VIDA... (Engraçada?)

Sou 99% de defeitos e 1% de efeitos.

‘A vida é engraçada’ é uma frase muito difundida no senso comum e, muito repetida nos meios acadêmicos, também. Talvez seja uma dessas frases mecânicas que aprendemos e apreendemos nos espaços educativos do nosso cotidiano sem pensar muito no significado e sentidos que ela pode ter. Uma observação mais acurada, no entanto, permite inferir que a Vida tem pouco de engraçado. É trágica mesmo!

‘A vida é uma tragédia’ é uma frase pesada e temida. Embora mais real do que a primeira. Temos medo do real. Por isso inventamos a realidade (ficção sobre o real). Basta pensar e refletir acerca da maturidade que precede a finitude do sujeito discursivo, que não há loucura e estado de humor que seja capaz de conotar graça à tragédia que se aproxima. Aprendemos a ser – e também não ser – quando tudo acaba. Para nós. Para o sujeito do discurso. Tentamos entre acertos e erros durante 50 anos. Alguns até mais. Outros nem... Só depois nos damos conta do que desejaríamos fazer e viver novamente... de forma diferente. Da forma como pensamos hoje. A partir dos 50. O pensar/pensamento pode até não envelhecer. Mas o estado fisiológico (espaço onde mora o ‘EU’) já era.

Ainda que ‘a vida depois da morte’ seja um sentido de alívio – e um negócio – às religiões, nenhuma até agora, prega a permanência do ‘EU-intelectual depois da ‘viagem’ além do corpo. Isso seria mais trágico ainda: imagino-me ver e pensar sobre o que fazem os sujeitos na ausência da observação alheia.

Para compreender melhor a perspectiva trágica da vida, indico aproximação com Schopenhauer (1778-1860; Nietzsche (1844-1900); Max Weber (1864-1920).

Discutir significados e sentidos acerca da Vida é sempre questão em aberto. Estes são subjetivos. Portanto, sem discussão consensual possível. Aqueles, embora permitam alguma universalidade, não a encontram na representação discursiva. Até o ‘certo, o ‘errado’, a ‘verdade’ e a ‘mentira’ são conceitos e definições em aberto. Customizados ao sabor do contexto. Ou da criação/invenção de um contexto. No final, ou seria no início?, ninguém mais sabe o que é e o que não é.

O que eu queria destacar, no teXtículo, é a tônica dos nossos erros. Ênfase na vida. Engraçada é a forma como justificamos cada erro. Trágica é a falta de significado e até sentido que as justificativas têm. Boa parte, creio todos, dos nossos erros não permite justificativa. Apenas explicação. Erramos apoiados em muitos fatores e variáveis. Todos e todas permitem nossa compreensão. Nunca dos outros. Nós precisamos compreender, outros precisam aceitar. Confiar, se possível.

O interessante é que não há sujeito que não erra. Também é sabido que erramos mais do que acertamos. Ou, filosoficamente, nunca sabemos com segurança quando acertamos ou erramos. São as consequências que indicam um e/ou outro. Outro aspecto é que nem todos os erros são destrutivos (negativos); há os que resultam e produzem situações positivas (construtivas). Por outro lado, produzimos acertos que podem prejudicar muitas pessoas e criar situações destrutivas.

Quão difícil torna-se neste cenário agir e focar no que é adequado (ideal) em relação aos que nos cercam e também aos que estão distantes. Para minimizar os aspectos negativos, precisa-se de atenção e controle constantes sobre todos os aspectos do nosso comportamento, pensar e pensamentos. Ainda assim, ninguém alcança ser somente ‘acerto’.

Portanto, sou (somos) erros e...;

Sou 99% de defeitos e 1% de efeitos.

Cada vez mais ciente...