VINCOS OU VÍNCULOS?

OPINIÃO.

Outro dia, eu aqui comentava uma reportagem que focava a inovação dos PERSONALS/MULTI/TRAINERS... da modernidade,e em extensão àquele assunto, talvez quem me lê, principalmente as mulheres, venha a não concordar comigo.Mas assim eu sinto, embora eu também faça parte do universo das mulheres "emancipadas profissionalmente".

Naquela oportunidade, foram entrevistadas algumas pessoas já usuárias dos serviços dos personal home e personal room.

Achei muito interessante a proposta, posto que são pessoas especializadas em organização dos quartos e da casa.

Todos sabemos,principalmente nós mulheres,o quanto realmente nos é difícil no mundo atual, mantermos a casa organizada e funcionalmente operante, principalmente quando se tem filhos adolescentes.

A partir da era mais moderna, a mulher sai de casa para assumir a funçaõ de profissional, e muitas vezes de provedora, e tanto quanto os homens ganhou notoriedade, obrigações, compromissos, reconhecimento, respeito, quase igualdade...e muito stress, posto que me parece que apenas acumulou tarefas, uma vez que são poucos os homens da nossa geração que culturalmente foram preparados para a divisão das tarefas do lar.

Mas uma fala da entrevistada me chamou a atenção, e de certa forma me despertou certa preocupação e os tais questionamentos que por ora exponho.

Ela dizia:

"SOU UMA EMPRESÁRIA, E NÃO POSSO ME DAR AO LUXO DE ME PREOCUPAR COM AFAZERES DOMÉSTICOS.ALGUÉM TEM QUE VER SE OS VINCOS DAS CAMISAS E DAS CALÇAS DO MEU MARIDO ESTÃO A CONTENTO, SE AS MEIAS ESTÃO RAZOÁVEIS,SE O SUPERMERCADO ESTÁ COMPLETO,SE O ARMÁRIO ESTÁ ORGANIZADO..."

Concordo, com um parêntesis.Há que se dividir as responsabilidades entre os usuários...os envolvidos do lar.

Tenho observado que há tarefas dentro da casa que são extremamente íntimas, mas que na verdade são verdadeiros termômetros da vida familiar.

Medem o envolvimento, o interêsse de todos!

O "X" da questão não seria se garantir os "vincos" das calças e das camisas,mas na verdade em se medir o grau de prazer em se vincular

"à vida" dos que nos são gratos.

Nossa casa é nosso espelho,a nossa cara! e qual uma empresa,todos têm que vestir a camisa, com ou sem vincos!

É como, vez ou outra ao fogão, assumirmos a confecção dum prato que apenas nosso envolvimento sabe preparar...

Penso que delegar certas tarefas de administração da intimidade familiar,seria quase que delegar a nossa vida ao comando de outrem.

Acho isso perigoso demais!Talvez algo sintomático do que inconscientemente remetemos para um segundo plano.

Hoje delegamos o armário, amanhã os filhos e o marido, e num futuro bem próximo talvez nos surpreendamos com a perda das rédeas da nossa intimidade.É necessário que nos questionemos, se são realmente os "vincos perfeitos" que vinculam e alimentam as relações.

Antes um vinco não feito...ou refeito, do que um laço desfeito.