Contributo não modesto para insultar os ímpios

A vida, para mim que sou pessimista e não compreendo sequer quem o não é, parece-me uma sucessão de momentos em que uns se limitam apenas a ser menos penosos que os outros. A vida profissional na minha área está de fugir. Um pesadelo!! Mas, pior mesmo (ou talvez não) é, quando nas nossas horas de lazer, alguém teima em nos massacrar de morte com variadíssimas coisas. Anedotas, por exemplo. Detesto anedotas!! Porém, há sempre uma alma geralmente muito sem graça que insiste em nos contar uma (no mínimo). Bem, quando a coisa ocorre em grupo, eu limito-me a fazer uma espécie de playback de gargalhada, isto é, toda a gente ri e eu limito-me a fazer de conta. Agora, se a anedota é a dois, é um Deus nos acuda. Eu entro numa tensão tal, com medo de não conseguir rir-me, que fico com um ar de quem está a ter um ataque, uma coisinha má. Já me têm dito: «Estás a sentir-te mal?», e eu respondo que não, ao que a criatura acha que estando eu em stress, uma anedotazinha muito gira/legal, até vem mesmo a calhar. Durante todo o processo de anedota e risota eu, furiosa, vou insultando o anedotante no aconchego da minha mente: «macaco, macaco, macaco; palhaço, palhaço, palhaço; asno, asno, asno; etc., etc., etc.» E é aqui que entra o meu contributo para uma maior variedade no vocabulário insultatório. No fundo, dou por mim a repetir sempre as mesmas coisas. Por isso, deixo aqui, generosamente, uma lista de insultos, recolhidos da obra de António Vitorino D'Almeida, "Tubarão 2000":

atolambados

basbaques

sebentos

bisbórrias

bestas

cavalgaduras

mentecaptos

lazarentos

emplastros

patolas

ronhentos

destrambelhados

badamecos

calhordas

ramelosos

salafrários

sevandijas

bigorrilhas

panotilhas

biltres

tipórios

títeres

pilhastras

delambidos

gandulos

ranhosos

safardanas

pindéricos

xexés

patarecos

peralvilhas

macróbios (não micróbios, mas também)

engadanhados

labregos

pespegos

tartamudos

bilhostres

mostrengos

javardos

matulagem

pulguentos

bandalhos

mânfios

babocas

pacóvios

corja

cáfila

aparvalhados

lorpas

chupistas

bandidos

javardões

bonifrates

piolhentos

abrutados

laparotos

sacripantas

gabirús

badamecos

manhosos

ignaros

sebentões

meliantes

taratas

decrépitos

lesmas

vermes

bolas de unto

macacada

caquéticos

calhorros

achavascados

carracenos

labregóides

artolas

lapuzes

É tudo. Penso que dei o meu contributo honesto para a arte de bem insultar quem nos torra a paciência! Usem e, se tiverem, enviem-me mais sugestões. Afinal, os tontos contadores de anedotas e outros que tais, merecem todas as palavras que tenhamos para os zurzir.