OS ERROS QUE COMETI
Aquela ideia fixa de que você está sempre fazendo o que é certo. Aquela ideia de que você é perfeito. Aquele pensamento que você não erra. Aquela fixação que tudo que você faz é perfeito.
Quem nunca se sentiu assim? Quem nunca pensou desta fora? Talvez poderíamos afirmar ainda, quem nunca agiu assim? Aquelas atitudes, aqueles pensamentos e aquela convicção por estar fazendo algo e nem se dar conta dos erros que se pode estar cometendo.
Entre tantas situações que uma pessoa tem na vida, uma delas é a enorme dificuldade de poder admitir que pode estar errado. Errado na forma de agir e pensar. O ser humano não gosta de ser contrariado; não quer ceder; não “pode” enxergar que ele é um ser falível.
Por causa desta forma de pensar pode surgir aquele pensamento narcisista que só ele tem razão, só ele é capaz de fazer as coisas certas; somente a maneira como ele faz as coisas pode ser a maneira correta.
O pensamento narcisista vela o indivíduo a ser uma pessoa que acaba se isolando, vive pra si, o mundo todo está errado e nada que os outros façam tem valor, desde que seja algo que ele tenha feito ou que seja ele o centro das atenções.
Admitir o erro para uma pessoa assim seria a mesma coisa que “morrer”. Imagina, diria um narcisista, eu errar? De maneira alguma, vocês estão completamente errados, enganados ou desinformados. Os fatos não foram bem assim. Não foi exatamente assim que “ensinei”, entre tantas outras justificativas.
Seria pura pretensão a se tornar uma divindade aquele que sempre afirma em alto bom tom que nunca errou, ou que ele não erra. Ao fazer esta afirmação podemos dizer que o mecanismo de defesa do Ego já foi acionado e também já formulou todas as maneiras possíveis de resistências e barreiras para que seu “mundo”, ou seu ponto de vista não seja desfeito.
Claro que o ser humano tenta acertar sempre. Aliás, esta é a meta de todos, poder acertar e não cometer os “enganos”, erros ou faltas. Imaginemos um atleta que tem uma boa personalidade e nele não tem a índole de querer machucar o seu companheiro de profissão. Claro que em algum momento durante uma jornada esportiva em que se tenha contato, pode ocorrer de este atleta cometer uma falta, um erro, calcular mal e assim fica consumado o seu erro; ou seja, não foi intenção, mas o erro ocorreu.
No decorrer de cada dia que se vive, erros fazem parte, são consequências de tentativas de acertos. Errar nada mais é do que a tentativa de acertar. No entanto, para muitos considerar que ele pode errar e que outros irão errar também, e, principalmente contra ele, traz uma sensação de desespero, ansiedade, angústia entre outros sintomas.
A vida é uma sequência de tentativas de se acertar o alvo. E para isto erros existirão até que se acerte o objetivo. Não adianta querer suprimir esta realidade, isto sempre ocorrerá, mas saber lidar com os erros; saber como não deixar que isso consuma por pensamentos de culpa, ou por alguma fuga psicológica é que vai ser o diferencial.
Os erros que cometi pode ser a melhor expressão que alguém possa dizer a si mesmo após uma terapia, uma boa análise, uma autorreflexão, uma grande decepção e muitas outras formas de ver a própria vida que tem levado e que fizeram a pessoa chegar onde ela está, seja uma boa situação para que continue a crescer e fazer o melhor, ou seja numa situação não tão boa e assim poder rever sua vida e ver onde precisa mudar e melhorar para não cometer os mesmos erros.
Admitir que errou não é o fim do mundo, aliás pode até ser o fim do mundo enganoso que o sujeito pode estar vivendo e voltar ao prumo da realidade. Admitir o erro pode ser o melhor caminho para uma vida de acertos. Não admiti-lo pode ser a continuidade do erro.
Qualquer pessoa comete seus erros na vida. Alguns irão cometer erros na área amorosa, outros na questão relacional que tem com familiares; outros ainda irão errar com amigos. Existem ainda aqueles que irão errar na vida profissional. o mais importante não é onde, ou com quem a pessoa errou, mas aprender com estes erros para chegar diante daqueles que cometeu seus erros e admitir que não é perfeito e errou.
Uma das maiores virtudes de uma pessoa é quando ela vê que está errando, em qualquer das áreas acima citadas, e poder, se possível, “concertar” este erro. As pessoas têm o hábito de não o fazer assim, mas àqueles que assim conseguem proceder se tornam pessoas muito melhores e capazes de “passar de nível” com seu estado de entendimento e compreensão sobre a vida humana.
Os erros que cometi nada mais é do que poder concertar sua própria vida e colocar em ordem tudo que estava bagunçado. Já viu um quarto de adolescente? Na sua maioria ele é o reflexo da mente do adolescente, uma verdadeira “bagunça organizada”, isso mesmo, uma bagunça organizada segundo a maioria dos adolescentes que ouço.
Colocar em ordem sua vida significa passar pela admissão dos erros que se comete, sejam eles com você mesmo, ou contra os outros. Melhor é corrigir que fazer tudo de novo. Esta era uma expressão que aprendi desde criança.
Agora que você já sabe que admitir seus erros não é errado, por que não admitir? Faça uma auto avaliação e, se possível for, coloque num pedaço de papel quais foram os erros que você cometeu até hoje?
Faça uma reflexão e seja sincero com você mesmo se, talvez algumas coisas, pensamentos, ações não estejam precisando mudar, pois elas podem estar erradas e este é o motivo de você não se tornar uma pessoa melhor para você mesmo em primeiro lugar e assim também para aqueles que convivem com você, sejam esta convivência no amor, no trabalho, em família, em toda sua forma relacional.
Os erros que cometi é admitir que você é portador de uma ferramenta fantástica para o seu crescimento pessoal. Então não tenha medo de, a partir de agora, admitir e dizer: os erros que cometi. Foram eles que me ensinaram a viver; foram eles que me ajudam a ser uma pessoa humilde, compreensiva e que valoriza os mais pequenos acertos. Pois de pequenos e pequenos acertos é que são feitas as grandes conquistas.
LUIS CLAUDIO DE ROCO
Psicanalista pela SSP/PR
Escritor; Professor e Analista Didata pela SPP/PR
Foi Colunista TV CNT Londrina (Programa Pauta em Debate)
Pastor Presbiteriano