Eu instituído
O eu, é uma instituição humana, assim como a ideia humana, e que serve àqueles que se determinam humanos.
Alguns indivíduos que vivem uma condição humanóide, não se reconhecem como humanos e neles e em outros não existem a ideia de um eu que mais me compreende a mim e que está em algum lugar em mim de mim escondido. E que os elevam a uma condição de mais humanizados ou mais espiritualizados quando supostamente o encontram. (Sempre em uma relação sobreposta ao outro).
A ideia de um eu interior é uma construção cultural da qual nem todos os indivíduos são formados.
Existe algo na constituição das coisas, que ninguém sabe o que é e que de tantas maneiras busca-se determiná-lo com todas as quaisquer idealizações possíveis. Sendo que nenhuma delas diz do que exatamente está falando.
O mistério, ou o desconhecido, parece de fato existir na percepção de mundo. E ele é algo do qual não consegui-se nem cogitar em dizer o que é, mas que ainda assim cria-se essas diversas entidades imaginárias sem explicação que a explique.
A ideia de um eu separa, não em dois, mas em um outro que de mim é estranho, é diferente. O diferente comumente é julgado com pejorio, é rejeitado, ele não pode fazer parte daqui porque a mim não se enquadra.
Por que o humano quer ser um eu?
O humano não é um ser individual e único. Mas ele se individualiza numa ideia de eu, unitário e singular que o coloca no centro, em posição egocêntrica. Deixando o outro a margem de mim. Onde o outro é marginal e eu estou no centro, eu sou o centro. Eu sei, o outro não sabe. O outro não sou eu, e portanto ele não está na minha posição de ser o que de mim eu sou. O outro é desconhecido e dele tenho medo, dele eu desconfio.
O eu se coloca em relação àquele de quem ele não sabe.
Como posso ser pelo outro, se dele não posso saber?
Mas o humano, ele é construído do reconhecimento alheio.
Como no humano tem um eu, se ele é construído a partir do espelhamento da identidade de um outro a quem ele está submetido?
Talvez se for o eu, como uma página em branco que é rabiscada pelo outro. Só que sendo assim, o eu que se busca, é o nada que espera ser algo e é o outro. Nunca é o eu. É sempre o outro.
Porém o outro sou eu, porque eu sou dele uma reprodução comunitário.