Mais um 2 de julho...
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Mais um 2 de julho...
No dia 2 de julho de 1993, estávamos, minha turma e eu, no pátio do Quartel Central do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro, fazendo o juramento à bandeira e recebendo o espadim da Escola de Formação e Aperfeiçoamento de Oficiais – EsFAO. Passados 26 anos, as imagens permanecem vigorosas e a emoção ainda nos invade, cheia de recordações, sonhos e ideais.
Para muitos, a condição profissional foi impositiva, não houve a possibilidade de escolha. Felizmente, escolhi ser bombeiro e tenho a certeza de estar no lugar certo, fazendo exatamente o que minha vocação confirma diariamente. Essa convicção vem da constatação, dia após dia, da inutilidade do relógio e da importância e relatividade do tempo. Inutilidade no sentido de nunca iniciar o expediente no quartel preocupado com o momento de ir embora. Importância quando, durante os salvamentos, sabermos que o acréscimo de cada segundo é decisivo e valioso para a vida que pretendemos salvar. Relatividade, posto que o tempo, enquanto bem inelástico, à luz de Newton, passa igualmente para todos e que, portanto, a sensação de angústia ou satisfação está apenas dentro das percepções do que vivemos. Nesse sentido, dirijo-me aos jovens: quando pensar em sua profissão, não entenda a vida apenas como o dia de hoje – a vida é sucessão de realidades. Faça uma projeção de pelo menos mais trinta anos e tente imaginar-se nesse tempo futuro. Se não se enxergar, lá na frente, fazendo o que pretende agora, mude o foco e tente outra profissão. Não corra o risco dessa frustração, não vale a pena. Não seja o que os outros desejam, seja aquilo para o que nasceu, busque a sua liberdade de escolha.
Atuando em vários setores da Corporação, cumprindo as premissas constitucionais de salvaguardar vidas e haveres, somos bombeiros em essência, mas a multiplicidade de ocorrências exige que sejamos conselheiros, “psicólogos”, mediadores de conflitos, “físicos”, “matemáticos”, “químicos”... Até o “Batman” eu já fui durante uma abordagem a um tentante de suicídio!
Não existem limites para a nossa profissão. Temos apenas missões que devem ser cumpridas, todos os dias do ano, em todos os momentos aflitivos e inesperados pelos quais qualquer cidadão pode passar.
Não existe fórmula mágica para ser bombeiro, mas há certa magia que nos envolve e é mágico, sim, ser um deles, fazer parte da história das pessoas como alguém que surgiu para ajudar, mitigando dores e permitindo, quando todos os fatores diziam não ser mais possível, a continuidade da vida!
Nasci bombeiro, tenho certeza disso! Sei que brevemente terei que deixar a atividade e me recolher aos aposentos dos observadores de pijama, permitindo que outros abnegados jovens mantenham a tradição da nobre missão que abracei. Quando este dia chegar, cheio de saudade, ficarei feliz quando as sirenes singrarem as ruas e me soarem na alma a sensação de que valeu a pena cada segundo...
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Publicado no Jornal a Praça, em 06/07/2019.
Iguatu-CE