O inteligente e o sábio.
João e Marcos eram dois irmãos detentores de grande capacidade intelectual.
Inteligentes ao extremo, se constituíam no orgulho dos pais. No entanto, embora gerados no mesmo ventre e educados pelas mesmas pessoas, quando atingiram a idade adulta empregaram de forma diversa seus atributos.
João se deleitava somente com a matéria. Marcos se empolgava com os valores da alma.
João utilizava sua inteligência somente em benefício próprio, não titubeando em enganar para conquistar seus objetivos. Marcos colocava sua inteligência também em favor dos menos favorecidos.
A inteligência de João impunha, amedrontava, constrangia, humilhava...
A inteligência de Marcos estimulava as pessoas a sua volta, convidando-as ao crescimento.
João possuía apenas dotes intelectuais. Marcos aliava sua capacidade intelectual ao senso moral bem desenvolvido.
João era inteligente. Marcos além de inteligente era sábio.
Há um abismo que separa inteligência e sabedoria. A inteligência teoriza, a sabedoria pratica. A inteligência facilita, a sabedoria resolve. A inteligência pode atuar longe dos nobres sentimentos , a sabedoria não se desvencilha deles.
A história do mundo registra em suas páginas a saga de indivíduos e povos que, não obstante a grande inteligência, nada tinham de sabedoria, porquanto, eram desprovidos de qualquer sentimento de elevação em relação ao semelhante.
No mundo contemporâneo pode ser que não ocorram atrozes carnificinas como antigamente, contudo, ainda hoje há povos e indivíduos se aproveitando de sua inteligência e poderio econômico mais desenvolvido para subjugar outras nações, impondo uma moderna escravidão.
Tudo isso ocorre porque ainda não houve o equilíbrio entre inteligência e senso moral, capacidade intelectual e sabedoria. Mesmo acolhidos pela mãe Terra e com filiação Divina indicando que somos irmãos, não paramos para pensar seriamente nas questões capitais que envolvem a existência humana. E capacidade intelectual sem o exercício da fraternidade é porta escancarada aos abusos. A inteligência só terá grande valor quando nos proporcionar reflexão para podermos distinguir o bem do mal.
Por isso, por mais possante que seja nossa inteligência, importante lutar para transformá-la em sabedoria. E para que isso aconteça, não precisamos fazer grandes prodígios, mas apenas dedicar uma parte de nosso tempo ao exercício da reflexão:
Minha inteligência favorece alguém?
Minha capacidade intelectual também é colocada a serviço da sociedade?
Como encaro meus companheiros de caminhada? Como irmãos? Como concorrentes?
O exercício reflexivo nos abrirá novos horizontes, nos fazendo usar nossa inteligência para desenvolver nosso senso moral , nos proporcionando a sabedoria necessária para vermos que nessa vida estamos todos no “mesmo barco”, somos irmãos e a felicidade e progresso só se instalarão quando pensarmos a nível de: Planeta Terra uma única família.