"LEMBRANÇAS" E "SAUDADES"

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Sábado, 15 de Fevereiro de 2020

A chegada do carnaval desse ano, 2020, fez-me lembrar de minha adolescência e juventude, quando até gostava de brincá-lo. E até meus vinte e dois anos lembro-me de tê-lo feito. E morava nesse tempo no bairro de Anchieta, na cidade do Rio de Janeiro, que era distante do centro da cidade, mas que possuía um carnaval de muita animação.

Naquelas épocas eram feitos coretos quase que em todos os bairros da cidade. E ao redor deles, geralmente da tarde para a noite, os foliões se acabavam de brincar. Era assim que se dizia. Mas tudo era feito de uma forma natural, quase não havia violência. No máximo alguns trocavam apenas uns sopapos e tudo ficava por isso mesmo e continuava-se as brincadeiras e as gozações.

Muito comum era o uso de fantasia. De todos os tipos, cores e modelos. Desde pierrot, colombina, pirata, pistoleiro, múmia, dentre muitos outros. Tudo era feito de forma simples e divertida. A única preocupação da maioria era a diversão.

Os blocos de rua também eram comuns. E até obrigatórios nas ruas dos bairros. E o povão se misturava e brincava a valer. Gente nova, velha e de todas as idades. Podia se divertir alegremente sem muitos cuidados. Mesmo que uns poucos abusassem de bebidas, por exemplo.

Uma das únicas distorções se limitava à pratica do tal de cheirinho da loló. Alguns foliões aspiravam as essências das famosas lanças de perfumes. Que realmente possuíam uma fragrância extrema, fazendo com que aqueles que as usavam para isso, saíssem de seus normais. Mas que não chegavam a criar nenhum horror.

Os bailes carnavalescos nos clubes também agitavam a vida daqueles que gostavam do carnaval. Havia baile à tarde e à noite. Os primeiros destinados aos mais novos, menores de idade. O segundo era para o pessoal adulto. E a organização era perfeita, proibindo a entrada de menores no baile noturno.

Até um certo tempo era possível se assistir desfile de alguma escola de samba num bairro. E até certo tempo as grandes escolas desfilaram na Avenida Presidente Vargas. Com a construção do Sambódromo foi que tudo mudou. Pode-se afirmar que os desfiles se elitizaram, a ponto de não dar acesso mais àqueles que costumeiramente eram chamados de pobres.

O progresso é o responsável por quase todas as mudanças que se deram na população. Da cidade, do país e do mundo. E é um fator indiscutível. Por isso é que costumeiramente se diz que "quem viu, viu; que não viu, não verá mais!"

Por isso existem os termos de "lembranças" e "saudades". E são praticadas por todos. Cada um a seu tempo.