A "TRAGÉDIA DO BAILE FUNK"
É assim que estão chamando a morte de nove pessoas num desses eventos altamente emblemáticos da cultura nacional, em Paraisópolis. Tragédia. A tragédia. Ninguém atina para o fato de que "tragédia" e "baile funk" numa mesma frase é redundante em escala demencial, mas tudo bem.
A "cultura" do funk viola os direitos humanos:
a) Da mulher, que comumente é referida como despersonalizado pedaço de carne à mercê das perversões de um ou mais homens, que detêm total controle da situação. Nas músicas, tais homens orientam-nas sobre como melhor satisfazê-los e, se a voz delas chega a ser ouvida, é num patamar inferior e de um ponto de vista masculino, machista, quando não estritamente fálico.
b) Dos favelados, que são obrigados a conviver com o tráfico de drogas, as armas e o barulho ilegal que acompanham necessariamente os "bailes". Sob a lei do terror do tráfico ou da milícia, os inconvenientes dos bailes são impostos aos moradores, que ou aceitam calados e submissos ou, pela bala, são calados para sempre nas mãos dos senhores dos morros.
c) Das crianças pobres e faveladas, que são expostas abusivamente a uma cultura de hiperssexualização, ultramachismo e apologia das drogas e do banditismo. Se uma menina pobre de 12 anos engravida num "baile" -- o que ocorre todos os finais de semana --, não serão os "artistas" do estilo nem os barões do crime, que os financiam, que assumirão os custos dessa gravidez que estilhaçará vidas.
d) Da juventude pobre, que, com poucas referências culturais e morais aprendidas na escola, sem uma educação que a qualifique para o mercado, é seduzida pela cultura funk a buscar, pelo atalho do crime, a conquista dos bens glorificados neste estilo: ostentação material e consumista, sexo promíscuo e muitas drogas.
e) Da cultura popular tradicional, que sofre concorrência desleal de um "estilo" financiado por barões do crime, que o instrumentalizam para enraizar seu poder e prestígio nas comunidades. Novos estilos genuinamente populares têm dificuldade de florescer sob um barulho desses.
f) Da população quanto à sua saúde mental, que é ameaçada de forma pervasiva por uma "cultura" funk desumanizante e brutal. O Brasil é um dos países com pior saúde mental do mundo, com alto número de suicídios e altíssimo consumo de drogas, e é dever do Estado coibir os fatores desta desagregação social, familiar e individual. Um dos principais fatores, especialmente entre os mais vulneráveis, é a "cultura" funk, repleta de gatilhos para a violência contra a mulher, para o estupro, para a pedofilia (as "novinhas") e a autoafirmação individual e grupal por meio da violência. Não existe cidadania sem um mínimo de zelo pela saúde mental e é dever do Estado proteger os cidadãos sem meios de defesa contra ameaças facilmente diagnosticaveis a sua saúde e integridade mental.
Permitir bailes funk, seja lá com que desculpas, é NEGLIGÊNCIA CRIMINOSA DO ESTADO CONTRA OS MAIS POBRES E VULNERÁVEIS. É crime contra os direitos humanos, contra aqueles sem voz e sem meios de se defender de traficantes e milicianos armados até os dentes. O funk é a arma cultural de dominação psíquica dos senhores dos morros sobre populações indefesas, desamparadas e miseráveis. O CONSENTIMENTO DO ESTADO BRASILEIRO À "CULTURA" FUNK É UMA GRAVÍSSIMA VIOLAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS DE MILHÕES DE CIDADÃOS SEM VOZ.
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De Guilherme Hobbs em contribuição à página Conservadorismo Brasil.
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