Libido e Sexualidade nas Artes

Libido e Sexualidade nas Artes

Libido (do latim, significando "desejo" ou "anseio") é caracterizada como a energia aproveitável para os instintos de vida. A libido sempre esteve e está presente em nossas vidas, quer na literatura, cinema, pinturas e outros.

O vocábulo ‘libido’ é citado por Freud (1978f, p.135) no primeiro parágrafo do primeiro dos Três Ensaios Sobre a Teoria da Sexualidade – As Aberrações Sexuais. Para a pulsão de nutrição temos a palavra ‘fome’, como não há uma palavra equivalente para a pulsão sexual na linguagem cotidiana a ciência utiliza a palavra ‘libido’ para este propósito.

Freud, considerado o pai da psicanálise, discorre que a libido ocorre de diferentes maneiras do nascimento à puberdade. È uma manifestação da vida psíquica que ocorre em fases distintas. Oral, quando a criança leva tudo á boca. Anal, o controle da esfincter, a criança se sente feliz ao defecar, Complexo de Èdipo (Por volta dos 4 ou 5 anos, a criança fixa sua atenção no pai, se for menina, ou na mãe, se for menino) e já na latência , surge o desejo sexual baseado no outro e há a formação da maturidade. O desejo libidinoso nos acompanha até a velhice.

A libido é um instinto, e isso depende do estado emocional da pessoa, podendo ser maior em algumas pessoas do que em outras e podendo ser alterado, aumentar ou diminuir, dependendo do estado emocional pelo qual a pessoa está passando. Nos adultos, o estresse, a depressão, a ansiedade, além da ingestão de medicamentos, diminuem o desejo sexual , o que afeta a saúde sexual.

A libido está presente nas artes. Nos deparamos com filmes ousados que mexem com a libido e o fetiche dos espectadores, capazes até de deixá-los constrangidos, ainda mais quando acontece uma identificação com personagens ou admiração física pelo atores, tais como: 50 tons de cinza, 9 e1/2 Semanas de Amor, Ninfomaniaca e muitos outros, já que a ocitocina (A ocitocina é um hormônio produzido no cérebro que pode ter efeitos na melhoria das relações íntimas, na socialização e na diminuição dos níveis de estresse, sendo, por isso, conhecida como o hormônio do amor) e a endorfina (hormônio liberados durante prazer) são produzidos em maior escala.

Já na literatura a libido se faz presente nas letras de João Ubaldo Ribeiro que estreou no gênero com “A casa dos budas ditosos”, seguido de Rubem Fonseca, cujo “Diário de um Fescenino” foi publicado em 2003, ano que também marcou a primeira incursão de Paulo Coelho no tema, com “Onze Minutos” e os “Contos D'Escárnio - Textos Grotescos” de Hilda Hilst com textos totalmente lascivos e eróticos.

Na poesia, a libido de Mattoso explode e prevalece no concatenar de versos no livro “Perversivo”.

Um pênis, uma xota e está completo

o coito, se é político e correto.

Nem tudo, todavia, no tesão

Se rege por ciência ou protocolo

Trepada não é só penetração.

Uns gozam quando cheiram um sovaco

Pentelho na saliva é estimulante

E mesmo bananeiras há quem plante

se o clima entre dois corpos está fraco.

Em mim, fica debaixo do pisão,

Na sola onde esta imunda língua esfolo,

a fonte da mais louca excitação.

Um tênis, uma bota e pouco afeto:

Assim é meu orgasmo predileto

(Mattoso, 2004)

Também na pintura a libido é reveladora. Nelas o ser humano revela seus anseios, suas loucuras, paixões, humor e se liberta das preocupações, revelando seus segredos. Picasso (1881-1973), pintou a tela "Par Nu"onde o casal não está nu, mas o desejo é mostrado através da linguagem corporal das figuras. O clima do casal em uma estufa é captado perfeitamente por Manet na obra “Na Serre”, de 1879. Cranach (1472-1553), era famoso por seus nus eróticos na pintura “ Lenda da Ninfa”( 1518). Toulose Lautrec criou um clima a la Moulin Rouge em Paris com seu quadro “ Os Dois Valsadores” (1892) e Steilen (Theophile-Alexandre Steinlen (1859-1923) - O Beijo, de 1895.

Na escultura podemos citar, como exemplo, o famoso “ O Beijo” de Auguste Rodin e diversas outras, gregas e romanas, que cultuavam o nú.

Assim conclui-se que, a arte com nuances de erotismo, não só traz á tona a libido do criador como alimenta a explosão do desejo de quem a consome. A libido e a sexualidade já se afloram no psiquê da criança a partir do momento em que ela entra em contato visual com os objetos sensuais expostos. O resultado gera uma pulsão de vida em função das condições impostas pelo mundo exterior.

Na arte se faz presente as teorias de Freud: o Principio da realidade e o Princípio do prazer,

“ O principio do prazer é o campo das atividades psíquicas, entregues ás fantasias inconscientes. Já o princípio da realidade corresponde a obtenção de satisfação no plano da realidade” ( Freud).

Se existe algo de podre no reino da Dinamarca, como dizia Shakespeare, todo artista tem algo de sua arte ligado á sexualidade. Sendo esta arte proveniente da energia sexual ou não, sempre irá existir uma aura sagrada em todo poder criador,

Menotti Orlandi

Menotti Orlandi
Enviado por Menotti Orlandi em 16/01/2020
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