Trabalho apresentado na Disciplina de Metodologia Científica, prof. Me. Guilherme Rocha - Curso de Psicologa- Faculdade Galileu de Botucatu
Título: A mulher, das margens da Literatura à ascensão
INTRODUÇÃO
Tema: Este trabalho apresenta uma análise e descreve, dentro de um período histórico-cultural, mulheres escritoras, sua importância, e as mudanças de acordo com diferentes épocas.
Problema: a mulher em sociedade, apesar de ter atingido muitas conquistas, uma problemática constante.
Objetivos:
- apontar os motivos históricos e a ascensão da mulher na Literatura através de épocas distintas;
-citar distintas diferenças em gênero e público de escritoras rasileiras e estrangeiras;
-adentrar no mundo das escritoras com seus estilos e época histórica.
Método: dedutivo
O tipo de pesquisa utilizado neste trabalho é o bibliográfico, com pesquisas em livros pessoais e sites da internet, além de artigos e o instrumento é qualitativo.
I - Um pouco de História
A escritora e ensaísta, Márcia Camargos, autora de “Villa Kyrial: crônica da Belle Époque paulistana” e “A Semana de 22: entre vaias e aplausos” (livro que obteve o prêmio da Academia Paulista de Letras como a melhor obra de ensaio historiográfico de 2003), foi a única mulher brasileira convidada na FLIP de 2011. Para a escritora, “ainda há a tradição de que a mulher primeiro deve desempenhar seus papeis de dona de casa, mãe e esposa, e com o tempo que sobra faz literatura”.
II - A Lei Maria da Penha e as mulheres
Um recorte de texto publicado no site www.recantodasletras.com.br:
Em Novembro deste ano a Lei Maria da Penha – Lei 11340 - completou 11 anos de existência. O nome fantasia da Lei e os motivos e martírio de Maria e de tantas outras Marias a procurarem justiça e que levaram a tal lei ser redigida e assinada todos sabem e já é uma triste realidade.
Já na introdução do texto, podemos ver que ainda falta muito para ser perfeita e a fragilidade da Lei em realmente punir os infratores e criminosos.
Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências.
O Brasil ocupa o 5º lugar no ranking de índice de violência contra a mulher, ficando atrás apenas de El Salvador, Colômbia, Guatemala e Rússia. Em geral, ela é praticada por homens, maridos, companheiros ou ex companheiros que não aceitam o “não”da mulher com quem compartilham ou compartilharam a cama, o cotidiano, a vida. É a ideia de posse.
Vivendo a vida no interior, teoricamente calma e sem grandes crimes violentos, já presenciei alguns casos de pessoas anônimas, mulheres, em praça pública e vítimas de violência doméstica sobre as quais agora relato.
Num domingo desses, estávamos eu e meu companheiro em um parque, o famoso Campus da UNESP, no Lajeado, em Botucatu, cidade do interior, volto a dizer, pacata, desfrutando do verde e da sombra frondosa de árvores decanas, quando vi um casal chegar de carro, encostar e se esconderem por entre o longo bambuzal logo abaixo. Podia-se ver claramente movimentos pouco parecidos com amor ou qualquer ato de carinho que parecesse libertino ou sexual. Pelo contrário, as pessoas ali por perto começaram a se perguntar se não eram tapas e gritos da mulher em questão o que passamos a ouvir.
Nessa hora, nosso instinto de ajuda, humanitário, quer fazer alguma coisa que resolva de imediato a situação. A mulher não pedia socorro, o que os homens da turma que se uniu para ajudar disseram não ser “grave”. Mas o que é mais grave? A gente achar normal briga sem pancadaria, ou achar que não podemos fazer nada? Alguém dispara: “Se chamarmos, a polícia não vem.” Triste pensar, já que deveríamos acreditar nas instituições que nos defendem ou nos ajudam nas situações de risco. Uma sociedade sem lei faria justiça com as próprias mãos. Mas como cidadãos de bem, ligamos para 190, 19 tã-rã-rã – hoje tem número que não acaba mais e aguardamos. Lembrei de um amigo policial e pedi ajuda.
Não demorou muito, lá estavam duas viaturas e mais uma no final, dois policiais em cada uma, entre homens e policiais femininos, seis ao todo.
Percebemos de longe a atuação dos policiais e a fala das femininas longe do homem para não coibir o depoimento da mulher.
Não conhecemos a história de vida dos dois. Também não cabem aqui julgamentos. Mas e a Lei? Ela só deve ser aplicada ao crime em questão se o envolvido se pronunciar. Mas a defesa para essa mulher? Ela, claro, sente-se acuada. Até porque com a morosidade e inconsistência de provas contra o indivíduo, sairia com facilidade livre e qual seria sua reação contra a atacada. Para ele passaria à atacante. Pois é, o forte sexo frágil tem mesmo muito o que provar e se defender desse mundo tão machista e injusto. E a foca física conta. Ela irá para casa. Na melhor das hipóteses ele ficará preso. E sua ira será ainda maior quando sair. Seu alvo: a mulher. Covarde!
Triste saber, minutos depois, que mesmo com a insistência da policial, a mulher não denunciou como deveria o homem. Disse que o ama. Amor? Como pode?
Ela sabe o real conceito de amar? Um homem que ama bate, denigra a imagem da “amada”, humilha? Nunca. Sem falar na violência psicológica pela qual muitas mulheres se submetem.
Continuemos a acreditar, a ajudar e a esperar que alguma coisa melhore. Nós mulheres temos a difícil arte de educar. Eduquemos homens companheiros, leves, com amor. Porque QUEM AMA NÃO MATA. QUEM AMA CUIDA, PROTEGE.”
O quadro de desigualdade apontado acima abre precedentes para muitas reflexões. Mostra o quanto ainda é preciso mudar leis, cobrar do poder público campanhas de conscientização e planejamento familiar. Apesar disso, a mulher tem demonstrado sua força e atingido um patamar de igualdade em muitas profissões todas antigamente como para homens. Isso não é diferente na Literatura. Tanto que mulheres ainda são discriminadas em salário, em aceitação em quadros de empresas multinacionais e muitas vezes “cantadas” em plena situação de inferioridade diante de chefes e superiores. A lista de processos de assédio moral no trabalho cresceu no últimos anos.
O Ministério Público do Trabalho (MPT) disponibilizou on-line a cartilha “O ABC da violência contra a mulher no trabalho”. A publicação ajuda a identificar e entender assédio moral e sexual, divisão sexual do trabalho e cultura do estupro, além de explicar conceitos recentes.
Ministério Público do Trabalho (MPT) disponibilizou on-line a cartilha “O ABC da violência contra a mulher no trabalho”. A publicação ajuda a identificar e entender assédio moral e sexual, divisão sexual do trabalho e cultura do estupro, além de explicar conceitos recentes, como mansplaining, manterrupting e bropriating. Os termos, respectivamente, referem-se a situações em que homens explicam coisas óbvias para mulheres, fazem interrupções durante as suas falas e se apropriam de suas ideias.
III - A mulher e a Literatura
Por caminhos tortos, viera a cair num destino de mulher, com a surpresa de nele caber como se o tivesse inventado” Clarice Lispector
Quando falamos sobre Literatura, alguns nomes de escritores masculinos surgem instantaneamente em nossas mentes. O papel da mulher tem sido de fundamental importância na arte como um todo, especificamente na escrita. Mas, quando falamos sobre Literatura tão somente ou quase em sua totalidade, o que nos vem à mente são nomes masculinos.
Por questões históricas, as mulheres permaneceram à sombra dos homens em muitos aspectos, inclusive artísticos e culturais. Mesmo assim, elas estiveram presentes, agregando valor ao mundo da literatura, desde muito tempo.
O primeiro romance escrito por uma mulher, Murasaki Shikibu, uma japonesa da classe nobre, foi, no ano 1007, um livro chamado “A História de Genji” é o que registra a história. A mulher dentro da história japonesa denominado Era Heian (794-1185). Período marcado pelo ápice da corte imperial do Japão; pela criação dos kana, forma de escrita japonesa mais simples que a usada até então; pela influência da cultura chinesa, mas principalmente pela forte literatura feminina, o romance emplacou na crítica e na história de um povo marcado pela desigualdade de gêneros.
A mulher oriental da época, até pelo contexto histórico, sempre subserviente e subalterna ao homem, em termos literários, após Murasak, mudou seu olhar para se mesma consideravelmente. Muitas das mulheres nobres que se tornaram damas aprenderam a escrita chinesa (alfabeto erudito, estudado apenas por homens) em segredo, como a própria Murasaki Shikibu. O romance denso, uma mistura de gêneros, drama, comédia, paródia, sátira, crônicas de costumes e poemas, proporcionou espanto e ao mesmo tempo admiração de grupos. E, “foi somente nesse período de cem anos que as mulheres detiveram o monopólio das letras, tanto na poesia como na prosa” (GICK, 1989, p. 217),
Romance do Genji, além de ser considerado o primeiro romance da humanidade, também é conhecido como o primeiro romance histórico, ou ainda, o primeiro romance psicológico (ORGADO, 2014). Ele é a obra mais importante da literatura japonesa.
Assim como ela, existem muitas escritoras que ganharam (e continuam ganhando) destaque na literatura mundial, como Jane Austen, Virginia Woolf, J. K. Rowling, Agatha Christie, Hilda Hist, Stephenie Meyer, Suzanne Collins, Gillian Flynn, Veronica Roth, Cassandra Clare, Cornelia Funk, Cressida Cowell, entre outras, de diferentes culturas e épocas.
IV- Algumas escritoras de sucesso no Brasil e no mundo:
Cassandra Rios –
Cassandra Rios, pseudônimo de Odete Rios, foi perseguida pela ditadura militar pelo conteúdo erótico de seus livros e pelo conteúdo ser contra a “ moral e os bons costumes”, " como se dizia na época", explica Rodolfo Londero, professor da Universidade Estadual de Londrina e autor do livro Pornografia e censura: Pornografia e censura: Adelaide Carraro, Cassandra Rios e o sistema literário brasileiro nos anos 1970. Apesar da perseguição recorde, Cassandra Rios se tornou a primeira escritora brasileira a vender um milhão de exemplares, meta alcançada em 1970, superando escritores populares de sua época, como Jorge Amado, Clarice Lispector e Érico Veríssimo.
Ninguém foi mais perseguida pelos censores da ditadura militar brasileira (1964 - 85) do que Cassandra Rios, escritora recordista em vetos durante o regime, com 36 dos seus 50 livros publicados censurados durante a vida - fora algumas edições clandestinas.
Nascida em 1932, em Perdizes, bairro classe média alta de São Paulo, Cassandra era pseudônimo de Odete Rios. Em 1948, aos 16 anos, publicou seu primeiro livro, A Volúpia do Pecado, uma história de amor entre duas adolescentes, se tornando a primeira autora do país de romances eróticos voltados ao universo homossexual feminino.
Na época, após ter sido rejeitado por todas as editoras de São Paulo, A Volúpia do Pecado foi publicado pela própria Odete com dinheiro emprestado pela mãe, dona Damiana, uma imigrante espanhola burguesa e católica. Sob o pseudônimo de Cassandra Rios, originalmente a sacerdotisa grega que profetizou o episódio do "cavalo de Troia", o livro de estreia fez tanto sucesso que chegou a ser reeditado nove vezes em pouco mais de dez anos.]
Catherine Millet
Assim como a brasileira, dispontou na Literatura por seu livro, o polêmico A vida sexual de Catherine M., publicado no Brasil em 2009, livro de temática homossexual e autobiográfica, tornou-se recordista de venda. Já aos 17 anos, sua narrativa conta uma vida de orgias e sexo grupal, tanto com mulheres como homens e mulheres juntos. Detalhe: era uma respeitada crítica de arte francesa, fundadora e diretora do Art Press, uma das mais fluentes revistas de arte francesas.
Raquel de Queirós
Primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras, Rachel de Queiroz revolucionou a literatura brasileira ao trazer temas sociais como a luta do povo nordestino para uma ótica literária dramática. A autora de “O quinze” e “Memorial de Maria Moura” foi pioneira na arte de dar voz à literatura regionalista do sertanejo e foi uma escritora de vanguarda dentro do movimento modernista brasileiro.
Jane Austin
Diálogos cheios de ironia, reflexão sobre valores, ambição. A autora de “Orgulho e Preconceito” criou a comédia de costumes. Seus personagens nobres retratavam a sociedade da época, tão cheia de hábitos e intrigas. Alguns críticos consideram a autora a primeira romancista moderna da literatura inglesa. Acreditamos que os livros são os tijolos que pavimentam o caminho para uma sociedade melhor, mais justa e equilibrada, por isso criamos a camiseta “Só a Literatura Salva”. Jane Austen ficaria orgulhosa!
Simone de Bauvoir
Feminista, símbolo do existencialismo, Simone revolucionou a literatura ao analisar a presença e o papel da mulher na sociedade. A autora de “O segundo sexo” foi polêmica para os padrões da época por produzir conteúdos altamente libertários e eróticos. Veja todos os produtos literárias da autora em nosso site.
J.K. Rowling
Embora ela escreva sob o pseudônimo JK Rowling, seu nome, antes de seu novo casamento, era Joanne Rowling.
Dona de uma das maiores fortunas por escrever bestsellers, entre eles, os mais conhecidos, a série de Harry Potter, ela é o exemplo de que a mulher pode estar entre os melhores em sua categoria.
Virgínia Woolf
Adeline Virginia Woolf, nascida Adeline Virginie
Stephen (Kensington, Middlesex, 25 de janeiro de 1882 — Lewes, Sussex, 28 de março de 1941).
Foi uma escritora, ensaísta e editora britânica, conhecida como uma das mais proeminentes figuras do modernismo.
Estreou-se na literatura em 1915 com o romance The Voyage Out, que abriu o caminho para a sua carreira como escritora e uma série de obras notáveis. Morreu em 1941, tendo cometido suicídio.
Assim como Márcia Camargo, existem, na atualidade, várias escritoras que estão mostrando a importância da mulher na literatura brasileira. Carol Bensimon, Martha Medeiros, Jane Tutikian, Cíntia Moscovich, Lya Luft, Monique Revillion, Luisa Geisler e Eliane Brum, são algumas delas.
E.L. James
Ex executiva de T.V., tornou-se conhecida pela trilogia “Cinquenta tons de Cinza” em 2011, no Brasil, e acabou nas telas de cinema em seu primeiro livro.
Em contraste a todo número de homens e seu machismo pela história, Albert Einstein em seu livro, do original, The love letters, “Cartas de amor”, (Einstein, Albert, Cartas de amor, Ed. Papirus, São Paulo, 1992, cita um romantismo exacerbado e por vezes meloso a então colega de classe Mileva Maric, com quem se casa e tem um filho anos mais tarde ( ilegítimo, segundo a sociedade da época). Claro, tudo isso causou muitos transtornos na vida do famoso cientista. É um livro de cabeceira, sem pretensão maior, mas vale a pena ler.
Conclusão:
Apesar de tão discriminada e ainda na atual sociedade muitas vezes ter que provar seu valor, competência e habilidade em diferentes setores e posições, a mulher em se destacado e isto é indiscutível.
Por seu instinto pacificador, sensibilidade e sua competência, dadas as escritoras aqui citadas, alem de muitas outras, a mulher tem alcançado seu lugar nas Letras, assim como em muitas outras profissões.
Referências:
Foto: http://confeitariamag.com/natachacortez/mulheres-literatura-e-mais-uma-provocacao/
Lispector, Clarice, A hora da estrela, R.J., Editora Rocco, 1ª ed.,1977;
Millet, Catherine, A vida sexual de Catherine M., Editora Papirus, São Paulo, 1992.
James, E.L. , Cinquenta tons de cinza, Ed. Intrínseca Ltda, Rio de Janeiro, 2011.
https://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2019/03/31/quem-foi-cassandra-rios-a-escritora-mais-censurada-da-ditadura-militar.ghtml
https://blog.poemese.com/6-mulheres-que-mudaram-historia-da-literatura/
https://asminanahistoria.wordpress.com/2018/02/14/murasaki-shikibu-e-as-escritoras-da-era-heian/
https://en.wikipedia.org/wiki/J._K._Rowling
http://e-revista.unioeste.br/index.php/linguaseletras/article/view/10658
https://governo-sp.jusbrasil.com.br/legislacao/159760/lei-contra-o-assedio-moral-lei-12250-06
Título: A mulher, das margens da Literatura à ascensão
INTRODUÇÃO
Tema: Este trabalho apresenta uma análise e descreve, dentro de um período histórico-cultural, mulheres escritoras, sua importância, e as mudanças de acordo com diferentes épocas.
Problema: a mulher em sociedade, apesar de ter atingido muitas conquistas, uma problemática constante.
Objetivos:
- apontar os motivos históricos e a ascensão da mulher na Literatura através de épocas distintas;
-citar distintas diferenças em gênero e público de escritoras rasileiras e estrangeiras;
-adentrar no mundo das escritoras com seus estilos e época histórica.
Método: dedutivo
O tipo de pesquisa utilizado neste trabalho é o bibliográfico, com pesquisas em livros pessoais e sites da internet, além de artigos e o instrumento é qualitativo.
I - Um pouco de História
A escritora e ensaísta, Márcia Camargos, autora de “Villa Kyrial: crônica da Belle Époque paulistana” e “A Semana de 22: entre vaias e aplausos” (livro que obteve o prêmio da Academia Paulista de Letras como a melhor obra de ensaio historiográfico de 2003), foi a única mulher brasileira convidada na FLIP de 2011. Para a escritora, “ainda há a tradição de que a mulher primeiro deve desempenhar seus papeis de dona de casa, mãe e esposa, e com o tempo que sobra faz literatura”.
II - A Lei Maria da Penha e as mulheres
Um recorte de texto publicado no site www.recantodasletras.com.br:
Em Novembro deste ano a Lei Maria da Penha – Lei 11340 - completou 11 anos de existência. O nome fantasia da Lei e os motivos e martírio de Maria e de tantas outras Marias a procurarem justiça e que levaram a tal lei ser redigida e assinada todos sabem e já é uma triste realidade.
Já na introdução do texto, podemos ver que ainda falta muito para ser perfeita e a fragilidade da Lei em realmente punir os infratores e criminosos.
Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências.
O Brasil ocupa o 5º lugar no ranking de índice de violência contra a mulher, ficando atrás apenas de El Salvador, Colômbia, Guatemala e Rússia. Em geral, ela é praticada por homens, maridos, companheiros ou ex companheiros que não aceitam o “não”da mulher com quem compartilham ou compartilharam a cama, o cotidiano, a vida. É a ideia de posse.
Vivendo a vida no interior, teoricamente calma e sem grandes crimes violentos, já presenciei alguns casos de pessoas anônimas, mulheres, em praça pública e vítimas de violência doméstica sobre as quais agora relato.
Num domingo desses, estávamos eu e meu companheiro em um parque, o famoso Campus da UNESP, no Lajeado, em Botucatu, cidade do interior, volto a dizer, pacata, desfrutando do verde e da sombra frondosa de árvores decanas, quando vi um casal chegar de carro, encostar e se esconderem por entre o longo bambuzal logo abaixo. Podia-se ver claramente movimentos pouco parecidos com amor ou qualquer ato de carinho que parecesse libertino ou sexual. Pelo contrário, as pessoas ali por perto começaram a se perguntar se não eram tapas e gritos da mulher em questão o que passamos a ouvir.
Nessa hora, nosso instinto de ajuda, humanitário, quer fazer alguma coisa que resolva de imediato a situação. A mulher não pedia socorro, o que os homens da turma que se uniu para ajudar disseram não ser “grave”. Mas o que é mais grave? A gente achar normal briga sem pancadaria, ou achar que não podemos fazer nada? Alguém dispara: “Se chamarmos, a polícia não vem.” Triste pensar, já que deveríamos acreditar nas instituições que nos defendem ou nos ajudam nas situações de risco. Uma sociedade sem lei faria justiça com as próprias mãos. Mas como cidadãos de bem, ligamos para 190, 19 tã-rã-rã – hoje tem número que não acaba mais e aguardamos. Lembrei de um amigo policial e pedi ajuda.
Não demorou muito, lá estavam duas viaturas e mais uma no final, dois policiais em cada uma, entre homens e policiais femininos, seis ao todo.
Percebemos de longe a atuação dos policiais e a fala das femininas longe do homem para não coibir o depoimento da mulher.
Não conhecemos a história de vida dos dois. Também não cabem aqui julgamentos. Mas e a Lei? Ela só deve ser aplicada ao crime em questão se o envolvido se pronunciar. Mas a defesa para essa mulher? Ela, claro, sente-se acuada. Até porque com a morosidade e inconsistência de provas contra o indivíduo, sairia com facilidade livre e qual seria sua reação contra a atacada. Para ele passaria à atacante. Pois é, o forte sexo frágil tem mesmo muito o que provar e se defender desse mundo tão machista e injusto. E a foca física conta. Ela irá para casa. Na melhor das hipóteses ele ficará preso. E sua ira será ainda maior quando sair. Seu alvo: a mulher. Covarde!
Triste saber, minutos depois, que mesmo com a insistência da policial, a mulher não denunciou como deveria o homem. Disse que o ama. Amor? Como pode?
Ela sabe o real conceito de amar? Um homem que ama bate, denigra a imagem da “amada”, humilha? Nunca. Sem falar na violência psicológica pela qual muitas mulheres se submetem.
Continuemos a acreditar, a ajudar e a esperar que alguma coisa melhore. Nós mulheres temos a difícil arte de educar. Eduquemos homens companheiros, leves, com amor. Porque QUEM AMA NÃO MATA. QUEM AMA CUIDA, PROTEGE.”
O quadro de desigualdade apontado acima abre precedentes para muitas reflexões. Mostra o quanto ainda é preciso mudar leis, cobrar do poder público campanhas de conscientização e planejamento familiar. Apesar disso, a mulher tem demonstrado sua força e atingido um patamar de igualdade em muitas profissões todas antigamente como para homens. Isso não é diferente na Literatura. Tanto que mulheres ainda são discriminadas em salário, em aceitação em quadros de empresas multinacionais e muitas vezes “cantadas” em plena situação de inferioridade diante de chefes e superiores. A lista de processos de assédio moral no trabalho cresceu no últimos anos.
O Ministério Público do Trabalho (MPT) disponibilizou on-line a cartilha “O ABC da violência contra a mulher no trabalho”. A publicação ajuda a identificar e entender assédio moral e sexual, divisão sexual do trabalho e cultura do estupro, além de explicar conceitos recentes.
Ministério Público do Trabalho (MPT) disponibilizou on-line a cartilha “O ABC da violência contra a mulher no trabalho”. A publicação ajuda a identificar e entender assédio moral e sexual, divisão sexual do trabalho e cultura do estupro, além de explicar conceitos recentes, como mansplaining, manterrupting e bropriating. Os termos, respectivamente, referem-se a situações em que homens explicam coisas óbvias para mulheres, fazem interrupções durante as suas falas e se apropriam de suas ideias.
III - A mulher e a Literatura
Por caminhos tortos, viera a cair num destino de mulher, com a surpresa de nele caber como se o tivesse inventado” Clarice Lispector
Quando falamos sobre Literatura, alguns nomes de escritores masculinos surgem instantaneamente em nossas mentes. O papel da mulher tem sido de fundamental importância na arte como um todo, especificamente na escrita. Mas, quando falamos sobre Literatura tão somente ou quase em sua totalidade, o que nos vem à mente são nomes masculinos.
Por questões históricas, as mulheres permaneceram à sombra dos homens em muitos aspectos, inclusive artísticos e culturais. Mesmo assim, elas estiveram presentes, agregando valor ao mundo da literatura, desde muito tempo.
O primeiro romance escrito por uma mulher, Murasaki Shikibu, uma japonesa da classe nobre, foi, no ano 1007, um livro chamado “A História de Genji” é o que registra a história. A mulher dentro da história japonesa denominado Era Heian (794-1185). Período marcado pelo ápice da corte imperial do Japão; pela criação dos kana, forma de escrita japonesa mais simples que a usada até então; pela influência da cultura chinesa, mas principalmente pela forte literatura feminina, o romance emplacou na crítica e na história de um povo marcado pela desigualdade de gêneros.
A mulher oriental da época, até pelo contexto histórico, sempre subserviente e subalterna ao homem, em termos literários, após Murasak, mudou seu olhar para se mesma consideravelmente. Muitas das mulheres nobres que se tornaram damas aprenderam a escrita chinesa (alfabeto erudito, estudado apenas por homens) em segredo, como a própria Murasaki Shikibu. O romance denso, uma mistura de gêneros, drama, comédia, paródia, sátira, crônicas de costumes e poemas, proporcionou espanto e ao mesmo tempo admiração de grupos. E, “foi somente nesse período de cem anos que as mulheres detiveram o monopólio das letras, tanto na poesia como na prosa” (GICK, 1989, p. 217),
Romance do Genji, além de ser considerado o primeiro romance da humanidade, também é conhecido como o primeiro romance histórico, ou ainda, o primeiro romance psicológico (ORGADO, 2014). Ele é a obra mais importante da literatura japonesa.
Assim como ela, existem muitas escritoras que ganharam (e continuam ganhando) destaque na literatura mundial, como Jane Austen, Virginia Woolf, J. K. Rowling, Agatha Christie, Hilda Hist, Stephenie Meyer, Suzanne Collins, Gillian Flynn, Veronica Roth, Cassandra Clare, Cornelia Funk, Cressida Cowell, entre outras, de diferentes culturas e épocas.
IV- Algumas escritoras de sucesso no Brasil e no mundo:
Cassandra Rios –
Cassandra Rios, pseudônimo de Odete Rios, foi perseguida pela ditadura militar pelo conteúdo erótico de seus livros e pelo conteúdo ser contra a “ moral e os bons costumes”, " como se dizia na época", explica Rodolfo Londero, professor da Universidade Estadual de Londrina e autor do livro Pornografia e censura: Pornografia e censura: Adelaide Carraro, Cassandra Rios e o sistema literário brasileiro nos anos 1970. Apesar da perseguição recorde, Cassandra Rios se tornou a primeira escritora brasileira a vender um milhão de exemplares, meta alcançada em 1970, superando escritores populares de sua época, como Jorge Amado, Clarice Lispector e Érico Veríssimo.
Ninguém foi mais perseguida pelos censores da ditadura militar brasileira (1964 - 85) do que Cassandra Rios, escritora recordista em vetos durante o regime, com 36 dos seus 50 livros publicados censurados durante a vida - fora algumas edições clandestinas.
Nascida em 1932, em Perdizes, bairro classe média alta de São Paulo, Cassandra era pseudônimo de Odete Rios. Em 1948, aos 16 anos, publicou seu primeiro livro, A Volúpia do Pecado, uma história de amor entre duas adolescentes, se tornando a primeira autora do país de romances eróticos voltados ao universo homossexual feminino.
Na época, após ter sido rejeitado por todas as editoras de São Paulo, A Volúpia do Pecado foi publicado pela própria Odete com dinheiro emprestado pela mãe, dona Damiana, uma imigrante espanhola burguesa e católica. Sob o pseudônimo de Cassandra Rios, originalmente a sacerdotisa grega que profetizou o episódio do "cavalo de Troia", o livro de estreia fez tanto sucesso que chegou a ser reeditado nove vezes em pouco mais de dez anos.]
Catherine Millet
Assim como a brasileira, dispontou na Literatura por seu livro, o polêmico A vida sexual de Catherine M., publicado no Brasil em 2009, livro de temática homossexual e autobiográfica, tornou-se recordista de venda. Já aos 17 anos, sua narrativa conta uma vida de orgias e sexo grupal, tanto com mulheres como homens e mulheres juntos. Detalhe: era uma respeitada crítica de arte francesa, fundadora e diretora do Art Press, uma das mais fluentes revistas de arte francesas.
Raquel de Queirós
Primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras, Rachel de Queiroz revolucionou a literatura brasileira ao trazer temas sociais como a luta do povo nordestino para uma ótica literária dramática. A autora de “O quinze” e “Memorial de Maria Moura” foi pioneira na arte de dar voz à literatura regionalista do sertanejo e foi uma escritora de vanguarda dentro do movimento modernista brasileiro.
Jane Austin
Diálogos cheios de ironia, reflexão sobre valores, ambição. A autora de “Orgulho e Preconceito” criou a comédia de costumes. Seus personagens nobres retratavam a sociedade da época, tão cheia de hábitos e intrigas. Alguns críticos consideram a autora a primeira romancista moderna da literatura inglesa. Acreditamos que os livros são os tijolos que pavimentam o caminho para uma sociedade melhor, mais justa e equilibrada, por isso criamos a camiseta “Só a Literatura Salva”. Jane Austen ficaria orgulhosa!
Simone de Bauvoir
Feminista, símbolo do existencialismo, Simone revolucionou a literatura ao analisar a presença e o papel da mulher na sociedade. A autora de “O segundo sexo” foi polêmica para os padrões da época por produzir conteúdos altamente libertários e eróticos. Veja todos os produtos literárias da autora em nosso site.
J.K. Rowling
Embora ela escreva sob o pseudônimo JK Rowling, seu nome, antes de seu novo casamento, era Joanne Rowling.
Dona de uma das maiores fortunas por escrever bestsellers, entre eles, os mais conhecidos, a série de Harry Potter, ela é o exemplo de que a mulher pode estar entre os melhores em sua categoria.
Virgínia Woolf
Adeline Virginia Woolf, nascida Adeline Virginie
Stephen (Kensington, Middlesex, 25 de janeiro de 1882 — Lewes, Sussex, 28 de março de 1941).
Foi uma escritora, ensaísta e editora britânica, conhecida como uma das mais proeminentes figuras do modernismo.
Estreou-se na literatura em 1915 com o romance The Voyage Out, que abriu o caminho para a sua carreira como escritora e uma série de obras notáveis. Morreu em 1941, tendo cometido suicídio.
Assim como Márcia Camargo, existem, na atualidade, várias escritoras que estão mostrando a importância da mulher na literatura brasileira. Carol Bensimon, Martha Medeiros, Jane Tutikian, Cíntia Moscovich, Lya Luft, Monique Revillion, Luisa Geisler e Eliane Brum, são algumas delas.
E.L. James
Ex executiva de T.V., tornou-se conhecida pela trilogia “Cinquenta tons de Cinza” em 2011, no Brasil, e acabou nas telas de cinema em seu primeiro livro.
Em contraste a todo número de homens e seu machismo pela história, Albert Einstein em seu livro, do original, The love letters, “Cartas de amor”, (Einstein, Albert, Cartas de amor, Ed. Papirus, São Paulo, 1992, cita um romantismo exacerbado e por vezes meloso a então colega de classe Mileva Maric, com quem se casa e tem um filho anos mais tarde ( ilegítimo, segundo a sociedade da época). Claro, tudo isso causou muitos transtornos na vida do famoso cientista. É um livro de cabeceira, sem pretensão maior, mas vale a pena ler.
Conclusão:
Apesar de tão discriminada e ainda na atual sociedade muitas vezes ter que provar seu valor, competência e habilidade em diferentes setores e posições, a mulher em se destacado e isto é indiscutível.
Por seu instinto pacificador, sensibilidade e sua competência, dadas as escritoras aqui citadas, alem de muitas outras, a mulher tem alcançado seu lugar nas Letras, assim como em muitas outras profissões.
Referências:
Foto
Lispector, Clarice, A hora da estrela, R.J., Editora Rocco, 1ª ed.,1977;
Millet, Catherine, A vida sexual de Catherine M., Editora Papirus, São Paulo, 1992.
James, E.L. , Cinquenta tons de cinza, Ed. Intrínseca Ltda, Rio de Janeiro, 2011.
https://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2019/03/31/quem-foi-cassandra-rios-a-escritora-mais-censurada-da-ditadura-militar.ghtml
https://blog.poemese.com/6-mulheres-que-mudaram-historia-da-literatura/
https://asminanahistoria.wordpress.com/2018/02/14/murasaki-shikibu-e-as-escritoras-da-era-heian/
https://en.wikipedia.org/wiki/J._K._Rowling
http://e-revista.unioeste.br/index.php/linguaseletras/article/view/10658
https://governo-sp.jusbrasil.com.br/legislacao/159760/lei-contra-o-assedio-moral-lei-12250-06