REMUNERANDO A VIDA
REMUNERANDO A VIDA
07abr20
Estranha a sensação de falta de tempo, em tempos de quebra de paradigmas. Nosso trabalho de consultoria já nos obriga a uma rígida disciplina com os prazos acertados e o trabalho “home office” faz parte do nosso dia a dia e nos “isola” do convívio familiar dentro de quatro paredes. Então por que a sensação de nos faltar tempo? Comecei a me perguntar e a resposta que me dei é que a vida estava mudando e muitas das placas de sinalização desta longa estrada foram retiradas ou trocadas.
O consultor por dever de ofício é um observador e no exercício da observação nem sempre a constatação é o resultado, o que nos fica na mente é todo um conjunto de informações como peças de um grande quebra cabeça cuja possibilidade de junção é infinita usando parte ou todas as peças.
Os insights que temos são frutos destas infinitas observações. Às vezes, a certeza que temos em apontar caminhos nos é tão clara e óbvia que as explicações e os “considerandos” nos parecem perda de tempo. E é daí que tenho a sensação que esta “parada” nos hábitos e costumes nos apressam a ter as soluções para quando o ritmo se normalizar, ainda que o pedal do acelerador saia dos pés e se torne um eficaz controle mental.
Uma das placas que agora observo, pois ela agora está iluminada, é algo que indico desde o milênio passado e meus alunos são testemunhas, a remuneração variável. Como me incomoda a intromissão do poder público nos negócios particulares, deixa uma sensação de incapacidade ou incompetência. O decreto que possibilita a redução salarial em tempos de pandemia já podia ser algo natural se a remuneração variável fosse prevalente, mas para isto precisaríamos tê-la implantado a base de 30% da remuneração total para que ao longo de um tempo, que irá variar de empresa para empresa de acordo com seu desenvolvimento, cultura, negócio, etc., esta relação evoluir inversamente: 30% de remuneração fixa e 70% de variável.
Nossos parâmetros ergonômicos precisam ser alterados e os postos de trabalho devem ser dimensionados cientificamente de modo a não fazer necessárias as paralisações para preservação da saúde. Precisamos além de apenas entender nossos processos conhece-los em tal profundidade que nos permita criar by-pass e alternativas de adaptações cujas simplificação, racionalização sejam imediatas quando se fizerem necessárias.
Que não mais tenhamos necessidade de certificações coladas em paredes pois, as boas práticas dependem tão somente da conscientização de suas necessidades e da boa vontade em acertar.
Que as competências não sejam apenas um conjunto de palavras ao final de uma descrição de cargo, mas que sejam notadas e mensuradas pelos resultados obtidos pela média dos ocupantes pois é dela que será medida a capacidade produtiva de uma empresa.
Que hoje nos seja possível entender que o que diferencia empregados e empregadores é somente o radical das palavras e não um exercício de “cabo de guerra” onde cada um puxa para um lado.
Geraldo Cerqueira