DEFEITOS E DEFESAS
Fico entretido com o senso das pessoas.
Não há como negarmos nossas habilidades diante de um julgamento.
Vejo a vida como um armário cheio de portas e gavetas, e em cada uma delas tem uma tarja com informações sobre os seus conteúdos que devem ser abertas em momentos adequados.
Temos duas gavetas de confidências, uma é pessoal e a outra de terceiros. Tomamos mais cuidado com a primeira.
As portas são várias, pois elas se abrem constantemente porque estão associadas ao que queremos mostrar aos outros sobre nós. Nelas contém arquivos e fantasias que estão em constante renovação. Quando uma apresentação não está agradando, recorremos imediatamente às outras multiformes facetas do nosso arquivo.
O problema maior é que a vida nos ensina a sermos assim, mas a maioria das pessoas, diante de uma situação que requer uma mudança de comportamento, prefere ser arrogante.
Tem uma frase que gosto muito: "fiz-me sábio para ganhar os sábios, e fiz-me louco para ganhar os loucos".
Aprender a conviver com os defeitos dos outros tem sido um grande desafio para as pessoas em todo mundo.
Quando nós nos aproximamos de alguém a primeira coisa que nos preocupa é em como agradar. Mas de repente a nossa conduta causa efeitos negativos. Concomitantemente todo nosso sistema entra em crise e aí abrimos a gaveta de armas de defesa. A partir do momento que utilizamos uma arma que deu certo na hora dos conflitos, acreditamos que doravante aquela deve ser a única maneira de relacionamento. Tudo agora gira em torno da vingança, generalizamos os comportamentos.
Vivemos em uma sociedade cheia de defeitos, porque os defeitos representam as nossas defesas. Parece que estas duas palavras, na língua portuguesa, vêm de uma mesma etimologia - defe-itos e defe-sas, o prefixo é o mesmo.
O sonho de ver uma sociedade sem defeitos é o mesmo que ter uma sociedade indefesa. Defendemos-nos dos defeitos, e nossas defesas recebem críticas, as críticas passam a ser um defeito de todos, e passamos a ter os críticos como os nossos inimigos.
Uma reengenharia em nosso comportamento seria a maneira mais prática para ocorrer uma mudança saudável.
Isto significa descobrir onde e quando foi que ocorreu o primeiro momento em que tiramos de nossa gaveta de defesa a arma que utilizamos nos nossos relacionamentos.
Caso não seja possível fazer esta introspecção, comecemos a realizar diariamente uma autocrítica baseada em fatos de um filme ou telenovelas parecidos com os nossos, isto vai ajudar bastante. Ainda temos o recurso com terapia de ocupações diferentes do cotidiano, este alivia o estresse.
E o mais importante: temos nossos defeitos, mas estejamos abertos às críticas.