MILAGRES ACONTECEM

MILAGRES ACONTECEM

Em meados de 1964 eu morava em Nova Lusitânia, distrito de Gastão Vidigal, região de São José do Rio Preto, na época a vila tinha mais ou menos 800 habitantes. Ocorreu um fato de constantemente me volta à mente.

Eu jogava no time de futebol e geralmente aos domingos tínhamos jogos entre as cidades vizinhas. Quando não havia jogo, íamos ao Bar do Ponto, do Sr, João jogar sinuca até na hora do almoço.

Certo domingo, por volta de onze horas ouvimos gritos de uma mulher pedindo socorro, saímos do bar de vimos uma senhora desesperada dizendo que seu filho de dois anos havia caído num dos buracos das fundações do prédio da escola que estava sendo construído atrás do bar do Sr. João. Corremos e vimos apenas o par de pequenas sandálias do menino na beira do buraco. Ela, que era esposa do mestre da obra, nos contou entre prantos, que saiu de casa, que era em frente a obra, para chamar o menino para almoçar e ele tentou levantar e escorregou para dentro do buraco, que tinha 25 ou trinta centímetros de diâmetro e de 4 a 5,30 m de profundidade.

Foi um desespero total. Que fazer?. Logo vimos que a única solução era cavar um buraco paralelo para retirar a criança. E assim fizemos. Logo apareceram pás, enxadas, enxadões, e começamos a cavar. Sugeri que ligássemos uma mangueira à uma bomba de encher pneus de bicicletas para bombear ar para dentro do buraco para evitar asfixia do menino, e assim foi feito.

Fomos nos revezando na escavação, mas o trabalho ia muito lento, até que por volta de 13, 00 hs. chegou um rapaz negro que trabalhava na obra, tirou a camisa os calçados e começou a cavar freneticamente. Mostrando muito vigor físico cavava sem parar, e foi afundando o buraco.

Como a vila era pequena logo a notícia se espalhou e muita gente se aglomerava perto para ver. As senhoras fora à igreja e se reuniram em oração, pois, todos sabíamos que seria muito difícil retirar a criança com vida.

A medida que o buraco se aprofundava ficava difícil jogar a terra para fora, então foi feito outro buraco ao lado do primeiro onde a terra do primeiro era jogada e em seguida se jogava para fora.

As horas iam passando e o rapaz negro incansável não parava. Logo tivemos que fazer um terceiro buraco paralelo, para a terra ser jogada, e daí para fora, de tão fundo que já estava a escavação.

Por volta de 5 hs da tarde, o mestre de obras, pai do menino, mediu a profundidade e viu que dava para fazer furo na horizontal para ver ser localizava o menino. O rapaz então com uma espátula foi cavando com muito cuidado até atingir o local onde estava o menino.

Exclamou,”ACHEI” , todos pulamos de alegria; ao atingir o outro buraco, sua mão tocou os cabelos da criança, mas ao dizer que estava quieta, nos calamos e ficamos muitos apreensivos, será que não resistiu?

Abriu uma passagem o suficiente para retirar a criança e ao pegá-la no colo, gritou está dormindo!

Muitos se ajoelharam e deram graças à DEUS. As senhoras que estavam na igreja em oração, vieram pegaram o menino e fizeram uma procissão pelas ruas da vila. Era um milagre retirar uma criança de uma profundidade tão grande sem recursos tecnológicos de hoje.

Graças ao esforço de várias pessoas e do rapaz negro, verdadeiros heróis anônimos.

Mauri Candido
Enviado por Mauri Candido em 22/07/2019
Código do texto: T6701971
Classificação de conteúdo: seguro