MENSAGEM PARA CRIANÇAS... E ADULTOS
A observação nos mostra que existe um calcanhar de Aquiles no universo em princípio maravilhoso da informatização: o imediatismo crônico que se apodera do ser humano, num processo inconsciente que deságua em resultados altamente indesejáveis. Porque, como tudo o que antes demandava um tempo incômodo agora é atingido, via internet, num lapso que vai de segundos a uns poucos minutos, os usuários de computadores e de sua rede mundial se tornaram, também na vida real - aqui fora! - e de forma crítica, irritadiços a toda a modalidade de contrariedades e de distância temporal que se exija à realização dos seus propósitos.
Nota-se, flagrantemente, crianças que não sabem fazer direito a diferença entre a resposta momentânea de uma tecla de computador, que lhes oferece, num segundo, o resultado de uma pesquisa escolar, ou a vitória num jogo virtual, da vida real cá fora que, muito acima de nos presentear com respostas prontas, cobra-nos atitudes, e capacidade responsiva para com cada situação que se apresente de improviso no dia-a-dia.
Percebo claramente esta disposição nos meus filhos, de idades diversas entre a infância e a adolescência, quando ambos, contudo, de maneira idêntica, não sabem lidar com contrariedades às suas exigências, nem com lapsos de tempo necessários ao alcance apropriado dos seus objetivos.
Se vamos ao shopping, minha filha mal acorda e já me cobra: "É agora, mamãe? É agora que vamos? Ou depois do almoço? Bolas, isto está demorando muito!" Enquanto o mais velho, de seu lado, apresenta dificuldades em confrontar a própria necessidade de reformulação das suas atitudes, conforme o que se pede para a sua idade, naqueles momentos em que, tendo de algum modo trivial "pisado na bola", se posiciona de dentro de um perfil de prostração mórbida e inútil - arrasado com a necessária "bronca", ou com os resultados adversos de alguma imprudência - ao invés de colocar-se de uma vez de maneira prática e partir para a solução útil do revés, em substituição à inércia improdutiva de ficar como que esperando que a solução lhe caia de presente do céu, no mesmo minuto, sem nenhum esforço de sua parte!
E, no mais das vezes, de nada adiantam os argumentos: "Escuta, não adianta ficar aí, pensando na vida, o seu modo de agir não foi legal, agora o que ajuda é você encarar o problema e pensar nas soluções! Não vai lhe ajudar a postura de coitadinho!"; e nem o "Calma, minha filha; por quê já está me perguntando sobre o almoço às oito horas da manhã?! Você ainda está de pijama!" Eles, de fato, parecem padecer de um mórbido e indesejável imediatismo crônico, que compulsivamente os leva a exigir soluções prontas de uma vida que, como para todos, não obedece a ensaios e nem a programas prévios de algum hardware - mas, antes, à capacidade única, individual e intransferível de cada um de nós para criarmos, nós mesmos, o nosso presente e o decorrente dia de amanhã!
Nesta esteira, todo um repertório compõe inadequado mosaico: em chats e salas online em todo o mundo, o já legendário "internetês" se sobrepõe, soberano, ao uso da língua culta, patrimônio impagável e insubstituível de cada país, na hora de se expressar tanto na modalidade oral como na escrita. Um requisito imprescindível para a expansão criativa do universo literário, cujo produto - o bom e velho livro - jamais poderá ser substituído ou superado, em igualdade de condições, e tanto em apresentação como no seu conteúdo, por composições textuais mirradas e áridas da poesia, e da beleza e da riqueza de estilo que só a autêntica obra literária pode nos oferecer.
Neste bojo, fica a pesquisa escolar atrelada a folhinhas impressas de maneira ligeira, cujo conteúdo útil nem sempre é devidamente analisado, como antes se dava no trabalho escolar que demandava tempo, é certo - mas estudo autêntico, com assimilação de sentido e significação nas pesquisas a livros e enciclopédias, resultando num aprendizado mais eficiente e no estímulo natural ao gosto pela leitura e, conseqüentemente, pela escrita com correção gramatical e benvinda criatividade.
Noutro dia, mencionei num texto que a ausência de carros nas ruas, e do conseqüente pandemônio que acompanha a rotina das grandes cidades, talvez que resultasse em prestarmos mais atenção uns nos outros: num eventual sorriso, numa criança precisada de afeto ou de ajuda, num bate-papo prazeroso numa praça pública. O mesmo se aplica, pois, no que aqui explicitamos: nossa era informatizada pode apresentar um aspecto muito prático e eficiente - mas, indubitavelmente, isento de calor humano. Daquele calor humano existente numa conversa entre amigos ou parentes, ou mesmo entre desconhecidos; mas face a face, olho no olho, com a emissão direta e tocante das emoções verdadeiras - distintas em tudo às amizades virtuais que colecionamos com facilidade e aos montes nos dias de hoje, e que, e se muito as prezo pela tocante sinceridade com que muitas se constroem e se consolidam com o passar do tempo - a despeito da frieza e do distanciamento natural que um computador impõe - por outro lado, nos enchem de uma carência de um não sei o quê a mais, sobretudo humano e afetivo, existente noutras épocas nas quais não existiam computadores; porém, encontros autênticos entre as pessoas, forjados com naturalidade pela própria vida.
É como aquele anel que Frodo alega não querer em O Senhor dos Anéis. Um anel que trazia um poder incomensurável, mas, junto a isso, conseqüências adversas e incontroláveis para toda a humanidade. Ciente destas nuances sobretudo sombrias, o hobbit se lamenta, dizendo: "Eu não queria que isto viesse para mim!" Ao que Gandalf, o mago, sábio, alerta: "Como todos os que, como você, assistem ao que acontece ao mundo; mas o que de fato importa não é o tempo que vem a você; mas o que você vai fazer do tempo que vem a você!"
Também aqui, ainda desta vez, olhando para este estranho "anel" presente em nossas vidas atuais, nos compete, acima de qualquer outra atitude, saber o que fazer, com acerto, deste tempo de imediatismo que vivenciamos, sem nem saber muito bem o que fazer dele, ou se era, de fato, isto que queríamos
Que nunca nos esqueçamos, portanto, e a partir desta verdade, acima de tudo o mais: em nós, apenas, reside a criatividade e o poder para mudar aquilo que não nos satisfaz.
Que seja esta a mensagem principal às nossas crianças - para que consigam construir aquele mundo de felicidade com que outrora já sonhamos, e com o qual, certamente, também elas continuam a sonhar!
Com amor,
A observação nos mostra que existe um calcanhar de Aquiles no universo em princípio maravilhoso da informatização: o imediatismo crônico que se apodera do ser humano, num processo inconsciente que deságua em resultados altamente indesejáveis. Porque, como tudo o que antes demandava um tempo incômodo agora é atingido, via internet, num lapso que vai de segundos a uns poucos minutos, os usuários de computadores e de sua rede mundial se tornaram, também na vida real - aqui fora! - e de forma crítica, irritadiços a toda a modalidade de contrariedades e de distância temporal que se exija à realização dos seus propósitos.
Nota-se, flagrantemente, crianças que não sabem fazer direito a diferença entre a resposta momentânea de uma tecla de computador, que lhes oferece, num segundo, o resultado de uma pesquisa escolar, ou a vitória num jogo virtual, da vida real cá fora que, muito acima de nos presentear com respostas prontas, cobra-nos atitudes, e capacidade responsiva para com cada situação que se apresente de improviso no dia-a-dia.
Percebo claramente esta disposição nos meus filhos, de idades diversas entre a infância e a adolescência, quando ambos, contudo, de maneira idêntica, não sabem lidar com contrariedades às suas exigências, nem com lapsos de tempo necessários ao alcance apropriado dos seus objetivos.
Se vamos ao shopping, minha filha mal acorda e já me cobra: "É agora, mamãe? É agora que vamos? Ou depois do almoço? Bolas, isto está demorando muito!" Enquanto o mais velho, de seu lado, apresenta dificuldades em confrontar a própria necessidade de reformulação das suas atitudes, conforme o que se pede para a sua idade, naqueles momentos em que, tendo de algum modo trivial "pisado na bola", se posiciona de dentro de um perfil de prostração mórbida e inútil - arrasado com a necessária "bronca", ou com os resultados adversos de alguma imprudência - ao invés de colocar-se de uma vez de maneira prática e partir para a solução útil do revés, em substituição à inércia improdutiva de ficar como que esperando que a solução lhe caia de presente do céu, no mesmo minuto, sem nenhum esforço de sua parte!
E, no mais das vezes, de nada adiantam os argumentos: "Escuta, não adianta ficar aí, pensando na vida, o seu modo de agir não foi legal, agora o que ajuda é você encarar o problema e pensar nas soluções! Não vai lhe ajudar a postura de coitadinho!"; e nem o "Calma, minha filha; por quê já está me perguntando sobre o almoço às oito horas da manhã?! Você ainda está de pijama!" Eles, de fato, parecem padecer de um mórbido e indesejável imediatismo crônico, que compulsivamente os leva a exigir soluções prontas de uma vida que, como para todos, não obedece a ensaios e nem a programas prévios de algum hardware - mas, antes, à capacidade única, individual e intransferível de cada um de nós para criarmos, nós mesmos, o nosso presente e o decorrente dia de amanhã!
Nesta esteira, todo um repertório compõe inadequado mosaico: em chats e salas online em todo o mundo, o já legendário "internetês" se sobrepõe, soberano, ao uso da língua culta, patrimônio impagável e insubstituível de cada país, na hora de se expressar tanto na modalidade oral como na escrita. Um requisito imprescindível para a expansão criativa do universo literário, cujo produto - o bom e velho livro - jamais poderá ser substituído ou superado, em igualdade de condições, e tanto em apresentação como no seu conteúdo, por composições textuais mirradas e áridas da poesia, e da beleza e da riqueza de estilo que só a autêntica obra literária pode nos oferecer.
Neste bojo, fica a pesquisa escolar atrelada a folhinhas impressas de maneira ligeira, cujo conteúdo útil nem sempre é devidamente analisado, como antes se dava no trabalho escolar que demandava tempo, é certo - mas estudo autêntico, com assimilação de sentido e significação nas pesquisas a livros e enciclopédias, resultando num aprendizado mais eficiente e no estímulo natural ao gosto pela leitura e, conseqüentemente, pela escrita com correção gramatical e benvinda criatividade.
Noutro dia, mencionei num texto que a ausência de carros nas ruas, e do conseqüente pandemônio que acompanha a rotina das grandes cidades, talvez que resultasse em prestarmos mais atenção uns nos outros: num eventual sorriso, numa criança precisada de afeto ou de ajuda, num bate-papo prazeroso numa praça pública. O mesmo se aplica, pois, no que aqui explicitamos: nossa era informatizada pode apresentar um aspecto muito prático e eficiente - mas, indubitavelmente, isento de calor humano. Daquele calor humano existente numa conversa entre amigos ou parentes, ou mesmo entre desconhecidos; mas face a face, olho no olho, com a emissão direta e tocante das emoções verdadeiras - distintas em tudo às amizades virtuais que colecionamos com facilidade e aos montes nos dias de hoje, e que, e se muito as prezo pela tocante sinceridade com que muitas se constroem e se consolidam com o passar do tempo - a despeito da frieza e do distanciamento natural que um computador impõe - por outro lado, nos enchem de uma carência de um não sei o quê a mais, sobretudo humano e afetivo, existente noutras épocas nas quais não existiam computadores; porém, encontros autênticos entre as pessoas, forjados com naturalidade pela própria vida.
É como aquele anel que Frodo alega não querer em O Senhor dos Anéis. Um anel que trazia um poder incomensurável, mas, junto a isso, conseqüências adversas e incontroláveis para toda a humanidade. Ciente destas nuances sobretudo sombrias, o hobbit se lamenta, dizendo: "Eu não queria que isto viesse para mim!" Ao que Gandalf, o mago, sábio, alerta: "Como todos os que, como você, assistem ao que acontece ao mundo; mas o que de fato importa não é o tempo que vem a você; mas o que você vai fazer do tempo que vem a você!"
Também aqui, ainda desta vez, olhando para este estranho "anel" presente em nossas vidas atuais, nos compete, acima de qualquer outra atitude, saber o que fazer, com acerto, deste tempo de imediatismo que vivenciamos, sem nem saber muito bem o que fazer dele, ou se era, de fato, isto que queríamos
Que nunca nos esqueçamos, portanto, e a partir desta verdade, acima de tudo o mais: em nós, apenas, reside a criatividade e o poder para mudar aquilo que não nos satisfaz.
Que seja esta a mensagem principal às nossas crianças - para que consigam construir aquele mundo de felicidade com que outrora já sonhamos, e com o qual, certamente, também elas continuam a sonhar!
Com amor,