CADA UM QUE SE DIVIRTA COMO QUISER OU GOSTAR.

Segunda-feira, 22 de Julho de 2019

Alguns dias atrás, num Domingo, resolvi ir pegar (pescar) uns siris. E esse exercício já o fiz por muitas vezes, principalmente há uns 40 anos atrás, quando pegava a minha motocicleta, a mochila com uma garrafa d'água e meia dúzia de bananas dentro dela, os puçás, e a coragem, misturada com a vontade de me distrair.

Saía de casa após o almoço e ia para uma ponte lá na Barra da Tijuca, onde vários outros iam também, com a mesma intenção que eu. Mas havia pescadores que usavam tarrafas. E todos ficavam por ali de forma tranquila, sem nenhuma confusão. Eram outros tempos, claro.

Possuía cinco puçás. E neste dia, logo cedo, ia atrás de tripas de galinha num aviário próximo de casa, e com um punhado delas as distribuía pelos puças, presas com barbantes, às vezes arames. E lá, os lançava na água, aguardando por uns dez minutos até começar a puxá-los um a um, colocando os siris que vinha neles num saco, trazendo-os para casa.

Nesse tempo havia fartura. De peixes e de siris. Mas hoje em dia, lá naquele mesmo lugar, quase já nem se vê ninguém fazendo aquele mesmo exercício que fazíamos naquelas boas épocas. Uma série de fatores influiu nesse processo, sendo que o primeiro deles foi a degradação ambiental, onde a poluição tomou conta de tudo e de todos, atrapalhando as nossas vidas.

De uns cinco ou seis anos para trás, quando decido ir pegar siris, vou ao bairro da Urca. Junto às pedras que ali existem como quebra-mar, escolho um lugar onde a possibilidade do puçá ficar preso no fundo da água seja pequeno. Mas às vezes acontece. Aí se tem duas possibilidades. A primeira é arrebentar a corda e deixá-lo no fundo. A outra é mergulhar e soltá-lo, continuando o exercício primeiro.

Mas já não é a mesma coisa que antes. Ali também já não há nenhuma fertilidade de siris. E também de peixes. Apesar de ser um lugar dos mais aprazíveis da cidade, a poluição já causou muitos problemas e prejuízos à população.

Mesmo com algumas providências que tomaram em evitar derramamento de esgotos, a qualidade da água já deixa a desejar. Mas as pessoas, algumas, até nem ligam para tal detalhe e tomam seus banhos de praia ali por perto na areia.

Dessa última vez consegui pegar uma meia dúzia de siris. Mas o mais engraçado e que nunca havia acontecido nos outros tempos e vezes que fiz isso, foi observar a captura de pequenos peixes no puçá. E ainda trouxe quase uns dez deles, mesmo pequenos, e os fritei uns dias após.

Nesse local, a Urca, os siris que existem ali o pessoal chama de 'siri-candeia'. São de cor marrom, diferentes daqueles que costumamos ver na cor azul acinzentado. Mas o sabor e paladar são os mesmos desses.

O custo de tal divertimento é bem maior do que o resultado que se alcança nessas capturas. Mas o prazer de se distrair e divertir cobre todo e qualquer prejuízo que envolva tal manobra. Mas só sabe disso quem o faz. Há gente que chama isso de "programa de índio". Vá se entender um negócio desse??!!

Terceiro Milenio
Enviado por Terceiro Milenio em 22/07/2019
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