MARX & HITLER

Reprodução de Marx e Hitler: mais parecidos do que você imagina de César Serradas 19/11/2015

Vou deixar abaixo duas citações e vou pedir a quem me possa estar a ler que imagine qual delas poderá corresponder a cada um dos autores – Marx e Hitler.

– Primeira citação [1]:

Nós somos socialistas e inimigos do sistema económico capitalista atual, feito para a exploração dos economicamente frágeis – com seus salários injustos, com a sua indecorosa avaliação do ser humano de acordo com a riqueza e a propriedade, em vez da responsabilidade e desempenho. Estamos determinados a destruir este sistema a todo custo.

– Segunda citação [2]:

O que, em si, foi a base da religião judaica? A necessidade prática, o egoísmo.

Se imaginou (previsivelmente) que a primeira citação é de Marx e a segunda de Hitler adianto-lhe que se enganou. Pode depois confirmar as fontes, mas a primeira frase – socialista e anti-capitalista – é de Hitler; e a segunda frase – antissemita – é de Marx.

A ideia deste artigo é demonstrar evidências que: (i) Marx era racista, antissemita, xenófobo e além disso preconizava uma revolução violenta; e que (ii) o nazismo é uma doutrina socialista que combatia o capitalismo e a propriedade privada. Não serão feitas muitas considerações além de expor o que um e outro escreveram pelo próprio punho.

É unânime que o nazismo foi um flagelo à humanidade. O que me impressiona é que o marxismo não mereça hoje a mesma consideração que o nazismo. Ok, é verdade que o comunismo está proibido em alguns países (que sofreram os flagelos da ideologia) mas pelo mundo ocidental o que não faltam são intelectuais marxistas aos quais o seu pensamento não só é permitido mas também incentivado em nome da pluralidade. Depois dos efeitos práticos de 100 milhões de mortos [4] devido ao marxismo, não deveriam ser necessárias mais explicações. Porém, nas redes sociais, o que mais ouvimos é que estas experiências miseráveis e desumanas “deturparam Marx”. Vamos ver, pelo próprio punho de Marx, que não houve qualquer deturpação – o que estava a ser proposto pelo próprio era um holocausto!

O antissemitismo não é exclusivo ao nazismo, a ideologia marxista também era antissemita. Ainda na mesma fonte [2] Marx disse:

Qual é a religião mundana do judeu? Trambicagem exploradora. Qual é o seu Deus terreno? Dinheiro.

Era uma perspectiva partilhada por Hitler, personificando o inimigo – capitalismo – nos judeus. As razões encontradas por Hitler para ter como inimigos os judeus não foram a sua escolha religiosa mas o estereótipo da usura e especulação capitalista, que o seu socialismo considerava infame [3, pp.231]:

Seu único objetivo é quebrar as forças de resistência da nação, preparando-a para a escravidão do capitalismo internacional e dos seus senhores, os judeus.

Parecem até produções do mesmo autor… Continuando com Marx [2]:

O dinheiro é o deus ciumento de Israel, em face do qual nenhum outro deus pode existir. […] O deus dos judeus tornou-se secularizado e se tornou o deus do mundo. A letra de câmbio é o deus verdadeiro do judeu. Seu deus é apenas uma letra de câmbio ilusória.

Só então poderia o judaísmo alcançar o domínio universal e fazer do homem alienado e da natureza alienada alienáveis, objetos vendáveis submetidos à escravidão da necessidade egoísta e à negociação.

Não terá nem faltado uma “solução final” proposta por Marx [2]:

Uma vez que a sociedade consiga acabar com a essência empírica do judaísmo – usura e suas pré-condições – o judeu se tornará impossível, […] e sua existência como espécie foi abolida.

Não foi algo exclusivo a este documento. O antissemitismo está presente em vários documentos de Marx, e novamente é feita uma insinuação à “solução final” [6]:

E aos judeus […] – o que os lhes está destinado? Que não se espere pela vitória de os atirar de volta para o gueto.

Ainda Marx [7]:

Assim, encontramos todos os tiranos apoiados por um judeu […] Na verdade, as ânsias dos opressores seria impossível, bem como a viabilidade de guerra fora de questão, se não houvesse um exército de jesuítas para abafar o pensamento e um punhado de judeus para saquear os bolsos.

Aqui e ali e em todos os lugares que um pouco de capital corteja investimento, há sempre um destes pequeninos judeus pronto para fazer uma pequena sugestão ou ser credor de um pequeno empréstimo. […] Esta organização judaica de traficantes de empréstimos é tão perigoso para as pessoas como a organização aristocrática dos proprietários […] As fortunas acumuladas por estes traficantes de empréstimos são imensas, mas os erros e sofrimentos impostos sobre as pessoas ainda carece de ser contado. […] Mas é só porque os judeus são tão fortes que é oportuno e conveniente expor e estigmatizar a sua organização.

Os seus sentimentos em relação aos judeus não eram apenas integrados na sua filosofia como também nas suas cartas privadas. Num primeiro momento [9]:

Esta jovem senhora, que imediatamente tomou conta de mim com a sua bondade, é a criatura mais feia que já vi em toda a minha vida, com as características faciais repulsivas dos judeus.

E em um segundo momento – uma carta ao seu amigo Friedrich Engels – em que ao seu antissemitismo, Marx aliava também racismo [10]:

[…] o judeu negro, Lassalle […] ele, como é provado por sua formação craniana e seu cabelo, descende de negros do Egito, assumindo que sua mãe ou avó não se tenham cruzado com um negro. Esta união do judaísmo e germanismo com uma substância básica de negro deve produzir um produto peculiar. A impertinência desse fulano também é própria de um negro.

Aproveitando a introdução a Engels, também ele se assumia racista [11]:

[…] os simplórios nacionais alemães e acumuladores de dinheiro do pântano parlamentar de Frankfurt sempre contaram como alemães os judeus polacos, embora esta seja a mais suja de todas as raças, não pelo seu jargão ou pela sua categoria inferior, mas pela sua ânsia de lucro […]

O racismo era assumido até nas conversas entre Engels e Laura, filha de Marx, sobre o seu próprio marido Paul Lafargue [12]:

Na sua qualidade de negro, está um grau mais próximo ao resto do reino animal do que o resto de nós […]

Engels não só considerava algumas etnias inferiores como desejava abertamente que elas fossem extintas pela violência [11]:

Na história, nada é conseguido sem violência e crueldade implacáveis. […] Em suma, verifica-se que estes “crimes” dos alemães e magiares contra os ditos eslavos estão entre as melhores e mais louváveis ações de os magiares e o nosso povo se podem gabar na sua história.

Em obras conjuntas – Marx e Engels – assumiam a necessidade de implementar o terror para a revolução marxista ocorrer [19]:

Não temos compaixão e não pedimos compaixão de si. Quando a nossa vez chegar, não pediremos desculpa pelo terror.

Voltando a Marx, e a uma carta para o próprio Engels [21]:

Que o diabo leve os movimentos populares, especialmente quando são pacíficos.

Continuando com as suas propostas violentas [22]:

O próprio canibalismo da contra-revolução vai convencer as nações que há apenas uma maneira em que as agonias de morte da velha sociedade e os espasmos de nascimento sangrentos da nova sociedade podem ser encurtados, simplificados e concentrados, e essa maneira é o terrorismo revolucionário.

Ideais como “justiça, liberdade, igualdade e fraternidade” não eram o objectivo do marxismo, algo que Marx não tinha problemas em reconhecer pelo próprio punho [23]. Aqueles que costumam alegar que “deturparam Marx” não conhecem as suas verdadeiras propostas:

[…] toda uma turma de estudantes imaturos e doutores excessivamente sábios que querem dar um toque superior, ideal para o socialismo, ou seja, para substituir a sua fundação materialista através da mitologia moderna, com as suas deusas da Justiça, Liberdade, Igualdade e Fraternidade […]

Depois de tudo isto, imagine aqueles comunistas/socialistas que dizem que “socialismo é amor”… Nesta forma de amor muitas pessoas acabaram em campos de concentração e foram mortos milhões – tudo em nome da revolução. Que as citações supracitadas sirvam para colocar em perspectiva o monopólios das virtudes que os socialistas/comunistas dizem ter.

Na obra de George Watson [26], é referida a inspiração de Hitler em Marx: o primeiro criticava o marxismo em público mas teria-o elogiado, diversas vezes, em privado. O autor refere que Hitler era um orgulhoso proprietário de algumas das publicações revolucionárias originais de Marx e Engels. Estes indícios são circunstanciais mas pelas palavras do próprio (Hitler) podemos encontrar uma enorme aderência ao marxismo (ódio ao capitalismo e sua associação aos judeus), [3, pp.418]:

[…] um objetivo e também conhece a atuação construtora (somente, porém, quando se trata de estabelecer o despotismo do capitalismo internacional judeu).

O ódio de Hitler ao capitalismo transcendia a questão judaica. Em diversos momentos de Mein Kampf isso fica explícito pelo próprio punho [3, pp.264]:

Se a fúria dos aproveitadores internacionais em Versalhes se dirigia contra o antigo exército alemão é que este era o último reduto das nossas liberdades na luta contra o capitalismo internacional.

A crítica de Hitler não perdoava no que concerne à propriedade privado do capital e às normais atividades do capitalismo como a especulação [3, pp.198]:

Anteriormente eu não tinha conseguido ainda distinguir, com a clareza que seria de desejar, a diferença entre o capital considerado como resultado final do trabalho produtivo, e o capital cuja existência repousa exclusivamente na especulação.

Tal como Marx, Hitler também criminalizou a burguesia [3, pp. 39]:

[…] era um instrumento da burguesia para exploração das massas trabalhadoras; a autoridade da lei era simples meio de opressão do proletariado; a escola era instituto de cultura do material escravo e mantenedor da escravidão.

Encerrando as citações, temos um discurso de Hitler que é todo dedicado a explicar o porquê de um socialista ter de ser antissemita [27]:

Como alguém, sendo socialista, poderá não ser antissemita?

Em todos os momentos da história que se o capitalismo foi transformado em inimigo, foram cometidos os maiores crimes contra a humanidade. Deixo, aos leitores, que tirem as suas próprias ilações sobre o exposto. Eu defendo o capitalismo, e o leitor?

[1] Hitler, Adolf (1 de Maio de 1927). Discurso do Dia do Trabalhador.

[2] Marx, Karl (1844). On The Jewish Question. Deutsch-Französische Jahrbücher.

[3] Hitler, Adolf (1925). Mein Kampf. Eher Verlag.

[4] Werth, Nicolas; Panné, Jean-Louis; Paczkowski, Andrzej; Bartosek, Karel; Margolin, Jean-Louis (1999). The Black Book of Communism: Crimes, Terror, Repression. Harvard University Press.

[6] Marx, Karl (17 de Novembro de 1848). Confessions of a Noble Soul. Neue Rheinische Zeitung No. 145.

[7] Marx, Karl (4 de Janeiro de 1856). The Russian Loan. New York Daily Tribune.

[9] Marx, Karl (24 de Março de 1861). Letter to Antoinette Philips.

[10] Marx, Karl (Julho de 1862). Letter to Friedrich Engels.

[11] Engels, Friedrich (29 de Abril de 1849). Neue Rheinische Zeitung. Posen. Neue Rheinische Zeitung No. 285 (second edition).

[12] Engels, Friedrich (Abril de 1887). Letter to Laura Marx.

[19] Marx, Karl; Engels, Friedrich Engels (19 de Maio de 1849). Suppression of the Neue Rheinische Zeitung. Neue Rheinische Zeitung.

[21] Marx, Karl (4 de Fevereiro de 1852). Letter to Friedrich Engels.

[22] Marx, Karl (7 de Novembro de 1848). The Victory of the Counter-Revolution in Vienna. Neue Rheinische Zeitung.

[23] Marx, Karl (19 de Outubro de 1877). Letter to Friedrich Adolph Sorge.

[26] Watson, George (2010). The Lost Literature of Socialism. Lutterworth Press.

[27] Hitler, Adolf (Janeiro de 1968). Vierteljahrshefte für Zeitgeschichte. (Tradução: Why We Are Antisemites – Speech the Hofbräuhaus)

César Serradas
Enviado por Israel Rozário em 08/02/2020
Código do texto: T6861299
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