UM ANO DE INÚMEROS DESENGANOS

Após um período de certa quietude no continente latino no que se refere ao desenvolvimento das nações, quebrado com a eleição do obtuso e inconsequente mandatário americano atual, o Brasil se vê na finitude de mais um ano envolto numa noite sombria de um inverno rigoroso que se inicia.

A partir do estabelecimento de uma ‘Nova Ordem’ voltada para um liberalismo desumano, voz do grande capital do Sul em detrimento dos pobres e do Nordeste, especialmente, temos caminhado como zumbis ou pessoas desnorteadas, famélicas, que vão de lugar nenhum para nenhum lugar na mesma cantilena.

A efetivação do que chamam de nova política tem se revelado catastrófico e cruel para as classes menos favorecidas, sem direito e sem voz nem vez. As minorias já não têm mais seu espaço garantido, como outrora. A voz da inconsequência tem se sobreposto ao chamamento à consciência do que é certo ou errado. Nova política com velhos hábitos, remendos novos em panos velhos, ou vinho novo em odres velhos, para citar o Evangelho.

E com a assunção desta nova orientação surge um sistema vergonhoso de vassalagem a partir da declaração do mito brasileiro ao presidente americano, nunca visto nem nos períodos mais sombrios de nossa História republicana.

Há a impressão que lunáticos nos governam. Nunca se liberou tanto agrotóxico como agora, via Ministério da Agricultura. Nossos estudantes são todos maconheiros e as universidades públicas centros de cultivo não do saber, mas, dessa erva cannabis. Uma ideia de menino veste azul e menina veste rosa permeia o imaginário de alguém que poderia fazer melhor por nossas crianças, aviltadas e vilipendiadas todos os dias nos lares deste País, ante o olhar complacente de alguns conselheiros tutelares desprovidos de sentido de justiça e engajamento.

Somos conduzidos como hienas que pastam nas verduras das margens de estradas sinuosas que não sabemos aonde vão dar. Pressentimos que nossos direitos estão se esvaindo no cotidiano da vida nacional sem que saibamos a quem apelar, uma vez que as vozes altaneiras já silenciaram e as que ficaram foram cooptadas pelo canto da seria do Planalto. Quem não se deixar seduzir cerre os ouvidos e tenha visão esbugalhada para não ser aliciado.

O ano chega ao seu termo e com ele muitos de nossos sonhos se tornarão verdadeiras quimeras. Os pobres, que já não tinham vez agora têm menos ainda, vez que o grande capital do Sul de ideário escravista, patrimonialista, patriarcalista e reacionário é quem dita a cartilha a ser seguida pelo resto do Brasil cada vez mais varonil. As mulheres, marcadas pelo signo da violência, que o digam!

É preciso continuar, apesar de tudo. Silenciar jamais. É imperioso sair do estado de letargia, de hibernação para a agitação da consciência no sentido de que possamos mudar o estado das coisas postas.

E que venha o próximo ano com suas batalhas e vicissitudes necessárias a embalarem nossos sonhos transpondo-os da utopia para a realidade, dando-lhes concretude.

Que do Menino Deus não nos esqueçamos em tempos de Papai Noel de desenganos.

Bom Natal e que o próximo ano seja deveras novo.

José Luciano
Enviado por José Luciano em 22/12/2019
Código do texto: T6824803
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