O AVELAR, "MEU QUERIDINHO".

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Sexta-feira, 20 de Setembro de 2019

No início de Setembro deste ano, ligou-me o grande amigo José Rilton, de Lagarto-SE. Foram duas ligações com espaço de poucos dias. Ele perguntava-me quando iria para Lagarto-SE. Expliquei-lhe que isso não era assim tão fácil devido aos meus compromissos no meu cotidiano. Mas vontade não me faltava. E após ele insistir tanto, decidi atendê-lo e disse-o que iria para lá. E de motocicleta. Esse era um sonho que possuía já há muito tempo, mas nunca havia conseguido realiza-lo.

Prometi que sairia no Domingo, pretendendo chegar por lá na Terça-feira. Assim, levei a motocicleta para a oficina, trocando óleo, filtro e esticando sua corrente. Ao sair dali, passei no posto de combustível e enchi o tanque dela, deixando-a preparada para tal epopeia. Isso foi numa Quinta-Feira.

Só que ao voltar para casa, já no início da noite, caí na asneira de acessar a internet e entrar no site da GOL. Lá deparei-me com uns preços baratos de voo. Então, pesando e medindo tudo, achei por bem desistir de ir na motocicleta e comprei as passagens de ida e de volta por menos do valor que gastaria se fosse de motocicleta. E assim, embarquei na Terça-feira,3.

Foi um voo tranquilo e sereno. às 8.30h embarquei, chegando em Aracaju às 10,50h. E como já havia marcado com um taxista de Lagarto, daqueles que fazem lotada de Aracaju para lá, este pegou-me no desembarque e seguimos para lá. De forma também serena.

Já estive em Lagarto-SE por muitas vezes. No início ficava na casa de meus parentes que ali vivem. Mas depois de certo tempo, segui o exemplo de meu pai quando ia para lá, ficando no sítio que foi de seu amigo João D'Isaura, e que hoje mora seu filho Avelar, um setentão, que foi também muito amigo do meu pai e herdei essa situação, tornando-me amigo dele, também.

O Avelar infelizmente não tem domínio das letras. Ele não sabe ler. Daí ter dificuldades diversas, principalmente no que tange à modernidade. Até mesmo para manipular/manusear um telefone celular é uma tremenda de uma dificuldade. Um micro-ondas também.

Então fica nervoso, quase fora de si, quando alguém se propõe a ensiná-lo a mexer com isso. Se bobear ele até arruma uma briga. Mas é claro que quem o conhece, sabe muito bem como ele é e não leva em conta certas coisas que diz. E assim ele permanece com as suas dificuldades costumeiras.

No entanto, ele é extremamente competente com relação às coisas do sítio, envolvendo aí seu plantio e a criação do gado. Ele possui umas poucas cabeças, mas é abnegado e aguerrido nessa criação, safando-se de toda e quaisquer dificuldades que venham disso. E ainda tira de letra, por sinal.

Avelar, apesar de não saber ler, é um tremendo de um historiador na terra em que nasceu. Conhece a história da cidade, bem como todos os habitantes de décadas passadas. Suas histórias e descendências. Um assombro. E fala e conta com muita propriedade, detalhes dessas histórias que viveu ali. Para mim ele é um fenômeno.

Tem uma verve histriônica incrível. No bom sentido, é claro. É altamente espirituoso. Também divertido e contador de "causos". Não há quem se controle para não rir. Não adianta. Perto dele a diversão corre solta. E ainda cria umas letras de músicas doidas, que costuma cantar para seus amigos. Também gosta de arremedar a alguns. Um seu primo, o "Molinha", sofre em suas mãos. Mas é tudo gozação.

Nesses últimos tempos ele tem um "inimigo": o Joaquim, ao qual denominou de "cabeça falante". E os dois vivem a duelar um com o outro, mas em gozações. E eu nem sei quem sai vencedor dessas contendas. Penso que as pessoas que os assistem é que sim. Enfim, uma dupla do "barulho".

E se fosse dissertar mais sobre esse ser, tomaria muito tempo e espaço de quem lê tal assertiva. Mas em outra oportunidade posso continuar a falar dele. Mas de bem, claro. Ele é um ser extraordinário.

*Em tempo: meu velho e falecido pai era quem o tratava como "meu queridinho". Ambos eram muito amigos.

Atento Observador
Enviado por Atento Observador em 20/09/2019
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