CRUZADA
O uso da palavra "cruzada" em sentido figurado sempre me inspirou suspeitas de toda ordem, por algum motivo.
Esbarrar nessa mesma palavra em menos de 72 horas em contextos distintos é o suficiente para uma nota mental, ao menos, para eventuais usos futuros.
Numa das menções, numa revista de grande circulação, a referência era a Greta Thumberg, a pirralha eco-fascista em evidência no momento. O jornalista aludia a sua "cruzada pela tomada de decisões em relação às mudanças climáticas"...claro, que mais haveria de ser?
A outra ocorrência do termo é Alma Em Nietzsche, um besteirol de 176 páginas que eu talvez resenhe em algum momento, talvez não. O texto fala da "cruzada anti-platônica" do filósofo alemão.
E assim, como que da casual articulação -- quase que por contiguidade -- de duas ocorrências da palavra infame, começo a perceber o motivo de minha antipatia. É que para mim 'cruzada' sempre será o empreendimento que se quer passar por legítimo e movido pelos mais altos ideais, pelas mais nobres das causas, quando na verdade não passa de performance teatral com vistas a manipulação da opinião de um público, uma coletividade, enfim, um 'rebanho', num caso, ou o elegante exalar de um ressentimento incurável, como uma sífilis dois séculos atrás.
Não use 'cruzada' em sentido figurado, por precaução -- há o risco dessa terrível suspeita de desonestidade intelectual ou, ainda pior, de deformidade de alma.
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