19 DE MARÇO: DIA DE SÃO JOSÉ, PARA OS CATÓLICOS

19 DE MARÇO: DIA DE SÃO JOSÉ, PARA OS CATÓLICOS

Quinta-feira, 19 de Março de 2020

O dia de hoje, 19 de Março, é comemorado pelos católicos como o dia de São José. Foi o pai de Jesus e era carpinteiro. Mas o pessoal do Nordeste, principalmente, usa esse dia como uma referência especial: plantar milho e feijão. E isso é sagrado por lá para todos.

Interessante dizer é que meus pais foram oriundos de lá. Nasceram no interior do Estado de Sergipe, numa pequena cidade chamada Lagarto, que dista aproximadamente uns 70 km da capital, Aracaju.

E como muita gente daquela região, eles vieram para o Sudeste, no Rio de Janeiro, tentar a sorte. E ficaram definitivamente por cá até morrerem, ambos. Mas foram pessoas que jamais esqueceram seus torrões natais. Visitavam lá sempre que lhes era possível.

Mas por sorte nossa, em 1964 tivemos que nos mudar do local onde morávamos, o bairro da Penha Circular, indo para outro um tanto quanto distante do centro, Anchieta. Local com certas características ainda rurais, mesmo em plena cidade do Rio de Janeiro.

E mais sorte ainda tive eu, que sempre tive gosto por esse tipo de região, onde meus pais, oriundos da roça, transformaram o terreno onde fomos morar num verdadeiro sítio, apesar dele não ter as proporções costumeiras para isso. Mas era apenas um detalhe. Seu tamanho deu para que meus pais realizassem suas propostas de plantá-lo com muitos tipos de origem vegetal. Assim tivemos ali, aipim, abóbora, maracujá, tomate, couve, alface, pimentão, inhame, dentre mais alguns outros afins. Mais algumas fruteiras.

E ainda um garoto, por volta dos meus treze, quatorze anos, vivi num ambiente muito diferente da maioria dos que nasceram e viveram na cidade do Rio de Janeiro, que naquela época havia deixado de ser a capital do país.

Meu pai costumava sair pelo bairro em busca de terrenos baldios, onde cavucava a terra boa e fazia montes delas para que eu e meu irmão, mais tarde, com um carrinho, a transportasse para casa, onde serviria de adubo para as nossas plantações.

É óbvio que não tínhamos a menor satisfação e vontade em fazer aquilo, deixando a pelada de lado. Mas não havia a menor alternativa de nos livrarmos dessa empreitada. O velho era carne de pescoço, e ai de nós se nos recusássemos a isso.

Também por um bom tempo, eu e meu irmão saíamos pelas ruas do bairro, vendendo as verduras por nós produzidas. E com isso garantíamos uma parte da nossa sobrevivência familiar. Também vendemos muitas abóboras ao quitandeiro do bairro, sr. Abel. Era mais um jeito de ganhar uma graninha.

E nesse dia 19 de Março, eu me incumbia de comprar as sementes do milho e do feijão. Aí, juntamente com a minha mãe, nós as plantávamos no sítio, cuja colheita se dava, justamente, na época do São João, Junho, mês das fogueiras.

Um primo nosso, bem mais velho que nós, nesta colheita, se incumbia de fazer a famosa canjica de milho verde. Muito comum no Nordeste. E nas festinhas que fazíamos nesse período, nós nos deliciávamos com tudo o que havia para isso. Uma maravilha inesquecível das nossas vidas.

Terceiro Milenio
Enviado por Terceiro Milenio em 19/03/2020
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