“Ser” Humano é Enjaular uma Besta

Na aurora dos tempos (seja ela dada por Darwin ou pelo Cristianismo) os seres se diferenciam pelas suas características instintivas, esse sempre foi o fator principal para a sobrevivência, de modo que, todo e qualquer traço histórico sendo ele mítico ou cientifico traz a perspectiva de que o passado do nosso planeta é surreal, brutal e inóspito. No entanto, quando deste mundo primitivo surgiu um espécime peculiar dotado de características únicas, talvez “dádivas” devido ao quanto se fez superior aos seres tidos como selvagens, foi inevitável que esse ser dominasse o planeta e o modificasse ao longo da história, esse é o ser humano.

A magnifica forma de vida descrevível como a única capaz de sentir emoções, refletir e quebrar as amarras extintivas que atrelam a sua existência. Desde o surgimento da Racionalidade humana ecoa uma série de perguntas que possivelmente não se tenham as respostas nem no vácuo mais distante do universo:

Qual o propósito de estarmos vivos?

De onde viemos?

Para aonde iremos?

Talvez tudo isso seja sintetizado com uma sentença: “Por que?”. É de uma imensa ironia, que os seres humanos utilizem toda a sua capacidade intelectual que nos foi dada misteriosamente para buscar essas respostas, isto está presente na ciência e na religião e pode ser a única semelhança dividida pelas duas.

Somos os seres racionais, mas nem sempre fomos, para sermos agraciados pela racionalidade perdemos o que nos tornavam selvagens? A racionalidade suprime a selvageria? Somos selvagens de formas distintas dos animais?

Esse questionamento não é feito com muita frequência, entretanto, pode conter as respostas que ajudariam muito no entendimento humano. Quando um individuo comete um ato infame de tamanha barbárie as primeiras alcunhas que lhe são postas é a de besta, fera, monstro ou animal. Isso Indica que essa pessoa abandonou sua racionalidade e que ela abraçou sua identidade selvagem?

De certo modo pode ser tido como uma hipótese, mas não se pode afirmar essa teoria com toda a certeza já que dois fatores na condição humana se fazem intrigantes, o fato de que toda a pessoa ter uma personalidade única, que a torna especifica e a que dentro de cada um estão desejos a serem saciados, alguns convencionais como a autorrealização, prazeres carnais ou simplesmente ser alguém excepcional, já outros desejos podem ser vistos como obscuros, incompreensivos e malignos.

O conceito do que é considerado bom ou ruim, certo ou errado é imposto pela “humanidade” que cada um carrega dentro de si, sendo ela imposta pela moral cívica que todo individuo que vive dentro da esfera social tem acesso desde o começo da sua vida, tudo isso pode ser intensificado ao longo do tempo tanto para o bem com a religião e a filantropia, quanto para o mal com a criminalidade e as adversidades sociais.

Em outras palavras, não temos apenas o instinto para a sobrevivência temos a capacidade de sentir, tomar decisões baseadas nas nossas reflexões e ainda traçar rumos para nossas vidas nos balizando no que é considerado moralmente correto ou não. Pode se citar um exemplo que caracteriza bem esse ponto, os tubarões, um tubarão é um animal altamente instintivo, algumas espécies desse animal, precisam batalhar com seus irmãos dentro da barriga de sua mãe para que possa ser agraciado com a vida, todo tubarão tem em sua estrutura cerebral uma concepção simples de sobrevivência eles não guardam muitas informações e suas memórias duram segundos, isso para que possam se dedicar exclusivamente a nadar, comer e se reproduzir.

A racionalidade está sempre ligada a moralidade, alguém racional é tido pela sociedade como altamente equilibrado, eloquente e correto. No entanto, tomando alguns objetos de estudo como referencias não é difícil notar que o racional e o moral nem sempre estão atrelados, na história contemporânea surgiram inúmeros seriais Killers cujo seus atos chocaram, enojaram e abismaram inúmeras pessoas. Pode se citar três indivíduos norte-americanos que ficaram mundialmente famosos por sua infâmia: Andrew Cunanan, Jeffrey Dahmer e John Wayne Gayce. Eles eram extremamente racionais, eram altamente inteligentes, articulados e aparentavam ser pessoas moralmente corretas e civilizadas. Apesar de tudo isso eram sujeitos perversos, não tinham escrúpulos, foram considerados como psicopatas e sociopatas tamanha foram as atrocidades cometidas por eles contra a vida humana, seus atos visavam apenas que seus desejos fossem saciados não importando qualquer conceito de moralidade, por isso, deve se afirmar que um indivíduo sendo totalmente racional não garante que o mesmo venha a ser alguém civilizado e que carregue dentro de si valores morais corretos, podendo este ser altamente brutal como um animal selvagem.

Portanto, é importante salientar que um ser humano pode se tornar inúmeras coisas em potencial, mas em exercício tudo dependerá de como as circunstâncias pendam para sua sorte, ou seja, como psicologicamente, socialmente e moralmente esse individuo foi moldado ao longo do tempo. Tudo isso determinará que tipo de criatura ele terá dentro de si, se o destino for generoso e ele ter os melhores fatores ao seu favor terá em seu interior um ser com uma plenitude abundante dotado com as melhores intenções, empatia e um grande apreço pela vida. No pior dos casos, com a vida destoada por toda a negatividade em todos os quesitos citados, fatalmente esse infortunado guardará em seu interior um verdadeiro “demônio” animalesco capaz de atos inumanos.

Washington Luiz
Enviado por Washington Luiz em 23/02/2020
Reeditado em 25/02/2020
Código do texto: T6872769
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