Investimento x Solução Criativa
Peço desculpas aos leitores para voltar a falar de um tema já muitas vezes abordado aqui: A igualdade dos cidadãos.
Há setores do poder público que insistem em tratar o trabalhador noturno, da atividade da alimentação fora do lar, como cidadão de segunda categoria. Talvez porque a categoria não seja muito ruidosa. Talvez porque os administradores públicos, por estarem muito tempo do outro lado do balcão, não têm a mesma leitura da situação que o cidadão comum tem.
Numa reunião recente, discutia-se, mais uma vez, a famigerada lei dos bares. Falou-se dos malefícios do álcool em todas as esferas. Apresentou-se estatísticas de todos os lados. Nem todas bem fundamentadas. Na verdade, existe uma mistura que é milenar, que nunca deu certo, álcool e pessoas. Quem o vende não pode ser responsabilizado pelo comportamento de quem o consome em excesso. O vendedor está exercendo uma função comercial normal.
Muito pouco, ou quase nada foi falado sobre a única novidade que a lei traz, que é o fechamento das casas noturnas às 23 horas, além da obrigatoriedade de seguranças internos. Foi dito, na ocasião, que a lei geraria empregos, porque obrigaria as casas a fazerem pesados investimentos em isolamento acústico e contratação de seguranças terceirizadas. Segundo o entendimento unilateral de alguns, esta medida compensaria em muito os empregos que se perderiam com o fechamento dos pequenos bares.
Outra sugestão, que provavelmente nem chegou a ser anotada, foi a de dar treinamento ao dono de bar, ou aos trabalhadores em bares. Este treinamento, embora dependesse de verba pública, pode ser administrado em conjunto com a iniciativa privada. Seria uma maneira inteligente para, com um investimento muito menor, cooptar os bares a ajudar a polícia na prevenção de males advindos do mau uso do álcool.
Por que o dono de bar tem que se considerado cidadão de segunda categoria? Por que pensar que a atividade de bar é contra a segurança pública? Por que não dar treinamento ao trabalhador noturno, a exemplo do que recebe o motorista?
Por estarem há muito tempo do mesmo lado do balcão, os administradores da segurança pública acostumaram-se a ver as coisas de uma só maneira. Muitas vezes, as ações do Ministério Público e, por conseqüência, da própria polícia, se norteiam por denúncias recebidas. A maioria destas denúncias pela imprensa. Então age-se contra o denunciado sem um justa avaliação do denunciante e das razões, nem sempre fundamentadas, que provocaram a “denúncia”.
Contudo, há uma luz no fim do túnel. Todos concordam que há necessidade de maior entrosamento e muito mais conversas entre todos os envolvidos. Tomara que isso continue.
Luiz Lauschner- Escritor e empresário.
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