.

Observa-se no texto a presença de repertório sociocultural no 2º parágrafo, em que a participante faz referência ao contexto histórico de conversão ao catolicismo dos índios e dos africanos escravizados no Brasil. Percebe-se, ao longo da redação, a presença de projeto de texto estratégico, que se configura na organização e no desenvolvimento do texto.

A participante apresenta informações, fatos e opiniões relacionados ao tema proposto, de forma consistente e organizada para defender seu ponto de vista de que a liberdade religiosa está afetada e são necessárias medidas do poder público e das instituições formadoras de opinião.

8 – CANDIDATA JÚLIA CURI AUGUSTO PEREIRA – ENEM 2015

Tema: A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira

Permeada pela desigualdade de gênero, a história brasileira deixa clara a posição inferior imposta a todas as mulheres. Essas, mesmo após a conquista do acesso ao voto, ensino e trabalho – negado por séculos – permanecem vítimas da violência, uma realidade que ceifa vidas e as priva do direito a terem sua integridade física e moral protegida.

O machismo e a misoginia são promovidos pela própria sociedade. Meninas são ensinadas a aceitar a submissão ao posicionamento masculino, ainda que estejam inclusas agressões e violência, do abuso psicológico ao sexual.

Os meninos, por sua vez, têm seu caráter construído à medida que absorvem valores patriarcais e abusivos, os quais serão refletidos em suas condutas ulteriores.

Um dos conceitos filosóficos de Francis Bacon, que declara o comportamento humano como contagioso, se aplica perfeitamente à situação. A violência de gênero, conforme permanece a ser reproduzida, torna-se enraizada e frequente.

Concomitantemente, a voz das mulheres é silenciada e suas manifestações são reprimidas, o que favorece o mantimento das atitudes misóginas. O ensino veta todo e qualquer tipo de instrução a respeito do feminismo e da igualdade de gênero e contribui com a perpetuação da ignorância e do consequente preconceito.

Ademais, os veículos de comunicação pouco abordam a temática, enquanto o Estado colabora com a Lei Maria da Penha, nem sempre eficaz, e com unidades da Delegacia da Mulher, em número insuficiente.

Entende-se, diante do exposto, a real necessidade de ações governamentais que garantam que a lei puna todos os tipos de violência, além da instalação de delegacias específicas em áreas necessitadas.

Cabe à sociedade, em parceria com a mídia e com as escolas, instruções sobre igualdade de gênero e campanhas de oposição à violência contra as mulheres. Essas, por fim, devem permanecer unidas, através do feminismo, em busca da garantia de seus direitos básicos e seu bem-estar social.

Fonte: Manual do Participante da Redação do Enem – INEP/MEC

Comentário oficial do Inep/MEC sobre a redação da candidata Júlia

O tema proposto no enunciado da prova é bem desenvolvido pela participante, por meio de argumentação consistente, fundamentada em repertório sociocultural produtivo, uma vez que cita Francis Bacon, extrapola as ideias apresentadas nos textos motivadores e focaliza a natureza machista e patriarcal da sociedade brasileira.

Apresenta também excelente domínio do texto dissertativo-argumentativo, com introdução, desenvolvimento e conclusão. O tema se desenvolve de modo fluente e articulado ao ponto de vista defendido, configurando autoria. Em defesa de seu ponto de vista, a texto apresenta informações relacionadas ao papel da educação e dos veículos de comunicação na construção da desigualdade entre os gêneros e do preconceito contra a mulher.

Ao elaborar sua excelente proposta de intervenção, que respeita os direitos humanos, a participante considera que são necessárias ações governamentais, como a multiplicação de delegacias especiais de atendimento à mulher, e ações da sociedade, dos meios midiáticos e do sistema educacional em campanhas de oposição à violência contra as mulheres.

A proposta de intervenção relaciona-se ao tema e resulta da discussão desenvolvida no texto, além de ser abrangente, bem elaborada e bem detalhada.

9 – CANDIDATA ALÍCIA CRISTINE SALOMÉ ROZZA – ENEM 2015

Tema: A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira

Na revolução de 1930, paulistas insatisfeitos com a falta do poder político que detinham na República do café com leite usaram a falta de uma constituição para se rebelar contra o governo Vargas. O presidente, cedendo às pressões, garantiu na nova Constituição um direito nunca antes conquistado pela mulher: o direito ao voto.

A inclusão da mulher na sociedade como cidadã, porém, não foi o suficiente para deter o pensamento machista que acompanhou o Brasil por tantos séculos – fato evidenciado nos índices atuais altíssimos de violência contra a mulher.

De acordo com o Mapa da Violência de 2012, entre 1980 e 2010 houve um aumento de 230% na quantidade de mulheres vítimas de assassinato no país; além disso, 7 de cada 10 mulheres que telefonaram para o Ligue 180 afirmaram ter sido violentadas pelos companheiros.

Em países como o Afeganistão, a mulher que trai o marido é enterrada até que somente a cabeça fique à mostra e, então, é apedrejada; apesar de reagirmos com horror perante tal atrocidade, um país que triplica a quantidade de mulheres mortas em 30 anos deve ser tratado com igual despeito quando se trata do assunto.

Apesar de acharmos que a mentalidade do povo melhora com o passar do tempo, a mentalidade brasileira mostra crescente atraso quanto à igualdade de direitos entre os gêneros, e tal mentalidade leva a fatalidades que deveriam ser raras em pleno século XXI.

Uma pesquisa feita pela Rede Globo mostrou que, entre homens e mulheres entrevistados, mais da metade afirmou que mulheres que vestem roupas curtas merecem ser abusadas sexualmente. A violência contra a mulher começa exatamente com as regras implícitas que a sociedade impõe: se a mulher não seguir tal regra, merece ser violentada.

Portanto, apesar de todos os direitos conquistados constitucionalmente pelo sexo feminino, normas culturais que passam entre gerações fazem o pensamento conservador e machista se perpetuar e ser a justificativa para as atrocidades físicas e psicológicas cometidas contra a mulher.

Muitas vezes presa a um relacionamento de muito tempo, a mulher aceita a condição à qual é submetida e se nega a procurar algum tipo de ajuda.

A mudança deve acontecer de três formas: primeiramente, a mulher não pode deixar-se levar pelo pensamento machista da sociedade e deve entender que não há justificativa para a agressão; pessoas que têm conhecimento de mulheres que aceitam a violência, por sua vez, devem telefonar para o Ligue 180 com ou sem o consentimento da vítima; e, por fim, a geração atual deve preocupar-se em deixar de transmitir culturalmente a ideia de que o gênero feminino é inferior. Para que as gerações seguintes vivam em um país igualitário, a mudança começa agora.

Comentário oficial do Inep/MEC sobre a redação da candidata Alícia

Apresenta excelente domínio do texto dissertativo-argumentativo, com introdução, desenvolvimento e conclusão. A redação organiza-se em quatro parágrafos bem construídos e bem articulados entre si.

Em seu texto, o tema é desenvolvido de modo consistente e autoral em defesa de seu ponto de vista, por meio do acesso a outras áreas do conhecimento, com progressão fluente e articulada ao ponto de vista defendido.

O ponto de vista defendido é o de que é necessário combater efetivamente o pensamento machista e conservador “que acompanhou o Brasil por tantos séculos” e que promove a perpetuação da violência contra a mulher.

10 – CANDIDATO LUCAS DOMINGOS RIBEIRO – ENEM 2015

Tema: A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira

“A história da humanidade é a história da luta…” das mulheres. Karl Marx, filósofo e sociólogo alemão, baseou seu pensamento na extinção gradual das classes sociais e das diferenças presentes na sociedade moderna. Analogamente, percebe-se, no âmbito das relações sociais humanas, a presença de um grupo que não foge à luta por seus direitos: a população feminina.

Por viverem em um país patriarcal — herança herdada dos tempos do Império — as mulheres brasileiras permanecem à deriva da sociedade. Levando isso em consideração, recebem maus tratos e são menosprezadas por homens e chefes de famílias. Na ótica aristotélica, a mulher é concebida como a encarnação de um homem ruim.

Este fato talvez justifique o alto índice de violência contra o espírito feminino em voga no Brasil, subjugado por homens e até mesmo mulheres que desrespeitam a igualdade do gênero.

Segundo o Mapa da Violência de 2012, milhares de mulheres foram assassinadas, como também muitas delas sofreram com os mais diversos tipos de agressão, incluindo agressões de caráter físico, com predomínio de 51,68% dos casos.

Entretanto, existem movimentos e organizações que têm como compromisso a redução dos descasos com a figura da mulher, como a campanha contra o feminicídio, que une cidadãs em prol do combate ao patriarcalismo que impera na sociedade brasileira.

Infelizmente, nem toda comunidade feminina se junta e segue esses princípios. Geralmente, as mulheres aceitam a dominação e, no viés de Max Weber, só há dominação se houver aceitação.

Não se deve esquecer que as atitudes femininas são sutis, levando-as a questionarem o poderio de uma denúncia a uma delegacia de polícia mais próxima.

Portanto, com o intuito de atenuar os maus tratos e a submissão da mulher na contemporaneidade, cabe ao Estado a fiscalização da Lei Maria da Penha e também a aplicação da mesma com maior rigor.

Além disso, é papel da sociedade a criação de fóruns de discussão sobre os direitos da mulher, inspirados em grandes figuras adeptas à valorização feminina, como Frida Kahlo e Simone de Beavouir.

Cabe à mídia a divulgação de casos de violência doméstica, via televisão e internet, que promoverão a conscientização da sociedade a respeito do quanto a mulher tem valor.

Fonte: Manual do Participante do Enem INEP/MEC

Comentário oficial do Inep/MEC sobre a redação do candidato Lucas

Pelas estruturas linguísticas, pela seleção lexical e pela escolha de registro, o participante demonstra que tem excelente domínio da modalidade escrita formal da Língua Portuguesa.

O participante desenvolve o tema proposto no enunciado da prova mediante argumentação consistente, baseada em repertório sociocultural produtivo, apresentando ideias e informações para além das compiladas pelos textos motivadores, haja vista a referência a Karl Marx, Aristóteles, Max Weber, Frida Kahlo e Simone de Beauvoir.

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Artigo 14: TEMAS DE REDAÇÃO ENEM – VEJA A LISTA SUGERIDA

Tentar acertar o tema da redação do Enem nunca é fácil. Ainda assim, conhecendo o histórico da prova, fizemos uma seleção de seis temas prováveis para a prova deste ano. Confira para ir treinando seus rascunhos.

Ninguém sabe dizer, com certeza, qual será o tema da redação do Enem 2019. Se alguém estiver anunciando por aí que sabe pode apostar que é mentira! Temos aqui uma coleção de sugestões com temas quentes para este ano.

Mas, justamente por essa incerteza é que nós, do Curso Enem Gratuito, recomendamos aos candidatos que estudem sobre Temas de Redação variados e treinem escrever sobre eles ao longo da preparação para o Enem.

Confira as sugestões da professora Dani, do Canal Curso Enem Gratuito, e depois confira também a lista completa com os temas de redação indicados por todos os professores do curso.

Muito boas estas dicas da Professora Dani!

Agora, veja as apostas dos professores para o tema da redação do Enem deste ano. A ao final do post você tem uma análise dos temas que caíram nas últimas edições do Exame Nacional do Ensino Médio!

1. A RESPONSABILIDADE POR DANOS AMBIENTAIS

Faz tempo que o Enem não cobra, na redação, algo ligado à temática do meio ambiente. Por isso, acreditamos que o tema pode ser proposto em 2019.

Vale lembrar que em 2015 aconteceu uma das maiores tragédias ambientais da história brasileira: o rompimento de uma barragem da mineradora Samarco na cidade de Mariana, em Minas Gerais (foto). E, agora em 2019 o país viveu a tragédia do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho (MG), com mais de 200 mortos.

Os desastres causaram não apenas centenas de mortes e deixaram famílias desabrigadas. Além disso, os vazamentos de lama contaminada causaram (e causam ainda) impacto ambiental grave na região, poluindo rios e matando plantas e animais.

Em 2019 completam-se 4 anos do ocorrido em Mariana, até hoje, uma das maiores insatisfações da população e dos defensores do meio ambiente é a demora para a devida reparação pelos danos causados. A justiça é lenta, e as empresas ficam protegidas pela legislação arcaica.

Para saber como desenvolver uma redação sobre o tema, é importante saber o que é impacto ambiental! Além disso, temos um post que fala sobre como abordar temas ligados ao meio ambiente na redação do Enem.

Se você quiser se aprofundar nos desastres ambiental da Samarco e da Vale, recomendamos o episódio 159 do podcast Mamilos, intitulado Rio Doce: da lama ao caos.

2. VACINAS E O MOVIMENTO ANTI-VACINAÇÃO NO BRASIL

Apesar de as vacinas terem a segurança e a eficácia comprovadas cientificamente, movimentos contrários a elas vêm crescendo nos últimos anos. Com medo de possíveis efeitos adversos da imunização, muitos pais deixam de vacinar seus filhos, contrariando os protocolos médicos.

O movimento anti-vacinação ganhou tal força no Brasil que em 2018 e 2019 o país passou a enfrentar um surto de sarampo, doença que se considerava erradicada no País. Apesar de ter renovado as campanhas de vacinação para crianças e adultos, o alcance da imunização permanece abaixo do esperado, representando um problema grave e crescente a ser combatido.

Considerando a relevância do tema, preparamos um post sobre a importância das vacinas e o movimento anti-vacinação no Brasil.

3. MIGRAÇÕES E A CRISE DE REFUGIADOS

Este é um tema de repercussão nacional e global. A cada dia o Brasil tem recebido mais migrantes de países que enfrentam sérias crises econômicas e guerras civis, como a Venezuela e a Síria. Debater as dificuldades da inserção dessas pessoas na sociedade brasileira é uma ótima proposta para a redação do Enem!

A proposta de redação pode trazer temas relacionados à migrações como, por exemplo, o problema da xenofobia, ou seja, o preconceito contra estrangeiros. Outra questão interessante a ser debatida é a barreira da linguagem enfrentada pelos imigrantes em um novo país, o que dificulta a socialização e a busca por empregos.

Para aprofundar seus argumentos sobre o tema, leia também o nosso post sobre etnocentrismo e relativismo cultural – esse conteúdo certamente vai enriquecer o seu texto!

4. TEMAS RELACIONADOS À IGUALDADE DE GÊNERO

Embora a redação do Enem de 2015 tenha abordado a pauta dos direitos das mulheres, a questão de gênero é um assunto inesgotável que encontra cada vez mais repercussão no Brasil.

Para abordar temas dessa área na redação do Enem, você deve ir além dos argumentos usados nas redes sociais e embasar seu texto em teorias acadêmicas. Por isso, sugerimos que você leia, antes de tudo, o nosso texto sobre igualdade de gênero e as lutas feministas. Esse é um ótimo ponto de partida!

Um problema que pode ser facilmente apresentado pelo Enem aos seus candidatos é a questão da divisão do trabalho doméstico e da criação dos filhos. Isto pode ser abordado pelo viés da divisão e ocupação dos espaços públicos e privados. Nesse sentido, pode-se discutir a posição da mulher no mercado de trabalho e a participação de homens nas tarefas domésticas e nos cuidados com os filhos.

Outro tema relacionado à igualdade de gênero é a discussão sobre a imposição de padrões de beleza na nossa sociedade: podemos refletir sobre como eles são construídos e perpetuados de maneiras muitas vezes danosas àqueles que não se encaixam no padrão tido como correto.

5. DIREITOS DAS PESSOAS LGBT

Os últimos anos vêm sendo marcado por avanços históricos na conquista de direitos pela comunidade LGBT no Brasil, como o reconhecimento dos direitos à união estável homoafetiva e ao uso do nome social. Ainda assim, resta um longo caminho a ser percorrido para que a igualdade plena seja alcançada.

Para discorrer sobre os direitos das pessoas LGBT, você deve conhecer as lutas dessa comunidade e as violências por ela sofridas, além de entender a diferença entre gênero e orientação sexual!

6. CORRUPÇÃO E A CRISE DE REPRESENTATIVIDADE POLÍTICA NO BRASIL

Depois de tantos escândalos de corrupção, parece que nenhum político está a salvo. Os brasileiros não sabem em quem acreditar e se veem cada vez mais decepcionados com o sistema político.

Se esse tema cair na redação deste ano, o candidato deve estar preparado para falar sobre as relações entre política, poder e Estado. Ou seja, prepare-se para discorrer sobre o papel do Estado na sociedade, democracia e a disputa pelo poder político.

Para te ajudar, escrevemos um post sobre como abordar temas de política e cidadania na redação do Enem! Dá uma conferida!

COMO ESCREVER UMA REDAÇÃO SOBRE UM TEMA QUE NÃO CONHEÇO?

Um dos maiores medos de quem vai fazer o Enem é cair um tema completamente desconhecido na proposta de redação. Por mais que a gente estude vários temas diferentes, há sempre a chance de cair alguma temática completamente aleatória, da qual nunca ouvimos falar.

Saiba como se preparar para essa possibilidade com o vídeo abaixo:

Analisando os temas de redação dos últimos anos

Para entender o que pode ser tema da próxima redação do Enem é interessante analisar os assuntos que foram cobrados pela prova nos últimos anos. Vamos lá?

• Enem 2013: “Efeitos da implantação da Lei Seca no Brasil”

• Enem 2014: “Publicidade infantil em questão no Brasil”

• Enem 2015: “A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira”

• Enem 2016: “Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil”

• Enem 2017: “Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil”

• Enem 2018: “Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet”

Observe que todos esses temas versam sobre problemas enfrentados pela sociedade brasileira. Ou seja, o Enem sempre propõe aos candidatos uma reflexão sobre questões reais do nosso País.

Por este motivo, independente do tema que venha a ser cobrado (até porque adivinhá-lo é difícil), a nossa dica é que todos os estudantes se mantenham informados sobre o cenário político e social do Brasil. Cultive o hábito de acompanhar as notícias e fique atento a temas de repercussão nacional.

Outro aspecto em comum dos temas de redação dos últimos anos é a perspectiva dos direitos humanos: o Enem gosta de propor debates em que se coloquem em foco alguma minoria.

Tanto é assim que até o ano de 2017 o edital do Enem previa que o candidato que desrespeitasse os direitos humanos poderia ter o texto zerado! Isso gerou um grande debate no final de 2017 e, no final das contas, a disposição do edital foi vetada por uma decisão judicial, e sumiu a partir de 2018.

Assim, desde o edital de 2018, o desrespeito aos direitos humanos não consta mais como uma das hipóteses de atribuição de nota zero à redação. Porém, permanece no edital que a Proposta de Intervenção, na Conclusão da Redação, precisa levar em conta a perspectiva dos direitos humanos.

Ainda assim, é importante que o estudante continue respeitando os direitos humanos na redação do Enem! Quando foi lançado o edital de 2018, a presidente do Inep, Maria Inês Fini, declarou que o desrespeito aos direitos humanos pode descontar pontos da redação, mesmo que o texto não venha a ser anulado.

Ou seja, ficou claro que uma das diretrizes da correção da redação do Enem é o respeito aos direitos humanos e que, se o teor do texto feri-los, o candidato poderá ter uma pontuação menor.

Portanto, independentemente do tema que venha a ser cobrado, mantenha o seu texto alinhado à perspectiva dos direitos humanos! Mas, e bom ficar de olho no edital. Trocou todo mundo no MEC e no INEP, e pode vir novidade no Edital de 2019.

Ao escrever sua redação, pense em como resolver o problema proposto respeitando e promovendo as liberdades individuais, a igualdade entre os cidadãos, a preservação do meio ambiente e, acima de tudo, a dignidade da pessoa humana.

Bons estudos!

Artigo 15: QUESTIONAMENTO: UMA BOA ESTRATÉGIA ARGUMENTATIVA NA REDAÇÃO ENEM

Você sabe como usar os questionamentos para tecer seus argumentos e construir uma Redação Enem nota 1000? Não? Vem com a gente e estude estratégias argumentativas com esta aula de Redação!

Técnica de questionamento: a Redação é um ponto crucial para obter uma nota competitiva nos processos seletivos que usam a nota do Enem.

Por isso, conhecer diferentes estratégias que facilitem a sua produção textual é fundamental para você otimizar seu tempo e melhorar sua escrita. O uso de questionamentos em uma redação pode ser uma boa saída para construir bons argumentos. Um texto a partir dessa estratégia tem muita flexibilidade, podendo ser iniciado por uma ou mais perguntas que podem ser respondidas pela sua tese. Vamos ver como usar esta técnica?

(Veja 10 Modelos de Redação Nota Mil)

Para construir um texto a partir de questionamentos você, obviamente, deve fazer perguntas. Basicamente, você vai lançar diretamente, no início do seu texto, uma ou mais perguntas. As respostas a estes questionamentos virão apenas na conclusão.

O importante é usar o bom senso, isto é, se fizer duas ou mais perguntas, fique atento(a) em respondê-las. O risco dessa técnica é que, se os questionamentos não forem bem articulados à tese e aos argumentos, poderão comprometer a coerência textual. Por isso, seja objetivo(a): perguntou, tem de responder. Nada de pergunta sem relação com o tema ou com a sua tese! Assim, a forma mais simples de lidar com o questionamento é fazer apenas uma pergunta que direcione o raciocínio para a sua tese, ou seja, a ideia que você pretende defender.

VAMOS A UM EXEMPLO:

Digamos que o tema proposto na Redação Enem seja meritocracia. Para começar a trabalhar este tema, podemos formular um questionamento mais amplo que leve à tese, veja: “Por que é esperado que sujeitos com condições histórico – sociais diferentes atinjam os mesmo resultados?”

A resposta a essa pergunta geral poderia ser a tese: “A meritocracia nos moldes neoliberais ignora opressões de classe, gênero, raça e sexualidade tão presentes na sociedade atual, atribuindo a indivíduos com contextos diferentes as mesmas expectativas”. Lembrando que essa tese não apareceria na introdução, apenas o questionamento. O raciocínio aqui seria indutivo: começamos por uma pergunta, a qual introduzirá um raciocínio que leva à tese apenas na conclusão. É uma pergunta direcionada, que traça um caminho para a sua resposta.

Uma outra opção seria colocar questionamento e resposta na conclusão, já seguidos de proposta de intervenção: no caso, um bom exemplo de intervenção seria adicionar à sua conclusão o sistema de cotas para alunos de escolas públicas em universidades federais.

VAMOS VER COMO UM VESTIBULANDO FEZ NA PRÁTICA?

Exemplo de redação

CAIXÕES VAZIOS

Marina Cau Ucella

A meritocracia existe àqueles por ela favorecidos. Ao estudante rico, que pode estudar a vida toda em escolas particulares de excelência, que não teve que aliar estudos ao trabalho para pôr comida na mesa de casa e que contou com inúmeras atividades extracurriculares, o vestibular, por exemplo, é o suprassumo da igualdade e imparcialidade. Para o pobre, sem estrutura e fadado aos sucateados colégios públicos, é uma muralha que impõe uma falsa igualdade aos que em toda existência viveram desiguais. Como falar em mérito, se não há igualdade? Como culpar o indivíduo por uma existência de descaso social e governamental?

Os “meritocratas” afirmam que a disparidade é demérita dos dois desses alunos, talvez. Se os pais ricos, por seus méritos, puderam pagar um bom colégio aos filhos, a culpa é dos pais pobres por não serem “bons” o suficiente para fazer o mesmo. E, se os pais, por sua vez, não tiveram educação de qualidade, a culpa é dos avós, bisavós, tataravós. O passado é que os condenou. Entretanto, se no passado valia a determinação do berço, e se o passado condena o presente, dito, meritocrático, a meritocracia não passa de um modo muito eficiente de manter uma ilusão de isonomia frente a uma realidade de elitismos perpetuados.

A disparidade é demérita do país desses alunos, não há dúvida. Um país no qual o jornal da manhã, lido por um grande empresário frente a uma farta mesa de café, cobrirá, durante a noite fria, o homem miserável que se encolhe na próxima esquina. A ilusão do mérito, entretanto, a tudo perdoa: a dois seres humanos, dois diferentes tratamentos simplesmente porque um “merece mais” que o outro. E, se a “era do mérito” sucede-se a “era da celebridade”, como afirma João Pereira Coutinho, pouco importa. Esta faz apenas acabar com o eufemismo daquela, mostrando a todos, como se preza na sociedade midiática, que o sistema não é justo e “ponto final”. O mendigo não tinha méritos, agora não tem fama. Ainda tem fome e frio.

Não enterramos a meritocracia, pois é impossível enterrar um fantasma. O que fazemos atualmente é criar um novo espectro, novas ilusões para confortar os bem-sucedidos no sistema e para acalmar a maioria por ele massacrado. A meritocracia, de fato, nunca existiu, pois, também, nunca existiu a realidade entre os homens. E, sem ela, pouco importam os caixões vazios que enterraremos a cada nova ilusão criada: nada mudará.

ANÁLISE DA REDAÇÃO:

Como você pode ver, na introdução, a autora utiliza o relato (exemplo geral) para comparar a vida de um estudante de renda alta e um de baixa renda. Após isso faz dois questionamentos: um sobre igualdade social e outro sobre meritocracia. Segundo a técnica que te ensinei lá em cima, esses questionamentos devem ser respondidos no desenvolvimento e devem direcionar o raciocínio à sua tese.

No segundo parágrafo a autora desenvolve um raciocínio claro e didático sobre o tema. Mas, para deixar a sua redação ainda melhor, poderia ainda contar com argumentos históricos para comprovar a existência do elitismo citado. Para isso é importante que você tenha uma boa bagagem de temas atuais. Para isso, é preciso leitura!

Dica! Na nossa aba de Atualidades você encontra vários temas que podem aparecer na sua redação Enem! Veja também este post com seis temas bem cotados para a Redação Enem deste ano.

Veja que no terceiro parágrafo, houve repetição de ideias já apresentadas no relato, aproximando-se do senso comum. Tente não cair nessa armadilha! Seria mais interessante abordar a questão da desigualdade social com argumentos: fatos da atualidade ou históricos, dados.

Finalmente, na conclusão, a autora responde o questionamento feito no início da redação. Ela poderia ter construído uma resposta mais clara, enfatizando as questões relacionadas à desigualdade social e meritocracia, como o acesso à educação referido no relato. Isso abriria margem para uma medida de intervenção concreta, como a valorização da estrutura física da escola pública e do plano de carreira do professor.

Apesar dessas pequenas falhas, a autora construiu uma boa redação. Mas, com as dicas e exemplos que dei aqui, tenho certeza que você pode construir um excelente texto!

Bora treinar?

Tente fazer produzir um texto com o mesmo tema citado aqui e siga as nossas dicas!

Artigo 16: TÉCNICA DE BILATERALIDADE: UMA ÓTIMA ESTRATÉGIA ARGUMENTATIVA

Para mandar bem na Redação do Enem é importante conhecer diferentes técnicas argumentativas. A bilateralidade pode facilitar a sua produção textual. Veja esta revisão e aprenda como aplicar esta técnica na sua Redação Enem!

Bilateralidade: ponderar sobre posições opostas de um mesmo tema não significa estar indeciso, ainda mais quando o tema é polêmico.

Analisar posições antagônicas é, muitas vezes, prova de maturidade, de racionalidade. Assim, discutir posições antagônicas pode, na verdade, reforçar uma terceira posição, mais equilibrada e original. E isso é essencial para “convencer” o(a) corretor(a) da sua redação Enem e conquistar uma boa nota. Veja nesta aula como usar essa técnica sem cair nas armadilhas do sendo comum! Aprenda a construir uma boa argumentação na sua Redação Enem!

Uma boa maneira de aplicar a bilateralidade na sua Redação é apresentar, na introdução, o tema que está em discussão, apontando as duas posições que pretende enfocar. Em seguida, você pode montar o desenvolvimento extraindo argumentos tanto do “lado A” para um parágrafo, quanto do B para outro parágrafo. Isso te ajudará a ponderar ao longo do seu texto sobre qual é a melhor posição a tomar.

Dessa maneira, você consegue engajar argumentos para encaminhar sua proposta de intervenção para o tema. Na conclusão, para fechar sua redação, você pode preparar uma síntese dos prós de ambas possibilidades e tecer críticas aos pontos negativos, sugerindo medidas de intervenção.

PARA RESUMIR ESSA TÉCNICA, PODERÍAMOS PENSAR NO SEGUINTE ESQUEMA:

– Introdução: Contextualize o tema polêmico, explicando que existem dois posicionamentos centrais mais comuns em relação a ele.

– Parágrafo 1 do desenvolvimento: Escreva sobre o posicionamento central A (prós e / ou contras).

– Parágrafo 2 do desenvolvimento: Escreva sobre posicionamento central B, pontuando de maneira clara e objetiva os principais prós e / ou contras.

– Conclusão: resumo dos prós e / ou contras de cada posicionamento e medidas de intervenção que os tornem complementares e eficientes.

Para exemplificar a aplicação dessa técnica argumentativa, vou dar um exemplo que dificilmente cairia numa dissertação por ser muito polêmico, mas que ilustra a bilateralidade perfeitamente: a legalização do aborto.

Podemos expor prós e / ou contras tanto da realização quanto da não realização do aborto. Por exemplo: Caso o aborto seja aprovado como medida de saúde pública, há sensível diminuição de morte materna em clínicas clandestinas, maior fiscalização e autonomia da mulher sobre o próprio corpo.

Contudo, a opção pela não realização do aborto por parte da mulher também pode ser benéfica se incentivar políticas mais coerentes de incentivo à adoção e punição rápida e efetiva de abandono paternal da criança. Você percebe que trabalhar a realização ou não realização do aborto como opção da mulher não são medidas excludentes? Elas podem ser complementares se expostas de forma organizada.

Já no caso de um tema mais simples, como “A televisão”, podemos ter inclusive uma outra abordagem da mesma técnica. É fácil pensar em pontos negativos do uso do aparelho, como a manipulação de massas e positivos e, ao mesmo tempo, a democratização de acesso à informação e entretenimento. Esses aspectos não precisam ser necessariamente excludentes, assumindo ora uma relação de amor com a tecnologia, ora de ódio. É uma postura mais sensata trabalhá-los de forma complementar, assumindo benefícios e efeitos negativos que serão alvo de medidas de intervenção.

VAMOS VER COMO UM VESTIBULANDO USOU A TÉCNICA NA PRÁTICA?

Exemplo de Redação

ADÃO E EVA

Acostumados à tecnologia como estamos dificilmente paramos para analisar os impactos na vida a partir da Revolução Industrial. A velocidade, as mudanças, as descobertas, tudo isso levou a sociedade ao êxtase e a uma profusão de inseguranças. Séculos depois, sentimo-nos, entretanto, confortáveis e, de certa forma, dependentes da era digital. Porém, no centro dessas águas tranquilas que se tornaram nossa existência, um turbilhão se forma ao redor da televisão. Afinal, como esse furacão de contradições, ela é a vilã ou heroína?

Sendo vista constantemente como grande responsável pela desgraça mundial, nossa querida caixa mágica se esconde mediante tantas acusações, das quais nem todas são procedentes. O aparelho de TV, apesar de odiado por muitos, é uma grande forma de se levar diversão, cultura e política para população, uma maneira eficaz e rápida de aproximar os continentes, deixando o mundo à mão, logo, possibilitando uma viagem através do controle remoto. A televisão acabou, enfim, por democratizar os meios de comunicação, através do acesso a informação por todos.

É inquestionável que nesse grande jardim que é a televisão haja bons frutos. Entretanto, a raça humana em geral, desde Adão e Eva, tem uma atração irresistível pelos proibidos. Usamos, apreciamos e muitas vezes nos influenciamos por programas infames, com exposições ridículas e apelativas. Mordemos a maçã proibida, hipnotizados por seu néctar, com sabor de pecado. Assim, esse prazer clandestino nos incita a seguir pecadores.

Este é, portanto, o grande problema das programações televisivas, entre o útil e o inútil, ficamos com o perigoso e implacável talento para culpar alguém que não seja nós mesmos. A televisão transmite os mais diversos programas, entre literários e “reality show”, para que possamos escolher aquele que mais nos agrada e quando optamos pelo fruto proibido ativamos a responsabilidade de nossos escolhas na “serpente” que ofereceu, esquecendo as alternativas que tivemos.

Quando no Éden foram colocadas infinitas árvores frutíferas, entre boas e detentoras do pecado, Adão e Eva poderiam escolher as que quisessem, mas optaram pelo ”diabo”, assumindo assim as consequências de tal atitude. Nós fazemos a televisão a que assistimos; somos, portanto, os responsáveis por nossos atos, capazes o suficiente de resistir à tentação, para assimilar o melhor da pequena tela.

ANÁLISE DA REDAÇÃO:

Como você pode ver, na introdução, há a contextualização geral de pontos positivos e negativos aliados ao uso da tecnologia. Poderia haver a seleção de fatos mais específicos para evitar uma abordagem vaga. Ainda assim, o uso do questionamento ao final do parágrafo foi eficiente para demonstrar a ideia de bilateralidade.

No segundo parágrafo, há a ideia dos meios de comunicação como forma de entretenimento e democratização de informação, o que seria o ponto positivo. Contudo, não foi apresentado nenhum argumento (fato, dado, notícia, aspecto histórico) que comprovasse esse aspecto. Além disso, também não foi questionado um ponto importante: a liberdade de informação é total? Não há manipulação de massas?

No terceiro parágrafo, existe a analogia com Adão e Eva para demonstrar a escolha por futilidades nas mídias, questionando o seu papel educativo. Contudo, a abordagem apontava apenas a escolha pessoal, ignorando instituições importantes como a mídia em si, o Estado, a Política e a Educação. Trazer ao menos um desses aspectos à discussão poderia tornar a análise mais crítica e a analogia mais valorizada.

Na conclusão, em vez de reunir os prós do entretenimento e informação, mesmo em meio a futilidades e analisar os contras por meio de medida de intervenção, há apenas a responsabilização do sujeito, o que não tem apelo como medida de intervenção social e prática. Caso houvesse mais fatos no desenvolvimento, também seria mais fácil propor medidas de intervenção concretas. De qualquer forma, houve êxito ao reunir prós e contras de um mesmo elemento sem cair em contradição, apenas fazendo uma crítica final que equilibrava pontos positivos e negativos na manutenção da existência da tecnologia e dos meios de comunicação.

Agora é a sua vez. Que tal tentar aplicar a técnica da bilateralidade em uma redação? Você pode usar os temas citados aqui em cima ou ainda escolher um dos seis temas que sugerimos.

Bora colocar a mão na massa?

Artigo 17: TESE POR ENUMERAÇÃO: TÉCNICA ARGUMENTATIVA PARA FACILITAR A PRODUÇÃO

Aprenda uma técnica argumentativa muito fácil: a tese por enumeração. Estude com o Curso Enem Gratuito!

A Redação corresponde a uma grande parcela da nota do Enem. E tem faculdade onde ela tem peso maior nos processos seletivos que usam a nota do Enem. Sendo assim, você precisa conhecer vários tipos de técnicas argumentativas para facilitar a produção da sua redação.

TESE POR ENUMERAÇÃO

Uma das estratégias mais utilizadas para organizar a introdução e a apresentação dos parágrafos do desenvolvimento de uma redação é a Tese por Enumeração. Essa estratégia torna a dissertação mais didática e fácil de ser interpretada por quem está lendo. Nesta técnica você faz uma lista de pontos ou aspectos do tema a ser trabalhado e vai desenvolvendo um por um ao longo da sua redação.

(Veja 10 Modelos de Redação Nota Mil)

Para você entender melhor essa ideia, vamos pensar em exemplo de tema: a imigração. Ao trabalharmos um tema como Imigração, poderíamos propor a seguinte tese por enumeração: “A imigração é um fenômeno com consequências sociais, econômicas e culturais que não pode ser ignorado por políticas públicas”.

Você percebeu que a tese foi dividida em três aspectos:questões sociais, economia e cultura? É justamente isso que quer dizer “enumeração”, isto é, uma listagem. Trabalhar com essa técnica deixa seu texto mais organizado para o corretor e para você, pois ajuda a evitar a fuga do tema ou da sua tese, estabelecendo uma linha de raciocínio clara.

O que não pode na construção a partir da enumeração é “prometer” falar sobre um ponto listado, como os impactos culturais da imigração, por exemplo, e não cumprir. A enumeração já indica tudo o que será trabalhado no desenvolvimento. O que também te impede de, de repente, querer incluir aspectos religiosos se você não abordou esse aspecto na sua enumeração.

Vamos ver um exemplo de redação feita por um vestibulando?

BRAÇOS ABERTOS SOBRE A GUANABARA

É indiscutível o aumento dos números imigratórios para o Brasil neste século. A busca por esse país é entendida por fatos políticos, históricos e principalmente econômicos. Assim, a chegada de pessoas nesse território pode ocasionar tensões sociais, porém contribui para elevar a diversidade étnica e a riqueza cultural. Vê-se, então, que hás duas faces nesse contexto que devem encontrar equilíbrio.

O movimento migratório em direção ao Brasil cresce pelo fato da economia brasileira estar em um momento de ascendência. Indivíduos que não encontram opções de trabalho e sobrevivência nos seus países de origem migram em busca de condições favoráveis para melhorar ou manter seu padrão de vida. Esse é o caso dos europeus que fogem da crise socioeconômica em seu continente e pintam um quadro inverso ao de um século atrás, quando a evasão partia do Brasil.

Além disso, o Brasil é conhecido pelo seu excelente recepcionamento, já que seus costumes são constituídos da incorporação de outros, como feito pelo movimento antropofágico da semana de arte moderna de 1922, há 90 anos. Essa característica possibilita uma maior identificação entre os brasileiros e outros povos, pois há proximidade entre eles, como por exemplo, os pratos típicos do sul que têm raízes alemãs, suíças entre outros, ou até mesmo as comemorações, como a Oktoberfest que também é alemã e atrai pessoas de todo o país.

Por outro lado, há uma preocupação com a postura governamental, pois o Brasil tem um histórico de submissão e alinhamento com alguns países cuja política é forte no mundo. Isso poderia gerar um favorecimento dos imigrantes entre os cidadãos brasileiros, como pela contratação dos primeiros como engenheiros, médicos e empresários para ocupar cargos altos e de confiança. Essa problemática seria potencial para gerar casos de xenofobia no território, sendo necessário o apoio público e a preferência meritocrática por trabalhadores brasileiros.

Dessa forma, observa-se que a imigração tem pontos positivos e negativos. Apesar de incrementar social e culturalmente o Estado Brasileiro, esse movimento pode fomentar distorções da visão de mundo e disputas entre a população.

Por isso, é necessário um forte e eficaz controle da entrada de imigrantes, para que esses sejam recebidos e atendam aos vácuos trabalhistas deixados pelo povo local, porém atentando aos limites de uma economia ainda em desenvolvimento. Isso pode ser feito com uma análise de vistos e supervisão de fronteiras com grande fluxo de pessoas. Assim, poderá dizer-se sempre que o Brasil, assim como seu maior monumento, está de braços abertos para o mundo.

ANÁLISE DA REDAÇÃO

Como você pode ver, a contextualização do tema foi feita de maneira direta, sem exemplos. Ainda assim, a introdução deixa claro que o tema imigração será trabalhado por meio de duas vertentes: conflitos sociais e diversidade étnica, apresentando como tese o equilíbrio entre as duas questões. Assim, já sabemos o que esperar o texto, pois foi enumerado na introdução, e o(a) autor(a) tem menos chance de se perder ao escrevê-lo.

No segundo parágrafo, o autor começa a trabalhar um dos pontos listados na introdução. Porém, apresenta dois aspectos que não foram comprovados por argumentos: a economia brasileira irá crescer e o país sofre um fluxo migratório vindo da Europa. Para tornar a análise mais crítica e próxima dos conflitos sociais, é importante apresentar ao menos um fato que exemplifique essa situação.

No terceiro parágrafo, em vez de abordar a diversidade étnica por meio de uma análise mais profunda, é apresentada uma suposta receptividade do brasileiro devido ao multiculturalismo. A apresentação do movimento antropofágico foi interessante, mas não é suficiente para abordar os preconceitos e dificuldades sociais do brasileiro na convivência com outras culturas.

No quarto parágrafo, existe uma afirmação vaga da relação do Brasil com países desenvolvidos. É necessário ser mais específico em relação a isso. Ademais, há a sugestão de que profissionais brasileiros deveriam ser valorizados em vez de privilegiar profissionais estrangeiros. Mas um contexto importante deixou de ser abordado: o cenário educacional e social que é a base para a valorização e plano de carreira para futuros profissionais.

Antes de vetar ou regular a entrada de profissionais estrangeiros, é necessário fazer uma séria análise do nosso cenário educacional e de como isso afeta a recepção de imigrantes. Mencionar o desmonte das universidades públicas seria um prato cheio. Aliás, imigrantes europeus foram citados na introdução, mas não foram retomados e especificados no desenvolvimento. Quem são eles? Há uma etnia específica?

Mais uma vez, na conclusão, a proposta de regular controlar a entrada de imigrantes parece insuficiente para gerar equilíbrio entre os conflitos sociais – não comprovados por meio de argumentos e a diversidade étnica não exemplificada.

E aí, conseguiu aprender um pouco mais sobre a técnica da enumeração? É bem simples, não é mesmo? Para finalizar sua revisão de redação, veja agora a videoaula: ????

E também esta outra:

Agora, que tal você tentar fazer uma redação com o tema “Imigração e suas consequências para o Brasil” utilizando a técnica da enumeração?

Para te ajudar na sua argumentação, você pode dar uma olhada neste post de geografia sobre migrações:

Não esqueça: um dos principais segredos para fazer uma boa redação é treinar! Bora?

Artigo 18: TESE DA REDAÇÃO POR RESSALVA: ESTRATÉGIA PARA CONSTRUIR UM BOM TEXTO

A tese da redação é um dos pontos mais importantes da nota do Enem. Por isso, aprender estratégias é sempre interessante. A tese por ressalva pode facilitar a sua argumentação na Redação Enem. Saiba nesta aula como utilizá-la!

Existem algumas maneiras de escrever a tese da redação para o Enem. Nesta aula, você irá aprender sobre a tese por ressalva. A ressalva é uma estratégia que revela um profundo senso crítico, pois parte da crítica a um senso comum definido pelo autor do texto. Por isso, o(a) candidato(a) deve expor esse senso comum em primeiro lugar, para, a partir daí, estruturar uma tese contestatória.

Por exemplo, ao trabalhar um tema hipotético, como “Os meios de comunicação na era moderna”, o comum seria aliar a tecnologia a um polo extremamente positivo, como a sua enorme utilidade no mundo moderno. Contudo, poderíamos ponderar que toda tecnologia, ao ser inserida num meio social, potencializa também as suas desigualdades, não necessariamente as soluciona.

Partindo desse ponto, poderíamos construir um parágrafo que inicialmente faz o elogio à determinada tecnologia para depois, desmistificá-la. Veja um exemplo para iniciar uma redação com este tema e esta estratégia argumentativa:

“Com o surgimento da internet, renasceu a promessa de um espaço democrático e educativo, que possibilitasse a conexão de todos na pólis. Porém, o potencial pedagógico e político dos acontecimentos no ciberespaço ainda depende em muito das políticas públicas e culturais do mundo não virtual”.

Só vale lembrar que nenhuma crítica extremamente positiva ou negativa é interessante em uma dissertação: posicionamentos moderados, de forma geral, indicam uma crítica mais madura. Ser moderado(a) no seu posicionamento crítico em uma redação também diminui as chances de que sua redação se torne um texto de “folheto de militância”, o que poderia te levar para algo do qual você quer se afastar: as ideias de senso comum.

Então, para entendermos melhor como a estratégia do uso da ressalva pode ser aplicada em uma tese da redação, vamos ver como ela foi utilizada por um estudante:

EXEMPLO DE TESE DA REDAÇÃO:

O VER, O LER E O OUVIR

Thiago Rocha de Araújo

Macabéas ligam seus rádios para ouvirem as notícias. Jacintos, seus televisores. E os poetas com suas revistas “Orpheu” em mãos. Os veículos de informação nasceram para entreter. Certo? Não, errado. Na verdade só mascaram uma tática de ampliação comercial com seus infinitos “patrocinado por…”. As notícias são espetacularizadas, informam o que dá audiência, seja verdade irrefutável ou mesmo, em sua maioria, modificados ao gosto do espectador.

Nas antigas colônias, época em que Iracemas vagavam pelas florestas e Martins habitavam o litoral, existiam jornais, que eram anuais devido às precárias tecnologias de transporte, os quais repassavam apenas notícias referentes à metrópole e à coroa, não existia o conceito de mundo. O que vendiam eram informações “do Rei” e dos que falassem de seu império. Como, atualmente, os jornais passam as notícias que interessam, ou modificam outras para interessarem, ao público. Informação é o que vende, não com o intuito, necessariamente, de informar.

Pobres Macabéas, o mais próximo que chegariam de suas “rádios-relógio” seria o “horário do Brasil”, o qual tem a proposta de ser imparcial, mesmo sabendo que foi criado por Vargas para falar bem do mesmo. “Num oferecimento de…” a fidelidade com a informação “nua e crua” foi perdida. Tocam-se músicas sem conteúdo, mas que vendem. O ouvinte pensa ser livre, mas é acometido por uma “pop-aculturação”.

Os irmãos Lumiere talvez não inventassem a ideia da “tele visão”, ou visão em um quadro, caso soubessem que o que era para mostrar imagens do exótico, hoje passa informações modificadas para darem audiência e lucro. Todos sabem quem foi Isabella Nardoni, mas não quem ganhou um Nobel da paz. Sabem quem ganhou o “Big Brother” mas não conhecem os problemas do Apartheid. Vêem o McDonald’s, mas não sabem que morre uma criança a cada três segundos em média de fome no mundo. Mostram a corrupção política, mas não lembram do movimento dos “Caras-pintadas”.

A notícia espetacularizada só agrava o problema da insegurança, da alienação, da impunidade e da corrupção. O que era para informar, hoje vende. As “notícias” têm preços. Pagamos, então, não pelo que queremos saber, ver, ler e ouvir, mas por aquilo o qual querem vender. Macabéas ouvem suas músicas “bate-estaca”. Jacintos assistem, atônitos, ao arremesso de Isabellas Nardonis. Os poetas lêem os “quadrinhos” do jornal.

Dica: Outra técnica legal para começar sua redação é a estratégia do questionamento. Saiba mais sobre esta estratégia argumentativa com este post do Professor Renato:

https://cursoenemgratuito.com.br/questionamento-redacao-enem/

ANÁLISE DA REDAÇÃO:

Como você pode ler, o autor introduz seus textos por meio de exemplos literários de modo a vincular a ideia de entretenimento aos meios de comunicação. Esse pressuposto é negado na sequência, apresentando os meios de comunicação como forma de manipulação de massas.

Neste ponto vemos claramente a aplicação da ressalva, pois o autor parte de um conceito de senso comum (o de que os meios de comunicação são excelentes) e logo após o contradiz. É importante observar que conversas com o leitor utilizadas no texto acima, tais como “Certo? Errado?” não são aconselhadas em gêneros dissertativos.

No segundo parágrafo, o autor recontextualiza os exemplos literários, relacionando-os com questões históricas, o que valoriza a analogia feita na introdução. Ele fecha o parágrafo trazendo a analogia para a atualidade.

Já no terceiro parágrafo, o autor relaciona Macabéa à Era Vargas, o que novamente alia de forma positiva o literário ao histórico. Ainda assim, como já se trata do meio do desenvolvimento, seria interessante apresentar ao menos consequências da manipulação de massas de forma mais evidente, isto é, pela análise de fatos atuais.

Finalmente, o quarto parágrafo demonstra conhecimento geral e apresenta fatos importantes da atualidade, mas não os analisa de forma adequada, fazendo apenas uma listagem. Seria mais interessante apresentar menos fatos e uma análise coerente relacionada à tese. É sempre importante em uma dissertação, conseguir “destrinchar” de maneira breve e coerente os fatos utilizados para embasar sua tese.

Ao final do texto, o autor cita alienação, impunidade e corrupção – aspectos que não foram analisados de maneira adequada no desenvolvimento e não são diretamente relacionados à tese. Esta conduta deixa o texto em aberto, não abrindo caminho para uma medida de intervenção concreta. Você deve evitar isso na sua redação.

Busque sempre fazer uma conclusão que dê fechamento às suas ideias dispostas nos parágrafos anteriores e que não traga fatos novos que não poderão ser analisados no pequeno espaço da conclusão. Isso pode dar a impressão de que você não sabia o que fazer para organizar suas ideias e considerações finais, demonstrando que sua redação foi mal encaminhada.

Ainda assim, na redação que utilizamos como exemplo, a técnica de ressalva foi aplicada na introdução de forma eficiente e é um bom exemplo de como utilizar essa técnica argumentativa e facilitar a produção de sua Redação Enem.

Artigo 19: ANALOGIA NA REDAÇÃO: UMA ÓTIMA TÉCNICA PARA ESTRUTURAR SEU TEXTO

Usar analogias para introduzir argumentos na construção da sua redação pode facilitar bastante sua produção de texto no Enem. Aprenda nesta aula como utilizar esta técnica argumentativa. Vem com a gente!

Saber utilizar uma analogia (comparação implícita) pode te tornar capaz de quebrar o senso comum, além de deixar o seu texto mais crítico, didático e interessante. Chamamos de analogia uma metáfora (comparação implícita, sem a palavra “como”) de uma área ou caso diferente do qual estamos trabalhando no texto, mas que apresente pontos em comum com o que estamos analisando. Então vamos aprender como utilizar a analogia na redação?

Para entender melhor como podemos usar uma analogia, podemos pensar em temas relacionados às questões sociais. Nestes temas, por exemplo, é muito útil apropriar-se da literatura, cinema, música ou artes plásticas para ilustrar um raciocínio.

(Veja 10 Modelos de Redação Nota Mil)

Ou seja, usar trechos de histórias que você leu ou assistiu e que possuam características em comum com a situação que você está analisando pode facilitar sua argumentação e render uma boa introdução. Para este tema, seguindo esta linha estratégica, você poderia, por exemplo, citar “Capitães da Areia”, do Jorge Amado, para discutir algo como a diminuição da maioridade penal.

Lembre-se de que as analogias sempre possuem maior impacto se aliadas a fatos da contemporaneidade. No caso que usei para exemplificar as analogias, é possível relacionar o Pedro Bala, protagonista do livro citado, a menores infratores que são desde cedo agregados ao tráfico de drogas. Com essa analogia na redação, você arrancaria um sorriso do(a) corretor(a), não acha?

Isso porque, além de demonstrar que você sabe relacionar o tema proposto ao conhecimento que você adquiriu ao longo da sua vida escolar e de seu cotidiano, também mostra que você tem lido e se apropriado dessas histórias.

O único risco de utilizar a analogia na redação é a generalização. Para argumentar faça comparações com pontos específicos, não force a adaptação de teorias ou realidades muitos distintas. Isso poderia fazer com que o(a) corretor(a) entendesse que você está modificando uma história apenas para servir ao seu argumento. Nesse caso, a analogia acabaria perdendo o sentido.

Não entendeu? Vejamos um exemplo do que você não deveria fazer neste caso que estamos estudando: seria uma generalização muito grosseira utilizar a Teoria da Evolução de Darwin como analogia para falar da diminuição da maioridade penal. Além da reprodução do clichê de “só os fortes sobrevivem” – o que não abarca do darwinismo, você correria o risco de cair em um determinismo social, ou seja, considerar que as questões sociais sejam gerenciadas somente pela biologia, o que exclui o seu caráter histórico.

Agora que você já viu os principais pontos da técnica, vamos ver um exemplo de analogia na redação para entender como utilizá-la?

ISSO NÃO É UM CACHIMBO

Em uma famosa tela de Magritte observa-se um cachimbo desenhado, acompanhado da inscrição: “Isso não é um cachimbo”. De fato, não o é, mas apenas a sua representação. Somos nós que enxergamos a imagem e imediatamente a assimilamos ao objeto real, sem considerar que ambos não são iguais. Magritte sabia como o homem ignora a distinção entre a imagem e o real, e que essas imagens atribuem significados ao real. Instituições como o casamento, a Igreja e o Estado, por exemplo, dependem de seu simbolismo para perpetuarem-se. Porém, devemos saber distinguir entre o que são e o que representam.

No plano individual, o significado do casamento é indissociável de sua permanência na sociedade. Não é seu valor jurídico que o estimula, ou leva noivos e noivas a movimentarem milhões de reais por ano em vestidos, festas e bolos. O que motiva o casamento tradicional é a imagem atribuída a ele, de união de corpos. Não é, necessariamente, essa a imagem que melhor o caracteriza: o casamento pode ser idealizado no início, mas eventualmente as altas expectativas se frustram, como aconteceu com o personagem Bento Santiago no livro “Dom Casmurro”.

Já no plano coletivo, as Igrejas são extremamente dependentes de seu valor simbólico. A existência de catedrais, mesquitas e sinagogas, assim como a de hierarquias entre padres, bispos e cardeais; exige que os homens vejam nelas algo que ultrapassa o real. A fé e a religião tornam a Igreja não um simples local e uma hierarquia vazia, mas um poder. Este existe como consequência da religião, tanto assim que obras como o “Auto da Barca do Inferno” só tem valor moralizante em uma sociedade que acredite na Igreja Católica. Sem a imagem, a doutrina perde seu valor.

Outra instituição atrelada à imagem é o Estado. Da mesma forma que ocorre com a Igreja, o poder e a legitimidade do Estado emanam da crença. Seus funcionários deixam de ser pessoas e passam a representar o poder ao qual todos nós estamos submetidos. O juiz representa a lei, apesar de não o ser na realidade. É esse significado que impede Fabiano, de “Vidas Secas”, de desafiar o Soldado Amarelo. Apesar do evidente abuso de poder, Fabiano submete-se ao guarda, acreditando que submete-se diariamente ao Estado.

Essas três instituições mostram a dependência do valor simbólico para sua manutenção e credibilidade. Sem suas imagens, haveria um súbito desequilíbrio na sociedade, pois todo poder e ordem seriam questionados. Não é necessário destituí-las de toda sua significação, apenas enxergar, como Magritte, a diferença entre a imagem e o real. Assim não haverá idealização das instituições, o que abre espaço para questionamentos e evitar casos como o de Fabiano, abusado pelo Soldado Amarelo, ou Bento Santiago, frustrado na expectativa de tornar-se um só com Capitu, possibilitando críticas como no “Auto da Barca do Inferno”, que diferenciava a Igreja de seus membros.

ANÁLISE DA REDAÇÃO

A analogia na redação é um dos coringas do texto acima. Como você pode ver, para contextualizar o tema, o autor utiliza a obra de Magritte para explicar a relação entre conceito e imagem. Desse modo, ao trazer a tese de que as instituições carregam relações simbólicas, o conceito já está muito mais claro e didático.

Sendo assim, podemos perceber que a introdução é construída sobre essa analogia. Ademais, há uma listagem “casamento, Igreja e Estado” a qual demonstra os aspectos que serão defendidos no desenvolvimento, organizando o desenvolvimento por meio da técnica de enumeração.

No segundo parágrafo, o argumento literário pautado na relação de Capitu e Bentinho (ambos personagens de Machado de Assis no livro Dom Casmurro) cria uma analogia para a tese defendida pelo autor. Segundo os argumentos que ele tece, o que estimula em muito a união de casais por meio do casamento é a sua valoração social por meio do conceito de “união de corpos”, o que nem sempre resulta em um relacionamento saudável.

Já no terceiro parágrafo, há a analogia com o Auto da Barca do Inferno (do autor Gil Vicente) para demonstrar como a imagem é essencial aos rituais religiosos e a aplicação de sua moral na sociedade contemporânea, o que também ocorria no auto medieval.

Finalmente, no quarto parágrafo, há a analogia com Vidas Secas (de Graciliano Ramos), mostrando que o cidadão relaciona-se com o Estado por meio das hierarquias sociais, o que pode gerar desigualdade e corrupção, o que cabe perfeitamente no livro com a temática do sertão.

Já na conclusão, há uma síntese de todas as analogias em defesa da tese: a diferença entre a imagem e o real. O texto é muito bem estruturado e competente nas suas metáforas, ainda assim, as analogias também poderiam ser relacionadas a fatos da atualidade de modo a aprofundar a análise.

E aí, você conseguiria aplicar a técnica da analogia na redação do Enem? Não? Que tal testar produzindo um texto seguindo a mesma proposta da redação que usei como exemplo? Treinar a escrita é o segredo para mandar bem no Enem.

Artigo 20: TÉCNICA PARA A REDAÇÃO: COMO FAZER A TESE E A INTRODUÇÃO POR CRONOLOGIA

Aprenda como utilizar fatos cronológicos para construir sua argumentação na Redação Enem!

A introdução de uma dissertação através de uma tese que envolva elementos de cronologia é uma das formas mais comuns de se construir um texto. Isso porque ela permite estabelecer claramente relações de causa e consequência. O passado distante é causa do passado próximo; o passado próximo é causa do presente; o presente é causa do futuro. Então preste atenção nesta aula para aprender mais uma ótima técnica para redação!

Para você entender melhor, vou explicar esta técnica utilizando um exemplo de tema, beleza? Proponho que pensemos em uma dissertação que aborde o tema “Misoginia: opressão de gênero”. A tese por cronologia seria excelente para embasar a construção de uma dissertação com este tema.

Poderíamos, por exemplo, trabalhar com uma tese que abordasse a exploração de gênero através da análise de momentos históricos diferentes, seguindo uma linha de raciocínio contínua, do passado mais distante até o presente.

Nossa tese – a ideia geral que você vai defender e que aparece na introdução – para este tema, poderia ser resumida na seguinte frase: “A diferença hierárquica entre homens e mulheres na sociedade patriarcal foi construída historicamente, apresentando momentos importantes de resistência e luta.”

Para comprová-la, poderíamos trabalhar, por exemplo, com as três ondas históricas das teorias feministas.

No primeiro parágrafo do desenvolvimento, apresentaríamos a primeira onda do movimento feminista: o movimento sufragista. Mas não se esqueça: apesar dessa técnica utilizar primordialmente fatos históricos, só os acontecimentos não bastam. É preciso argumentar, ou seja, discutir a sua tese geral. Neste caso, seria preciso afirmar que o machismo é histórico, mas a luta feminista também.

Poderíamos começar o primeiro parágrafo assim:

“Apesar do senso comum de que a opressão de gênero teria fundamento biológico, podemos observar a sua formação histórica desde o século XIX, quando o movimento sufragista exigiu mudanças políticas, como o acesso de mulheres à educação e ao voto. As sufragistas norte americanas tiveram como marco o dia 08 de março de 1857, quando centenas de operárias de uma fábrica foram trancadas e queimadas (com apoio da polícia local) por exigirem jornadas de trabalho menores (elas chegavam até a 16 horas por dia) e licença-maternidade. Isso demonstra que a misoginia é socialmente construída e por isso, pode ser problematizada e desconstruída.”

Viu como usamos a técnica para redação já neste primeiro parágrafo? Trouxemos aqui um fato do passado que irá nos dar um encaminhamento para os próximos argumentos nos parágrafos que se seguem.

Já no segundo parágrafo, poderíamos trabalhar a segunda onda feminista: o movimento dos anos 60 e 70, o qual exigia pagamentos iguais a homens e mulheres, direitos sexuais e reprodutivos (como o uso da pílula) e luta contra a violência doméstica. Mais uma vez, é importante relacioná-lo à tese central: o machismo é construído historicamente e com o passar dos anos, muda suas lutas e formas de resistência.

Finalmente, no terceiro parágrafo do desenvolvimento da nossa redação, poderíamos abordar a terceira onda feminista: o feminismo interseccional, que discute além de gênero, opressões de classe, étnicas e até mesmo de sexualidade, como a inclusão de mulheres transgênero ao movimento.

E como concluir esse texto? Reafirmando a tese central – a opressão de gênero é historicamente construída – e propondo medidas de intervenção, as quais poderiam ter como base as reivindicações de cada onda do movimento feminista, que apesar de ter conquistado inúmeros direitos civis, ainda encontra resistência e luta.

Você percebeu os eventos cronológicos permeando toda a linha de pensamento que encaminha essa redação até a conclusão? Legal, não é? Agora, para reforçar ainda mais esta técnica para redação, vamos ver como uma vestibulanda a utilizou:

EXEMPLO DESTA TÉCNICA PARA REDAÇÃO:

A EVOLUÇÃO FEMININA

Em sua teoria das ideias, Platão reconheceu razão e capacidade às mulheres bem como o dever do Estado de formar e educar suas mulheres. Já seu principal discípulo, Aristóteles, sedimentou uma visão distorcida da mulher, que predominou durante toda a Idade Média.

Na Grécia, confinada ao gineceu, a situação da mulher era das mais insignificantes e obscuras. Já em Roma, as mulheres viviam no atrium e eram iguais em dignidade à seus maridos, porém não podiam exercer cargos públicos. Contrapondo-se a essas, a mulher egípcia gozava de mais honrarias e poderes do que as mulheres de toda a antiguidade: ocupava posição notória na hierarquia social, compartilhando com o chefe de família todos os privilégios, chegando a suceder-lhe no trono em muitas dinastias. Sua natureza fecundante era divinizada.

Mesmo com as conquistas das liberdades individuais na revolução Francesa, a situação da mulher continuou sendo de inferioridade e marginalização. Com o advento da Revolução Industrial e a consequente supressão do proletariado feminino, o mundo assistiu à guinada das mulheres perante as manifestações da vida social.

Em oito de março de 1857, centenas de operárias, reivindicavam o direito à licença-maternidade, a redução da jornada de trabalho, e salários iguais aos dos homens, quando muitas delas foram queimadas em uma fábrica têxtil de Nova Iorque. Tal data foi instituída pela Unesco, como o Dia Internacional da Mulher.

Hoje, apesar da participação da mulher na vida social e política e com a obtenção de direitos à cidadã, garantidos pela Constituição, ela ainda sofre com o apartheid feminino, ganhando menos que os homens e exercendo dupla função – casa e trabalho -.Visto que a evolução ocorreu, mas a visão aristotélica ainda perdura.

ANÁLISE DA REDAÇÃO

Como você pode ver, na introdução a autora contrapõe os conceitos de Platão e Aristóteles em relação à figura da mulher na sociedade. Fazendo isso, ela utiliza um fato cronológico para introduzir suas ideias e aplica esta importante técnica para redação.

Contudo, não deixa claro qual seria a sua tese em relação a esse posicionamento. Esse é o maior risco de teses cronológicas, não basta apresentar fatos históricos, é necessário ter um posicionamento crítico claro em relação a eles.

Já no segundo e terceiro parágrafos, há apenas a listagem de fatos históricos sem uma análise aprofundada ou defesa explícita de um ponto de vista. Seria interessante relacionar esses fatos ao cenário da mulher atual ou ao menos estabelecer uma relação mais coerente entre eles: qual é o objeto da listagem? O que se pretende defender? Dessa maneira, não basta apenas usar a técnica para redação, pois o avaliador espera uma comparação com o contexto atual.

Finalmente, no quarto parágrafo, é citado o dia internacional da mulher. Esse seria um excelente momento para comparar a situação profissional das mulheres hoje em relação a essa época. As mulheres negras e brancas possuem o mesmo acesso ao mercado de trabalho? A maternidade é encarada como parte do mercado de trabalho? Existem creches em empresas que possibilitem a presença de mães? É necessário atualizar a discussão. Como disse no início da nossa aula, não basta apenas citar fatos históricos, é preciso correlaciona-los com a atualidade.

Já na conclusão, é reafirmada a visão Aristotélica em relação à mulher, mas não é feita uma análise crítica, o que deixa o texto sem tese definida. Logo, a tese deve ser aliada aos argumentos históricos para gerar progressão da discussão e coerência interna, não apenas a soma de fatos. Lembre-se: é o autor do texto que deve direcionar o raciocínio do leitor. Isso também influencia na medida de intervenção, que devido à análise superficial, não aparece.

E aí, conseguiu entender melhor como usar a técnica para redação com os exemplos que te mostrei? Para compreender melhor, nada melhor do que tentar utilizá-la! Tente escrever sua redação a partir do tema proposto utilizando a tese por cronologia. Um dos segredos para escrever bem é treinar!

Artigo 21: TEMA DE REDAÇÃO DO ENEM: MAUS-TRATOS CONTRA OS ANIMAIS

Nesta aula vamos propor um tema de redação para você treinar sua produção textual nesta reta final para o Enem. Você vai perceber que seguimos passos muito semelhantes aos apresentados na proposta da Redação Enem. Sendo assim, não perca a chance de testar suas habilidades para mandar bem na Redação Enem!

INSTRUÇÕES PARA A REDAÇÃO

– O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado. No Enem, geralmente tem um espaço marcado como “rascunho” para você montar sua redação.

– O texto definitivo deve ser escrito à tinta, na folha própria, em até 30 linhas. Não esqueça que o no Enem você deve usar caneta preta com tubo transparente!

(Veja 10 Modelos de Redação Nota Mil)

– A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação terá o número de linhas copiadas desconsiderado para efeito de correção.

Receberá nota zero, em qualquer das situações expressas a seguir, a redação que:

– Desrespeitar os direitos dos animais e os direitos humanos;

– Tiver até 7 (sete) linhas escritas, sendo considerada “texto insuficiente”;

– Fugir ao tema ou que não atender ao tipo dissertativo-argumentativo;

– Apresentar parte do texto deliberadamente desconectada do tema proposto.

TEXTOS MOTIVADORES

TEXTO I

No Brasil, existe uma lei federal que dita os parâmetros que devem ser seguidos em casos de necessidade de proteção aos animais. É a Lei Federal dos Crimes Ambientais, Nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998.

O artigo 32 cita como crime: praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos. A pena será de 3 meses a 1 ano de prisão e multa, aumentada de 1/6 a 1/3 se ocorrer a morte do animal.

Além da lei dos crimes ambientais, existe o decreto-lei nº 24.645, de 10 de julho de 1934, que define maus-tratos contra animais. Há ainda a Constituição Federal de 1988, que em seu artigo 225, parágrafo 1°, cita que cabe ao Poder Público:

VI – promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente;

VII – proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.

Acompanhe a seguir algumas ações consideradas maus-tratos contra animais: não dar água e comida diariamente; manter preso em corrente; manter em local sujo ou pequeno demais para que o animal possa andar ou correr; deixar sem ventilação ou luz solar, ou desprotegido do vento, sol e chuva; negar assistência veterinária ao animal doente ou ferido; obrigar a trabalho excessivo ou superior à sua força; abandonar; ferir; envenenar; utilizar para rinha, farra do boi, etc.

Disponível em: https://www.anda.jor.br/wp-content/themes/anda-novo/downloads/manual_ANDA.pdf.

Acesso em: 25 de julho de 2019 (adaptado)

TEXTO II

Caxias registrou 595 denúncias de maus-tratos a animais nos últimos 10 meses

Dado é da Secretaria do Meio Ambiente

19/04/2018 – 13h27min

A Secretaria do Meio Ambiente de Caxias do Sul recebeu 595 denúncias de maus-tratos de animais desde julho do ano passado, quando a prefeitura passou a disponibilizar um formulário online para fazer a denúncia. A orientação é que fotos e laudos sejam enviados também para o e-mail […], com o objetivo de facilitar o atendimento.

— As pessoas que faziam denúncias falsas até então eram muitas. Depois que a gente criou o link, isso reduziu. Com a foto, a gente consegue enxergar e as pessoas que fazem a denúncia falsa são encaminhadas para o Ministério Público. Então, diminuiu em 90% o número de denúncias falsas — diz Marcelly Paes Felippi, diretora do Departamento de Proteção e Bem-Estar Animal da Secretaria do Meio Ambiente.

Os casos de maus-tratos envolvem, em geral, animais de estimação. Mas também há outras situações, como uma registrada em Santa Lúcia do Piaí, no mês de fevereiro. No local, foram encontrados 10 porcos em condições inadequadas de higiene, sem água e sem alimentação. Além disso, alguns eram cruzados com javalis, o que é proibido.

Quando cães e gatos são recolhidos em situações de maus tratos, eles são levados para o canil municipal e colocados para adoção. Quase mil estão disponíveis. Em média, 16 por mês ganham novos lares.

Disponível em: https://gauchazh.clicrbs.com.br/geral/noticia/2018/04/caxias-registrou-595-denuncias-de-maus-tratos-a-animais-nos-ultimos-10-meses-cjg6qn0yy01bv01qomyhr4822.html.

Acesso em: 24 de julho de 2019 (adaptado)

TEXTO III

Disponível em: http://razoesparaacreditar.com/animais/campanha-diminuir-abandono-de-animais/.

Acesso em: 24 de julho de 2019

TEXTO IV

Disponível em: http://www.amda.org.br/?string=interna-charges&cod=4.

Acesso em: 24 de julho de 2019.

PROPOSTA DE REDAÇÃO

A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “CAMINHOS PARA COMBATER OS MAUS-TRATOS A ANIMAIS NO BRASIL”, apresentando proposta de intervenção, que respeite os direitos animais e humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

Como produzir o texto dissertativo-argumentativo a partir do tema proposto de maneira satisfatória?

Seguem algumas sugestões do professor João Paulo:

As primeiras ideias, rabiscos e anotações no rascunho

Cada um encontra a melhor maneira para iniciar uma produção textual como a redação do Enem. Entretanto, existem algumas estratégias que podem ajudar no surgimento das ideias. A melhor delas é escrevendo mesmo! Faça um mapa mental, esquema, tópicos ou lista de palavras-chave sobre o tema. Para a realização desse mapa mental ou dessa lista, acesse os dados contidos em sua memória sobre o assunto.

Relembre fatos, notícias, reportagens, obras literárias, canções, citações, imagens, leis, dados estatísticos… Enfim, todas as referências possíveis e tudo que você sabe, todas as informações que você acumulou ao longo de sua vivência e formação escolar, tudo aquilo que você viu, leu e/ou ouviu nas diferentes mídias e meios de comunicação. Veja um exemplo de mapa mental rascunhado a partir do tema proposto:

“Mas professor, isso aí é um mapa mental?!” Certamente. Trata-se de um rascunho de mapa mental, e não uma obra de arte. Como a prova do Enem é uma verdadeira corrida contra o tempo, especialmente no dia da redação, não é necessário perder tempo com a estética do seu mapa mental. É apenas uma técnica para organizar as suas ideias e orientar a escrita do seu texto.

Guarde fôlego para caprichar na estética da versão definitiva do seu texto dissertativo-argumentativo. Aí sim você deverá escrever com o máximo cuidado, com a letra legível, não amassando, rasurando ou dobrando a folha, observando a estética do seu texto como um todo.

Elaborando o “esqueleto” da minha redação do Enem

Faça um “esqueleto” do seu texto em um rascunho. Esboce a versão preliminar da estrutura do seu texto dissertativo-argumentativo, isto é, as ideias ou tópicos centrais de cada parágrafo. Oriente-se pelo seguinte formato: quatro parágrafos escritos. Você dividirá seu texto do seguinte modo:

1 – Um parágrafo de introdução (o primeiro parágrafo é onde você apresentará o tema/problema e, logo após, de maneira clara e precisa, a tese que você irá defender);

2 – Dois parágrafos de desenvolvimento (ou seja, a argumentação, que é a “alma” do seu texto, onde você irá defender a sua tese a partir de uma argumentação bem elaborada, com ideias coesas e coerentes);

3 – E o último parágrafo é a conclusão, o momento em que você apresenta a “cereja do bolo”. Isso porque a conclusão do texto dissertativo-argumentativo nas redações do Enem prevê uma proposta de intervenção a fim de uma possível solução do problema apresentado. Não adianta apenas encerrar as ideias apresentadas ao longo de sua argumentação, é indispensável formular uma proposta de intervenção ao problema em questão. Uma solução plausível e que possa ser executada efetivamente, elaborada com clareza e objetividade. Nada de soluções mirabolantes ou distantes da realidade.

Quanto ao número de linhas

Sempre pense em produzir o seu texto dissertativo-argumentativo com o máximo possível de linhas. Em outras palavras, 30 linhas! Não conheço ninguém que tenha tirado nota 1000 escrevendo apenas o mínimo solicitado (7 linhas), ou a metade das linhas disponíveis (15 linhas).

As redações que alcançaram nota 1000 sempre utilizaram todas as linhas contidas na folha, e não se valeram de artifícios medíocres (esticar a letra, espaço gigante para o início dos parágrafos, vazios próximos às margens, linhas em branco entre parágrafos, letra gigante, repetição de ideias ou a famosa “encheção de linguiça”).

Não esqueça: os corretores do Enem são treinados para detectar tais artifícios, os quais eles abominam, e acabam por repercutir negativamente na avaliação do texto e comprometendo a nota final da redação.

A sugestão é que você escreva quatro parágrafos

A pergunta é: quantas linhas para cada um desses parágrafos? O professor vos responde:

– Introdução: 6 linhas (um parágrafo);

– Desenvolvimento: 16 linhas (dois parágrafos, cada um com 8 linhas);

– Conclusão: 7 linhas (um parágrafo).

– Calculando: 6 + 16 + 7 = 29 linhas.

O número máximo de linhas escritas permitidas na redação do Enem é 30. A dica é você reservar a primeira linha para o título do seu texto. Sabemos que o título não é obrigatório na redação do Enem. Então o estudante pergunta ao professor: “Professor, você sugere colocar um título ao texto que vou produzir na redação do Enem?” O professor responderá: “Sim, mil vezes sim!”

Justificando: o título é a identidade do seu texto. Demonstra que o estudante pensou, ao longo da escrita, nas possibilidades de títulos até chegar a um definitivo. Não tenha dúvidas: um texto bem escrito e com um título atrativo chama a atenção do corretor desde a primeira linha. O corretor terá um outro olhar sobre o texto que estará lendo.

Então, sim, o título faz a diferença! Veja um exemplo de título, com a localização centralizada na linha e letra legível. É um título simples, porém coerente, elaborado a partir do tema desta proposta de redação:

Entretanto, nada de copiar o tema da redação para o título do seu texto. Ele deve ser original e objetivo ao mesmo tempo, de modo que dê conta do que você apresentou ao longo do seu texto dissertativo-argumentativo e tenha relação com o tema proposto. E não esqueça: primeiramente, a produção do texto; o título, só ao final. Você pode mudar de ideia e outros títulos interessantes poderão surgir à medida em que você estará escrevendo.

A questão da estética do seu texto dissertativo-argumentativo

A estética do seu texto também é um aspecto que deverá ser observado: letra legível, cursiva ou de imprensa, diferenciando maiúsculas e minúsculas, respeito aos limites das linhas e das margens. Escreva o seu texto de modo uniforme, da margem esquerda até o limite da margem direita, evitando ziguezagues, “escadas”, “triangulação” ou “afunilamento” do seu texto.

O tamanho da sua letra deverá ser adequado para os possíveis leitores (no seu caso, os leitores do seu texto serão os corretores). Evite letra grande demais ou muito pequena. Opte por um tamanho mediano. Não deixe linhas em branco entre parágrafos, elas serão desconsideradas para efeito de correção. Caso você opte em dar um título ao seu texto, este deverá ser escrito preferencialmente em uma linha, de modo centralizado, na primeira linha da sua folha, e não em outros espaços.

Falando em estética…

Errei uma palavra na versão definitiva do meu texto. E agora? Nada de rabiscos ou fazer um “carnaval” para esconder o erro. Nem colocar a palavra entre parênteses ou colchetes. Apenas um risco discreto sob a palavra, e ao lado escreva a palavra correta. Assim:

Posso copiar fragmentos dos textos motivadores? Não! Isso é considerado plágio. Caso os corretores venham a detectar partes que você copiou dos motivadores, as linhas contendo tais partes serão desconsideradas para efeito de correção. Consequentemente, sua nota decairá.

Elaborando a tese da redação do Enem

Na redação, a tese é a sua opinião, o seu ponto de vista sobre o tema proposto. Ela pode ser apresentada por meio de declarações afirmativas ou negativas. É aquilo que você vai expor e defender em sua redação através de bons argumentos, tentando convencer o leitor sobre seu ponto de vista. Você pode defender qualquer tese, desde que ela respeite os direitos humanos (e no caso dessa redação, também os direitos animais) e a diversidade cultural.

Porém, é importante ter em mente que a tese é um posicionamento crítico. Isso significa que você não deve se ater a ideias de senso comum. Demonstre autoria, seja crítico e reflexivo ao expor sua opinião. Mas lembre-se de que, na redação do Enem, isso deve ser feito de forma impessoal.

Veja um exemplo de um possível primeiro parágrafo para a redação, isto é, a introdução do texto, contendo a apresentação do tema e a tese a ser defendida:

Na produção cinematográfica “Água para elefantes”, a vida do protagonista em um circo é retratada e nesse ambiente a atração principal, uma elefanta, é brutalmente atacada pelo proprietário do lugar, que a espanca com um gancho de metal. No Brasil, embora exista uma lei que proíba a aquisição de novos animais para exibição em circos, com objetivo de diminuir casos como o do filme, verifica-se na prática a persistência dos maus-tratos aos animais sob diversas outras formas, como, por exemplo, casos que envolvem a venda de pets e o abandono de animais domésticos nas ruas.

Percebemos que a introdução acima contempla o tema proposto (Caminhos para combater os maus-tratos a animais no Brasil) e apresenta a tese de maneira clara e objetiva: “No Brasil, embora exista uma lei que proíba a aquisição de novos animais para exibição em circos, com objetivo de diminuir casos como o do filme, verifica-se na prática a persistência dos maus-tratos aos animais sob diversas outras formas […].”

Elaborando a argumentação

Segundo o dicionário Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa Michaelis, argumentar é:

– Apresentar fatos, provas ou argumentos, tirar as consequências de um princípio ou fato; concluir, deduzir.

– Argumentar com a história. Servir de argumento, prova ou documento.

– Chamar à discussão; provocar controvérsia; altercar, brigar, discutir.

– Expor como argumento; aduzir, alegar.

– Apresentar ou enunciar argumentação sobre algum assunto.

Vejamos isso na prática. Os dois parágrafos seguintes são a continuidade no parágrafo de introdução lido anteriormente e constituem o desenvolvimento do texto, isto é, a argumentação, o momento textual em que a tese é defendida:

Em primeiro lugar, é importante considerar que a compra e venda dos animais domésticos aumenta a cada ano no país, estabelecendo um mercado de pets que já é o terceiro do mundo em faturamento. No entanto, esse mercado camufla inúmeros maus-tratos, como nas chamadas “fábricas de filhotes”, nas quais os criadores, visando apenas o lucro, submetem os animais a condições insalubres e à procriação forçada até o limite de suas forças, o que traz danos irreparáveis na saúde do animal.

Além disso, um outro tipo de maus-tratos aos animais, entre os inúmeros que existem no Brasil, está relacionado ao abandono dos pets domésticos pelas ruas. Esse abandono, por sua vez, é movido por diversos fatores, como a falta de condições financeiras e falta de vontade dos donos para continuar criando seus animais quando estes contraem alguma doença ou ficam velhos. De acordo com dados divulgados pela PUC Campinas, só o número de cães abandonados já ultrapassa 20 milhões no país.

Elaborando a proposta de intervenção

A proposta de intervenção do Enem é uma das competências exigidas na avaliação da redação. E é justamente essa a competência que tem apresentado pior desempenho na média dos inscritos nos últimos anos. É imprescindível que a proposta de intervenção respeite os direitos humanos (no caso da proposta em questão, os direitos dos animais também devem ser respeitados), os valores de cidadania e a diversidade sociocultural.

E não esqueça:

– Deixe a proposta de intervenção explícita no seu texto;

– Ao elaborá-la, não fuja do foco;

– Pense na viabilidade de execução da sua proposta de intervenção, isto é, ela deve ser razoável, coerente, plausível, com uma aplicação possível e viável;

– Pense na proposta de intervenção assim que começar a rascunhar o seu texto. Não deixe para pensa-la e escrevê-la apenas ao final. O ideal é que você vá pensando e anotando a sua proposta de intervenção ao longo da produção do texto dissertativo-argumentativo.

Veja agora o fechamento do exemplo de redação que lemos até agora, atentando-se para a proposta de intervenção apresentada:

Diante desse cenário, para combater esses tipos de maus-tratos é importante que inicialmente o poder púbico, pressionado também pelas ONGs que defendem os animais, invista no aumento da fiscalização nos locais onde existam as fábricas de filhotes, punindo os responsáveis pelas más condições dos locais e tratamento inadequado aos animais. A mídia também, por meio de campanhas publicitárias, pode incentivar a população a adotar e a divulgar as feiras de adoção, o que, além de diminuir a compra de animais daria um novo lar aos milhares de animais abandonados.

Artigo 22: DISSERTAÇÃO E ARGUMENTAÇÃO: DEFINIÇÃO E FUNCIONALIDADE

Como é de nosso conhecimento, a prova de Redação do Enem solicita a produção de um texto dissertativo-argumentativo. Como o próprio nome desse gênero já revela, trata-se de um texto onde as tarefas de dissertar e argumentar são imprescindíveis. Mas qual o real sentido de dissertar e argumentar? Você encontrará as respostas nesse post.

Nesta aula de Redação vamos definir e explicar a funcionalidade do texto dissertativo-argumentativo. Trata-se do gênero textual solicitado na prova de redação do Enem e de outros importantes vestibulares brasileiros. Para tanto, começaremos explicando o que é dissertar/dissertação e o que é argumentar/argumentação, a relação existente entre essas duas palavras e como elas se associam em uma produção textual, resultando em um texto dissertativo-argumentativo.

DISSERTAR

De modo geral, dissertar significa falar, discutir, debater, refletir, informar alguém a respeito de um assunto. A dissertação é um tipo de texto verbal em prosa, ou seja, é estruturado por períodos e por parágrafos (diferentemente de um poema ou de uma música, por exemplo, os quais são estruturados em versos e estrofes).

A estrutura da dissertação deve apresentar, no mínimo, três parágrafos: introdução, desenvolvimento e conclusão. Com relação aos aspectos qualitativos, a dissertação pressupõe a capacidade do autor em expor, refletir, analisar e interpretar fatos, informações e opiniões a respeito de um determinado tema.

A dissertação é a base estrutural de vários gêneros discursivos que têm, entre outras finalidades, refletir e informar alguém a respeito de um assunto.

O objetivo da dissertação é informar o leitor a respeito de um assunto, expor dados, pesquisas e opiniões de profissionais que possam esclarecer os leitores sobre o tema na sociedade. O autor da dissertação tem condições de analisar o eixo temático, expondo pontos positivos e negativos a respeito do assunto para que, assim, o leitor informe-se e posicione-se individualmente.

Isso significa que não há opinião pessoal do autor na dissertação, mas sim elementos que possam contribuir para que o leitor reflita criticamente e formule seus pontos de vista.

ARGUMENTAR

Argumentar é uma ação verbal na qual se utiliza a palavra oral ou escrita para defender uma tese, ou seja, uma opinião, uma posição, um ponto de vista particular a respeito de determinado fato. Um debate político entre sujeitos em que suas linhas político-ideológicas são divergentes será uma ação verbal que utiliza a palavra oral. Cada qual defenderá seu ponto de vista na modalidade oral da língua, sustentando esse ponto de vista por meio da argumentação.

Já sabe tudo a respeito da tese? Sua função, a melhor maneira de elaborá-la, o que evitar? Vale a pena espiar a nossa videoaula para tirar todas as suas dúvidas.

Na esfera política, a argumentação é determinante para o êxito do sujeito envolvido no debate. Ganha visibilidade positiva e “vence” o debate o indivíduo que defender sua tese com os argumentos mais consistentes e melhor elaborados.

Na redação do Enem o fundamento é praticamente o mesmo do debate, porém com algumas diferenças:

• A argumentação é escrita, e não oral;

• A linguagem deve ser na modalidade formal da língua portuguesa;

• Deve respeitar o princípio de impessoalidade (isto é, evitar o uso de construções verbais que utilizem a primeira pessoa do singular ou plural, como “Eu acredito que tais medidas resultarão em uma mudança de comportamento” ou “Nós podemos fazer a diferença praticando o consumo consciente”);

• Deve seguir a estrutura de um texto dissertativo-argumentativo, com introdução (a apresentação do tema e da tese), desenvolvimento (a defesa da tese por meio da argumentação) e conclusão;

• Especificamente no caso da redação do Enem, a conclusão deve apresentar uma proposta de intervenção ao problema apresentado.

Já sabe como fazer a introdução de um texto dissertativo-argumentativo? A Prof. Dani explica tudinho! Confira a videoaula e torne-se um craque na redação do Enem!

Quem argumenta, como a própria palavra sugere, se vale de argumentos, que nada mais são que razões, verdades, fatos, virtudes e valores (éticos, estéticos, emocionais) tão amplamente reconhecidos que, justamente por isso, servem de alicerce para a tese defendida. A argumentação está presente em diferentes gêneros textuais, tais como artigo de opinião, carta argumentativa, editorial, resenha argumentativa, texto dissertativo-argumentativo, dentre outros.

Assim como num jogo, quem argumenta faz suas “jogadas” para se sair vencedor: entre outras coisas, afirma, nega, contesta, explica, promete, profetiza, critica, dá exemplos, ironiza. E todas essas jogadas estão a serviço da criação de um clima favorável à adesão do público às posições defendidas. A cada “lance”, o argumentador se esforça para comprovar que está indo pelo caminho certo; caso contrário, perderá credibilidade e será vencido.

Um auditório é o conjunto dos que assistem a um debate, acompanham ou se interessam potencialmente pelo assunto em questão. Nos grandes debates, ele é o representante da opinião pública. Por isso mesmo, a função do auditório é frequentemente decisiva para o debate. Quando alguém escreve uma carta a um jornal, por exemplo, argumentando contra uma posição defendida em determinada matéria, está querendo convencer, antes de tudo, o conjunto dos leitores, ou seja, o auditório.

Na redação do Enem, o candidato deve escrever seu texto de maneira impessoal. Obviamente que os principais interlocutores do texto serão os corretores da redação. Entretanto, o candidato deve superar essa visão e escrever como se seu texto fosse destinado a convencer um grande público, com indivíduos os mais diversos, acerca do problema em questão.

Ainda utilizando o exemplo do jogo, todo jogador desenvolve estratégias, isto é, um plano e um estilo próprios de ação verbal para, por meio deles, vencer o adversário. No jogo argumentativo, entretanto, é preciso convencer, ou seja, vencer com a ajuda de todos, que precisam aderir à tese, graças à eficiência das estratégias e à força dos argumentos. Daí o valor social da argumentação, na medida em que se trata de uma vitória coletiva.

Na redação do Enem, somam-se os atos de dissertar e de argumentar:

Dissertação + Argumentação = Texto dissertativo-argumentativo

Todo e qualquer texto dissertativo-argumentativo visa ao convencimento de seu leitor. Como dito anteriormente, ele sempre se baseia em uma tese (o ponto de vista central que se pretende veicular e a respeito do qual se pretende convencer esse interlocutor). Em uma redação dissertativa-argumentativa, convém que essa tese seja apresentada, de maneira clara, logo de início e que, depois, através de uma argumentação objetiva e de diversidade lexical, seja sustentada/defendida com vistas ao mencionado convencimento.

A estrutura geral de um texto dissertativo-argumentativo consiste de introdução, desenvolvimento e conclusão, nesta ordem. Cada uma dessas partes, por sua vez tem função distinta dentro da composição do texto:

• Introdução: é a parte do texto em que apresentamos o tema de que trataremos e a tese a ser desenvolvida a respeito desse assunto.

• Desenvolvimento: é a argumentação propriamente dita, correspondendo aos desdobramentos da tese apresentada. Esse é o coração do texto, por isso, comumente se desdobra em mais de um parágrafo. De modo geral, cada argumentação em defesa da tese geral do texto corresponde a um parágrafo.

• Conclusão: a parte final do texto em que retomamos a tese, agora já respaldada pelos argumentos desenvolvidos ao longo do texto. No caso da redação do Enem, a conclusão deve contemplar uma proposta de intervenção (que respeite aos direitos humanos) ao problema apresentado.

Artigo 23: TESE, ARGUMENTO E OPINIÃO

Isso não é minha opinião, e nem de todos que tiraram nota 1000 na redação do Enem. É uma constatação! Isso mesmo: a tese do texto dissertativo-argumentativo da redação do Enem não é uma opinião. Da mesma forma, os argumentos também não são opiniões. Descubra e aprenda mais sobre tese e argumento para não fazer feio (opinar!) na redação do Enem.

Esta aula de Redação para o Enem tem a intenção de esclarecer e diferenciar três elementos: opinião, tese e argumento. O domínio dos últimos dois é essencial para a escrita de um bom texto dissertativo-argumentativo, gênero solicitado na redação do Enem. Tal diferenciação se faz necessária, visto que muitos estudantes que realizarão as provas do Enem e outros vestibulares possuem dúvidas acerca desse conteúdo, confundindo-os frequentemente.

(Veja 10 Modelos de Redação Nota Mil)

TESE É DIFERENTE DE OPINIÃO

Como já sabemos, a redação do Enem solicita a produção de um texto dissertativo-argumentativo a partir de um tema relativamente polêmico ou problemático no cenário brasileiro. Subsidiado por textos motivadores e pela bagagem de conhecimentos adquiridos ao longo de sua formação e de suas vivências, o candidato deverá elaborar a sua tese, isto é, o ponto de vista sobre o tema em questão.

É importante lembrar que a tese deve respeitar os direitos humanos e a diversidade cultural. De certo modo, a tese não deixa de ser uma opinião. Entretanto, é importante ter em mente que a tese é um posicionamento crítico. Isso significa que o redator não deve se ater a ideias de senso comum, mas demonstrar autoria, seu senso crítico e reflexivo ao expor o seu ponto de vista. E na redação do Enem isso deve ser feito de forma impessoal.

Tese elaborada, é hora de produzir os parágrafos seguintes, isto é, o desenvolvimento do texto. Sempre digo que o desenvolvimento é o coração, a alma do texto. É nessa parte do texto que você defenderá o seu ponto de vista. Em outras palavras, é no desenvolvimento que se deve apresentar os argumentos que sustentam a tese exposta na introdução do seu texto dissertativo-argumentativo.

Novamente a questão da impessoalidade e do respeito aos direitos humanos e à diversidade cultural deve ser observada. Na verdade, esta é uma regra válida para todas as partes da sua redação: na tese (introdução), na argumentação (desenvolvimento) e na também na proposta de intervenção ao problema que você discutiu (conclusão). E da mesma forma que a tese não é uma opinião, o argumento também não o é. Mas por quê? Qual a diferença entre opinião e argumento? Por que opinar não é argumentar? Continue a leitura para saber.

ARGUMENTO E OPINIÃO

Assim como muitas pessoas confundem debate com conversa, a confusão também ocorre quando se fala em opinião e argumento. As opiniões surgem, geralmente, de fatores menos conscientes, como gostos, preferências, propagandas bem assimiladas, informações soltas que pegamos por aí e, claro, os famosos pré-conceitos.

Uma opinião (exceto a tal ‘opinião bem fundamentada’, que muitas vezes é, na verdade, um argumento) é apenas uma escolha arbitrária de ideias fundamentados nas preferências individuais de alguém.

Já os argumentos surgem da análise, reflexão crítica, raciocínio lógico e informação a respeito do assunto. E é isso que se espera no texto dissertativo-argumentativo que você produzirá no Enem: que a sua tese seja sustentada por uma argumentação consistente. Seja em um debate ou na redação de um texto dissertativo-argumentativo, é praticamente impossível sustentar uma tese quando os indivíduos envolvidos levam em consideração apenas suas opiniões.

Quer aprender mais sobre a diferença entre argumento e opinião? Se liga nesta matéria preparada pelo Nexo, com o depoimento de Walter Carnielli, matemático e professor de lógica na Unicamp.

O argumento na redação do Enem

Já mencionamos que para escrever um texto dissertativo-argumentativo é preciso, antes de tudo, ter uma tese muito clara para defender diante de uma questão polêmica. Afinal, toda a organização textual do que você escreverá, assim como sua consistência, estarão subordinadas à defesa da tese que você elaborou e apresentou na introdução.

Nesse sentido, é aconselhável que todo texto dissertativo-argumentativo possa ser resumido por um argumento central. É com esse argumento que o autor articula não somente a sua tese, mas também a conclusão de seu raciocínio e os dados e as justificativas que a sustentam.

Portanto, para escrever um texto dissertativo-argumentativo nota 1000, é necessário utilizar argumentos consistentes e bem fundamentados, pois são mais fortes e convincentes. O autor desse texto tem de informar ao seu leitor (no caso da redação do Enem, os leitores são os corretores) quais as razões que o levaram a tomar determinada posição, a defender a sua tese, evitando motivos superficiais ou sem justificativa.

O redator precisa, então, definir seus argumentos de acordo com o tema escolhido. Além disso, deve apresentar a sua argumentação como se estivesse se dirigindo a um público composto por indivíduos os mais diversos. Para tanto, o redator necessita ser impessoal e objetivo em seu texto, a fim de que, desta forma, consiga persuadir, convencer os seus leitores.

Também deve apresentar todo o seu texto, não somente a parte argumentativa, na modalidade formal (ou norma-padrão) da língua portuguesa escrita. Bons argumentos tornam-se melhores ainda e transparecem maior credibilidade, aceitabilidade e confiabilidade quando escritos na modalidade formal de nossa língua.

Seria uma maravilha se soubéssemos o tema da redação do Enem com antecedência. Assim, poderíamos pesquisar sobre o assunto com profundidade, selecionando inúmeras possibilidades para uma argumentação eficiente e bem fundamentada. Além disso, a tão sonhada nota 1000 estaria mais próxima do que nunca. Mas isso é apenas uma doce ilusão. Não sabemos o tema da redação do Enem 2019. Todos nós temos palpites, que não são poucos. Mas todos eles ficam no plano da possibilidade.

Enquanto isso, podemos fazer uma lista de possíveis assuntos. Assuntos polêmicos e problemáticos, caros, urgentes e do interesse de toda sociedade brasileira. Como não temos bola de cristal, a sugestão é que quem prestará o Enem faça essa lista de assuntos, pesquisando-os em diferentes fontes, fazendo anotações e esquemas, lendo diariamente notícias na internet ou em outros suportes, acompanhando os telejornais, interessando-se pelos temas mais diversos, tais como meio ambiente, política, cultura, ciência, economia, sustentabilidade, questões de gênero, cidadania, educação, religião, consumo, etc.

Nenhuma possibilidade pode ser descartada. Todos os palpites são válidos. Todo conhecimento que você absorveu e absorve na sala de aula (em todas as disciplinas) e em outros espaços e situações que proporcionam o aprendizado (músicas que você ouve, livros que você lê, seriados e filmes que você assiste, notícias que você ouve e lê), poderá ser utilizado para a elaboração de um argumento.

Para finalizar, com os olhos nessa aula e a cabeça lá na redação do Enem, não nos esqueçamos: opinião não se discute, mas argumento sim. E é assim que você fará o seu texto dissertativo-argumentativo na redação do Enem.

Artigo 24: PROPOSTA DE REDAÇÃO PARA O ENEM: A AGRICULTURA FAMILIAR NO BRASIL

A representatividade e a função social da agricultura familiar no Brasil é uma das temáticas possíveis da redação do Enem. Vem ver a proposta, as dicas e treinar sua redação!

Pensando no Enem 2019, especificamente na redação, o Curso Enem Gratuito apresentará algumas propostas de redação para você praticar o texto dissertativo-argumentativo. Não esqueça que você encontra ao longo dos nossos posts todo conteúdo necessário para entender esse gênero textual. Ao final desta proposta de redação, você encontrará algumas sugestões do Prof. João Paulo que ajudarão você a produzir esse texto da melhor maneira possível.

Vamos à proposta?

PROPOSTA DE REDAÇÃO

A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “A REPRESENTATIVIDADE E A FUNÇÃO SOCIAL DA AGRICULTURA FAMILIAR NO BRASIL”, apresentando proposta de intervenção, que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

TEXTO I

— O padrinho por que não compra um sítio? Seria tão bom fazer as suas culturas, ter o seu pomar, a sua horta… não acha?

Tão taciturno que ele estivesse, não pôde deixar de modificar imediatamente a sua fisionomia à lembrança da moça. Era um velho desejo seu, esse de tirar da terra o alimento, a alegria e a fortuna; e foi lembrando dos seus antigos projetos que respondeu à afilhada:

— É verdade, minha filha. Que magnífica ideia, tens tu! Há por aí tantas terras férteis sem emprego… A nossa terra tem os terrenos mais férteis do mundo… O milho pode dar até duas colheitas e quatrocentos por um…

[…]

—Em toda a parte — não acha, meu padrinho? — há terras férteis.

—Mas como no Brasil, apressou-se ele em dizer, há poucos países que as tenham. Vou fazer o que tu dizes: plantar, criar, cultivar o milho, o feijão, a batata inglesa… Tu irás ver as minhas culturas, a minha horta, o meu pomar — então é que te convencerás como são fecundas as nossas terras!

A ideia caiu-lhe na cabeça e germinou logo. O terreno estava amanhado e só esperava uma boa semente. Não lhe voltou a alegria que jamais teve, mas a taciturnidade foi-se com o abatimento moral, e veio-lhe a atividade mental cerebrina, por assim dizer, de outros tempos. Indagou dos preços correntes das frutas, dos legumes, das batatas, dos aipins; calculou que cinquenta laranjeiras, trinta abacateiros, oitenta pessegueiros, outras árvores frutíferas, além dos abacaxis (que mina!), das abóboras e outros produtos menos importantes, podiam dar o rendimento anual de mais de quatro contos, tirando as despesas. Seria ocioso trazer para aqui os detalhes dos seus cálculos, baseados em tudo no que vem estabelecido nos boletins da Associação de Agricultura Nacional. Levou em linha de conta a produção média de cada pé de fruteira, de hectare cultivado, e também os salários, as perdas inevitáveis; e, quanto aos preços, ele foi em pessoa ao mercado buscá-los.

Planejou a sua vida agrícola com a exatidão e meticulosidade que punha em todos os seus projetos. Encarou-a por todas as faces, pesou as vantagens e ônus; e muito contente ficou em vê-la monetariamente atraente, não por ambição de fazer fortuna, mas por haver nisso mais uma demonstração das excelências do Brasil.

(BARRETO, Lima. Triste fim de Policarpo Quaresma. Fragmento)

TEXTO II

TEXTO III

Fazer uma leitura crítica da trajetória da agricultura brasileira é importante para que se possa imaginar um futuro mais sustentável e para subsidiar ações efetivas. Um dos problemas é a grande desigualdade de produtividade e de renda no campo, o que tem sido atribuído ao fato de a maior parte dos pequenos produtores não ter sido capaz de adotar novas tecnologias. Essa “não adoção” é consequência de inúmeros fatores, como o elevado custo de incorporação das novas tecnologias, baixa escolaridade e carência de políticas públicas.

Em 2006, apenas 0,43% dos estabelecimentos rurais, o que corresponde a cerca de 22 mil dos 5.175.489 existentes no Brasil, respondia por mais da metade do valor produzido. Esses números se opõem à vasta maioria dos estabelecimentos (3,9 milhões), cuja renda bruta (em salários mínimos mensais) atinge, no máximo, dois salários mínimos.

Disponível em: https://www.embrapa.br/visao/trajetoria-da-agricultura-brasileira.

Acesso em: 26 de julho de 2019

TEXTO IV

Disponível em:

http://www.brasil.gov.br/economia-e-emprego/2015/06/recursos-para-pequeno-agricultor-crescem-20.

Acesso em: 26 de julho de 2018.

TEXTO V

Comida e política

Os agricultores familiares também lamentam a pouca representatividade em Brasília. Depois da extinção do Ministério de Desenvolvimento Agrário, em 2016, que era voltado para agricultura familiar, uma secretaria especial, ligada à Casa Civil, foi criada. Ela está fora da alçada do Ministério da Agricultura, comandado por Blairo Maggi, que ficou conhecido como “rei da soja”.

“Isso diminuiu o status da importância da agricultura familiar”, critica Antoninho Rovaris, da Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag). “Está claro que o Ministério da Agricultura, que é dos grandes produtores e tem grande bancada no Congresso Nacional, se sobrepõe”, afirma. “A bancada ruralista diz que está defendendo todo mundo. Mas não nos sentimos representados.”

Disponível em:

https://www.dw.com/pt-br/quem-produz-os-alimentos-que-chegam-%C3%A0-mesa-do-brasileiro/a-42105492.

Acesso em: 27 de julho de 2019.

Instruções para a redação

• O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado.

• O texto definitivo deve ser escrito à tinta, na folha própria, em até 30 linhas.

• A redação que fugir ao tema ou que não atender ao tipo dissertativo-argumentativo receberá nota zero.

• A redação que apresentar proposta de intervenção que desrespeite os direitos humanos receberá nota zero.

• A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação terá o número de linhas copiadas desconsiderado para efeito de correção.

Receberá nota zero, em qualquer das situações expressas a seguir, a redação que:

• Desrespeitar os direitos dos animais e os direitos humanos;

• Tiver até 7 (sete) linhas escritas, sendo considerada “texto insuficiente”;

• Fugir ao tema ou que não atender ao tipo dissertativo-argumentativo;

• Apresentar parte do texto deliberadamente desconectada do tema proposto.

Como produzir o texto dissertativo-argumentativo a partir do tema proposto de maneira satisfatória?

Seguem algumas sugestões do professor:

1. Rascunhar ideias e palavras-chave:

Que ideias e palavras surgem quando você lê o tema “agricultura familiar no Brasil”? Anote tudo em uma folha. Mesmo a ideia mais superficial deve ser anotada, pois poderá ser útil para o desenvolvimento de um argumento. Ajudinha do professor na lista de palavras e ideias: sustentabilidade, economia consciente, agroecologia, subsistência, alimentos orgânicos, incentivo ao agricultor permanecer no campo, geração de renda… Continue a sua lista.

2. Pensando a tese:

Quando finalizar sua lista de palavras e ideias, faça uma leitura de tudo que anotou. Depois comece a esboçar o primeiro parágrafo de seu texto, isto é, a introdução. É nessa parte que se deve apresentar o tema e também a tese que será defendida: Qual a importância da agricultura familiar no atual cenário brasileiro? Qual a sua representatividade e função social? E, finalmente, qual a tese, o ponto de vista sobre esse assunto, que você defenderá ao longo de seu texto?

Dúvidas em como iniciar sua redação? A prof. Dani te ajuda!

3. Estruturando a argumentação:

Feita a versão preliminar da introdução é hora de focar na argumentação, o coração do seu texto. Revise as palavras anotadas e pense nas possibilidades de transformá-las em argumentos que sustentem a sua tese.

Sempre de maneira impessoal, sem radicalismos e utilizando a modalidade formal da língua portuguesa escrita. Exemplificações, dados estatísticos, resultados de pesquisas, citação de fontes confiáveis e de especialistas no assunto são algumas das possibilidades de elaborar uma argumentação consistente.

4. Concluindo o meu texto dissertativo-argumentativo:

A última etapa consiste na escrita do parágrafo de conclusão do seu texto. Um momento igualmente importante, onde você dará o nó final nas ideias apresentadas ao longo dos parágrafos anteriores. Além de fechar tudo que foi exposto e argumentado, a conclusão deve apresentar uma proposta de intervenção ao tema proposto, sempre respeitando os direitos humanos.

No tema em questão, o que pode ser feito para a agricultura familiar ter sua representatividade e função social respeitadas e garantidas? Que medidas e atitudes a sociedade pode começar a manifestar, a fim de valorizar quem tem na agricultura familiar a sua fonte de renda?

A prof. Dani também explica como fazer a proposta de intervenção:

5. Título? Sim!

A sugestão do professor é sempre dar um título ao texto produzido na redação do Enem. Não é obrigatório, mas confere uma certa identidade, e até mesmo autoria, ao que você produziu. Outra dica é deixar a elaboração do título para o final, uma vez que várias ideias e possibilidades surgem no ato da escrita. Não deixe de anotá-las!

6. Número de linhas X Número de parágrafos

Quanto ao número de linhas e parágrafos, o professor sugere a utilização consciente e adequada de todas as trinta linhas, distribuídas em quatro parágrafos: um de introdução, dois de desenvolvimento e uma conclusão;

7. A arte final: passando o meu texto a limpo

Antes de fazer a transcrição da versão definitiva de seu texto dissertativo-argumentativo, revise-o completamente. Observe a ortografia e acentuação das palavras, os sinais de pontuação e outros sinais gráficos (aspas, parênteses, travessões), etc.

Ao passá-lo a limpo, utilize caneta esferográfica de tinta preta. Habitue-se também a produzir seu rascunho utilizando caneta: o uso de lápis não é permitido nas provas do Enem e na maioria dos vestibulares do Brasil.

A estética também é um elemento importante a ser observado: título do texto centralizado na primeira linha, espaços dos parágrafos, respeito às margens e às linhas, letra legível, distinção de letras maiúsculas e minúsculas, pingos nas letras “i” e “j” minúsculas, evitar rasuras, rabiscos, desenhos e evitar deixar linhas em branco entre um parágrafo e outro, etc.

8. Mais dicas? Temos!

Não deixe de conferir outras propostas e dicas sobre a redação do Enem aqui no nosso curso. Um exemplo é a questão dos maus-tratos aos animais, tema polêmico e de suma importância para a sociedade brasileira, e também dicas de como desenvolver o referido tema em um texto dissertativo-argumentativo, da melhor maneira possível.

Artigo 25: RASCUNHO NA REDAÇÃO DO ENEM: FAZER OU NÃO FAZER?

Há quem o ignore, mas há também aqueles que só produzem um texto formidável a partir do bom e velho rascunho. E você, é adepto do rascunho? Vem com a gente refletir um pouquinho sobre a importância do rascunho para a produção do texto dissertativo-argumentativo do Enem e de gêneros textuais diversos solicitados em diferentes vestibulares brasileiros.

Esta aula tem o objetivo de discutir a importância do rascunho nas produções textuais, especialmente na redação do Enem e de outros vestibulares brasileiros. Ao longo do texto serão apresentadas algumas técnicas para a elaboração da versão inicial do texto, passíveis de aplicação em qualquer produção textual, seja no vestibular ou no exame que for.

O dito e polêmico rascunho… Para algumas pessoas, elaborar a versão preliminar do texto dissertativo-argumentativo é desnecessário, é desperdiçar um tempo valioso em uma tarefa inútil. Por isso, muitos estudantes o dispensam nas práticas de produção textual realizadas nas aulas de redação. E isso, na maioria dos casos, acaba comprometendo a qualidade do texto e, consequentemente, impacta na avaliação efetuada pelo professor. Em outras palavras, a dispensa do rascunho geralmente resulta em uma nota baixa.

(Veja 10 Modelos de Redação Nota Mil)

Desde pequenos, nos anos iniciais, somos incentivados por nossos professores a utilizarmos o rascunho nas atividades de produção textual. O mesmo acontece nos anos finais do ensino fundamental e, com maior apelo, no ensino médio. Isso porque os professores de Língua Portuguesa e ou Redação querem prepará-lo ao Enem e ao vestibular da melhor maneira possível.

Nós, professores, sabemos que um texto primoroso, com qualidade, estética e estrutura elogiáveis, e as legendárias e cada vez mais raras redações de nota 1000, passam pela folha de rascunho até chegar em sua versão final.

Então já deixamos claro aqui que… trabalhamos sim com rascunho na produção das redações! Trata-se de um elemento valioso, o qual poderá ser determinante para a conquista da tão sonhada nota 1000! Entretanto, o poder de escolha quanto a utilizá-lo ou não é seu. Embasados pelas experiências de sucesso (a nota máxima) obtidas por quem o utilizou na redação do Enem e de outros vestibulares, sugerimos que você o utilize.

O rascunho é a primeira versão do texto e deve ser feito na folha indicada. Tanto o Enem quanto outras propostas de redação de diferentes vestibulares do Brasil oferecem uma folha específica que serve a tal finalidade. É no rascunho que você verá as suas ideias tomando forma e, no caso da redação do Enem, constituindo o texto dissertativo-argumentativo. É certo que, antes de produzir o rascunho da redação, há outros passos importantes a serem realizados.

Pré-rascunho

Diríamos que esse momento configura uma espécie de pré-rascunho, uma vez que algumas informações, dados, palavras-chaves, ideias e esquemas iniciais acabam sendo traçados de forma aleatória, como se fosse uma tempestade de ideias.

O momento do pré-rascunho é quando acontece o jorro de criatividade, onde várias ideias surgem e podem (devem!) ser anotadas. Trata-se de um momento importantíssimo, pois você também conseguirá estabelecer links e esquemas entre as ideias que surgiram.

É verdade que cada redator possui um método e um tempo para o seu processo criativo. Entretanto, na redação do Enem, o tempo é ouro e não pode ser desperdiçado. Por isso que a fase do pré-rascunho é tão importante, pois ela é a organização inicial do seu texto, onde leitura, pensamento e escrita são poderosos aliados. O momento do pré-rascunho contempla os seguintes passos:

• Ler com atenção a proposta de redação e os textos motivadores disponibilizados, compreendendo-os no contexto dessa proposta;

• Identificar o tema sobre o qual você deverá escrever e compreender a sua relevância social;

• Buscar informações diversas no seu repertório de ideias e no seu conhecimento de mundo, as quais poderão ser transformadas em argumentos preciosos;

• Elaborar a tese que você defenderá ao longo do texto;

• Pensar (e anotar) os possíveis argumentos que sustentarão a tese do seu texto dissertativo-argumentativo;

• Esboçar o “esqueleto” do texto que você produzirá, isto é, o que será discutido/apresentado em cada uma das partes do texto (introdução [tema e tese], desenvolvimento [argumentos] e conclusão [síntese e propostas de intervenção]), já estabelecendo uma previsão de quantos parágrafos serão textualizados;

• Formular as possíveis propostas de intervenção ao problema apresentado, anotando-as também, visando à solução desse problema;

• E, sim, anotar algumas possibilidades de títulos para o seu texto (o título não é obrigatório na redação do Enem, mas o professor que vos fala sugere sempre dar um título ao texto que você produzirá).

Fazendo o rascunho

Realizado o que batizamos de pré-rascunho, vamos para o rascunho propriamente dito. O rascunho é muito importante para ver o texto como um todo, analisar se a estrutura do texto dissertativo-argumentativo foi respeitada, se houve a defesa do ponto de vista, se todas as exigências foram cumpridas e para fazer as mudanças necessárias antes de se passar o texto para a folha oficial.

A elaboração do rascunho também funciona como um momento de correção do texto por você mesmo, em que você irá conseguir identificar e eliminar os problemas encontrados.

É o rascunho que possibilita, por exemplo, você substituir uma palavra que fora repetida por outra; corrigir um vocábulo que gerou dúvida quando o escreveu; deslocar uma ideia de um parágrafo para o outro, seja reescrevendo-a ou simplesmente sinalizando essa alteração com uma seta, um asterisco, um rabisco; inserir uma nova ideia que surgiu no momento de escrita, e pode ser utilizada como um argumento válido em defesa da sua tese; fazer outras alterações que contribuirão para o a versão final de seu texto, etc.

Por isso, logo após produzir o seu rascunho, leia com atenção o que foi escrito, observe se há alguma incoerência, se todas as suas ideias ficaram claras, se há algum desvio gramatical, etc. Somente depois dessa análise minuciosa você passa ‘a limpo’ o rascunho, ou seja, depois disso, você copia o texto para a folha oficial com as modificações feitas.

Lembrando que na redação do Enem e da maioria dos vestibulares brasileiros é permitido somente o uso de caneta esferográfica. Sem lápis, sem borracha, sem corretivo. Portanto, habitue-se a produzir os rascunhos de seus textos à caneta.

Pode parecer algo sem relevância, mas muitos estudantes textualizam seus rascunhos a lápis, apagando, reescrevendo, apagando novamente… Um rascunho escrito a caneta pressupõe, de certo modo, outra dinâmica: você não pode apagar ideias ou fazer alterações como se fosse um texto escrito a lápis.

Você pode ficar com a impressão de que irá perder muito tempo fazendo todo esse processo, mas fazendo disso um hábito de sua escrita, tudo ficará mais prático, rápido e te ajudará muito a produzir um texto dentro daquilo que avaliadores esperam e, consequentemente, te ajudará a alcançar uma excelente nota na prova de Redação do Enem.

Artigo 26: A IMPESSOALIDADE NA REDAÇÃO DO ENEM

Todo mundo ouve e lê sobre a impessoalidade que se deve ter na escrita do texto-dissertativo do Enem. Mas o que é, afinal, essa tal de impessoalidade? Como produzir um texto dissertativo-argumentativo de maneira impessoal? Essas e outras dúvidas serão esclarecidas ao longo deste texto, preparado especialmente para você arrasar na Redação do Enem.

Esta aula tem o objetivo de esclarecer aspectos referentes à impessoalidade da linguagem, fornecendo dicas e técnicas de como produzir um texto de maneira impessoal. Trata-se de uma competência exigida na produção do texto dissertativo-argumentativo do Enem e de redações de outros vestibulares brasileiros.

Dominar esse recurso linguístico é muito significativo na produção do texto dissertativo-argumentativo do Enem, sendo um dos critérios avaliados para a tão sonhada nota 1000.

A impessoalidade da linguagem é uma técnica indispensável quando falamos na produção de um texto dissertativo-argumentativo. O objetivo principal de escrever um texto de maneira impessoal é eliminar marcas de subjetividade do discurso, isto é, evitar opiniões e juízos de valores pessoais.

Como você já deve saber, o texto dissertativo-argumentativo requer a defesa de um ponto de vista (tese) a partir de um dado assunto ou tema polêmico e atual. A defesa desse ponto de vista se dará no desenvolvimento do texto, com a apresentação de argumentos consistentes capazes de sustentá-lo.

De certo modo, não é errado afirmar que esse texto possui um viés opinativo. Entretanto, não podemos cair no simplismo de achar que opinião é sinônimo de argumento. O argumento vai além da opinião: é crítico, pretende estabelecer uma reflexão acerca do assunto polêmico tematizado no texto, buscando seu embasamento em informações concretas, dados estatísticos oficiais, testemunhos de autoridades (sejam elas pessoas ou instituições) no assunto, entre outros.

A impessoalidade deve se fazer presente desde o início de seu texto, na apresentação da tese, passando pelo desenvolvimento – que nada mais é que a construção dos argumentos – até chegar à conclusão, ao fechamento do texto, onde você apresenta uma proposta de intervenção ao problema que foi discutido. Em outras palavras, a impessoalidade deve estar nas três partes – introdução, desenvolvimento, conclusão – que estruturam o texto dissertativo-argumentativo.

O QUE É IMPESSOALIDADE?

Na construção de um texto dissertativo-argumentativo, o autor faz um esforço para se distanciar do assunto abordado, isto é, ele faz uso da impessoalidade. Esse recurso é uma regra exigida nesse gênero textual. A sua utilização proporciona maior credibilidade ao texto, principalmente na defesa do ponto de vista sobre o problema que se está discutindo, a qual se dá por meio da argumentação.

Como já foi exposto, no texto dissertativo-argumentativo, o que prevalece é a opinião do autor, fundamentada com uma argumentação consistente que, além de sustentar a sua tese, respeite a diversidade cultural e os direitos humanos.

Sabemos que os temas propostos nas redações do Enem são sempre atuais e polêmicos, de relevância social elevada, os quais mobilizam as mais diferentes opiniões e pontos de vista dos indivíduos. Entretanto, o respeito aos direitos humanos e à diversidade cultural são essenciais para a escrita de um bom texto. Desrespeitá-los pode resultar em uma redação com nota zero.

A impessoalidade no texto dissertativo-argumentativo

Observe as frases a seguir:

“Eu acho que precisamos ter cuidado, pois o número de assaltos aumentou nesse bairro.”

“Na minha opinião, precisamos ter cuidado, pois o número de assaltos aumentou nesse bairro.”

Se um texto dissertativo-argumentativo já é, em si mesmo, um tipo de texto no qual o autor expõe a sua opinião, torna-se desnecessário marcas como “eu acho” e “na minha opinião”.

Teremos a impessoalidade no uso dos verbos na 3ª pessoa do singular e do plural (geralmente acompanhados do pronome “se”). Evite as construções com 1ª pessoa do singular (eu) e do plural (nós).

Outros exemplos de construções que devem ser evitadas:

• “Eu considero esse tipo de abordagem inapropriada…” (Eu considero = 1ª pessoa do singular [eu]);

• “Nós podemos manifestar nossos desejos de uma sociedade mais justa e igualitária…” (Nós podemos = 1ª pessoa do plural [nós]);

• “Espero que a mudança não aconteça tardiamente…” (Espero = a 1ª pessoa do singular está implícita nesse verbo [eu]);

• “Queremos que nossos direitos sejam assegurados…” (Queremos = a 1ª pessoa do plural está implícita nesse verbo [nós]).

É importante ressaltar que, caso tenha começado a escrever o texto usando uma pessoa gramatical (1ª ou 3ª), deve permanecer assim até o final, para não mudar os pontos de vista defendidos na argumentação.

O uso da impessoalidade

Não é difícil de deixar o seu texto impessoal. Para isso, existem algumas regras que poderão lhe ajudar na hora da escrita:

1- Substitua expressões como “eu acho”, “na minha opinião”, “do meu ponto de vista” etc., por outras mais gerais, como “é bom lembrar”, “é preciso considerar”, “é importante”, “convém observar”, entre muitas outras;

2- Evite ao máximo o uso da primeira pessoa do singular. Assim, em vez de escrever “Considero que as contribuições sociais foram importantes para…”, você deve optar por “As considerações sociais foram importantes para…”. Ou seja, o autor deve ser mais direto, não há a necessidade de usar a primeira pessoa, pois já se sabe que se trata de um texto essencialmente opinativo;

3- Indetermine o sujeito, usando o verbo intransitivo ou transitivo indireto ou de ligação + pronome “se”. Adotando esse recurso linguístico, você não permitirá que o leitor identifique com precisão o agente da ação. Trata-se de uma técnica muito útil, sobretudo quando surge, no momento da escrita do seu texto, alguma informação da qual você desconhece a exata procedência. Exemplos:

“Aprende-se na universidade a relevância da ciência e da pesquisa no Brasil”.

“Buscava-se a erradicação da pobreza e da fome através de programas sociais e de políticas públicas a longo prazo”.

“Debate-se muito sobre a questão das novas mídias e tecnologias em sala de aula”.

Artigo 27: MODALIDADE ESCRITA FORMAL DA LÍNGUA PORTUGUESA: A COMPETÊNCIA Nº 1 AVALIADA NA REDAÇÃO DO ENEM

Você demonstra o domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa nos textos dissertativos-argumentativos que produz? Saiba que esta é a primeira competência avaliada na correção da redação do Enem. Descubra neste post todos os detalhes envolvendo esta competência.

Este post tem o objetivo de explicitar acerca da Competência 1 avaliada na correção da redação do Enem. O texto pretende demonstrar que a referida competência nada mais é do que a demonstração do domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa. Além disso, buscaremos esclarecer como os corretores da redação do Enem procedem na avaliação desta competência até chegarem ao número da pontuação obtida pelo candidato.

MODALIDADE ESCRITA FORMAL

Como todos nós sabemos, o Enem solicita a produção de um texto dissertativo-argumentativo. Esse gênero textual exige que o candidato se posicione criticamente a partir de um tema ou assunto polêmico, de relevância social significativa, elaborando uma tese que será sustentada por meio de uma argumentação consistente. Além de formular uma tese e a argumentação, o candidato também deve apresentar uma proposta de intervenção que vise solucionar ou diminuir o problema em questão.

(Veja 10 Modelos de Redação Nota Mil)

A primeira inferência que podemos fazer sobre esse cenário de produção textual é que estamos tratando de um assunto sério, que diz respeito a toda sociedade e a cada um de nós. Nesse sentido, podemos afirmar que um assunto ou tema sério exige um texto igualmente sério, sem brincadeiras, sem desenhos, sem códigos alienígenas, sem partes desconexas propositalmente ao longo do texto e muito menos sem os modos de preparar macarrão instantâneo. E um texto sério pede que sua linguagem também o seja.

É aí que entra a primeira competência avaliada na correção do texto dissertativo-argumentativo: os corretores verificarão se o candidato tem a capacidade de demonstrar domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa.

É isso mesmo: a “Competência 1” avalia se você domina a modalidade escrita formal da língua portuguesa, o que inclui o conhecimento das convenções da escrita, entre as quais se encontram as regras de ortografia e de acentuação gráfica regidas pelo atual Acordo Ortográfico.

Esse acordo já está em vigor e deve ser seguido por todos na escrita formal, inclusive por você e por todos os participantes do Enem. Além disso, o domínio da modalidade formal da escrita será observado na adequação do seu texto em relação às regras gramaticais e à fluidez da leitura, que pode ser prejudicada ou beneficiada pela construção sintática.

Avaliação da primeira competência

Para que você tenha mais clareza a respeito das expectativas que se têm de um concluinte do ensino médio em termos de domínio da modalidade escrita formal, apresentamos, a seguir, os principais aspectos que guiam o olhar do avaliador.

Você será alertado sobre a obrigatoriedade de usar a modalidade formal já na proposta de redação, que é praticamente a mesma em todas as edições do Enem: “A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema…”.

Desse modo, o avaliador corrigirá sua redação, nesta competência, considerando os possíveis problemas de construção sintática e a presença de desvios (gramaticais, de convenções da escrita, de escolha de registro e de escolha vocabular).

Em relação à construção sintática, você deve estruturar as orações e os períodos de seu texto sempre buscando garantir que eles estejam completos e contribuam para a fluidez da leitura.

Quanto aos desvios, você deve estar atento aos seguintes aspectos:

• Convenções da escrita: acentuação, ortografia, separação silábica, uso do hífen e uso de letras maiúsculas e minúsculas;

• Gramaticais: concordância verbal e nominal, flexão de nomes e verbos, pontuação, regência verbal e nominal, colocação pronominal, pontuação e paralelismo;

• Escolha de registro: adequação à modalidade escrita formal, isto é, ausência de uso de registro informal e/ou de marcas de oralidade;

• Escolha vocabular: emprego de vocabulário preciso, o que significa que as palavras selecionadas são usadas em seu sentido correto e são apropriadas para o texto.

O quadro a seguir apresenta os seis níveis de desempenho que são utilizados para avaliar a Competência 1 nas redações do Enem:

Em síntese, para obter os 200 pontos nesta competência você deve ficar atento com a construção sintática, isto é, você deve estruturar as orações e os períodos de seu texto sempre buscando garantir que eles estejam completos, coesos e coerentes, e que contribuam para a fluidez da leitura. Além disso, você deve evitar os desvios linguísticos, sejam eles desvios gramaticais, de convenções da escrita, de escolha de registro, de escolha vocabular, etc.

Quanto à maneira mais eficiente de se alcançar os 200 pontos nesta competência, atingindo o nível mais alto da modalidade escrita formal da língua portuguesa, meu conselho é um só: LEITURA! Muita leitura. Leitura de tudo, de todos os assuntos possíveis: receitas, mangás, notícias, entrevistas, letras de canções brasileiras, obras literárias, rótulos de produtos, dicionários, outdoors, livros didáticos, legendas de filmes, reportagens…

Leitura de ficcional e não ficcional. Leitura de textos em prosa e de textos em versos. LEITURA DE MUNDO! Filmes, telejornais, conversas no ponto de ônibus, atenção às aulas de todas as disciplinas, sendo curioso mesmo, observando o cotidiano, o seu bairro, a vida ao seu redor. Porque o aprendizado surge, muitas vezes, dos lugares e das situações mais inusitadas. Pense nisso!

Artigo 28: COMO NÃO REPETIR PALAVRAS NA REDAÇÃO DO ENEM

Uma das coisas que nos tira muito tempo na hora de escrever é a busca pela não repetição de palavras. Vamos ver algumas dicas para fazer com que esse processo seja mais fácil.

São vários os detalhes que precisamos cuidar para ter um texto dissertativo perfeito no Enem e um deles é o excesso de repetição de palavras, que deve ser evitado mesmo que muitas vezes parece algo difícil de se fazer. Por isso, nesta aula, vamos ver como utilizar sinônimos para que você consiga fazer essa “limpeza” no seu texto com mais tranquilidade e, assim, não perder pontos na competência 04 e conseguir alcançar a nota desejada na sua redação.

Inicialmente, é importante lembrar que mesmo que utilizar um vocabulário variado seja importante para ter um bom desempenho na competência 04, a repetição de palavras só vai te tirar pontos se for considerada um vício de linguagem e, por isso, não deve ser sua principal preocupação na hora de escrever. Então, lembre-se que repetir uma palavrinha ou outra não vai te prejudicar.

Não deixe que a busca pela perfeição vocabular trave o seu raciocínio e a sua argumentação, pois a avaliação desses últimos elementos é bem mais importante e com um peso bem maior. Além disso, caso você não tenha certeza do significado de uma palavra, não a utilize. É melhor repetir uma palavra do que utilizar algum termo incorretamente.

Uso de sinônimos

A forma mais comum de se evitar a repetição de palavras é com o uso de sinônimos, principalmente quando se trata de mencionar o tema da redação. Isso é algo que acontece, pois para mostrar a linearidade do nosso texto é preciso que a gente faça alguma menção ao tema em todos os parágrafos, o que tende a deixá-lo repetitivo e nos obriga a procurar sinônimos dos termos presentes na temática.

A boa notícia quando falamos de sinônimo é que ele não precisa significar exatamente a mesma coisa que o termo a que se refere, mas basta trazer – dentro do contexto da escrita – uma ideia do que está sendo referenciado. Ter isso em mente abre um leque de possibilidade, pois não nos limita a procurar termos semelhantes e não necessariamente iguais.

Para saber como usar sinônimos para se referenciar em todos os parágrafos sem repetir uma mesma expressão, veja a redação abaixo, escrita pelo André Bahia, de Janaúba/MG. Esta redação recebeu nota 1000 no Enem de 2018, que tinha como tema “A manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet”. Nós grifamos para você as formas que o autor se referiu ao “controle de dados nos diferentes momentos do texto”.

Fonte: https://oglobo.globo.com/sociedade/educacao/enem-e-vestibular/leia-redacoes-nota-1000-do-enem-2018-23534071

Repare que a menção ao termo “controle de dados” (como apresentado na proposta) só apareceu no último parágrafo, na linha 24, mas antes disso, a referência a ele foi feita em diversos momentos.

Veja, por exemplo, que mesmo que “acesso aos seus dados” (linhas 03 e 04) e “uso de informações virtuais (linha 21) não queiram dizer exatamente a mesma coisa que controle de dados, no contexto apresentado pelo autor fica claro que ele está se referindo ao termo apresentado na temática”. Essas referências, então, mostram que podemos ficar muito mais livres na hora de escrever e criam possibilidades bem mais amplas de menção aos temos do tema de redação.

Estratégias de não repetição de palavras

Para finalizar, uma outra dica é muito importante: para utilizar a estratégia de não repetição do vocabulário, você deve saber a hora certa de pensar nessas mudanças, que é a hora de revisar e passar a limpo. Isso é muito importante, pois enquanto você escreve o seu rascunho, não deve parar sua linha de raciocínio para pensar nos detalhes do texto, mas deve fazer o possível para manter um fluxo de escrita.

Durante a escrita do rascunho, se perceber que vai repetir uma palavra, sublinhe ou circule e siga escrevendo, pois assim você não “quebra” sua linha de raciocínio. Depois, na hora de passar a limpo, procure todos os termos destacados e procure os sinônimos como mostramos nesta aula.

Artigo 29: COMO FAZER UMA BOA CONCLUSÃO NA REDAÇÃO DO ENEM

Diferente do que muitas pessoas pensam, a conclusão do texto no Enem não deve ser composta somente pela proposta de intervenção. Nesta aula, vamos ver exatamente quais os elementos que devem ser apresentados neste parágrafo para que você consiga finalizar seu texto com qualidade.

A conclusão é uma parte muito importante do texto dissertativo-argumentativo. Nela, além de você garantir os 200 pontos da proposta de intervenção, você também deve finalizar suas ideias para concluir seu texto de maneira coesa e coerente. Por isso, nesta aula, vamos aprender como fazer uma boa conclusão para o texto dissertativo do Enem e ainda ver exemplos de conclusões de bons textos.

Imagem 1: Como finalizar o texto dissertativo. Fonte: https://bit.ly/35L31ez

De maneira geral, não há uma regra com elementos obrigatórios para uma boa conclusão, mas vamos te mostrar uma forma que pode deixar a finalização do seu texto bem completa. Para não haver erro, busque escrever o último parágrafo do seu texto com os seguintes componentes:

(Veja 10 Modelos de Redação Nota Mil)

Conectivo conclusivo + retomada do que foi abordado no texto + proposta de intervenção.

A primeira palavra a aparecer no seu parágrafo de conclusão deve necessariamente ser um conectivo de conclusão, pois isso auxiliará na coesão do texto. São exemplos de conectivos que você pode utilizar: portanto, dessa forma, dessa maneira, desse modo, logo, em suma…

Depois do conectivo, você deve retomar o que foi abordado no texto. Essa é uma parte que muitos candidatos acabam esquecendo por achar que o texto pode se tornar repetitivo, mas ela é muito importante, pois te ajuda a garantir a linearidade textual e, consequentemente, a coesão e coerência do texto. Então, antes de apresentar a proposta de intervenção, busque retomar o objetivo dos parágrafos de desenvolvimento (os mesmos que você apresentou na introdução) para mostrar que você apresentou os objetivos, os discutiu e os concluiu, além de abordar bem o tema e, portanto, teve um texto completo.

Imagem 2: Elementos essenciais da proposta de intervenção

Resumindo, mesmo que não seja a única, a forma mais clara de apresentar a conclusão do texto, o esquema a seguir garante que você tenha um parágrafo completo.

Figura 3: Estrutura da conclusão do texto dissertativo

Agora sim, vamos ver como exemplos de conclusões que tiveram nota máxima no Enem de 2018, o qual tinha como tema a manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet.

O primeiro texto, da aluna Gabriela Andrade, criticou o tema adjetivando-o como perigoso por criar uma realidade antidemocrática, a qual foi a abordada no primeiro parágrafo de desenvolvimento, e por facilitar a propagação de fake news, o que foi abordado no segundo parágrafo de desenvolvimento. A conclusão da aluna foi a seguinte:

Portanto, a manipulação comportamental através do controle de dados na internet é perigosa porque é antidemocrática e facilita a propagação de fakenews. Por isso, para combater tal manipulação, é necessário que o Ministério da Educação, com o auxílio das escolas, promova saraus e campanhas, em diversas mídias de massa, que mostrem a importância dos jovens buscarem fontes variadas de informações, por meio do incentivo à leitura de jornais, livros e sites confiáveis, com a finalidade de criar uma população com grande senso crítico, podendo discernir notícias falsas, variando-as e, consequentemente, beneficiando o regime democrático.

Veja como a conclusão acima seguiu exatamente o esquema apresentado nesta conclusão:

Conectivo: portanto

Retomada: a manipulação comportamental através do controle de dados na internet [tema] é perigosa [objetivo do texto] porque é antidemocrática [objetivo do primeiro desenvolvimento] e facilita a propagação de fake news [objetivo do segundo desenvolvimento].

Proposta de intervenção: para combater tal manipulação, é necessário que o Ministério da Educação [agente], com o auxílio das escolas, promova saraus e campanhas [ação], em diversas mídias de massa, que mostrem a importância dos jovens buscarem fontes variadas de informações [detalhamento], por meio do incentivo à leitura de jornais, livros e sites confiáveis [modo], com a finalidade de criar uma população com grande senso crítico [efeito], podendo discernir notícias falsas, variando-as e, consequentemente, beneficiando o regime democrático [detalhamento].

Artigo 30: ANÁLISE DO TEMA DA REDAÇÃO DO ENEM 2019

O tema da redação do Enem 2019 “Democratização do acesso ao cinema no Brasil” surpreendeu muitas pessoas. Veja a análise do tema e confira se você foi bem!

Um pouquinho depois do início da prova do Enem, o tema da redação do Enem 2019 já estava rolando na internet com fotos do caderno de prova. O tema dessa edição é: “Democratização do acesso ao cinema no Brasil”. O assunto não estava entre os mais cotados para o exame e acabou surpreendendo alguns professores.

Apesar disso, a questão social, bem comum nas provas do Enem, se fez presente. Confira a análise e veja o vídeo com a professora Daniela Garcia, do Curso Enem Gratuito.

A foto que vazou do caderno de prova com o tema da redação do Enem 2019. A imagem foi confirmada pelo Ministro da Educação e o Inep.

ANÁLISE DO TEMA DA REDAÇÃO DO ENEM 2019

Nossa professora Dani gostou do tema da redação do Enem 2019. Apesar de ser uma grande surpresa, após alguns minutos de análise, era possível perceber que a temática trazia várias possibilidades de abordagem. Isso porque o tema deixava aberto para que o aluno citasse e desenvolvesse aspectos como:

O cinema como espaço físico (acessibilidade das salas de cinema, por exemplo), o cinema quanto arte, a relação geográfica (como a falta de cinemas em regiões periféricas e do interior), a relação de classe (valores dos ingressos), a relação do cinema com políticas públicas, aspectos como vale cultura, meia entrada, entre outros. Para a professora, todos os aspectos citados são formas de democratização.

COMO DEVERIA TER USADO OS TEXTOS MOTIVADORES?

Os textos motivadores do tema da redação do Enem 2019 receberam elogios. Segundo a professora Dani, diferente do ano passado, os textos ajudavam que não sabia absolutamente nada sobre o tema. Eles traziam diversas possibilidades, como recorte histórico, relação do cinema como espaço físico e quanto arte.

A questão geográfica podia ser embasada com o texto 4, aquele que falava sobre as salas estarem apenas nos centros urbanos. Já para abordar a relação da democratização do cinema nas plataformas digitais, o texto 3 poderia ser abordado. Em relação à arte e ao cinema, o texto 2 serviria de base.

O QUE EU PODERIA TER CITADO NA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO?

As propostas de intervenção precisavam dar soluções reais para os problemas apontados em seus textos. Assim, a professora Dani listou alguns aspectos que poderiam estar na sua conclusão:

1. A ampliação do vale cultura;

2. Ampliação/criação de programas que levem alunos de escola pública e baixa renda ao cinema;

3. Abertura de novas salas nas periferias e cidades do interior;

4. Isenção de impostos para a produção e consumo de cinema.

5. Outro ponto que poderia ser citado é sobre baratear as plataformas de streaming.

EU FUGI DO TEMA?

Para a professora, o tema, embora seja bem específico, trazia muitas possibilidades de abordagem. Assim, se você falou sobre cultura, acessibilidade, movimento do Cinema Novo, importância do cinema, aspectos financeiros e geográficos, você não fugiu do tema.

Outro ponto interessante sobre o tema de redação do Enem 2019 é que o tema aborda as periferias, já que a falta de cinemas é vivência de muitas pessoas no Brasil.

Além disso, o tema da redação do Enem 2019 privilegiou o repertório cultural dos alunos. Isso porque muitos estudantes citam filmes e séries em seu repertório, ou seja, o tema foi perfeito para quem se preparou!

Artigo 31: COMO ESCREVER UMA CARTA NO VESTIBULAR?

O Enem não cobra redação em formato de carta, mas muitos vestibulares sim! Por isso, aprenda com a gente como escrever uma e mande bem em todas as provas possíveis.

Muitos vestibulares cobram como gênero textual na prova de redação a carta. Ela aparece como carta pessoal, carta aberta, carta ao leitor, carta argumentativa, entre tantas outras possibilidades. Por isso, nesta aula, você vai aprender como escrever uma carta independentemente do seu tipo.

A primeira preocupação que temos que ter ao escrever uma carta é o seu contexto de produção. Ou seja, para definir o estilo e conteúdo da sua carta é preciso que você compreenda em qual o contexto que ela irá circular e, mais importante, qual a sua função.

(Veja 10 Modelos de Redação Nota Mil)

Isso diferenciará os tipos de carta, pois, por exemplo, uma carta aberta tem como função manifestar as ideias de um coletivo para um outro conjunto de pessoas.

Por sua vez, uma carta pessoal tem como finalidade comunicar-se com apenas um indivíduo e o faz de uma forma muito mais próxima e, por vezes, afetiva.

Fonte: https://www.freepik.com/free-vector/business-teamwork-with-letter-computer-message_5685759.htm#page=2&query=letter&position=37

Para saber como identificar o contexto de produção, você precisa interpretar e retirar todas as informações possíveis do enunciado da proposta. Ao ler o enunciado, pergunte-se: quem é o emissor desta carta? Quem é o destinatário desta carta?

Frente a esses “personagens” que enviarão e receberão o texto, qual a função desta carta? As respostas dessas perguntas farão com que você passe a projetar o estilo e conteúdo do que irá escrever.

EXEMPLOS DE COMO ESCREVER CARTA NO VESTIBULAR

Vejamos como exemplo a prova de redação do vestibular da Unicamp em 2017:

A carta no vestibular: prova de redação Unicamp 2017.

Fonte: http://www.comvest.unicamp.br/wp-content/uploads/2017/02/redport.pdf

Repare que todas as perguntas que pontuamos acima são facilmente respondidas neste enunciado:

Quem é o emissor desta carta? Um aluno de ensino médio que mostra um olhar crítico aos textos lidos (os quais eram apresentados na proposta, abaixo desse enunciado);

Quem é o destinatário desta carta? A seção do leitor da revista Rio Pesquisa;

Qual a função desta carta? Discutir com os editores da revista e com os seus leitores o texto publicado, apresentando um ponto de vista.

De maneira geral, de forma mais ou menos explícita, os enunciados dos vestibulares nos trazem essas informações, assim como no exemplo analisado, pois elas que irão elaborar as especificidades que serão corrigidas no seu texto.

No caso acima, a carta precisaria necessariamente apresentar um ponto de vista e, para isso, como de costume em textos com posicionamento marcado, deveria também apresentar argumentos que sustentassem esse posicionamento.

Além disso, a carta precisaria dialogar com o texto apresentado na proposta e para isso, deveria trazer menções – diretas ou indiretas – a ele.

Por fim, os elementos apresentados também moldam a linguagem do texto que será escrito, pois, por se tratar de uma publicação formal – a revista – esse deve utilizar uma linguagem coerente e, portanto, também formal.

As perguntas que vimos acima, então, nos mostram como delimitar o conteúdo da carta que será escrita, mas ainda é preciso determinar a estrutura da carta, que é possui uma forma bastante característica.

COMO ESCREVER A ESTRUTURA DE UMA CARTA

Há vestibulares mais ou menos rígidos com a presença de todos os elementos da carta, que se dividem em três: elementos pré-textuais, texto e elementos pós-textuais.

Aqui, apresentaremos as opções para uma carta completa estruturalmente, mas é importante que você veja se há alguma especificidade do gênero textual no edital do seu vestibular.

De maneira geral, as cartas se organizam da seguinte maneira:

A Estrutura da carta para o vestibular.

Antes do texto da sua carta propriamente dito, você deve iniciar com os elementos pré-textuais.

Primeiramente, você utilizará uma linha para escrever o cabeçalho apresentando o local e data em que essa carta supostamente seria escrita. Essas informações podem estar no próprio enunciado ou, se não estiverem, podem ser inventadas.

Na linha logo abaixo (em nenhum momento você precisará pular linhas), você deverá escrever o vocativo, ou seja, o “chamamento” de quem vai receber sua carta.

Nesse momento, é importante lembrar dos pronomes de tratamento para, caso seja necessário, utilizá-los para fazer uma boa referência ao seu destinatário.

Depois desses elementos que antecedem o texto, você começará a escrever sua carta efetivamente e seu conteúdo vai depender muito daquelas perguntinhas que comentamos no início desta aula.

A quantidade de parágrafos, por sua vez, vai depender muito da prova que você está realizando. Isso ocorre, pois há vestibulares, por exemplo, que cobram cartas de 30 linhas e outros cobram uma de 15 linhas. Dessa forma, você deverá adequar os parágrafos à especificidade do que lhe foi pedido.

Todavia, mesmo que o número de parágrafos possa variar, o início (primeiro parágrafo) e fim (último parágrafo) das cartas tendem a ter um padrão: as cartas normalmente iniciam com um parágrafo de apresentação em que o emissor se apresenta e mostra o que o motivou a escrever.

COMO FINALIZAR SUA CARTA

No fim, é comum que esses textos terminem com um pedido que pode ser muito prático, como uma reivindicação para melhorias em uma cidade, ou mais amplo, como a discussão de um tema ou a união da população em prol do que foi discutido.

Esse pedido vai depender muito do tom que você abordou no decorrer da escrita e, mais uma vez, do que foi solicitado pelo enunciado.

Para terminar sua carta, você vai para a linha abaixo da última palavra do texto da carta e apresenta a saudação e assinatura.

A saudação trata-se de uma despedida. É comum que se utilizem expressões como “atenciosamente”, “respeitosamente” ou, em caso de cartas pessoais, “com carinho”, “carinhosamente”. É a relação entre o emissor e o destinatário que definirá qual a saudação ideal a depender do grau de proximidade e formalidade exigido.

Já a assinatura, que fechará sua carta, muitas vezes é apresentada pelo enunciado, mas, caso não seja, nunca deve identificar o candidato. Para assinar, utilize siglas ou assinaturas genéricas, como “aluno do Ensino Médio”, “Cidadão indignado”.

Artigo 32: COMO ESCREVER UM CONTO NO VESTIBULAR?

No nosso curso também tem aulas específicas para o vestibular! Por isso, estude a estrutura do conto nessa aula.

Por ser uma narrativa curta e com estrutura relativamente definida, o conto é um gênero bastante conhecido e cobrado tanto nos conteúdos escolares quanto em provas de vestibular. Por isso, nesta aula vamos aprender um pouco sobre a estrutura, as principais características desde gênero e enfim como escrever um conto.

COMO ESCREVER UM CONTO PARA OS VESTIBULARES

Para delimitar a função do conto é preciso entender que esse é um gênero narrativo. Ou seja, ele tem como principal função a de contar uma história que, nesse caso, é curta. Ou seja, o enredo é relativamente simples, com poucos espaços/cenários e poucos personagens.

Por isso, para complementar o que veremos nesta aula é importante que você estude um pouquinho sobre as narrativas. Revise os tipos de narradores e principais características desse tipo de texto, pois todos esses conceitos serão essenciais para você escrever um bom conto.

Para contar sua história, enfim, você pode utilizar de elementos dramáticos, cômicos, sensíveis ou as estratégias que julgar interessante, mas sempre pensando em maneiras de entreter e envolver o leitor. Os personagens, o tempo e o espaço em que a narrativa acontece devem ser apresentados para poder situar o leitor.

Mas – por se tratar de uma narrativa curta – eles também já devem auxiliar o narrador no desenvolver da trama. Por isso, costuma-se dizer que no conto nada deve sobrar ou faltar, mas cada elemento que aparece no decorrer do texto deve ter um sentido, como veremos no exemplo ao final desta aula.

A ESTRUTURA PARA ESCREVER UM CONTO

Estruturalmente esse gênero possui uma estrutura clássica que é cobrada na grande maioria das avaliações. Essa estrutura contempla uma história que apresente início, meio e fim.

Para que você compreenda melhor, vamos definir cada um dos elementos dessa estrutura e, depois disso, analisaremos um texto para ver na prática como eles aparecem.

Apresentação:

Normalmente o conto inicia com uma apresentação tanto dos personagens quanto do cenário em que o enredo se passará. Essa descrição normalmente não é literal, mas apresenta elementos que possibilitam com que o leitor conheça minimamente quem serão os personagens que participarão da trama.

Aqui, é importante que você já dê dicas sobre a personalidade e características dos personagens que justifiquem o encaminhamento das ações do enredo.

Aumento da tensão:

Apresentados os personagens, a história de fato começa a se desenvolver e para isso damos o nome de aumento da tensão. Isso quer dizer que você deve passar a narrar ações entre os personagens e, como propõe a denominação, crie uma tensão.

Ou seja, crie expectativas no leitor, o qual passará – com base nessas ações – a esperar o que acontecerá.

Na figura em que mostramos a estrutura do texto, esse momento constitui a “subida” da montanha não por acaso, pois o conto bem desenvolvido é aquele que consegue elevar a curiosidade do leitor.

Esse tipo de sensação que você deve apresentar no texto é aquela mesma que temos quando assistimos a um filme ou série e ficamos ansiosos querendo saber logo o que acontecerá. Esse elemento contempla a maior parte do texto no que diz respeito a quantidade de linhas.

Clímax:

Também não é por acaso que o clímax é demonstrado bem no topo da nossa montanha. O clímax de um conto é possivelmente o elemento mais importante desse tipo de texto.

É nesse momento que todas as dicas que você deu no decorrer do texto e todas as ações descritas se encontram, chegam ao seu ápice e que o leitor finalmente encontra uma resposta para suas angústias apresentadas no decorrer da leitura.

De maneira geral, o clímax se apresenta como uma quebra de expectativa, pois, caso contrário, o conto acaba perdendo um pouco seu encanto.

Então, já no planejamento do seu texto, pense em um clímax que traga uma grande surpresa para o leitor, como no conto que veremos como modelo nesta aula.

Desfecho e resolução:

Esses dois elementos muitas vezes aparecem juntos nos contos e acabam sendo escritos em poucas linhas no final dos textos. Ou, em alguns momentos, nem aparecem descritos, mas ficam subentendidos, como no conto que veremos como modelo.

A função desses elementos, de maneira geral, é apresentar o encaminhamento do que acontece após a quebra de expectativa (clímax) e, dessa maneira, resolver as ações e finalizar o texto.

Agora, vamos ver na prática como escrever um conto! Veja como as características que vimos nesta aula aparecem em um texto com a leitura e análise do conto O chapéu, do escritor gaúcho Charles Kiefer:

O CHAPÉU

Planejei meticulosamente o assassinato de Manoel Soares. Podia fazê-lo com as próprias mãos; preferi, porém, contratar um pistoleiro. Para que Isabel não sofra, ou não sofra tanto, é imprescindível tirá-lo do caminho. Se eu próprio o matasse, o complexo de culpa iria atormentá-la, tornando impossível o grande e mais intenso amor de sua vida, fogo em que se tem consumido lentamente (emagrece e chora em silêncio, tem os olhos ardidos e o corpo trêmulo), e entre um gemido e outro de prazer eles haveriam de ouvir seu riso sarcástico e maldoso.

Mas pra eliminá-lo da face da terra, arrancá-lo da cidade como se fosse uma erva maldita, foi preciso antes que eu o odiasse. Por isso, dia após dia – somos colegas de repartição -, procurei descobrir nele atitudes dissimuladas, falsidades, orgulho, mesquinharias que dessem motivação para levar adiante o meu intento. O ódio foi se alimentando do conhecimento. Hoje pela manhã atingiu o limite máximo quando entreguei ao pistoleiro a quantia estipulada para o crime. – Exatamente às vinte horas, todas às noites, ele sai de seu apartamento à rua G, prédio 203. Hoje é segunda-feira, portanto estará vestido de calça de linho branco, camisa azul-marinho e chapéu de feltro. Preste atenção ao chapéu. É um dos últimos homens a usá-lo nesta cidade. Atire assim que atravessar a porta de vidro do edifício. O pistoleiro recuou e, sem dizer sequer uma palavra, saiu da sala.

Os muitos anos de convívio,

e o plano longamente arquitetado, me possibilitaram conhecer todos os hábitos de Manoel Soares. Sim, não há possibilidade de engano. Exatamente às vinte horas estará na calçada, tirará o chapéu e baterá com a mão no feltro, como que a retirar o pó, olhará indeciso para ambos os lados e, enfim, optará pelo direito, caminhará quarenta e cinco minutos, ora fumando, ora assobiando uma velha canção portuguesa, e depois retornará ao apartamento. Suponho que antes de dormir mergulhe a dentadura postiça num copo d’água, displicentemente.

Hoje, durante o expediente, surpreendi-o agitado em diversas circunstâncias, esfregando as mãos com impaciência. Duas ou três vezes foi ao banheiro, atitude totalmente inabitual. Pressente alguma coisa? E se na hora H resolver não fazer o passeio? E se estiver com cólica? Um medo inconsciente? E se no exato momento passar pela rua um sujeito qualquer vestido de forma semelhante e o meu contratado disparar sobre um inocente? Não. Absolutamente não é hora de pensar em tais possibilidades. Manoel Soares será assassinado dentro de cinco minutos. O relógio da sala avança para o instante fatal. Vou apanhar o chapéu e descer de encontro à bala que me espera.

(Texto retirado de: KIEFER, Charles. O Chapéu. In: QUIROGA, Horácio. Decálogo do perfeito contista. São Leopoldo, RS: Editora Unisinos, 1999.)

Análise do conto

Veja que, durante todo o texto o narrador nos encaminha para que o clímax seja uma surpresa. Ele apresenta elementos em que fala do alvo do pistoleiro na terceira pessoa, o que é essencial para que o ponto culminante do texto seja de fato uma quebra de expectativa.

Pois é só no clímax, na última linha do texto, quando o narrador diz que pegará seu chapéu, que entendemos que, na verdade, o matador tem como alvo o próprio narrador. É sobre isso que, no início desta aula, falamos quando dissemos que no conto nada de sobrar ou faltar.

Todos detalhes apresentados no decorrer da escrita – como a menção ao Manoel na terceira pessoa – são propositais para entreter o leitor e levá-lo ao clímax.

Elementos estruturais

Sobre os elementos estruturais que trabalhamos, repare que o texto segue exatamente a mesma estrutura de montanha que descrevemos: ele começa apresentando os personagens (Manoel Soares e sua esposa) e os descreve, apresentando suas características, personalidades e a suposta relação entre o narrador e eles. Isso configura o que chamamos de apresentação.

Depois, quase todo o texto segue com o aumento da tensão, pois o autor apresenta ações e pensamentos do narrador que nos faz querer saber logo o fim da narrativa.

Em vários momentos nos perguntamos se de fato Manoel será morto, perguntamos também quem seria Manoel e o porquê do narrador querer matá-lo. Esses questionamentos provam que, como previsto, existe uma expectativa de nossa parte enquanto leitores.

Por fim, o autor quebra a expectativa ao apresentar o clímax do conto em que ele demonstra que, na verdade, o narrador era o próprio Manoel. No próprio clímax, o autor já inclui o desfecho e resolução, que acabaram ficando implícitos.

Mesmo que não esteja descrito, sabemos o que acontecerá após o fim do texto: o autor, que é próprio Manoel, será morto pelo pistoleiro contratado por ele.

Com o que aprendemos nesta aula e com a leitura de diferentes contos, certamente você já pode se arriscar nesse gênero e escrever bons textos!

Artigo 33: COMO ESCREVER UMA CRÔNICA?

A crônica é um dos gêneros textuais mais conhecidos no nosso dia a dia e volta e meia esse tipo de texto aparece como conteúdo escolar ou até mesmo é cobrado em provas de redação em diferentes vestibulares.

Por isso, nesta aula vamos aprender a escrever uma crônica e analisar quais são suas principais características e elementos essenciais!

O QUE É UMA CRÔNICA?

Inicialmente, é preciso entender o contexto de produção e o meio de circulação desse gênero. Pois a crônica é um gênero que acaba circulando em duas esferas distintas: a literária e a jornalística.

Por esse motivo você já pode ter lido crônicas tanto em livros como em jornais ou revistas. Isso é super normal, é parte da essência da crônica e acaba delimitando seu conteúdo e sua forma.

Então, a primeira questão que devemos pontuar para escrever uma crônica é o seu “lugar”, que é entre os textos narrativos (próprios da literatura) e os textos argumentativos.

Com que abordamos acima, já é possível entender que a crônica terá dois elementos essenciais, que são a narração e a argumentação.

Adicionamos a isso um terceiro elemento também muito característico da crônica, que é a reflexão, e vejamos, então, como cada um deles deve aparecer no seu texto.

A ESTRUTURA PARA ESCREVER UMA CRÔNICA:

Narração:

Uma das principais características da crônica é a sua relação com o cotidiano. Ou seja, toda crônica parte de um fato cotidiano e esse aparece como forma de narração, ou seja, você precisa contar esse fato.

Essa narração não precisa ter início, meio e fim, mas deve aparecer como a descrição de uma cena da vida cotidiana. De maneira geral, a narração da crônica é feita em primeira pessoa, pois ela normalmente tem a finalidade de mostrar uma observação que o autor fez da sua realidade para que ele discuta sua própria condição com base nessa observação.

Então lembre-se: você deve narrar uma cena e não uma história inteira, pois a crônica não tem como único objetivo narrar, mas ela parte dessa narração para apresentar uma discussão, o que nos leva a próximo ponto.

Opinião/argumentação:

Como vimos acima, uma boa crônica deve partir da narração de um fato cotidiano para desenvolver um posicionamento, ou seja, argumentar sobre o tema.

Essa argumentação não precisa necessariamente de repertórios ou dados que a comprovem, como estamos acostumados na dissertação. Mas deve defender um ponto de vista com base na própria observação do dia a dia.

É preciso, então, que, durante escrita da sua crônica, você deixe muito explícita a sua opinião sobre o tema, a relacione sempre com o fato narrado e a faça de maneira reflexiva, finalizando o terceiro elemento que constitui esse gênero.

Reflexão:

Por fim, o terceiro elemento, que irá “costurar” a sua argumentação com a narração é a reflexão que deve aparecer durante todo o seu texto. Resumidamente, a ideia da crônica é que você aprecie um fato, narrando-o, reflita sobre ele e, com base nisso, desenvolva sua defesa.

Estruturalmente, não há uma divisão pré-delimitada de como os elementos acima são divididos no texto. Você pode optar por escrever sua narração no primeiro parágrafo e utilizar os outros parágrafos para apresentar a reflexão e argumentação; pode também mesclar esses tipos de escrita ou iniciar com a discussão e mostrar como ela te leva a um fato cotidiano observado anteriormente.

A melhor forma de definir qual a estrutura seguir é com a leitura de diferentes crônicas: quanto mais você ler exemplares desse gênero, mais facilidade terá em escrevê-lo.

Por isso, vejamos como exemplo a crônica abaixo, de autoria de Fernanda Takai, e analisemos como os elementos que citamos nesta aula aparecem no texto. Não deixe de ler para aprender como escrever uma crônica!

NUNCA SUBESTIME UMA MULHERZINHA

A gente ainda alimenta algumas ideias moldadas por um certo movimento retilíneo uniforme bobo do nosso cérebro. Pra qualquer assunto temos lá nossas considerações a fazer. E um dos seres mais agraciados com opiniões dos outros somos nós, as mulherzinhas. E o pior: também fazemos parte dessa engrenagem e, de certa forma, nos sabotamos sem querer.

“Só podia ser mulher! Ela não consegue.” E infelizes são os comentários que ouvimos sobre as coisas que fazemos ou deixamos de fazer. Puxa vida, esse negócio é tão forte pra gente que até quando vou estacionar o carro eu já fico pensando se tem alguém olhando pra me julgar. Mesmo que eu tenha escolhido a vaga mais difícil em um shopping lotado… Tá, reconheço que às vezes fico muito tempo escolhendo a roupa pra sair e de carona vem o aparte: trocou de roupa de novo? E olha que eu conheço um tanto de homens que gastam mais tempo se arrumando do que a noive da igreja mais próxima.

Ganhei de presente da jornalista Chris Campos, que escreve muito bem sobre as coisas do nosso “lar agridoce lar”, um livro de uma escritora que tem cruzado a minha vida em momentos diferentes. E é um livro de mulherzinha, à primeira vista. Correio feminino vem numa capa rosa com bolinhas num formato quase de revista. Seria apenas mais um livro desse gênero se a autora não fosse Clarice Lispector. É uma compilação de textos que ela escreveu para alguns periódicos em momentos diferentes entre 1952 e 1977. Como era uma escritora consagrada, ela escolheu se esconder atrás de três pseudônimos. Pelo jeito, Clarice também tinha medo de ser confundida com uma escritora para mulherzinhas.

Por mais que os assuntos fossem bem femininos,

como dicas de beleza, etiqueta, tendências da moda, relacionamento com o companheiro, é possível ler a Clarice como ela era. no meio de tudo ela sempre dava um jeito de indicar às mulheres uma atitude mais natural e pessoal. A leitura fica ainda mais divertida se conhecemos a escritora de outros livros e crônicas. Assuntos como insônia, cigarro, solidão, vaidade, saúde, expectativas, vizinhos fazem par com outros por sua obra afora. E ainda há textos incríveis que provavelmente Clarice nem precisaria deixar de assinar seu nome de verdade. E deve até ter pensado: “É mais do que me pedem pra escrever…”.

Eu estava lendo esse livro numa lanchonete. Enquanto esperava o sanduíche, um moço na mesa a lado esticou o olho e provavelmente leu em letras enormes “Você entende de homens?” numa das páginas que eu lia. Ele me jogou de volta um sorrisinho… Aí me deu vontade de mostrar a capa e apontar o nome da Clarice. Acabei não fazendo isso. Sorri amarelo de volta. Mas de alguma forma eu não me senti uma mulherzinha comum. Sabe por quê? Porque alguém como Clarice Lispector também era uma mulherzinha. E das boas!

(Texto retirado de: TAKAI, Fernanda. Nunca subestime uma mulherzinha. In: Nunca subestime uma mulherzinha. São Paulo: Panda Books, 2007)

ANÁLISE DA CRÔNICA

Repare que, mesmo que a autora aborde situações cotidianas durante todo o texto, a narração de fato é apresentada no último parágrafo quando é descrita a cena da lanchonete.

Com essa estratégia, podemos perceber como toda a discussão proposta no decorrer do texto foi, na verdade, desenvolvida a partir daquela cena.

A opinião, argumentação e reflexão da autora, por sua vez, ficam presentes em vários momentos da sua escrita quando ela critica a forma como a sociedade vê as mulheres, como fúteis ou menores.

Esse texto, então, como exemplo de como escrever uma crônica, nos mostra tanto a opinião da autora (nas críticas feitas à visão da mulher pela sociedade), sua argumentação (em que utiliza do livro de Clarice Lispector para defender feitos femininos marcantes) e sua narração (ao descrever a cena da lanchonete).

Para completar, o texto ainda utiliza de linguagem simples, objetiva e com recursos que chamam a atenção do leitor, o que – dada a proximidade com o cotidiano – também é característica desse gênero.

Artigo 34: COMO ESCREVER UMA NARRAÇÃO?

NARRAÇÃO é uma modalidade textual em que se conta um fato, fictício ou não, que ocorreu num determinado tempo e lugar, envolvendo certos personagens. Esse tipo de texto contém alguns elementos estruturais importantes:

Personagem: É a pessoa (de persona) que atua na narrativa. Pode ser principal ou secundária, típica ou caricatural.

Enredo: É a narrativa propriamente dita, que pode ser linear ou retrospectiva, cuja trama mantém o interesse do leitor, que espera por um desfecho. Chama-se também simplesmente de ação.

Ambiente: É o meio físico e social onde se desenvolve a ação das personagens. Trata-se do pano de fundo ou do cenário da história, também designado de paisagem.

Tempo: É o elemento fortemente ligado ao enredo numa sequência linear ou retrospectiva, ao passado, presente e futuro, com seus recuos e avanços. Pode ser cronológico ou psicológico. Cronológico, quando avança no sentido do relógio; psicológico, quando é medido pela repercussão emocional, estética e psicológica nas personagens.