Samba de Roda

INTRODUÇÃO

Este é mais um artigo do grupo “Canta e Dança Brasil”, da série “Mestiço Brasil” criada para registrar a diversidade da etnia brasileira em formação, utilizando a diversidade de cantos e danças brasileiros.

Nessa pesquisa, que confessamos ser um tanto quanto superficial, pois se restringiu a publicações em “sites“ e ao “Dicionário do Folclore Brasileiro”, observamos que existem variações conforme a região, apesar de a dança ou canto ter a mesma denominação.

Assim aconteceu com a Ciranda e principalmente com a Chula, que é dançada em São Paulo de forma completamente diferente da dançada no Rio Grande do Sul. E, quando se refere ao canto, as diferenças são muito maiores.

No Rio Grande do Sul, o canto tem mais forte a influência ibérica, ou seja, de suas origens. Na Bahia é maior a influência africana. Já em boa parte do nordeste, não conseguimos identificar qual a maior influência, mas seria a mesma da musica sertaneja, pois se percebe alguma semelhança entre as duas.

Observamos que, na diversidade de danças e cantos, cada um contém outra diversidade. Assim, fica muito mais fácil do que esperávamos demonstrar, o quanta é diversa a etnia brasileira em formação.

O QUE É

Samba de Roda é uma das mais tradicionais variantes musicais do samba. Em geral, seu estilo musical é o afro-brasileiro, que é associado a dança que, por sua vez, está ligada à capoeira.

É uma expressão musical, das mais importantes e significativas da cultura brasileira. Exerceu influência no samba carioca e, até hoje, é uma das referências do samba nacional.

O samba de roda é festa em que estão presentes: música, dança e poesia. É uma das joias da cultura brasileira, por suas características e pelo papel que continua a desempenhar nas próprias definições de identidade nacional.

Surgiu em meados do século XIX. Seus primeiros registros, com esse nome e com muitas características que o identificam, ocorreram em torno de 1860. Presente em todo o estado da Bahia, é praticado principalmente, na região do Recôncavo. Mas, o ritmo se espalhou por várias partes do país, principalmente em Pernambuco e Rio de Janeiro.

Atualmente, reúne as tradições culturais trazidas e transmitidas pelos africanos e seus descendentes. Além de estar estritamente relacionado à capoeira, o samba de roda está ligado ao culto aos orixás e caboclos e à comida de azeite (culinária que utiliza azeite de dendê)

ORIGEM

O samba de roda surgiu de sonoridade popular, ou seja, de estilo musical africano, o semba, que parece ter se estruturado sob a influência de sons tribais do continente africano.

O semba chegou com imigração compulsória dos escravos africanos, principalmente os destinados à Bahia.

É muito importante destacar, que os proprietários dos escravos tinham interesse, por questão de facilitar o controle da mão de obra, em diversificar a origem de seu plantel.

Assim, estavam presentes num mesmo grupamento escravo, etnias distintas e, provavelmente, foi dentro dessa diversidade afro-baiana que surgiu o Samba de Roda, por volta de 1860.

Esses grupamentos de escravos, com etnias diversas, tentando preservar sua cultura, nos legaram grande influência cultural, e, entre muitos outros, o Samba de Roda ilustra esse processo.

De acordo com pesquisas históricas, o Samba de Roda é natural da Bahia e teve influência fundamental na formação do samba carioca que, no decorrer do século XX tornar-se-ia símbolo indiscutível de brasilidade.

CARACTERÍSTICAS

O Samba de Roda, certamente por sua origem, detém algumas similaridades com o jongo, variedade de samba dançada ao som de tambores.

Existem duas maneiras de realizar a dança de roda. Numa, os participantes não sambam enquanto os cantores gritam espécie de poesia, conhecida como chula. Por isso na Bahia existir o Samba Chula. A dança só tem início após a declamação, quando somente uma pessoa entra para sambar no meio da roda, ao som dos instrumentos e de palmas.

Já na outra, estritamente relacionada à capoeira, os sambistas dispostos em círculo, movem seu corpo de tal maneira, que todos os praticantes de capoeira aí posicionados acabam, irresistivelmente, aderindo à sonoridade deste ritmo.

Normalmente, o Samba de Roda tem início depois que são concluídas as rodas de capoeira, visando o entretenimento das pessoas que se aproximaram para apreciar e sambar.

Todos percebem que existem culturas regionais no Brasil que, com o passar do tempo irão sofrer processo semelhante ao processo de miscigenação racial. Artistas migram dessas regiões onde trazem e recebem influências e vão produzindo o caminhar do desenvolvimento e formação da cultura brasileira.

Essas culturas regionais foram construídas e resultaram do encontro do europeu colonizador do indígena já habitante dessas terras, cuja origem provavelmente asiática e dos escravos africanos.

Com o samba de roda percebe-se a mescla com a cultura portuguesa na língua que expressa sua poesia e em alguns instrumentos que, ao participarem da execução desse som irresistível, fazem das rodas de samba a festa dessa etnia brasileira em formação.

O samba de roda é executado: pelo chocalho – instrumento utilizado pelo nativo; por atabaques e berimbaus – trazidos pelos africanos; pandeiros e violas – trazidos pelos portugueses; e cantado na língua portuguesa falada no Brasil, enriquecida pelo falar indígena e africano.

PATRIMÔNIO CULTURAL E BEM IMATERIAL

Em 2004, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) registrou em seu Livro do Tombo das Belas Artes, o Samba de Roda como Patrimônio Cultural do Brasil. Esse registro como bem cultural do Brasil somente ocorre em função de valores artísticos e determinantes na formação da cultura mestiça do Brasil.

Em 25 de novembro de 2005, depois de ampla pesquisa histórica, a Unesco, Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, proclamou o Samba de Roda como Patrimônio Cultural e Imaterial da Humanidade, o que trouxe muitos benefícios para a cultura popular e, sobretudo, para a cultura do Recôncavo Baiano, berço do Samba de Roda.

CONCLUSÃO

A origem de nosso nativo é muito controvertida, apesar de a de maior aceitação ser de origem asiática, existem teorias diversas. Por exemplo: uma diz que a o índio brasileiro teria migrado da Oceania, Polinésia; outra que, baseando-se na diversidade de etnias indígenas aqui existentes, quando do descobrimento do Brasil, defendem a tese de as origens serem diversas, senão contemplando, pelo menos conciliando com as outras teorias da origem do índio brasileiro.

Então existe a possibilidade de termos no Brasil, América do Sul, o encontro e miscigenação de seres vindo dos outros quatro continentes: Europa; Ásia; África e Oceania.

Portanto, é muito provável que a UNESCO, por esse fato de nossas origens, e pelo grande caldeamento étnico ocorrido nesse país tropical, abençoado por Deus, encontre aqui muitos outros exemplos, que venham a fazer parte de seu elenco de Patrimônio da Humanidade.

Esse sentimento, essa intuição de Brasil, como local onde se processa, através da miscigenação de etnias diversas representativas da espécie humana, a síntese étnica da humanidade, está contida na expressão muito conhecida do Professor Henrique José de Souza: “Brasil, Berço da Nova Civilização”.

FONTES

brasil.gov.br;

infoescola.com;

portal.iphan.gov.br;

pt.wikipedia.org; e

todamateria.com.br.

J Coelho
Enviado por J Coelho em 21/05/2019
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